Introdução Por contraceção entende-se a prevenção da gravidez auxiliada por métodos contracetivos. Os métodos contracetivos, aliados a uma política de planeamento familiar, são essenciais para a diminuição do crescimento da população humana. Fig.1: Relação entre a quantidade de indivíduos existente e a quantidade de indivíduos possível sem planeamento familiar nem métodos contracetivos. Atualmente existem dois tipos de métodos contracetivos: os métodos naturais e os métodos não naturais/ artificiais (mecânicos ou químicos). À exceção da abstinência sexual, nenhum método é 100% eficaz, porém esta eficácia poderá ser melhorada com a combinação de dois ou mais métodos simultaneamente. Fig. 2: Combinações de métodos contracetivos. Métodos Contracetivos Os métodos contracetivos são utilizados com a finalidade de impedir a ocorrência de gravidez e podem intervir de três formas distintas: . impedir a libertação dos gâmetas a partir das gónadas; Fig.3: Libertação de gâmetas: ovulação. Fig. 4: Fecundação. . impedir o encontro dos gâmetas (fecundação); Fig.5: “Implantação” refere-se a nidação. Métodos Contracetivos Naturais Os métodos contracetivos naturais baseiam-se na determinação do momento provável da ovulação e na abstinência de relações sexuais nos dias que rodeiam esse acontecimento. Desta forma, impedem o encontro entre os gâmetas, oócito e espermatozoide, ou seja, impedem a fecundação. Deste tipo de contraceção fazem parte o Método do Calendário/Ritmo, a Avaliação diária da temperatura, o Método de Billings ou do muco cervical, o Método Sinto-térmico e o Coito Interrompido. Deve ser tido em consideração o facto de que, estes métodos, não previnem as DST e não têm qualquer tipo de efeito secundário por não consistirem na ingestão ou absorção de substâncias químicas. Método do Calendário O Método do Calendário, também conhecido como Método do Ritmo consiste no registo da duração do ciclo menstrual durante cerca de um ano para ser conhecida a média (cerca de 28 dias) de dias do ciclo referido e com estes dados determinar o dia da ovulação e abstinência de relações sexuais no período compreendido entre quatro dias antes e três dias depois da ovulação. Fig.6: Método do Calendário./Avaliação do ciclo menstrual. Este método é falível uma vez que em situações de stresse e/ou ansiedade podem ocorrer alterações no normal funcionamento da regulação do sistema reprodutor feminino, alterando a suposta data de ovulação. Avaliação diária da temperatura Este método consiste apenas na medição diária da temperatura basal em repouso e na determinação do momento da ovulação pelo aumento da temperatura (cerca de 0,5ºC) que a precede. Este aumento de temperatura é resultado do aumento dos níveis de progesterona, que tem efeito termogénico. O método permite, através da medição diária da temperatura basal, a determinação da fase infértil apos a ovulação. Fig.7: Comparação entre a variação da temperatura e o ciclo uterino e relação com a ovulação. A temperatura basal pode ser afetada caso não tenham existido por parte da mulher pelo menos 3 horas de sono consecutivo depois de uma relação sexual, caso tenha tido episódios de febre ou se ingeriu álcool na noite anterior. Método de Billings ou do muco cervical Este método consiste na observação das características do muco cervical (secreção produzida no colo do útero através das criptas cervicais), que por ação hormonal sofre alterações ao longo do ciclo menstrual, e abstinência de relações sexuais quando este se apresenta elástico, de consistência gelatinosa e aparência viscosa, sendo que durante o período não fértil é mais fluido e transparente. Fig. 8: Alterações visíveis no muco cervical ao longo do ciclo menstrual. Método Sinto-térmico Este método resulta da observação conjunta de todos os métodos anteriormente apresentados (Método do Calendário, Avaliação diária da temperatura e Método de Billings) que permite com maior fiabilidade a determinação do período fértil da mulher. O Método Sinto-térmico poderá estar também relacionado com os “sintomas” característicos do início da menstruação como a dor abdominal, variações de humor e seios e barriga inchados. Fig.9: Exemplo da avaliação feita no Método Sinto-Térmico. Caso a mulher não esteja perfeitamente à vontade com os três métodos precedentes não deverá utilizar este, uma vez que o conhecimento dos anteriores é crucial para a maior fiabilidade deste. Tal como os métodos acima descritos, este, como união desses, também pode sofrer pelas alterações da regulação hormonal da mulher, diminuindo a sua eficácia em resultado de ingestão de álcool, perturbações nas horas de sono, situações de ansiedade e stresse, entre outras. Coito Interrompido O coito interrompido consiste na remoção do pénis do interior da vagina, durante a relação sexual, antes da ejaculação impedindo assim a deposição do esperma no interior da vagina. Este método encontra-se longe de ser 100% eficaz uma vez que os espermatozoides não são apenas libertados aquando a ejaculação, mas podem ser libertados também juntamente com o fluido originário das Glândulas de Cowper, favorecendo assim a ocorrência de fecundação. Por outro lado, este método está condicionado pela capacidade de autocontrolo por parte do homem que pode não conseguir retirar o pénis do interior da vagina antes da ejaculação. Métodos Contracetivos Artificiais Os métodos contracetivos artificiais são mais eficazes do que os anticoncecionais naturais uma que não são baseados na regularidade (falível) do ciclo menstrual feminino nem dependem da capacidade de auto-controlo do homem. Estes podem ser Métodos Hormonais, Métodos de Barreira, Métodos Cirúrgicos ou Definitivos, Dispositivo Intra-uterino (DIU) e Contraceção de Emergência. Fig.10: Exemplos de contracetivos artificiais. Pilula, Adesivo transdérmico, Anel vaginal, DIU, Preservativos masculinos e Diafragma Métodos Mecânicos Os métodos mecânicos baseiam-se na utilização de dispositivos mecânicos (Preservativos masculino e feminino, DIU e Diafragma) que impedem o encontro dos gâmetas ou a nidação. Preservativo O preservativo, tanto masculino como feminino, é um método de barreira que impede o encontro entre os gâmetas (método de barreira). Este é o único meio de contraceção que protege o contágio de DST. O preservativo masculino é formado por uma pequena bolsa de látex que se coloca no pénis em ereção e que retém o esperma. Este encontra-se à venda em diversos estabelecimentos de fácil aceso e com preços acessíveis, incluindo o facto de estar à disposição dos jovens em institutos como o IPJ, gratuitamente. Fig.11: Como utilizar um preservativo masculino. O preservativo feminino embora comece a ser mais comum, ainda não esta à disposição de todos e ainda é visto com algum constrangimento. Este é colocado na vagina recobrindo-a na totalidade, retendo assim o esperma. Fig.12: Como utilizar um preservativo feminino. Dispositivo intra-uterino (DIU) DIU é uma pequena peça de plástica, coberta de cobre que é colocada, através da vagina, dentro do útero e que pode ou não libertar hormonas. (Colocação médica.) Este método dificulta a progressão dos espermatozoides até às Trompas de Falópio e impede a nidação do blastocisto. Como desvantagens, este método apresenta a possibilidade de um aumento da intensidade de hemorragias uterinas e a probabilidade de gravidez ectópica. Fig.13: Colocação de um DIU. Este método não protege do contágio das DST e não aconselhável a mulheres jovens sem filhos pois pode levar à infertilidade e aumenta o risco de infeções genitais. Apesar da elevada eficácia, existe o risco de ocorrer uma gravidez ectópica, ou seja, existe a possibilidade de ocorrer gravidez fora cavidade uterina, nas Trompas de Falópio que não sendo tao elásticas como o útero, ficam em risco de rompimento. Fig.14: Gravidez ectópica. Diafragma O diafragma é composto por uma pequena cúpula de material flexível que se coloca no fundo da vagina tapando assim o colo do útero o que impede a passagem dos espermatozoides (método de barreira). Este anel de borracha deve ser colocado duas a três horas antes da relação sexual e é reutilizável. Apenas o ginecologista deverá aconselhar a cada mulher a utilização deste método apos a medição do colo do útero. Fig.15: Diafragma posicionado sobre o colo do útero. Como todos os outros, á exceção do preservativo, o diafragma não impede o contágio das DST. Evita lesões no colo do útero, contudo aumenta o risco de infeções urinárias. Embora seja um dos métodos contracetivos com percentagem de eficácia considerável, deverá ser utilizado associado a espermicidas. Métodos Químicos Os métodos químicos consistem na utilização de hormonas (Pilula, Hormonas Injetáveis, Implante Hormonal, Adesivo Transdérmico e Método Endocetivo Hormonal e Anel Vaginal) ou de produtos químicos que impedem a atividade dos espermatozoides (Espermicidas) com a finalidade de impedir a ovulação e/ou a fecundação, respetivamente. Nenhum destes métodos impede o contágio pelas DST. Fig.16: Exemplos de métodos contracetivos químicos. Espermicidas Os espermicidas são compostos por substâncias químicas que inibem a mobilidade dos espermatozoides. Podem apresentar-se em forma de creme, gel, espuma, comprimido vaginal ou esponja vaginal. Todos eles atuam da mesma forma devendo ser introduzidos na vagina cerca de uma hora antes da relação sexual. Fig. 17: Espermicidas. Os espermicidas são de fácil utilização e não necessitam de aconselhamento médico, por vezes podem desencadear reações alérgicasquer no homem quer na mulher e interferir no ato sexual. Utilizados isoladamente, são de reduzida eficácia. PILULA A pílula contracetiva é um método que, através da ação hormonal, inibe a ovulação. Para uma maior eficácia, a pílula a tomar deverá ser prescrita pelo médico pessoal no sentido de obter benefícios para a saúde reduzindo os efeitos secundários. Fig.18: Exemplos de pilulas. Embora qualquer um dos dois tipos de pílula seja bastante eficaz, a sua eficácia é superior se a mulher não falhar na toma regular do comprimido. Este método não interfere na relação sexual, pode ser utilizado para a regularização dos ciclos menstruais, diminui o risco de DIP , melhora a tensão pré-menstrual e diminuí a incidência de quistos funcionais do ovário. Pílula Progestativa/ Minipílula A pílula progestativa contém apenas na sua composição progesterona sintética. Deve ser tomada diariamente à mesma hora sem interrupção. Pílula Combinada A pílula combinada contém progesterona e estrogénio sintéticos que desencadeiam um mecanismo de feedback negativo sobre o complexo hipotálamo-hipófise levando à redução da produção de LH e FSH, impedindo a ovulação. Deve ser tomada diariamente à mesma hora durante 21 dias. Hormonas Injetáveis Hormonas injetáveis são injeções intramusculares profundas de substâncias semelhantes às hormonas femininas impedindo a ovulação e provocando o aumento da espessura do muco cervical dificultando a passagem dos espermatozoides. Fig.19: Exemplo de injeções hormonais. Estas injeções podem ser apenas de progesterona sintética que tem a durabilidade de 3 meses ou podem conter progesterona e estrogénio sintéticos que necessitam de ser aplicadas a cada 30 dias. Estas aplicações devem ser feitas sempre pelo ginecologista. Como vantagens, este método apresenta uma elevada eficácia e reduz as perdas de sangue bem como a possibilidade do desenvolvimento de DIP. Por outro lado, utilizado a longo prazo, este método dificulta o retorno aos níveis de fertilidade e pode causar irregularidades no ciclo menstrual. Implante hormonal Um implante hormonal é um pequeno dispositivo colocado por um profissional especializado sob a pele no antebraço e que, lentamente, liberta hormonas (progestagéneo) para a circulação sanguínea. A sua aplicação é um processo simples que necessita apenas de anestesia local. O efeito destes implantes é duradouro (de 3 a 5 anos). É recomendável a mulheres que pretendam fazer a esterilização mas que ainda não tenho tomado a decisão final, não sendo por isso aconselhável a mulheres jovens que ainda não tenham sido mães. Fig. 20: Colocação de um implante hormonal. Adesivo Transdérmico Trata-se de um adesivo fino, quadrado, confortável e de fácil aplicação e utilização. Diariamente o adesivo colocado liberta doses hormonais de estrogénio e progesterona sintéticos através da pele para a circulação sanguínea. Tal como a pílula contracetiva e as hormonas injetáveis, os adesivos atuam de duas formas distintas: impedem a ovulação e promovem o aumento da espessura do muco cervical para dificultar a passagem dos espermatozoides. Não existindo muitos dados relativos à eficácia deste método, estima-se que esta ronde os 98%. Estes adesivos são renovados uma vez por semana e a mulher não tem que alterar as suas atividades diárias uma vez que são resistentes à água e não se alteram com a prática desportiva. Fig.21: Possíveis colocações do adesivo. Sistema Intra-Uterino (SIU) Este método é aparentemente bastante semelhante a um DIU de cobre e tal como este atua dentro da cavidade uterina, mas não apenas pela sua presença; contém na sua haste hormonas que são libertadas com a função de aumentar a espessura das paredes uterinas dificultando a passagem dos espermatozoides, de forma continuada ao longo do tempo durante 5 anos, altura em que é necessário renová-lo. A eficácia deste método está bastante perto da dos métodos cirúrgicos, mas em relação a estes, o Sistema Intra-uterino têm a vantagem de ser reversível. Em comparação ao DIU de cobre, este não causa perdas de sangue tao acentuadas, mas necessita igualmente de ser colocado por um profissional especializado. Sendo mais dispendioso do que o DIU convencional, não chega a ser tao caro como a pilula (a longo prazo. Fig.22: SIU. Anel Vaginal O anel vaginal é um método hormonal feito de plástico transparente e flexível. Para a sua colocação não é necessário o auxílio de um profissional podendo ser a mulher a colocá-lo facilmente. É colocado de forma ficar perto do colo do útero onde se mantem durante três semanas, parando durante uma semana (ciclo de uso), período durante o qual vai libertando baixas dosagens de estrogénios e progesterona sintéticos, hormonas, estas que ao entrar na corrente sanguínea inibem a ovulação (à semelhança da pilula). Fig.23: Anel vaginal. Fig.24: Colocação de um anel vaginal. O anel vaginal pode provocar irritações ou inflamações vaginais e existem a possibilidade de aumento ou perda de peso após a primeira utilização. Por outro lado, este contracetivo tem, em comparação com outros, inúmeros benefícios para a saúde da mulher: proteção contra cancros nos ovários e no colo do útero e previno o aparecimento de quistos nos ovários. Quando deixa de ser utilizado, o retorno aos níveis de fertilidade anteriores é rápido. Métodos Cirúrgicos Os métodos cirúrgicos ou de esterilização voluntária têm como finalidade bloquear os canais que, no homem (canal deferente) ou na mulher (trompas de Falópio), são responsáveis pelo encontro dos espermatozoides com o ovulo. Tanto a Laqueação das Trompas de Falópio como a Vasectomia não protegem contra o contágio das DST. Laqueação das Trompas de Falópio A laqueação de Trompas é um procedimento cirúrgico que consiste na obstrução destes canais através de uma incisão no abdómen. Este procedimento impede a progressão dos gâmetas até ao local da fecundação. Fig.25: Laqueação das Trompas de Falópio Este método definitivo é um método seguro e bastante eficaz (a percentagem de eficácia ronda os 100%), não interfere na copulação nem na amamentação. Vasectomia A vasectomia, à semelhança da laqueação de trompas, consiste num simples processo cirúrgico baseada no corte dos canais deferentes responsáveis pelo transporte de espermatozoides aquando a ejaculação. Fig.26: Vasectomia (antes e depois). Este método cirúrgico não afeta o desempenho sexual do homem e não tem efeitos secundários relevantes. Contraceção de Emergência A contraceção de emergência é utilizada para prevenir a gravidez após uma relação sexual não protegida ou uma relação sexual em que o método utilizado não funciona corretamente (ex.: rompimento do preservativo masculino). Pílula do dia seguinte A pílula do dia seguinte contém doses hormonais mais elevadas de estrogénios e progesterona do que a pilula contracetiva normal e dever ser tomada ate 72 horas após a relação sexual. Este método atrasa ou inibe a ovulação, atrasa a progressão dos espermatozoides e impede a nidação. Previne 3 em 4 gravidezes. Após a utilização desta contraceção de emergência é comum que a mulher tenha náuseas, vómitos, hemorragias irregulares, tensão mamária, dores de cabeça e sensação de cansaço. Fig.27: Exemplo de pilula do dia seguinte. Factos importantes a reter sobre a contraceção de emergência: . Não protege contra as DST; . Não é um método contracetivo de uso regular; . Não é abortiva; . Não afeta a fertilidade; . Existem marcas de venda livre nas farmácias; . Recomendável que se procure aconselhamento técnico antes ou depois da utilização de CE . Conclusão Ao longo da pesquisa seguida do tratamento dos dados recolhidos, é notório o facto de apenas um tipo de método contracetivo proteger o casal contra as DST. Por isso, uma sexualidade responsável deve ter em total consideração o facto acima referido. Como é visível ao longo deste trabalho, existem inúmeros métodos contracetivos que atuam de formas distintas e podem ser utilizados simultaneamente. Fig. 28: Quadro-síntese. Passo a apresentar este quadro-síntese que esclarece alguns dos métodos trabalhados. Os métodos cirúrgicos são bastante eficazes, e para os métodos restantes torna-se possível o aumento da sua eficácia se foram conjugados com outros diferentes. A utilização em grande escala dos vários tipos de contraceção, nomeadamente os de fiabilidade considerável, poderá ter como consequência não só o crescimento negativo da população como o aumento de problemas na saúde da mulher. Fig.29: Eficácia dos métodos contracetivos. Bibliografia http://www.slideshare.net/leonormartins/13manipulao-da-fertilidade http://www.grupoescolar.com/pesquisa/metodos-anticoncepcionais-ou-contraceptivos.html http://www.meuanticoncepcional.com.br/tag/metodo-contraceptivo/ http://www.eb1-fogueteiro-n4.rcts.pt/PAGANTIGAPGAMA/disciplinas/ gazeta/2002-junho/contraceptivos/index.html http://maes-prematuras.blogspot.pt/p/metodos-contraceptivos.html http://blog.cancaonova.com/pensandobem/tag/fecundacao/ http://www.unifesp.br/dgineco/planfamiliar/anticoncepcao/naturais_content.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Coito_interrompido http://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/2408/2_abordagem_integral_ao_portador _de_dst.htm __________________________________ Outros Trabalhos Relacionados | Ainda não existem outros trabalhos relacionados | |