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Trabalhos de Educ. Física - 11º Ano

 

Distúrbios Alimentares

Autores: Tomás Duarte

Escola: Escola Técnica e Liceal Salsesiana de Santo António

Data de Publicação: 11/07/2011

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre distúrbios alimentares - um problema actual (Anorexia, Bulimia), realizado no âmbito da disciplina de Educação Física (11º ano). Ver Trabalho Completo

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Distúrbios Alimentares

INTRODUÇÃO

DISTÚRBIOS ALIMENTARES – UM PROBLEMA ACTUAL

Diariamente rapazes e raparigas adolescentes convivem num mundo global, dominado pelo consumismo e pela manipulação do consumo por parte das grandes marcas de moda mundial. Basta olhar para a televisão, revistas ou anúncios em outdoors  para encontrar modelos elegantes em poses distintas ou sensuais, representando lojas ou marcas.

Muitos adolescentes, principalmente raparigas, deixam levar-se na corrente dos anúncios e com o sonho de entrar no mundo da moda ou simplesmente melhorar a aparência. E é aí que reside o problema. No mundo da moda as pessoas são todas bonitas. São todas sensuais e têm todas pernas compridas, mãos delicadas e cinturas esbeltas.

A questão é que praticamente em todas as publicidades de marcas as modelos são retocadas com programas digitais, reduzem-lhes as cinturas, acrescentam-lhes músculos.

Com este trabalho pretendo mostrar o porquê da anorexia e indicar formas de ajudar os que dessa doença sofrem, porque esta é uma doença que tem cura para a parte física e para a parte psicológica, no entanto se não for detectada a tempo as consequência podem ser devastadoras, chegando nalguns casos à morte.

A ANOREXIA NERVOSA

PANORÂMICA GERAL

A anorexia nervosa (doravante designada por ‘anorexia’) é essencialmente uma doença mental em que o doente, a pessoa, se vê sempre mais gorda do que realmente é.

Geralmente o peso corporal do doente anoréxico está abaixo dos níveis esperados para sua estatura, juntamente a uma percepção distorcida quanto ao seu próprio corpo. O anoréxico vê-se sempre mais gordo do que realmente é. Apesar das pessoas em volta notarem que a pessoa está abaixo do peso, que está magro ou muito magro, o anoréxico insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso.

- Ver capítulo: Sintomas do Doente Anoréxico

O funcionamento mental de uma forma geral está preservado, excepto, claro, em relação à imagem que tem de si mesmo e o comportamento irracional de emagrecimento.

O paciente anoréxico costuma usar meios pouco comuns para emagrecer. Além da dieta é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vómito, ficar em jejum durante vários dias, tomar produtos dietéticos e usar laxantes. Este problema pode também estar também associado à bulimia, outro problema mental que leva o doente a induzir ao vómito voluntário.

- Ver capítulo: Bulimia

Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenómeno mas deve ser levado muito a sério pois 10% dos casos que requerem internamento para tratamento morrem por suicídio, desequilíbrio dos componentes sanguíneos ou por, mesmo estando, em tratamento não se alimentarem convenientemente.

- Ver capítulo: Tratamento da Doença

QUAL O CURSO NORMAL DA DOENÇA?

A anorexia nos adolescentes está normalmente associada à depressão.

Em alguns casos, a depressão por problemas sociais, a rejeição por parte do companheiro ou até problemas familiares como divórcios, morte de parentes ou tensão em casa, acabam por conduzir à anorexia, que é encarada como solução do problema ou problemas por que o indivíduo esteja a passar.

Noutras situações, a pressão da moda e o desejo de corresponder aos padrões de beleza definidos pela mesma acabam por levar a que o indivíduo inicie as práticas anoréxicas, que por sua vez conduzem à depressão.

Na Europa, a idade média em que surge o problema é 17 anos. No entanto, a maior parte dos comportamentos deste tipo encontram-se em indivíduos cujas idades se situam entre os 14 e os 18 anos, sendo que dificilmente começa depois dos 35 anos. Por tudo isto, a anorexia é considerada um problema dos adolescentes, que atravessam a fase mais autocentrada da vida, em que procuram uma identidade própria, tentando causar a melhor impressão nos outros, ligando-se a estilos de vida, formas de vestir. A moda é normalmente acusada de muitos casos de paciente anoréxicos, mas isso não deve ser generalizado visto ser apenas uma das causas possíveis.

Muitas vezes acontecimentos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego, mudança de cidade, etc. Não é possível afirmar que os eventos negativos na vida do paciente sejam a causa da doença, podemos no máximo dizer que a precipitam, que são mais uma.

Muitos pacientes têm apenas um único episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso. Não existem por enquanto meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente, visto ser impossível saber se a pessoa está completamente curada psicológica e fisicamente ou se o problema voltará, já que é imprevisível.

Algumas pessoas podem passar anos em anorexia, numa forma que não é incompatível com a vida, mas também sem nunca virem a restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive a auto-imagem distorcida.

A anorexia com mais projecção é a das modelos de roupa, que estimula grandes polémicas e guerras na imprensa, mas outra das formas da anorexia muito menos discutida é a anorexia passiva, em que os doentes vivem uma vida aparentemente normal mas em que o distúrbio alimentar figura. Estes doentes escondem a sua doença do público, vivendo vários anos ou até mesmo a sua vida na íntegra com o distúrbio, evitando comer em frente a outras pessoas e induzindo o vómito caso acabe por ter de comer. Muitas vezes nem os parceiros ou amigos mais íntimos têm conhecimento do que se está a passar, pois os doentes de anorexia podem encontrar-se em depressão mas também podem conseguir superar a parte psicológica da doença e comportar-se normalmente.

O internamento para a reposição de nutrientes é recomendado quando os pacientes atingem um nível de subnutrição que possa de alguma forma colocar em risco para a própria saúde, tornando-se imperativo a partir do momento em que o doente comece a sofrer desmaios e em que o risco de perder a vida é elevado.

QUEM ESTÁ MAIS VULNERÁVEL?

Definitivamente, as mulheres são largamente mais afectadas pela anorexia, uma vez que entre 90 e 95% dos casos ocorrem em indivíduos desse sexo.

A faixa etária mais comum é a dos jovens adultos e adolescentes podendo atingir até a infância, sendo no entanto bem menos comum.

As estatísticas indicam que um em cada 200 indivíduos sofrem de anorexia, sendo que três em cada 100 indivíduos induzem regularmente o vómito (bulimia).

A anorexia torna-se mais grave na fase de crescimento porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando numa estatura menor do que a que seria alcançada caso não houvesse distúrbio alimentar e o corpo recebesse a quantidade de nutrientes necessária. Na fase de crescimento há uma necessidade maior de calorias: se essa quantidade não é atingida, a pessoa cresce menos do que cresceria com a alimentação normal. Mas no caso do episódio durar poucos meses o crescimento pode ser compensado posteriormente com um plano alimentar indicado por um nutricionista.

No entanto, se a anorexia se prolongar durante muito tempo impedirá o alcance da altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente 0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos da doença tenha vindo a aumentar.

Até há bem pouco tempo acreditava-se que a anorexia apenas acontecia nas sociedades mais industrializadas, mas na verdade chegou-se a essa conclusão devido à falta de estudos nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro, o que significa que podemos encontrar práticas desta doença em variados países.

ESTATÍSTICAS

35% dos anoréxicos acabam por morrer, sendo que apenas 30% dos que sofrem do problema conseguem recuperar totalmente e regressar a um estilo de vida saudável.

Das doenças que causam a mortalidade nas raparigas entre os 15 e os 24 anos, a anorexia é a responsável pela maioria das mortes, sendo doze vezes superior à segunda causa de morte nessa faixa etária.

A anorexia é a terceira maior doença psicológica dos adolescentes.

Os distúrbios alimentares são, de entre as doenças do foro psicológico, de longe a que detém a maior taxa de mortalidade dos doentes por ela atingidos.

SINTOMAS

A anorexia é normalmente diagnosticada pelos seguintes sintomas (nem todos os pacientes apresentam todos os sintomas descritos):

. Peso corporal correspondente a 85% (ou menos) do nível normal;

. Prática excessiva de actividades físicas, por vezes intensas, mesmo tendo um peso abaixo do normal;

. Em mulheres, ausência de três ou mais menstruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino, e inclusive levar à esterilidade;

. Diminuição ou ausência do ritmo sexual; sendo que nos rapazes poderá ocorrer disfunção eréctil e pode gerar-se dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional;

. Crescimento retardado ou, em casos extremos, paragem do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco);

. Descalcificação dos dentes; grande quantidade de cáries dentárias (mesmo com tratamento normal – escovagem e limpeza diária);

. Depressão profunda;

. Tendências suicidas;

. Bulimia, que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas;

. Obstipação (prisão-de-ventre) grave.

- Ver capítulo: Bulimia

- Ver capítulo: Processo de tratamento da Anorexia Nervosa

- Ver capítulo: Recuperação (em QUAL O CURSO NORMAL DA DOENÇA?)

PROCESSO DE TRATAMENTO DA ANOREXIA NERVOSA

Felizmente a anorexia é uma doença tratável. Normalmente o tratamento desta doença é efectuado por médicos especialistas do foro psiquiátrico visto ser mais importante do que a recuperação física o tratamento do problema psíquico que leva ao comportamento.

Na maior parte dos casos o doente anoréxico, sendo apoiado por familiares e amigos, recebe tratamento em hospitais psiquiátricos ou em departamentos dessa especialidade de hospitais comuns, mas nos pacientes em estado mais grave o internamento é fundamental.

No entanto, gera-se um problema: não existe nenhum hospital ou instituição pública no país que trate doentes anoréxicos que careçam de internamento, logo o paciente tem de recorrer a clínicas privadas. E mesmo privadas, apenas em Espanha é possível encontrar instituições que tratem a doença.

Para agravar ainda mais a situação, o tratamento da anorexia continua a ser difícil, mentalmente complicado e bastante caro, pois os pacientes da doença têm de ser internados.

A cura da anorexia, incluindo o internamento, o acompanhamento médico quer físico quer psicológico, bem como os medicamentos, varia entre os 100.000 e os 300.000 euros. Verifica-se assim que os valores são muito acima dos rendimentos anuais da esmagadora maioria das famílias em Portugal, o que leva a concluir que mesmo que a família e os amigos do paciente, ou mesmo o próprio doente voluntariamente, pretendam o tratamento da doença, é para a maioria dos cidadãos impossível fazer face aos custos inerentes.

Não há medicamentos específicos que restabeleçam a correcta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto os medicamentos apontados para esta doença têm sido paliativos. Os mais recomendados são os antidepressivos tricíclicos (pois possuem como efeito secundário o ganho de peso e isso é positivo para o doente anoréxico), mas o tratamento realmente eficaz só pode ser conseguido através do internamento numa das clínicas de reabilitação citadas.

É bom salientar que os pacientes com anorexia têm o mesmo apetite que qualquer outra pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individualmente como em grupo ou em família. A indicação dependerá do profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz.

É também importante saber que, mesmo internado numa clínica de reabilitação, o doente anoréxico pode continuar a perder peso, visto que não se deve forçar a alimentação. Mesmo tendo o tratamento psiquiátrico adequado, há pacientes que se recusam permanentemente a comer. Os médicos não podem obrigar as pessoas a comer quando o internamento é voluntário, portanto mesmo entrando na clínica o paciente anoréxico têm possibilidade de sair dela sem vida.

Só quando o nível de desnutrição é ameaçador, e há um terceiro (um familiar, amigo) que se responsabilize pela vítima é que é permitida a alimentação forçada por soro.

Forçar a alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de uma sonda naso-gástrica, sendo que, geralmente, quando se chega a este ponto, torna-se necessário também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda.

Esta situação é extremamente delicada. Estamos a falar de doentes que atravessam um estado psicótico extremamente deturpado, com depressões profundas que os levam a agredir os médicos e assistentes que cuidam da sua saúde e a tentar suicidar-se. Estes pacientes têm de ser imobilizados para salvaguardar a própria vida. Isto leva a que também os familiares ou amigos próximos que contactem com o doente neste estado tenham que receber também tratamento psicológico.

Relativamente ao tratamento, apenas 10% dos pacientes de anorexia chegam alguma vez a receber alguma espécie de tratamento, e mesmo dessa percentagem apenas 1 em cada 10 tratados recupera completamente apenas com o tratamento médico prestado, visto que os restantes são mandados para casa antes do tempo necessário para a sua recuperação completa ou nunca chegam a ser internados.

Daqui se retira que os serviços médicos, apenas conseguem curar 1 em cada 100 doentes de anorexia. Isto refere-se aos Estados Unidos da América, imagine-se esta percentagem em Portugal onde não existe nenhuma instituição que trate a Anorexia em particular.

A BULIMIA NERVOSA

UM COMPLEMENTO À ANOREXIA OU UM PROBLEMA ISOLADO?

A bulimia é quase sempre imediatamente associada à anorexia, o que não é em 100% dos casos verdade. De facto, são mais os casos de bulimia do que os da anorexia propriamente dita.

Existe uma tendência popular em achar que a bulimia é o contrário da anorexia. De facto, regendo-se por essa etiqueta, o contrário da anorexia seria o paciente achar que está muito magro e precisa de engordar e então ir ganhando peso, tornando-se obeso e continuar a julgar-se magro e continuar a comer. Isso seria o oposto da anorexia, mas tal quadro psiquiátrico não existe.

Na bulimia o paciente não quer engordar, mas o principal é o facto de o paciente anoréxico não conseguir conter o impulso de se alimentar por mais do que alguns dias. O doente com bulimia tipicamente não é obeso porque usa recursos extremos para eliminar o excesso ingerido.

A bulimia, ao contrário da anorexia, não precisa necessariamente de estar relacionada com um problema psicológico como a depressão. Muitas vezes, o indivíduo induz o vómito sem ter antecedentes no caso e sem ter nada a ver com a anorexia.

Isto leva a que se possam definir dois tipos de bulimia:

. A Bulimia associada à Anorexia;

. A Bulimia como fenómeno isolado.

Relativamente ao primeiro tipo, há pouco a dizer.

Ocorre em indivíduos que padecem de anorexia e dos consequentes (ou subsequentes) problemas psicológicos e consiste em, após um longo período sem comer, ingerir uma quantidade relativamente anormal de comida (mesmo para uma pessoa normal) e induzir o vómito imediatamente em seguida de forma a expulsar do organismo tudo o que se consumiu.

Os pacientes com bulimia associada à anorexia apresentam geralmente 2 a 3 episódios por semana, o que não significa que no resto do tempo estejam bem. Na verdade esses episódios só não são diários ou mesmo mais de uma vez ao dia porque o paciente está constantemente lutando contra eles. Esses pacientes pensam em comer o tempo todo. A média de fracassos na tentativa de conter o impulso são duas vezes por semana.

O doente anoréxico poderá incorrer neste comportamento devido a várias causas:

. Ingerir uma quantidade excessiva de alimentos em pouco tempo, já com a intenção de induzir o vómito imediatamente a seguir, e fazê-lo. O objectivo era o de saciar momentaneamente a fome;

. Ingerir uma quantidade excessiva de alimentos em pouco tempo devido a não ter conseguido controlar a fome, e induzir o vómito pouco depois para fazer face aos sentimentos de culpa e repugnância pelo feito. Aqui já não era planeado mas sim uma perda do controlo;

. Ingerir alimentos devido ao facto de estar acompanhado por outras pessoas, para que as mesmas não desconfiem do distúrbio alimentar, induzindo o vómito mais tarde de forma a retirar do corpo os alimentos ingeridos. Nestas situações também há um planeamento prévio;

. Ingerir alimentos por ter sido forçado a fazê-lo por terceiros (que podem ser familiares, amigos ou mesmo médicos que estejam a tratá-lo). Neste último caso o doente só pensa na indução do vómito após a ingestão dos alimentos.

No segundo tipo de bulimia, o caso é bastante diferente. O doente pode ser levado à prática do comportamento por várias razões, mas a mais comum é o caso esporádico isolado. Isto significa que um indivíduo completamente normal e são do ponto de vista alimentar tem um qualquer problema do foro emocional ou psicológico e num acesso de desespero induz o vómito. Algumas situações possíveis de se incluir neste caso são os desentendimentos familiares ou da relação conjugal, insultos por parte de terceiros quanto ao peso ou bullying.

Neste fenómeno não há muito a fazer do ponto de vista do tratamento. Não se pode dizer que o indivíduo esteja a atravessar uma doença psicológica ou física pois é considerado uma «loucura sem exemplo».

A bulimia também origina problemas ao nível da saúde física, à semelhança da anorexia.

Os repetidos episódios de auto-indução do vómito geram em muitos casos problemas noutros sistemas do corpo. Ao se vomitar não se perde apenas o que se comeu, mas também os sucos digestivos. Isso pode acarretar desequilíbrios no balanço dos electrólitos no sangue, afectando o coração, por exemplo, visto que ele precisa de um nível adequado dessas substâncias para ter o seu sistema de condução eléctrica a funcionar.

As repetidas passagens do conteúdo gástrico (que é extremamente ácido) pelo esófago acabam por ferí-lo podendo provocar hemorragias, tal como acontece com a boca e os dentes, que ficam muito mais vulneráveis à ocorrência de cáries visto que o esmalte exterior fica muito danificado devido aos contactos com os ácidos do estómago. Para agravar ainda mais a situação dos dentes, a falta de nutrientes provoca a sua descalcificação e consequente perda do esmalte o que danifica ainda mais as defesas contra cáries.

São também diagnosticados frequentemente casos extremos de rompimento do estômago, devido ao excesso de alimentos ingeridos com muita rapidez. O intestino grosso pode inclusive sofrer consequências pelo uso repetido de laxantes, como obstipação (prisão-de-ventre) crónica, hemorróides, mal estar/desconforto abdominal ou dores.

PROCESSO DE TRATAMENTO DA bulimia NERVOSA

O tratamento da bulimia (caso em que surge associada à anorexia) é quase exclusivamente do foro psicológico.

Os antidepressivos tricíclicos já foram testados em doentes bulímicos e apresentaram respostas parciais, ou seja, os pacientes melhoram, mas não se dá uma recuperação completa.

Carbamazepina e lítio também foram testados, embora com uma resposta ainda mais fraca.

Os antidepressivos IMAO apresentam igualmente uma melhora similar à dos tricíclicos,  sendo no entanto melhor tolerado pelos pacientes por ter menos efeitos secundários.

Mais recentemente os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina também têm vindo a ser estudados, apresentando por sua vez boas respostas, mas não muito superiores às dos tricíclicos.

Os estimulantes por inibirem o apetite também apresentaram bons resultados, mas há poucos estudos a respeito para que possam ser adoptados para uma conduta terapêutica.

Apesar de tudo, muitos pacientes só com psicoterapias apresentam remissão completa.

Não há uma abordagem especialmente recomendada. Pode-se indicar a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo, grupos de auto-ajuda, psicoterapias individuais, mas nada garante a 100% a recuperação do doente bulímico, à semelhança do que acontece com a anorexia.

PERFIL DO BULÍMICO

Assim como a anorexia a Bumilia geralmente ocorre no adolescente, predominantemente nas mulheres. Os assuntos das conversas preferidos são relacionados a técnicas de emagrecimento.

Basicamente, podemos definir o paciente bulímico de forma bastante semelhante ao paciente anoréxico (sempre falando na bulimia associada à anorexia).

É um paciente com vergonha de seu problema, com sentimento de inferioridade e auto-estima baixa. O doente reconhece o absurdo de seu comportamento, mas por não conseguir controlá-lo sente-se inferiorizado, incapaz de conter a si mesmo, por isso vê-se como uma pessoa desprezível.

Procura esconder dos outros os seus problemas para não o desprezarem também. Quando existe um bom motivo como ganhar muito dinheiro o paciente pode até sujeitar-se a expor seu problema, como vimos no programa Big Brother, no Brasil, na sua primeira edição em 2002. Os pacientes bulímicos geralmente estão dentro do seu peso ou um pouco acima.

Estão constantemente a ser realizadas tentativas de dieta. Tentativas de adaptar os afazeres e compromissos rotineiros com os episódios de ingestão e auto-indução de vómito tornam o estilo de vida de um bulímico bizarro, pois os episódios devem ser feitos às escondidas, mesmo das pessoas íntimas.

Uma alternativa para a manutenção do seu problema escondido é a opção pelo isolamento e distanciamento social, que por sua vez gera outros problemas.

É interessante notar que a bulimia não constitui uma completa perda do controle. O paciente consegue planear a sua vida e incluir nela os seus episódios, adaptando os seus horários chegando mesmo a esperar para ficar sozinho e guardar grandes quantidades de alimentos, para ingerir em pouco tempo e depois induzir o vómito.

Muitas vezes os maridos das doentes (das que vivem com parceiros) julgam que ela faz tudo isso porque quer e chegam a criticá-las, fazendo aumentar o sentimento de culpa das doentes e envergonhando-as ainda mais. Essa atitude deve ser evitada, pois além de não ajudar, atrapalha diminuindo ainda mais a auto-estima da paciente que sucumbe aos esforços por tratar-se. Daí que muitos bulímicos se auto-isolem do mundo exterior, para não precisarem de prestar contas a ninguém e gerirem o seu problema sozinhos.

 

A ANOREXIA ALCOÓLICA

A ANOREXIA DESCONHECIDA

A Anorexia Alcoólica (ou drunkorexia, termo norte-americano criado para a desinar especificamente) é mais um distúrbio alimentar, este proveniente do alcoolismo, onde ocorre uma perda da vontade de se alimentar devido o uso abusivo do álcool.

Muitos jovens na faixa etária entre 20 e 40 anos trocam a alimentação pelo consumo de bebidas alcoólicas com a finalidade de reduzir as medidas corporais e restringir a quantidade de calorias ingeridas.

A classificação deste problema ainda gera algumas divergências.

Algumas instituição recusam-se a aceitar a anorexia alcoólica como sendo uma forma de anorexia e como sendo de facto um transtorno alimentar, remetendo o assunto para as entidades relacionadas com o alcoolismo.

O termo para este distúrbio não é dado como oficial pela medicina e também ainda não foi classificado na Classificação Internacional de Doenças e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

Acontece asssim que, para os pacientes que sofrem de anorexia alcoólica que pretendam tratamento, nem as instituições psíquicas, nem as alimentares, nem as relativas ao alcoolismo se responsabilizam por providenciá-lo.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o alcoolismo atinge de 10% a 12% da população mundial. Equilibrar o peso do corpo através da bebida é o mesmo que realizar uma dieta forçada e depois cair no efeito sanfona (alternância periódica de peso).

Estudos psiquiátricos revelam que o alcoolismo feminino está associado a transtornos psicológicos, muitas das vezes relacionados com a anorexia, a bulimia, a depressão ou a ansiedade.

O álcool anestesia emoções negativas como a frustração, e no caso da “drunkorexia”, reduz o apetite. No funcionamento orgânico beber com estômago vazio acelera os efeitos do álcool.

Beber sem moderação pode vir a causar doenças no sistema digestivo e, em certos casos, no sistema sanguíneo, além de outros males como problemas graves no fígado. Beber demais ainda causa perda de reflexos, principalmente para quem conduz.

O álcool ingerido com o estômago vazio facilita sua absorção, o que torna os doentes de anorexia alcoólica ainda mais vulneráveis aos seus efeitos.

Actuando sobre o Sistema Nervoso Central, o álcool age primariamente como um agente euforizante (produz depressão nos mecanismos inibitórios de controle), todavia, a longo prazo e dependendo da quantidade ingerida, torna-se um depressor. Reduz ainda a ansiedade, causando sedação e produzindo ataxia.

As influências apontadas para este tipo de prática são, por exemplo, as cantoras Amy Winehouse, Kirsten Dunst, Lindsay Lohan, que frequentemente associam álcool ou drogas com falta de alimentação.

Muitas vezes se indentifica a anorexia alcoólica imediatamente com o alcoolismo, mas isso não pode ser inteiramente correcto, visto que o alcoolismo gera depressão e frustração a longo prazo e esses dois factores por si só já diminuem a vontade do alcoólico de se alimentar de forma correcta. Para que o alcoólico se possa efectivamente classificar como um anoréxico alcoólico deverá ser sua característica a substituição integral da alimentação sólida pelo consumo de bebidas alcoólicas.

O tratamento desta doença deve ser feito tendo em conta os tratamentos para a anorexia nervosa, para reeducar o paciente novamente para que ele se consiga alimentar correctamente sozinho, e também os tratamentos para o alcoolismo, para conseguir superar a dependência do alcoól. Visto que ambos os processos de tratamento incluem uma forte componente psicológica sugere-se o diagnóstico por um psicólogo primeiro.

- Ver capítulo: Processo de tratamento da Anorexia Nervosa

CONCLUSÃO DO TRABALHO

Depois de efectuar toda a pesquisa e compor o texto para este trabalho, pude concluir que a anorexia é um problema psicológico, mental, e que afecta as partes físicas do corpo.

Acerca da bulimia, penso que é um problema dentro do problema que é a anorexia, uma vez que os casos esporádicos devem ser desprezados do ponto de vista estatístico.

O real problema de todos os distúrbios alimentares descritos é o Não Comer. A bulimia é só uma forma de comer, ter o prazer de ingerir a comida, expulsando-a a seguir por meios voluntários. A anorexia alcoólica é só uma forma Estes são dois problemas graves e devem ser tratados como tal. O doente anoréxico não pode ser forçado a comer. Tem de ser aconselhado a fazê-lo, de modo a resolver o seu problema mental e resolver, também e aos poucos, o seu problema fisiológico.

Como o caso de Isabelle Caro, modelo francesa que sofria de anorexia e que foi rosto de várias campanhas contra a doença, tendo acabado por morrer de ataque cardíaco em novembro de 2010 pesando apenas vinte e cinco quilos. Um dos seus cartazes, que devem dar uma lição a todos aqueles que passam pela anorexia:

BIBLIO & NETOGRAFIA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Isabelle_Caro

http://www.elpais.com/fotografia/economia/fallecida/Isabelle/Caro/cartel/
publicitario/elpepueco/20101229elpepueco_3/Ies/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anorexia_nervosa

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?138

http://www.mamashealth.com/anorexia.asp

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bulimia_nervosa

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?139

http://umacaloriaumatortura.blogspot.com/2007/05/bulimia-e-anorexia-sero-j-problemas-de.html

http://aromasdeportugal.blogspot.com/2007/09/anorexia-e-bulimia.html

http://www.emedicinehealth.com/bulimia/article_em.htm

9CN – Ciências Naturais 9º ano de escolaridade – Texto Editores

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