Introdução
O nosso trabalho é sobre a
eugenia, ao escolher-mos este tema, temos vários e claros objectivos. Um
deles é fazer entender o que é realmente a eugenia pois acreditamos que
algumas pessoas não relacionem o termo com as atrocidades de que já têm
conhecimento, ou seja, estão conscientes do que, por exemplo, aconteceu
na Alemanha nazista mas não sabem que se dá o nome de eugenia ou teoria
eugenista a essas experiências macabras.
Para ser possível perceber
como surgiu esta prática tão bizarra, vamos explicar a sua história.
Neste ponto vamos mostrar um pouco de como a mente do ser humano pode
ser retorcida pois conseguiu transformar uma teoria apenas aplicada a
animais, com o intuito de entender a natureza, a uma forma de racismo
cruel e, no fundo, destruidor da própria raça humana.
É relevante reparar nas
datas referenciadas na história de eugenia, pois outro dos nossos
objectivos é fazer tomar consciência de que estas crueldades cometidas
não são de há cem ou quinhentos anos atrás, mas apenas de há setenta,
altura da juventude dos nossos avós.
Como achamos que o nazismo
alemão é o mais conhecido, optámos por falar apenas das experiências
realizadas em Auschwitz e também descrever um pouco o campo de
concentração para poderem perceber o quão horrível seria lá estar. Em
todo o capítulo de Auschwitz estão relatadas barbaridades cometidas às
vítimas, algumas (senão todas) são completamente chocantes e mais uma
vez pretendemos por os leitores do nosso trabalho a pensar como a mente
humana pode ser completamente desumana (este antagonismo pode parecer
mal aplicado mas como poderão ler, neste caso é plenamente verdade).
O último ponto do nosso
trabalho é referente à ciência relacionada com a eugenia. Aqui desejamos
que entendam a importância da ciência pois como vão ver, esta foi
crucial para a actuação dos eugenistas. Vamos também mostrar que afinal
a eugenia não foi apenas um passado.
Em anexo estão dois casos
reais, testemunhados por sobreviventes para ser mais fácil a compreensão
e tornar mais próximo o sofrimento destas vítimas.
Achamos que este tema se
enquadra na perfeição na disciplina de filosofia pois leva ao
levantamento de problemas/questões éticas. A matéria que estamos a dar
na disciplina é precisamente a ciência, logo este tema faz-nos pensar
nos prós e contras desta. Queremos que se choquem e que assim possam de
uma vez por todas ter noção de que é necessário impor limites, neste
caso à ciência.
Como a disciplina de
filosofia pretende sobretudo levar as pessoas a reflectir e questionar o
mundo, esse é também fundamentalmente o nosso objectivo com este
trabalho.
A Eugenia
A palavra eugenia
significa literalmente “bem-nascido” e interpreta-se como sendo a
procura da raça perfeita. A eugenia pretende melhorar a raça humana até
gerar o "super-homem", ou seja, a raça 100% exemplar. Esta nasceu na
época em que a ciência revolucionava o mundo da técnica e este termo foi
criado por Francis Galton.
Em 1865, Galton publicou
um livro, o “Hereditary Talent and Genius” onde dizia que: “[...] as
forças cegas da selecção natural, como agente propulsor do progresso,
devem ser substituídas por uma selecção consciente e os homens devem
usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da
evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e
moral no futuro”.
Quando posta em prática
foi interpretada de dois modos distintos: eugenia positiva e eugenia
negativa. A eugenia positiva é o favorecimento de raças consideradas
superiores, sem matar as raças consideradas inferiores. A eugenia
negativa é o favorecimento das raças superiores com a aniquilação das
raças inferiores.
As aplicações
actuais da eugenia:
. Aborto;
. A fecundação in vitro
com transferência de embriões;
. A esterilização
involuntária;
. A eutanásia.
A História da Eugenia
A eugenia começou com a
publicação, em 1859, de um livro “A Origem das Espécies” de Charles
Darwin. Aí afirmou que existem espécies superiores e inferiores que são
escolhidas pela selecção natural, ou seja, o ambiente. Também afirmou
que as espécies evoluem gradualmente à medida que os indivíduos mais
aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o
destino do Mundo deixou de estar nas mãos de Deus e passou a estar nas
mãos da Natureza.
Darwin restringiu a sua
teoria ao mundo natural, mas outros cientistas adaptaram-na às
sociedades humanas. O mais importante foi o matemático inglês Francis
Galton, primo de Darwin. Em 1865, ele afirmou que a hereditariedade
transmitia as características mentais. Ele dizia que, se os membros das
melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar
uma melhor raça de homens.
Galton inspirou-se nas
obras de Gregor Mendel (fundador da genética). A principal experiência
de Mendel foi cruzar pés de ervilhas, onde identificou duas
características na reprodução: as dominantes e as recessivas. Quando
ervilhas de casca enrugada cruzam com as de casca lisa, o descendente
tende a ter casca enrugada, pois esse gene é dominante.
Os eugenistas viram na
genética o argumento para justificar o seu racismo, adaptando as
experiências de Mendel ao ser humano.
O eugenista Madison Grant,
do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: “O cruzamento
entre um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um negro faz
um negro, entre um branco e um hindu faz um hindu, entre qualquer raça
européia e um
judeu faz um judeu”. A
partir daqui, sai que a raça branca era a raça recessiva apesar de ser
considerada a superior, logo, teriam de ser aniquiladas as raças
dominantes, consideradas inferiores, ou seja, evitar o cruzamento de
raças para as dominantes não “apagarem” a perfeição das superiores.
As ideias eugenistas
fizeram sucesso entre as elites intelectuais do Ocidente. Estas ideias
desenvolveram-se primeiro nos Estados Unidos da América e não na
Alemanha.
Não tardou até que os
eugenistas dos EUA começassem a querer transformar suas teorias em
políticas públicas.
As primeiras vítimas foram
pobres da Virgínia, e depois negros, judeus, mexicanos, europeus do sul,
epilépticos e alcoólatras. Estima-se que 60 mil pessoas tenham sido
esterilizadas à força nos EUA. Em seguida, países como a Suécia e a
Finlândia começaram programas parecidos.
Portanto, quando a
Alemanha de Hitler começou a esterilizar deficientes físicos e mentais,
em 1934, não estava a desenvolver nada novo. Só que Hitler foi mais
longe e conseguiu este feito pois afirmou que a ciência estava do seu
lado. Com o carimbo da ciência, ainda que meio falsificado, ficou mais
fácil para os alemães compactuarem com o absurdo nazista. Para além
disso, Hitler disse ao seu povo que a culpa da crise económica da
Alemanha devia-se aos judeus.
É no campo de concentração
de Auschwitz que se conhece a maior prática de eugenia e o médico mais
famoso é Josef Mengele.
Auschwitz
O complexo dos campos de
concentração de Auschwitz era o maior de todos os campos criados pelos
nazis. Nele existiam três campos principais onde os prisioneiros faziam
trabalho forçado e, por muito tempo, um deles também funcionou como
campo de extermínio.
Como a maioria dos campos
de concentração, Auschwitz possuía câmara de gás e crematório. Entre o
crematório e o bloco das experiências médicas ficava a "Parede Negra",
frente à qual os guardas das SS (Schutzstaffel) executavam milhares de
prisioneiros.
Os recém-chegados passavam
por uma triagem, na qual a equipa das SS decidia quem era capaz ou
incapaz de realizar trabalhos forçados e, quem fosse incapaz era enviado
directamente para as câmaras de gás, que pareciam chuveiros para enganar
as vítimas, para que o processo fosse mais rápido.
Pelo menos 960.000 judeus
foram exterminados em Auschwitz, além de 74.000 polacos, 21.000 ciganos,
15.000 soviéticos, e 10.000 a 15.000 civis de outras nacionalidades.
Em Auschwitz I, os médicos
das SS realizavam experiências “médicas” no hospital localizado no Bloco
10. Como já foi referido, o médico mais conhecido era Josef Mengele.
Eram, principalmente, realizadas experiências em bebés, gémeos e anões.
Dr. Josef Mengele era
conhecido como o “Anjo da Morte”. A partir de 1943, os gémeos eram
seleccionados e colocados num recinto especial onde eram tratados melhor
que os restantes. Mengele realizou várias experiências tais como:
Experiências com gás
mostarda: Várias vezes, experiências foram conduzidas em campos, para
investigar o tratamento mais eficaz contra os danos causados pelo gás
mostarda, cujas vítimas haviam sido atingidas primariamente.
Experiências com sulfato:
experiências para investigar a eficiência do sulfonamido (um agente
sintético anti-microbial). Os danos às vítimas foram causados por
bactérias como gangrena e tétano. A circulação do sangue foi
interrompida tirando-se as veias dos extremos dos danos para tentar
criar uma condição semelhante a uma ferida de batalha. A infecção foi
agravada com a introdução de pedaços de madeira e vidro dentro das
feridas. Depois, foram tratadas com sulfato e outras drogas para testar
a sua eficiência.
Experiências com água do
mar: experiências foram feitas para estudar vários métodos de tornar a
água do mar potável. Algumas vítimas foram privadas de qualquer tipo de
comida, ingerindo somente uma água do mar processada quimicamente.
Experiências com tifo
(Fleckfieber): experiências foram feitas para testar a eficiência de
algumas vacinas. Várias vítimas saudáveis foram infectadas
deliberadamente com a bactéria do tifo para manter a bactéria viva. Mais
de 90% das vítimas morreram. Outras vítimas saudáveis foram usadas para
determinar a eficiência de vacinas e várias substâncias químicas.
Experiências com veneno:
para testar o efeito de vários venenos, estes foram secretamente
administrados na comida das vítimas. Elas morriam devido ao veneno, ou
eram imediatamente mortas para autópsia. Algumas vítimas foram também
atingidas com balas envenenadas e sofreram tortura e logo, a morte.
Experiências com gémeos: a
um ou a ambos os gémeos eram retirados órgãos ou as suas extremidades,
eram castrados ou eram realizadas cirurgias para mudança de sexo. Como
Mengele era fascinado por olhos azuis, constantemente dava injecções de
corantes nos olhos das crianças que tinham olhos com cores diferentes.
(O interesse de Mengele no genótipo humano de olhos azuis é curioso,
pois nem ele nem os seus superiores tinham essas características
físicas).
Por vezes Mengele
realizava sessões de tortura submergindo em água gelada prisioneiros
para observar as suas reacções antes da hipotermia. Também cooperou em
algumas experiências em que submetia pessoas a mudanças
de pressão extremas, e os indivíduos morriam com horrorosas convulsões
por excessiva pressão intracraniana.
Em cooperação com outros
médicos, Mengele tentou também encontrar um método de esterilização em
massa. Muitas das vítimas foram mulheres a quem injectava diversas
substâncias, matando muitas delas ou deixando-as estéreis. Mengele
também fez experiências com ciganos e judeus que tinham doenças
hereditárias, como o Síndrome de Down e dissecou vivas algumas pessoas
mestiças.
Apesar destas atrocidades,
a única prova contra Mengele era um documento (em anexo). Mengele acabou
por mudar de nome e fugir.
A Ciência e a Eugenia
A partir das experiências
relatadas, podemos afirmar claramente que a ciência foi mal aplicada.
Todas aquelas atrocidades serviam para o desenvolvimento da ciência ou,
pelo menos, era com essa afirmação que os praticantes de eugenia
conseguiam atrair mais apoiantes. Eles diziam que a ciência estava do
seu lado e assim ninguém ou quase ninguém contrapunha as suas acções.
Mas, não foi só naquela
época que a eugenia era apoiada, pois apesar de uma minoria entre os
círculos científicos e culturais, ainda há pesquisadores científicos,
como psicólogos e cientistas que apoiam abertamente políticas eugénicas
utilizando a tecnologia moderna. Uma tentativa de implementar uma forma
de eugenia foi um "banco de esperma de génios" (1980/1999) criado
por Robert Klark Graham, a partir do qual quase 230 crianças foram
concebidas (os doadores eram vencedores do Prémio Nobel).
Nos EUA e Europa, no entanto, estas tentativas têm sido muito criticadas
como formas racistas de eugenia, como as que ocorriam na década de 1930.
Devido à sua associação com esterilização obrigatória e os ideais
raciais do partido nazista, a palavra "eugenia" é raramente usada pelos
defensores desses programas.
Eugenistas argumentam que
a imigração proveniente de países com baixo QI é indesejável. De acordo
com Raymond Cattell "quando um país abre suas portas à imigração de
diversos países, é como um agricultor que adquire suas sementes de
diferentes fontes, com sacos com conteúdos de diferentes qualidades."
Conclusão
Com este trabalho
apercebemo-nos que, no geral, já conhecíamos certas práticas de eugenia,
por exemplo, a nazista, mas desconhecíamos que tal se chamava eugenia.
Como os casos mais falados
são provenientes da Alemanha e relacionados com Hitler nós ignorávamos
por completo que esta prática teve início nos Estados Unidos da América,
que tinha sido desenvolvida por Ingleses e que a teoria de Darwin foi a
base para esta teoria.
Apesar da inúmera
quantidade de mortos já confirmados, temos noção que é impossível saber
com exactidão o número de pessoas que morreram devido à eugenia e nunca
iremos conhecer todas as experiências que foram realizadas neste
sentido.
Nunca tínhamos tomado
consciência de que as práticas nazistas eram tão recentes mas, ao
fazermos este trabalho, apercebemo-nos de que a 2ª Guerra Mundial e a
Alemanha de Hitler não são tão antigas quanto isso. Quando vemos
documentários dessa época ou, até mesmo notícias de casos trágicos
actuais, no fundo não ligamos muito pois isso aconteceu há muito tempo
ou a distância é muito grande. Mas depois de lermos os testemunhos reais
e as experiências praticadas em Auschwitz sentimo-nos mais próximas das
famílias e crianças inocentes que tiveram que suportar tais atrocidades
e sofrimento.
Ficámos um pouco
horrorizadas pois não conseguimos compreender como é que certas pessoas,
até mesmo cientistas e médicos, podem defender esta prática, pois põe em
causa a vida e a integridade de seres humanos e implica ética e moral.
Ao comparar com a
actualidade, podemos afirmar que a eugenia ainda existe apesar de estar
disfarçada por outros meios como o racismo, o aborto, manipulação
genética, entre outros, além de não a tratarmos pelo seu nome para
parecer menos grave.
Do nosso ponto de vista, a
eugenia é uma aplicação errada da ciência, apesar de ser considerada,
pelas pessoas que a praticavam, desenvolvimento científico. No fundo, as
vitimas daquela altura são iguais aos actuais ratos de laboratório, ou
seja, actualmente a ciência também manipula e comete crimes mas como é
principalmente a animais, as pessoas não notam e não ligam tanto. Na
nossa apresentação oral deixámos várias questões em aberto e vamos agora
desenvolver uma: “Poderá haver ciência sem consciência?”. Na nossa
opinião se o ser humano não se apercebe que tudo tem um limite então
achamos que o melhor é vivermos na ignorância. Os cientistas têm de ter
limites e o povo tem de se defender e protestar contra as injustiças.
Ficámos realmente com uma noção mais clara de que é necessário impor
limites à ciência para podermos tirar um melhor proveito dela.
A eugenia é também um
exemplo bastante claro de que a ambição do ser humano pode acabar por
destrui-lo, neste caso, destruiu a vida de outros.
Apesar de termos achado
este tema bastante interessante e controverso, a parte que deu realmente
trabalho foi de organizar e seleccionar toda a informação que
recolhe-mos para criar o trabalho escrito pois toda nos interessava
imenso. Por outro lado, o que para nós foi mais interessante, apesar de
macabro, foi ter conhecimento das experiências que foram realizadas por
homens que afirmaram que era tudo em prol da ciência e de um mundo
melhor.
Bibliografia
Texto:
.
http://www.infoescola.com/genetica/eugenia/
.
http://avidanofront.blogspot.com/search/label/*Josef%20Mengele
.
http://tortura.wordpress.com/2006/09/07/os-medicos-nazis-1-dr-josef-
mengele/
.
http://www.trdd.org/EUGBR_1P.HTM
Imagens:
.
http://www.inacreditavel.com.br/imagens/mengele_solicita.jpg
Anexos
Testemunhos reais
1º CASO
Eva Mozes e Miriam
Mozes
Eva e Miriam Mozes
nasceram na pequena aldeia de Portz, a Roménia, em 30 de Janeiro de
1934.
Em Março de 1944 foram
levados para Auschwitz.
"A primeira vez que fui
usar a latrina localizada no final da barraca, fui vendo corpos
dispersos de várias crianças no chão. Acho que essa imagem vai ficar
comigo para sempre. Foram-me dadas cinco injecções. Naquela noite, tive
febre alta. Eu estava a tremer. Os meus braços e as minhas pernas
estavam inchados. Mengele, Dr. Konig e três outros médicos vieram na
manhã seguinte, viram a minha febre e o Dr. Mengele disse, a rir: "Muito
ruim, ela é tão jovem. Ela tem apenas duas semanas de vida.”
Em adultos, Eva e Miriam
sofreram sérios problemas de saúde. Eva sofreu abortos espontâneos e
tuberculose. O seu filho nasceu com cancro. Os rins de Miriam nunca se
desenvolveram e acabou por morrer em 1993 de uma forma rara de cancro,
provocado pelas experiências médicas de Mengele.
2ºCASO
Rene Guttmann e Renate
Guttmann
Rene e a sua irmã gémea
Renate, moravam com os pais, judeus de origem alemã, na cidade de Praga.
Em Março de 1939 as forças alemãs ocuparam Praga.
“Antes de completarmos
6 anos fomos transportados para Auschwitz. Lá, os nossos braços foram
tatuados com os números 169061 e 70917. Fomos separados da nossa mãe, e
levados para uma barraca que aprisionava crianças mais velhas, a maioria
pareciam ser gémeos. Às vezes éramos levados para um hospital, mesmo sem
estarmos doentes, e éramos todos medidos e radiografados. Uma vez, a
minha irmã foi amarrada a uma mesa e cortada com uma faca, a sangue
frio. Deram-lhe injecções que a faziam vomitar e ter diarreia. Um dia,
em que a minha irmã estava doente devido às injecções, os guardas vieram
buscar doentes para serem assassinados. A enfermeira que estava a cuidar
dela teve pena e escondeu-a debaixo da sua saia comprida.”
Rene e a sua irmã
sobreviveram e reencontraram se nos Estados Unidos em 1950.
Fig. 1 - Único
documento contra Mengele.
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