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Trabalhos de Filosofia - 11º Ano

 

"Problemas da Cultura Científico-Tecnológica" e "Filosofia do Sentido"

Autores: Ana Celina Ôlo Pereira

Escola: Colégio Nossa Senhora da Boavista

Data de Publicação: 25/07/2011

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre dois temas “Problemas da cultura científico-tecnológica” e “Filosofia do sentido”, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (11º ano). Ver Trabalho Completo

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Problemas da Cultura Científico-Tecnológica e Filosofia do Sentido


                                  1.”Bioética”                                                     2.“Filosofia e o sentido”

Introdução

Este trabalho tem como objectivo congregar dois temas “ Problemas da cultura científico-tecnológica” e “Filosofia do sentido” contendo também uma abordagem sobre o que é a filosofia. Quanto ao primeiro tema, e dentro do subtema “bioética” tratar-se-á do subtema “Eutanásia”.

A bioética, tem como significado etimológico bios (vida) e ethos (costumes). A bioética é uma ciência aplicada que consiste na reflexão dos procedimentos morais implicados no decorrer da aplicação das tecnociências biomédicas.

A bioética envolve áreas que vão desde a deontologia e da ética médica que dizem respeito a problemas relacionados com o direito dos homens à “ecoética” ou “ética ambiental” que tem a ver com a filosofia da natureza.

A ética aplicada distingue-se da ética teórica medida em que a segunda preocupa-se mais com as questões propriamente formais - argumentos éticos. A ética aplicada trata questões que se precedem com outras disciplinas (genética e biotecnologia, por exemplo) tendo também influencia em temas como a manipulação genética ou preservação da vida de outras espécies.

Os problemas que a bioética debate são originários de interacções humanas na sociedade, sendo, pois, resolvidos sem a recorrência do principio filosófico chamado de “principio de autoridade”. O ser humano é considerado cognitiva e eticamente competente para que se dê a reflexão ética.

A bioética tem três funções: a descritiva, a normativa e a protectora. Aqui se encontram algumas definições dadas por alguns Filósofos:

"Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos.” (Van Rensselaer Potter, Bioethics. Bridge to the future. 1971)

“Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão moral, decisões, conduta e políticas - das ciências da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar”.(Reich WT. Encyclopedia of Bioethics. 2nd ed. New York; MacMillan, 1995: XXI).

“A palavra ‘bioética’ designa um conjunto de pesquisas, de discursos e práticas, via de regra pluridisciplinares, que têm por objecto esclarecer e resolver questões éticas suscitadas pelos avanços e a aplicação das tecnociências biomédicas. (...) A rigor, a bioética não é nem uma disciplina, nem uma ciência, nem uma nova ética, pois sua prática e seu discurso se situam na intersecção entre várias tecnociências (em particular, a medicina e a biologia, com suas múltiplas especializações); ciências humanas (sociologia, psicologia, politologia, psicanálise...) e disciplinas que não são propriamente ciências: a ética, para começar; o direito e, de maneira geral, a filosofia e a teologia. (...) A complexidade da bioética é, de fato, tríplice. Em primeiro lugar, está na encruzilhada entre um grande número de disciplinas. Em segundo lugar, o espaço de encontro, mais o menos conflitivo, de ideologias, morais, religiões, filosofias.

Por fim, ela é um lugar de importantes embates (enjeux) para uma multidão de grupos de interesses e de poderes constitutivos da sociedade civil: associação de pacientes; corpo médico; defensores dos animais; associações paramédicas; grupos ecologistas; agro-business; industrias farmacêuticas e de tecnologias médicas; bioindustria em geral” (Hottois, G 2001. Bioéthique. G. Hottois & J-N. Missa. Nouvelle encyclopédie de bioéthique. Bruxelles: De Boeck, p. 124-126)

Quanto ao segundo tema, “A filosofia e o sentido”, pode-se afirmar que o papel fundamental da filosofia é o da interrogação procurando assim conhecer o porque último de tudo o que rodeia o ser humano. Sendo radical, a filosofia tenta ir à raiz dos problemas, ou seja, a questão da existência é então uma questão filosófica. O ser humano tem como característica principal a necessidade de atribuir um sentido à sua vida, não se limitando, assim a vive-la ao acaso.

Há diferentes maneiras de encarar o sentido da vida se por Deus, se por quem precisa de ajuda ou mesmo em si mesmo.

Assim, é pertinente a questão do existencialismo perspectiva filosófica que é utilizada pelo ser humano para explicar a sua própria personalidade e tudo o que o rodeia. Um exemplo de uma perspectiva existencialista e a do filosofo Leibniz que defende que é Deus quem confere todo o sentido á vida, sendo também esta a razão pela qual o Homem existe.

Eutanásia

No âmbito da bioética, escolhi tratar do tema eutanásia porque é bastante actual e porque levanta muitos problemas éticos. A eutanásia poderá ser vista como uma imposição da sociedade já que as pessoas que estão em fase terminal são por vezes consideradas um  “estorvo” .

A noção de vida que se adquiriu ao longo dos tempos foi com base numa perspectiva meramente económica e utilitária.

 A palavra eutanásia é composta por duas palavras gregas “eu” e “thanatos” e significa literalmente uma “boa morte”. A eutanásia é a morte de alguém que pode ser provocada por outrem a pedido do mesmo ou apenas com o consentimento da família. Normalmente, a pessoa que morre está em grande sofrimento e numa fase terminal da sua vida. Alguns filósofos britânicos como David Hume, Jeremy Benthan e John Stuart Mill puseram em questão a base religiosa da moralidade e a proibição absoluta do suicídio assistido.

Kant, por outro lado embora aceitasse que as verdades morais encontram-se na razão pensava que “o homem não pode ter poder para dispor a sua vida”

A eutanásia voluntária tem a ver com o suicídio assistido em que a pessoa ajuda outra a acabar com a sua própria vida administrando-lhe por vezes medicamentos letais. É de evidenciar a necessidade da perfeita condição do doente em termos mentais para que se possa ser considerada eutanásia voluntária.

A eutanásia é não voluntaria quando a pessoa a quem se retira a vida não tomou a decisão de acabar com  a sua própria vida, por exemplo um bebé.

A eutanásia é involuntária quando realizada numa pessoa que poderia ter consentido ou recusada a sua própria morte acontece por vezes quando é a família quem decide a morte do paciente.

A eutanásia activa é considerada assim quando alguém provoca a morte, ou seja, quando é administrada uma injecção letal

A eutanásia passiva é assim quando se permite a morte de alguém por não permitir que se faça a medicação ou se retire o suporte á vida, por exemplo um ventilador.

Argumentos a favor:

“O Homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo” Balzac

Um dos argumentos utilizado a favor da eutanásia e o “direito de morrer” em que se diz que se a sociedade dá tanta importância ao direito á vida porque não da-lo também ao direito á morte, justificando isto através do principio da autonomia e da liberdade que o homem pode ter de renunciar qualquer dos seus direitos, desde que a sua escolha seja voluntária, ou seja, que não seja influenciada por um meio exterior. Assim quem defende esta posição associa o direito de morrer ao facto de o ser humano ter uma morte digna.

Argumentos Contra:

“O que não provoca a minha morte faz com que fique mais forte” Nietzsche

Os argumentos utilizados contra a eutanásia são de origem moral e religiosa. Para os utilitaristas o bem moral é o útil, ou seja, o que causa comodidade, o interesse e o conforto, o mal é o que provoca o dano sendo que uma acção é boa ou ma segundo a utilidade ou o prejuízo que traz a sociedade.

Admite-se, assim a legitimidade da vida seja num embrião indefeso, num deficiente motor, ou ate de um doente incurável, fazendo sentido a reflexão sobre os valores que a sociedade defende ou ate da própria legislação. So na defesa da legitimidade da vida humana como um direito me si mesmo faz com que a eutanásia não seja aceite pela sociedade actual

Filosofia e o sentido

Existencialismo

Especulação filosófica que diz respeito à experiencia de vida do ser humano no seu dia-a-dia incluindo aspectos sociais e individuais, aspectos teóricos ou práticos e instintivos ou intencionais.

O existencialismo considera a existência como um ponto de partida para uma reflexão mais aprofundada. Esta ciência difere das ciências ditas positivas pois nestas o Homem é apenas considerado no seu aspecto mais objectivo.

A existência de cada ser humano insere-se num contexto histórico e social. Quando o ser pensante se questiona acerca da sua existência foca alguns pontos como a orientação e a direcção dos seus actos; o significado e o valor das suas acções na vida; e a razão da finalidade da sua vida. A existência caracteriza-se com duas vertentes: “a filosofia do absurdo” com os temas, a angústia e contingência. E a segunda, “filosofia da liberdade” com os temas do projecto humano e da vivencia de valores.

Posição de Albert Camus( nasceu em 1913 na Argélia) – Filosofia do absurdo

Este filósofo defende que a existência é sem sentido, de carácter absurdo, para este autor a condição humana é absurda, isto é, esta condição nada tema ver com o mundo. Há assim, uma ausência de sentido e um ser que tem como objectivo encontrar a razão pela qual esta no mundo. O problema é o simples facto de o Homem ter a necessidade de responder a todas as perguntas existenciais, caso contrário, tudo estaria bem. Logo esta vertente opõe-se as concepções clássicas que justificavam a existência do mundo e do homem através de uma providência divina. O mundo é para Camus, um mundo sem sentido.

Posição de J.P.Satre- Filosofia da liberdade   

Este filosofo tem um perspectiva de um existencialismo ateu. Este autor defende que a existência do Homem precede a sua essência, ou seja, para o autor, o homem não é nada e só depois cria a sua essência – “fundo dos ser metafisicamente considerado”, segundo Aristóteles. É também um existencialismo ateu porque Satre Deus não existe, ou seja o homem não pode desculpar as suas acções a esse ser transcendente, que é Deus, sendo considerado o único capaz de conferir sentido, esta é chamada a filosofia da liberdade porque põe em evidencia as noções de existência e de vivencia dos valores.

Abordagem a disciplina de Filosofia

A Filosofia é utilizada pelo ser humano e tem em conta algumas características próprias, mas antes de mais, é necessário abordar o simples facto de o Homem ser “prático”, ser aquele que vê a vida preenchida de necessidades materiais e que entende que o ser humano deve ter alimento para o corpo mas no fundo o que precisa mesmo é de ter alimento para a sua mente, e é neste ponto que reside uma das principais características da filosofia sendo ela universal. A filosofia tem como principal objectivo adquirir conhecimento, para que se faça uma reflexão crítica e aprofundada das nossas convicções e crenças que vamos adquirindo ao longo da nossa vida. A filosofia não consegue dar respostas a todas as questões do ser humano, sobretudo aquelas que são espirituais. A questões como o bem o e o mal os filósofos tem sempre determinadas e diferentes respostas, a filosofia tem também como função consciencializar-nos, a nós seres humanos, o quão e importante ter presente estas questões e embora a resposta a elas seja difícil estas devem sempre permanecer.

Bertrand Russel, Os problemas da filosofia, Oxford University Press, Oxford, 2001, pp89-94

A filosofia apareceu com Tales de Mileto na Grécia antiga, este filosofo criou assim algumas especificidades da filosofia. Autonomia, historicidade, radicalidade, universalidade e por ultimo a racionalidade. A reflexão filosófica exige condições propícias para que suga e se desenvolva, entre muitas, uma atitude de diálogo e uma abertura a critica. Alguns filósofos pré-socráticos recorrem a ciências como a Matemática com vista a esclarecer a dúvida e a racionalizar tudo o que é real. Após este período pré socrático a filosofia começa a incidir sobre questões que eram de origem antropológica e Metafísicas com alguns conceitos como a verdade e a opinião. Depois da mudança de pensamento filosófico, e da abertura a áreas como a Ontologia a ética a Lógica e a retórica a filosofia centra-se nas questões relacionadas com o Epicurismo o Estoicismo e o Cepticismo. A Epistemologia ira ser marcante na Era Moderna com a valorização da Matemática. Tudo isto, para que o ser Humano fosse de encontro ao conhecimento verdadeiro de “eu” afirmando assim a grande importância do cogito: “Penso, Logo existo”

Conclusão

Em conclusão, é de acrescentar a grande mediatização da disciplina Ética Aplicada, no caso a Bioética, na sociedade actual. È necessário, que as pessoas atribuam uma maior importância a este tipo de questões, visto que o futuro da humanidade está nestas simples atitudes com complexos pensamentos. A eutanásia é uma grande questão filosófica, na medida em que põe em evidência a legitimidade da vida humana e a importância que lhe é atribuída em alguns casos. Relativamente a esta questão estão presentes princípios como o da autonomia. Mediante esta situação apresenta-se o facto de outros poderem decidir se podem ou não colocar fim a vida de alguém o facto de cada vez mais existir melhores condições de cuidados paliativos e também a evolução das ciências médicas, com o passar dos tempos em que podem encontrar-se as curas para certas doenças. De modo a concluir o tema da “Filosofia e o Sentido”, é de acrescentar que o simples facto de o ser humano procurar um sentido para a sua existência é também utilizar a filosofia como um meio para encontrar as suas próprias verdades as noções que durante toda a sua vida tenta afirmar perante si próprio e por todos os que os rodeiam. Assim, a condição humana, segundo o ponto de vista da filosofia da liberdade, é a experiencia da angústia, ponto em que todos os existencialistas estão de acordo. A angustia é uma experiencia com grande carga emocional onde se misturam a admiração o espanto o terror e exaltação. Se a angústia for considerada como sendo o desespero podemos afirmar que o Homem só sai do desespero quando se orienta por si próprio. O texto seguinte é um exemplo que demonstra a procura do sentido da existência humana:

 “Se os construtores de uma grande e florescente civilização antiga pudessem de algum modo ver agora os arqueólogos desenterrar os insignificantes vestígios do que outrora realizaram com grande esforço — ver os fragmentos de potes e vasos, umas quantas estátuas partidas, e outros sinais de uma outra época e grandeza —, poderiam na verdade perguntar a si próprios qual o propósito de tudo isso, se era naquilo que tudo se tinha transformado. No entanto, as coisas não lhes pareceram assim na altura, porque era precisamente o acto de construir, e não o que acabou por ser construído, que dava sentido à sua vida.”

Richard Taylor, “The Meaning of Life” in Klemke, E. D., The Meaning of Life, p. 174

Bibliografia

. Richard Taylor, “The Meaning of Life” in Klemke, E. D., The Meaning of Life, p.
  17

. Bertrand Russel, Os problemas da filosofia, Oxford University Press, Oxford,
  2001, pp89-94

. Hottois, G 2001. Bioéthique. G. Hottois & J-N. Missa. Nouvelle encyclopédie
  de bioéthique. Bruxelles: De Boeck, p. 124-126

. Van Rensselaer Potter, Bioethics. Bridge to the future. 1971

. Reich WT. Encyclopedia of Bioethics. 2nd ed. New York; MacMillan, 1995: XXI

Fontes informáticas

. http://ocanto.esenviseu.net/lexb.htm

. http://www.ghente.org/bioetica/  

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