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Trabalhos de Geografia - 10º Ano

 

Recolha e Tratamento dos Resíduos Urbanos

Autores: Catarina Pedras

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 29/08/2012

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre a Recolha e Tratamento dos Resíduos Urbanos, realizado no âmbito da disciplina de Geografia (10º ano).

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Recolha e Tratamento dos Resíduos Urbanos

Enquadramento

A crescente urbanização e industrialização das sociedades modernas têm originado uma produção exponencial de resíduos sólidos, problema que urge encarar com frontalidade no sentido de se encontrarem as melhores soluções técnicas para o minimizar.

A situação atual é caracterizada pela crescente produção de resíduos sólidos, salientando-se a grande diminuição do seu peso específico originando um evidente aumento do volume a tratar. Na última década houve uma duplicação da produção de resíduos por habitante, em termos de peso, e quase o quádruplo em termos de volume.

Gráfico 1 – Produção/capitação de RSU em Portugal

Entre 1995-2008 a capitação anual de RU (resíduos urbanos per capita) em Portugal foi sempre inferior à média da EU-27, tendo esta tendência sofrido alterações em 2009, quando o valor português de resíduos urbanos per capita (511 kg/hab./ano) se assemelhou ao valor da média da EU-27 (512 kg/hab./ano).

Gráfico 2 – Capitação de RU em Portugal e na UE

Recolha dos Resíduos Urbanos

A recolha de resíduos é a componente da gestão de resíduos que resulta na passagem de um material residual da fonte de produção, para o ponto de tratamento ou disposição final.

Gráfico 3 – Recolha de RU por habitante total e seletivamente em Portugal

1. Recolha Diferenciada (separativa ou seletiva) – Processo de recolha de resíduos que podem ser reciclados, previamente separados na fonte. E que são posteriormente encaminhados para as estações de triagem e depois para as indústrias recicladoras.

Gráfico 4 – Recolha de RU seletivamente em Portugal

a) Porta-a-porta – consiste na colocação dos resíduos em sacos de forma a serem posteriormente recolhidos pelas câmaras municipais responsáveis. Esta recolha varia consoante a morfologia urbana e as características funcionais de cada área da cidade.

Figura 1 – Recolha porta-a-porta

Esquema 1 – Exemplo de área residencial com recolha porta-a-porta

b) Ecopontos – contentores diversificados para a recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos (RSU) para posterior reciclagem.

a. Ecoponto amarelo (depositam-se embalagens de plástico e metal e embalagens de cartão para bebidas);

b. Ecoponto azul (embalagens de papel e cartão);

c. Ecoponto verde (embalagens de vidro);

d. Ecoponto vermelho (pilhas);

e. “Ponto” Eletrão (equipamentos elétricos e eletrónicos).

Figura 2 - Ecopontos

c) Ecocentros ou postos de entrega voluntária – parques amplos com contentores de grandes dimensões destinados à receção e armazenamento dos resíduos, de forma separada, para posterior tratamento e reciclagem.

Tipos de resíduos recebidos:

- Materiais dos ecopontos (em maior quantidade);

- Resíduos de embalagens de madeira (material reciclável sem ecoponto);

- Pneus;

- Baterias;

- Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE);

- Óleos usados;

- Materiais resultantes de limpeza de jardins e afins;

- Entulhos de construção civil (pequenas obras);

- “Monstros”.

Figura 4 - Ecocentros

3. Recolha Indiferenciada – Processo de recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU) que são colocados no mesmo contentor, sem qualquer diferenciação por tipo de resíduo (“lixo normal”), recolhidos pela câmaras municipais ou outras identidades, e que posteriormente são encaminhados para Aterro Sanitário.

a) Porta-a-porta – consiste na colocação dos resíduos em sacos de forma a serem posteriormente recolhidos pelas câmaras municipais responsáveis. Esta recolha varia consoante a morfologia urbana e as características funcionais de cada área da cidade.

b) Contentores do lixo – contentores onde se depositam materiais que não são embalagens como:

. Restos de comida;

. Fraldas usadas;

. CD’s e DVD’s;

. Tachos, panelas, talheres, pratos, copos e chávenas;

. Cassetes;

. Janelas e espelhos.

Figura 5 – Contentores do lixo

Tratamento dos Resíduos Urbanos

Até 1995, a gestão de resíduos urbanos (RU) em Portugal, restringia-se praticamente às operações de recolha e à deposição destes resíduos em locais não controlados – lixeiras.

Neste sentido, em Julho de 1997, o Ministério do Ambiente elaborou o Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) que visou pôr cobro a tal situação e a estabelecer bases orientadoras para a política de gestão de resíduos. 

Figura 6 - Lixeira

Dependendo da origem dos resíduos (se são matéria orgânica, reciclável ou rejeitável) são diferentes os destinos tomados.

Esquema 2 – Composição dos resíduos

Esquema 3 – Destinos dos resíduos

Em 2010 o principal destino dos cerca de 5 184 milhões de toneladas de resíduos urbanos produzidos no Continente foi a deposição em aterro (61%), seguindo-se a incineração com recuperação de energia (18%), a recolha seletiva com vista a reciclagem (13%) e a valorização orgânica - compostagem (8%). Em comparação com 2008 verifica-se uma diminuição ligeira na quantidade de resíduos depositados em aterro (- 7%).

Gráfico 5 – Destinos dos resíduos

1. Reciclagem – consiste na incorporação de materiais recicláveis no fabrico de novos objetos ou embalagens.

Depois de utilizadas, as embalagens transformam-se em resíduos. Através da reciclagem podemos prolongar o seu ciclo de vida tornando-as objetos valiosos mesmo depois de usadas.

Depois de recolhidos os resíduos são encaminhados para as estações de triagem, onde as embalagens são rigorosamente selecionadas e compactadas e enfardadas de modo a permitir o seu encaminhamento para as empresas recicladoras.

Figura 7 – Estação de triagem

Figura 8 – Fardos para reciclagem

Foram estabelecidas a nível europeu metas a alcançar pelos Estados membros de maneira a aumentar a percentagem de resíduos de embalagens reciclados. Pelo que desde meados de 2006 que a taxa de reciclagem de resíduos de embalagens é superior à meta estabelecida pela União Europeia (mínimo de 55%).

Gráfico 6 – Taxa de reciclagem de RE

O vidro pode ser derretido para dar vida a outras embalagens de vidro.

Os metais, aço e alumínio reciclados dão origem a peças de uso comum como os bicos do fogão e do esquentador ou peças do automóvel.

O papel reciclado é incorporado numa infinidade de novos objetos, nomeadamente: caixas de cartão canelado, papel higiénico, rolo de cozinha ou embalagens  de cartão.

O plástico produz diversos tipos de novos objetos como: camisola polar, vasos, tubos para canalização, mesas de jardim ou fibras de enchimento de um blusão.

A madeira reciclada dá origem a aglomerado

Atualmente existem indústrias que colaboram com as entidades que tratam os resíduos recolhidos, adquirindo-os a um preço inferior ao do mercado e transformando-os em novos produtos (ex.: a TratoLixo colabora diretamente com a ValorPneu quando se trata de pneus).

Esquema 4 – Exemplo de colaboração

Vantagens deste processo:

. Redução dos resíduos para Aterro, aumentando assim a sua flexibilidade;

. Redução da energia utilizada;

. Redução da utilização de certos recursos naturais (petróleo, areias, árvores, água…);

. Proteção dos ecossistemas;

. Redução dos impactos ambientais;

. Criação de postos de trabalho.

Desvantagens deste processo:

. Custos de recolha e transporte.

2. Compostagem de resíduos sólidos orgânicos - A fração de resíduos orgânicos continua a ser a maior das frações presentes nos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) - cerca de 50% -, sendo produzida em atividades económicas como a agropecuária ou a restauração.

Figura 9 – Atividades económicas produtoras de resíduos orgânicos

A compostagem é um processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica num material semelhante ao solo, a que se chama composto, e que pode ser utilizado como adubo.

É composta por duas fases:

. Transformações bioquímicas (duram entre 25 a 30 dias);

. Humificação (30 a 60 dias).

Esquema 5 – Ciclo da matéria orgânica

Esquema 6 – Funcionamento de uma central de compostagem

Figura 10 – Evolução do composto

Vantagens deste processo:

. Não formação de gases com cheiro desagradável;

. Redução do volume e peso dos resíduos;

. Transformação dos resíduos sólidos em adubos orgânicos (composto);

. Reciclagem de nutrientes contidos nos resíduos;

. Aproveitamento de lixo urbano.

Desvantagens deste processo:

. Custo elevado de investimento;

. Necessidade de dispor os rejeitos em aterro;

. Necessidade de estudo de mercado para usar o composto;

. Necessidade de pessoal treinado para a operação;

. Contato direto dos operários com o lixo.

Figura 11 – Transformação dos resíduos orgânicos

3. Incineração – Processo de destruição térmica realizado sob alta temperatura – 800º a 1200ºC – utilizado em especial nos países nórdicos devido à necessidade de diversificação das fontes energéticas para aquecimento (é produzida energia elétrica e vapor de água), à densidade populacional elevada e devido à falta de terrenos apropriados para outras soluções como o aterro (caso da Holanda em que mais de 45% do solo foi conquistado ao mar).

As escórias e cinzas são dispostas em Aterro próprio, os efluentes líquidos são encaminhados para estação de tratamento (ETAR’s).

Figura 12 – Centrais de incineração

Vantagens deste processo:

. Redução dos volumes a depositar em aterros (pode chegar a 90%);

. Eliminação de resíduos patogénicos e tóxicos;

. Produção de energia elétrica.

Desvantagens deste processo:

. Elevados custos financeiros (investimento e manutenção);

. Elevados custos ambientais (poluição atmosférica).

Esquema 7 – Funcionamento de uma central de incineração

4. Aterros Sanitários – O aterro sanitário é um processo complementar aos processos descritos anteriormente, sendo imprescindível a toda a estrutura de tratamento dos resíduos sólidos.

Estes devem ser construídos em locais com características geológicas adequadas e são revestidos com materiais impermeáveis (como argila ou plástico) que previnem a infiltração de substâncias lixiviadas, que são posteriormente enviadas para uma estação de tratamento.

Quanto maior for a taxa de valorização conseguidas nas fases anteriores, menores serão as quantidades a aterrar, prolongando-se a vida útil do aterro sanitário (AS) e diminuindo-se o custo de exploração.

Com uma deposição mínima no aterro de 200 toneladas por dia de resíduos torna-se rentável o aproveitamento energético (biogás).

Quando o AS recebe os restos das outras formas de valorização de resíduos é um aterro de rejeitos, sem produção de biogás e sem emissão de lixiviados poluentes.

Os resíduos a depositar em aterro são numa primeira fase registados, depois são descarregados numa zona própria para a descarga, onde são espalhados pela máquina pá de rastos, em pequenas camadas e compactados. Onde se formam estratos de resíduos com 1,5 metros de altura (ideal) compactados em toda a sua extensão a largura da célula definida para o dia.

Figura 13 – Processo de deposição em Aterro

Figura 14 – Processo de deposição em Aterro (continuação)

Vantagens deste processo:

. Grande flexibilidade para receber uma gama muito grande de resíduos;

. Fácil operacionalidade;

. Custo relativamente baixo, comparativamente a outras soluções;

. Potencia a recuperação de áreas degradadas.

Desvantagens deste processo:

. Ocupa muito espaço;

. Lixiviação de substâncias perigosas (possibilidade de contaminação dos solos);

. Maus odores;

. Grande concentração de animais indesejáveis (moscas, ratazanas…).

Esquema 8 – Estrutura de um Aterro

Figura 15 – Ecoparque de Trajouce

Advém deste tipo de tratamento a valorização energética do biogás que consiste na transformação dos gases produzidos no aterro em energia elétrica, que depois será incluída na rede (Rede Elétrica Nacional – REN) podendo assim tornar-se a central que o valoriza numa central autossuficiente (em termos energéticos).

Uma das razões fundamentais para esta recuperação do Biogás é o aspeto ambiental, relativamente à redução do efeito de estufa. O metano, um dos componentes do biogás, tem um peso significativo na contribuição para o efeito de estufa, que afeta a temperatura à superfície da terra.

Este aproveitamento do biogás para fins energéticos contribui para a melhoria da qualidade ambiental do aterro e das zonas envolventes, uma vez que os componentes que causam odores desagradáveis são extraídos e destruídos durante o processo de combustão.

Figura 16 – Valorização do biogás

ETAR

Tanto no processo de incineração como na deposição em aterros sanitários é necessária a existência de uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais).

Nestas estações as águas são sujeitas a tratamentos que removem os poluentes, dividindo-se em três etapas: primária (remoção de sólidos de grandes dimensões), secundária (remoção da matéria orgânica) e terciária (remoção de poluentes específicos). Esta última etapa nem sempre é utilizada devido aos grandes encargos financeiros.

Os biossólidos (lodos tratados) resultantes do tratamento de águas podem ser utilizados como fertilizantes dos solos.

Esquema 9 – Funcionamento de uma ETAR

Bibliografia

http://www.cm-oaz.pt/ficheiro/10031609331069.pdf

Infopédia: www.infopedia.pt/

ERSUC: www.ersuc.pt/

TratoLixo: www.tratolixo.pt/

Conclusão

Ao longo deste trabalho apercebemo-nos do quão necessário se torna o tratamento dos resíduos urbanos.

Apesar da grande mudança a que se assistiu nas últimas décadas (deixaram de ser utilizadas lixeiras), ainda existe uma grande quantidade de resíduos indiferenciados depositados em aterro o que constitui um problema visto que os aterros necessitam de grande espaço e têm duração limitada. Pelo que, cada vez mais se torna necessária a diversificação dos tratamentos aplicados (compostagem, incineração e reciclagem).

 

 

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