Trabalhos de Estudantes  

Trabalhos de Geologia - 11º Ano

 

Ficha do trabalho:

Energia Nuclear

Autores: Margarida e Pedro

Escola: Escola Secundária Dr. Ginestal Machado

Data de Publicação: 23/10/2012

Resumo: Trabalho que aborda as aplicações, os benefícios e os malefícios da Energia Nuclear e também como e onde é produzida, realizado no âmbito da disciplina de Geologia (11º ano). Ver Trab. Completo

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Energia Nuclear

Introdução

Este trabalho insere-se no Tema 4: Geologia, Problemas e Materiais do Quotidiano, capítulo 3: Exploração Sustentada de Recursos Geológicos.

A exploração dos recursos geológicos tem vindo a aumentar de forma dramática com o crescimento da população humana e com desenvolvimento industrial. Muitos destes recursos caminham para o esgotamento, o que torna urgente a adopção de uma exploração sustentada.

Os recursos geológicos são os bens de natureza geológica que existem na crusta terrestre e que podem ser utilizados pelo Homem. Se forem gerados a uma velocidade superior àquela a que são explorados, estes recursos são renováveis mas se, pelo contrário, são consumidos a uma velocidade superior àquela a que se formam, são designados não-renováveis.

Por vezes não são os materiais da Terra em si que são o recurso, mas sim as suas propriedades como o calor e a radioatividade que certas rochas e minerais libertam. Estes materiais são, directa ou indirectamente, utilizados para fabricar os mais diversos produtos usados no quotidiano e na maior parte das indústrias.

Os recursos geológicos podem-se dividir em: recursos hidrogeológicos, energéticos e minerais.

Neste trabalho vamos falar da Energia Nuclear, uma energia não-renovável que se insere no grupo dos recursos energéticos e é obtido através da radioatividade libertada por determinados materiais.

Com este trabalho pretendemos aprender mais sobre este recurso, como é produzido, porque está a ser alvo de experiências, para que é utilizado e desenvolver uma opinião mais forte sobre as vantagens e desvantagens deste recurso.

O que é a Energia Nuclear?

A energia nuclear, como o nome indica, é a energia que está no núcleo do átomo, é esta energia que faz com que as partículas básicas nucleares – protões e neutrões – se mantenham unidas. Obtém-se a partir de minerais radioactivos por processos que envolvem mudanças ao nível do núcleo dos minerais utilizados.

A radioactividade é a propriedade que alguns átomos instáveis possuem de, ao se desintegrarem ou partirem, emitirem energia sob a forma de radiação. O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60 e o tório-232 são exemplos de elementos fisicamente instáveis e radioativos. Apresentam uma desintegração lenta e constante, liberando energia através de ondas eletromagnéticas (raios gama) ou partículas básicas com altas velocidades (partículas alfa, beta e neutrões) – 72000km/h. Estes elementos emitem portanto uma radiação constante.

O aproveitamento da energia nuclear é feito em centrais nucleares, dentro de um reactor em determinadas condições, devidamente controladas.

Com vista a fins antrópicos, os átomos têm que ser sujeitos a reacções de fissão nuclear através do bombardeamento do núcleo com um neutrão (separação dos núcleos de elementos pesados), ou de fusão nuclear (união de núcleos atómicos relativamente leves). A libertação de energia nuclear, embora raramente, pode também acontecer na Natureza.

A energia nuclear resultante é medida em “mega-electronvolt”, de simbologia correspondente a MeV. 1 MeV corresponde a 1.602×10−13 Joule.

Fissão Nuclear

A fissão nuclear foi descoberta em 1938 por Otto Hahn e Fritz Straßmann, e explicada por Lise Meitner e Otto Frisch. A energia resultante da fissão nuclear tem sido utilizada desde 1942, na criação de armas nucleares e desde 1950, como geradora de electricidade.

Numa fissão nuclear, um átomo de grande massa vai dividir-se em dois átomos de uma massa muito menor. A massa que “desapareceu” foi a que foi dar origem à energia de acordo com a famosa equação E = mc2 formada por Albert Einstein. Esta equação mostra que a energia resultante é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz elevada ao quadrado. Isto permite-nos ver que a mais pequena massa de reagente vai dar origem a uma enorme quantidade de energia. Esta libertação de energia é acompanhada pela emissão de dois ou três neutrões.

Os recursos utilizados para a produção de energia nuclear através de fissão são o urânio, plutónio e o tório, minerais pesados radioactivos, porque possuem um elevado número de partículas básicas. Entre estes três, o mais conhecido e utilizado é o urânio, por ser mais abundante na Natureza e, mesmo assim, está a ser consumido a uma velocidade superior à que se consegue formar. O símbolo químico do urânio é a letra “U” e tem uma massa igual a 238 (92 protões e 146 neutrões). Foi o primeiro elemento onde se descobriu a propriedade da radioactividade, em 1896. O isótopo Urânio-235 é o único que se consegue utilizar para produzir de energia, sendo por isso o nosso combustível.

Cada isótopo instável tem uma semi-vida característica. A semi-vida do 235U é de 7,04 x 108 anos, ou seja, são necessários 704 milhões de anos para reduzir a metade a quantidade inicial de urânio.

O ciclo do combustível, ou seja, do urânio, contém as seguintes etapas: exploração e avaliação das reservas; extracção do minério; processamento e refino dos materiais brutos; enriquecimento do urânio; utilização do combustível nos reactores; tratamento dos resíduos e o transporte dos mesmos para armazenamento.

Para produzir laboratorialmente energia nuclear, através de reacções de fissão nuclear do urânio, este é bombardeado com um neutrão e transforma-se no seu radioisótopo correspondente, altamente instável, que se vai decompor noutros elementos estáveis e noutr           os neutrões, radiação gama, partículas beta e alfa. Quando o radioisótopo se parte, começa uma cadeia de reacções de fissão, pois outros átomos presentes no reactor são atingidos pelos neutrões resultantes da primeira fissão, libertando-se uma elevada quantidade de energia sobre a forma de calor, o único produto da reacção que apresenta interesse. Esta reacção tem que ser controlada, pois se não o for a central nuclear simplesmente explode com uma bomba atómica.

Parte da energia libertada é radiação gama (»7MeV), outra encontra-se associada aos produtos de fissão, geralmente radioactivos (»13MeV). Porém, a maior parte da energia encontra-se sobre a forma de energia cinética (»165MeV). Os neutrões atingem o material existente no reactor e transformam a energia cinética em energia térmica. A energia gerada pela fissão de um átomo de urânio é cerca de 200MeV. A reacção é realizada à temperatura de cerca de 1273 ºC.

Imagem 1 - Fissão Nuclear do Urânio-235, originando Bário e Crípton;

Fusão Nuclear

Uma reacção de fusão nuclear consiste na junção de dois núcleos leves, com vista a formar outro mais pesado, com emissão simultânea de energia. A fusão nuclear, em particular a formação do hélio, é a fonte de energia mais importante das estrelas.

Actualmente, este tipo de reacção nuclear apresenta um rendimento muito baixo para ser utilizado e também grande dificuldade de produção. E por isso, cientistas de todo o mundo trabalham para conseguir tornar este processo viável.

Os recursos utilizados para a fusão nuclear são o deutério e o trítio, isótopos do hidrogénio, elementos de natureza pesada, com vista à formação de um isótopo do hélio, um elemento mais pesado. O deutério representa-se por 2H (1 protão e 1 neutrão) e o trítio por 3H (1 protão e 2 neutrões). O hélio é um gás nobre, portanto muito estável de representação “He”. O isótopo formado neste tipo de reacção, um isótopo estável, representa-se 4He (2 protões e 2 neutrões). O primeiro isótopo do hidrogénio, o deutério, encontra-se em quantidades abundantes nos oceanos e o segundo isótopo, o trítio, obtém-se da fissão do lítio, elemento abundante na crosta terrestre.

Teoricamente, dentro do reactor de fusão são colocadas proporções iguais de deutério e trítio, ao fundirem-se formam 5He (2 protões e 3 neutrões), mas desse átomo um dos neutrões escapa e passamos a ter 4He. A partir do momento em que a fusão é iniciada, a temperatura é constante e é libertada uma grande quantidade de energia nuclear, cerca de 17MeV.

Os núcleos têm carga positiva e por isso a carga electroestática faz com que estes se repilam. O grande problema deste tipo de reacção é a temperatura a que tem de ser realizada. Para que haja fusão nuclear os átomos têm que ganhar energia cinética, que lhes é conferida com temperaturas termonucleares – cerca de 14 milhões de graus Celsius. Quando o deutério é aquecido, deixa de ser electricamente neutro e passa a ter iões e electrões soltos, não podendo ser utilizado num reactor normal, devendo ser confinado mediante campos eléctricos e magnéticos apropriados aos espaços previstos. As reacções controladas podem ser obtidas com o aquecimento de plasma (gás rarefeito com electrões e catiões livres, milhões de vezes menos denso que o ar) mantido por um campo eléctrico, mas é difícil conter os plasmas nos níveis de temperatura necessários, pois os gases aquecidos tendem a expandir-se e a escapar do reactor.

Durante muito tempo, a única reacção de fusão nuclear realizada na Terra era a utilizada na bomba de hidrogénio, em que a explosão atómica fornece a temperatura necessária para que a fusão tenha início.

Devido à dificuldade de criação deste método de obtenção de energia, neste trabalho só iremos falar da energia nuclear obtida pela fissão do urânio.

Imagem 2 - Fusão do Deutério e do Trítio para formar Hélio;

Central Nuclear

As centrais nucleares servem como posto de controlo das reacções nucleares anteriormente referidas. Elas asseguram que a energia das reacções seja libertada de modo gradual em forma de calor. Este calor vai ser usado para aquecer água, transformando-a em vapor de água que irá fazer girar uma turbina que vai produzir energia eléctrica.

Nestas centrais o Urânio-235 enriquecido é comprimido em pastilhas e introduzido em tubos feitos de um material extremamente forte e resistente ao calor que são metidos em “caixas” de ferro com cerca de 20 centímetros de espessura, o contentor principal. Esse contentor é então metido dentro do contentor secundário, feito de betão.

Quando estes tubos se aproximam uns dos outros começa a fissão do urânio que liberta calor, radiação, neutrões e produtos da fissão. Começam então a aquecer e passa-se água pelo meio dos tubos. Essa água vai transformar-se em vapor fazendo girar uma turbina, criando assim energia eléctrica.

Para acabar esta reacção são usados tubos de controlo, cuja função é absorver os neutrões resultantes da fissão. Quando todos os neutrões são absorvidos, a reacção em cadeia deixa de ter condições para continuar e pára.

Idealmente seria aqui que a reacção acabaria, mas ainda é preciso lidar com os produtos da fissão pois estes são isótopos instáveis que vão sofrer decaimento radioactivo, produzindo radiação e energia, que se vai transformar em calor. Esse calor, embora não seja tão grande como o que provém da fissão do urânio, é ainda muito calor. Tanto calor que, se estes produtos não forem arrefecidos, é suficiente para que os tubos se partam e causem um acidente nuclear. Para isso há um sistema de arrefecimento que mantém água a passar pelo reactor de maneira a que os tubos não se partam. Se estes produtos da fissão não forem arrefecidos e os tubos se partirem vai gerar um ambiente quente o suficiente para que esse calor vá quebrar a molécula de água separando o oxigénio e o hidrogénio sendo este último elemento, explosivo.

No fim da fissão, os tubos gastos, que já não têm urânio mas têm estes produtos da fissão, vão ser submersos em piscinas gigantes para que se dê decaimento suficiente[1] para não gerarem tanto calor e que possam ser retirados e tratados de maneira diferente. Se este processo falhar, como por exemplo no sismo em Fukushima no ano de 2011, a água nestas piscinas vai evaporar, os tubos vão derreter, causar incêndios e explosões que irão libertar pó radioativo para o ar.

Imagem 3 - Planta de uma central nuclear;

Sem ser a produção do lixo nuclear, no tema do impacto ambiental, temos como já referimos os acidentes nucleares (ex.: problemas no reactor) ou acidentes de radiação (ex.: Medicina Nuclear). Os acidentes nucleares podem ocorrer nos transportes ou na própria central, e são causados por erro humano, falhas nos equipamentos, perdas de fonte ou deterioração térmica.

O pior acidente nuclear foi o de Chernobyl, na Ucrânia, a Abril de 1986, em que uma reacção escapou ao controlo dos técnicos, originando várias explosões com uma imensa libertação de material radiactivo para a atmosfera que, se espalhou pela Europa causando a morte a milhares de pessoas, mutações e cancros, ainda verificados actualmente. A central foi encerrada em 2000.

Aplicações na Medicina

Ao ramo da Medicina que se especializa e se dedica à aplicação de elementos radioactivos para diagnóstico ou terapia, designa-se Medicina Nuclear.

Os radioisótopos que são formados no reactor, quando se está a produzir energia podem ser usados no tratamento e no diagnóstico de várias patologias. Estes radioisótopos que são usados na Medicina Nuclear são designados radiofármacos e são injectados no corpo do paciente onde se vão concentrar no órgão ou órgãos desejados. Quando atingem esses órgãos vão emitir radiações gama que vão ser detectados por um aparelho próprio, designado de câmara gama, que consegue transformar a informação dessas radiações em imagens que permitem inferir sobre o funcionamento desses órgãos.

Estes radioisótopos têm uma semi-vida curta, ou seja, demoram pouco tempo até que sua emissão de radiação seja em quantidades pequenas o suficiente para não prejudicar a saúde do paciente.

O radioisótopo mais usado é o tecnécio-99 que tem uma semi-vida de seis horas. Outros radiofármacos incluem o tálio-201 (semi-vida de três dias), gálio-67 (semi-vida de três dias), iodo-131 (meia vida de oito dias) e flúor-18 (semi-vida de duas horas).

As radiações nucleares também podem ser usadas em diversas terapias como o tratamento do cancro – radioterapia – em que vão irradiar as células cancerígenas, matando-as e impedindo assim a sua multiplicação. Tradicionalmente é usado o cobalto-60 para estes tratamentos mas tem vindo a ser substituído por aceleradores lineares que produzem feixes de electrões que vão incidir no tecido alvo, matando as células cancerígenas.

Uma das outras formas em que esta radiação pode ser utilizada é a irradiação do sangue ou órgãos com raios gama. Esta irradiação é feita no sangue ou órgão antes de este ser introduzido no corpo do paciente, diminuindo a quantidade de linfócitos T, baixando assim a probabilidade do sangue ou órgão ser rejeitado.

Aplicações na Indústria

Na indústria os radioisótopos mais utilizados são: o cobalto-60, o irídio-192, o césio-137 e o amerício-241.

O seu uso na indústria é ajudado pela fácil penetração da radiação em diversos materiais. Assim, as radiações emitidas podem ser usadas em várias indústrias, como por exemplo, a indústria de papel, para se certificar que todas as folhas têm a mesma espessura e na indústria de bebidas, para controlar o enchimento de vasilhames.

Outo método de utilização das radiações nucleares, radiação gama, está no uso de traçadores radioactivos em que materiais radioactivos são inseridos num meio para acompanhar o seu comportamento e os processos que nele se desenrolam. Estes traçadores podem ser usados para detectar um eventual mau funcionamento na indústria química.

Também na exploração de petróleo, estes materiais podem ser usados para garantir a qualidade das amostras recolhidas, usando fontes de neutrões para determinar a quantidade de água, gás e óleo nas amostras recolhidas. Outras fontes de neutrões podem ainda ser utilizadas para estudar o perfil do solo.

Irradiadores industriais são instalações com compartimentos onde materiais cirúrgicos, alimentos, remédios, materiais de valor histórico etc. são expostos a radiações gama que matam bactérias e microrganismos, sendo assim esterilizados. Estes irradiadores são cada vez mais utilizados, existindo actualmente, 160 a funcionar mundialmente. Este método apresenta vantagens sobre outros métodos de esterilização. Ao contrário da esterilização com recurso a substâncias químicas, com este método não há risco de deixar resíduos tóxicos nos produtos esterilizados. Também é um método mais viável que a esterilização com calor pois pode-se utilizar em materiais como seringas e tubos cirúrgicos uma vez que diminui o risco de estes derreterem, e na esterilização de frutos, pois o processo de esterilização com calor diminui o tempo de consumo da fruta, visto que acelera o amadurecimento.

Na indústria agropecuária, a radiação gama tem também um papel muito importante pois participa na luta às pragas com o método do “macho estéril” em que se criam machos estéreis da praga a ser eliminada, e inserem-se no ambiente infestado, diminuindo a população ao afectar a sua capacidade reprodutiva. A quantidade de machos estéreis libertada é nove vezes superior à quantidade da praga a ser eliminada. Se existem mais machos estéreis que machos selvagens (férteis) a probabilidade de acasalamento do macho selvagem é diminuta, pois existem mais concorrentes, para uma fêmea existem vários machos, na sua maioria férteis e assim a descendência vai diminuindo. Este tipo de método é altamente eficaz e é geralmente aplicado em grandes plantações.

Outra aplicação que os radioisótopos podem ter nesta indústria é no controlo da qualidade das rações e outros alimentos para os animais. Consegue-se acompanhar e verificar o metabolismo que acontece nestes produtos usando radioisótopos que emitem radiação ao longo dos processos metabólicos.

Imagem 4 - Planta de um irradiador industrial;

Aplicações no Ambiente

Um grande número de processos físicos e biológicos investigativos usam materiais radioactivos pois permitem obter dados que seriam inviáveis se fossem obtidos por outros métodos.

Estes métodos também são utilizados na investigação para a agricultura pois, para além de permitir inferir sobre a absorção de nutrientes pelas plantas e sobre o efeito de microrganismos sobre as mesmas, permite estudar o solo quanto aos processos de infiltração de água e bem como o processo de filtragem, ajudando assim a verificar a qualidade do solo e estudar maneiras de melhorar a sua produtividade.

Outros processos que se podem usar nesta área de investigação são a análise por irradiação de neutrões que permite medir quantidades extremamente pequenas de poluentes, o uso de traçadores radioactivos para estudar aquíferos que pode levar a conclusões sobre o seu tempo de recarga facilitando a sua racionalização e no tratamento de resíduos hospitalares e de esgotos, esterilizando-os de modo a garantir que não contenham microrganismos nocivos ao ambiente.

Para saber a idade absoluta de uma rocha, determina-se a quantidade de átomos-pai e átomos-filho de elementos radioactivos presentes na mesma. O tempo que demoram a reduzir a sua quantidade a metade denomina-se semi-vida.

Imagem 5 - Tempo de semi-vida de alguns isótopos;

Impacto na Saúde

A radioatividade pode ser nociva ao organismo humano, dependendo da intensidade ou da duração da exposição. Quando o ser humano é exposto a radiações de baixa intensidade durante um longo período de tempo pode levar ao desenvolvimento de cancros e a mutações no DNA. Neste último caso os danos feitos podem não ser visíveis na pessoa exposta mas sim nas gerações vindouras que poderão apresentar mutações físicas como é visível na situação do acidente de Chernobyl em que os filhos das pessoas expostas às radiações nasceram sem pernas, braços com tumores, ou órgão e membros extra.

Se a exposição for de curta duração e baixa intensidade, a pessoa exposta pode apresentar queimaduras e náuseas.

Outras doenças causadas por exposição a este tipo de energia incluem sangramento no estômago e nos intestinos, inflamação nos pulmões, diminuição do número de glóbulos brancos, aumentando o risco de infecções, e do número de plaquetas, causando sangramentos espontâneos. Aumenta também o risco de tumores na tiroide por absorção do iodo-131.

Imagem 6 - Consequências na saúde;

Energia Nuclear no Mundo e em Portugal

Estudos realizados em Agosto de 2008 revelam a existência de 435 centrais nucleares em funcionamento, em 30 países diferentes, sendo a maioria localizadas na Europa. Com este relatório sabe-se também que nesse ano estavam em construção mais 35 centrais nucleares em 12 países distintos, tais como o Irão, EUA, Polónia, Japão, Coreia do Sul e Brasil.

Gráfico 1 – Percentagem de recursos utilizados para produção de energia eléctrica mundialmente;

Segundo a Associação Mundial de Energia Nuclear, poucas centrais nucleares foram construídas desde a década de 90, mas apesar disso houve um crescimento da produção desta energia de cerca de 40%, devido ao melhoramento das centrais já existentes.

França é o país com maior dependência da energia nuclear cerca de 77% de produção para consumo próprio. A Lituânia aparece em segundo lugar. Os Estados Unidos da América são o país com maior volume de produção, apesar da baixa percentagem de utilização para energia eléctrica no país. Os norte-americanos tentam diminuir o impacto ambiental por emissão de CO2 no mundo (no qual se encontram em primeiro lugar), com emissão de 6 triliões desse gás. O país com menor produção energética através da energia nuclear é a China, que, aliás, ocupa o segundo lugar em emissão de CO2 no mundo, com uma produção de 5 triliões de toneladas por ano.

Na tabela seguinte estão representados os valores de cada país na produção energia nuclear.

País

Produção por
biliões de KW

Fatia da produção
energética no país

País

Produção por
biliões de KW

Fatia da produção
energética no país

Argentina

6,7

6,2 %

Lituânia

9,1

64,4%

Arménia

2,35

43,5 %

México

9,95

4,6%

Bélgica

46

54 %

Holanda

4

4,1%

Brasil

11,7

2,8 %

Paquistão

2,3

2,34%

Bulgária

13,7

32 %

Roménia

7,1

13%

Canadá

88,2

14,7 %

Rússia

148

16%

China

59,3

1,9 %

Eslováquia

14,2

54%

República
Checa

24,6

30,3%

Eslovénia

5,4

42%

Finlândia

22,5

29%

África do Sul

12,6

5,5%

França

420,1

77%

Espanha

52,7

17,4%

Alemanha

133,2

26%

Suécia

64,3

46%

Hungria

13.9

37%

Suíça

26,5

43%

Índia

15,8

2,5%

Ucrânia

87,2

48%

Japão

267

27,5%

Reino Unido

57,5

15%

Coreia do Sul

136,6

35,3%

EUA

806,6

19,4%

Tabela 1 – Valores e respectivas percentagens de produção de energia nuclear de diversos países (Fontes: UN Data e WNA – dados de Agosto de 2008);

Actualmente, em Portugal, não se produz energia nuclear. Com a elevada procura de urânio, Portugal está a ser alvo de alguns estudos por parte de empresas internacionais, visto que a produção nacional de urânio nas minas da Urgeiriça destina-se na sua totalidade à exportação, dado que o país não possui nenhuma central nuclear.

Vantagens e Desvantagens

Como consequência da utilização excessiva dos combustíveis fósseis, o Homem sente a necessidade de procurar novas fontes de energia. Quando, na primeira metade do século XIX, se realizaram investigações no domínio da radioactividade os resultados geraram tais expectativas que, nessa altura, se pensou que os problemas energéticos da Humanidade estariam resolvidos. Mas como qualquer outra energia renovável ou não-renovável, também a energia nuclear possui vantagens e desvantagens.

Entre as vantagens, na utilização da energia nuclear, podemos referir:

. a não emissão de gases com efeito de estufa e a ausência de poluição atmosférica, visto que o fumo que sai das chaminés é vapor de água resultante do arrefecimento dos tubos e não gases poluentes, sendo por isso uma energia limpa;

. a independência das condições climatéricas, ou seja, esteja a chover, a fazer sol, ou vento, a central nuclear consegue produzir energia. Vantagem deste tipo de energia sobre quase todas as energias renováveis;

. a existência de reservas relativamente abundantes de urânio. As maiores reservas encontram-se na Austrália (25.6%), no Cazaquistão (14.5%), Canadá (13.4%), África do Sul (9.2%), Namíbia (7.1%), Brasil (5.9%), Rússia (4.1%), Estados Unidos da América (3.6%), Nigéria (2.3%) e no resto do mundo (14.3%). A soma das percentagens de todo o mundo é equivalente a 3 638 000 toneladas de urânio.

. o facto de se tratar de uma forma de energia altamente rentável. Comparando, a mesma quantidade de urânio gera 3 milhões de vezes mais energia que a mesma quantidade de carvão.

. a facilidade do transporte do mineral utilizado relativamente ao transporte das matérias de outras formas de produção de energia, como por exemplo os navios petroleiros.

Os principais aspectos negativos ligados à utilização desta fonte de energia são:

. o elevado preço da construção e manutenção das centrais nucleares, pois os materiais têm de ser de muito boa qualidade (sendo por isso extremamente caros), para poderem desempenhar correctamente o seu papel na central, sem colocar o ambiente e vidas em risco. O minério apesar de ser abundante não se encontra distribuído uniformemente por todos os países, o que obriga os países que não possuem reservas a importarem-no a custos muito elevados;

. a energia nuclear não ser uma energia renovável, porque apesar de o urânio existir em abundância, se o recurso for exageradamente explorado, este acabará por se esgotar;

. a má utilização deste recurso, ou seja, a produção de armas nucleares como a bomba atómica e a bomba de hidrogénio, é uma das principais críticas à produção deste tipo de energia;

. o elevado risco ambiental que a central representa, pois se ocorre um acidente nuclear, quer por falha humana quer por falha técnica, este desequilibra totalmente o ecossistema que o rodeia, pois a radioactividade permanece durante vastos anos;

. o transporte e armazenamento dos resíduos resultantes altamente perigosos e radioactivos.  Desde as primeiras centrais que não se sabe o que fazer com os desperdícios radioacticvos, chamados de lixo nuclear. Estes têm que estar muitíssimo bem protegidos, e mantidos longe da população, para que esta não esteja sujeita à radiação.

Conclusão

Actualmente, o uso de petróleo e carvão ainda é predominante. Como estes recursos são altamente poluentes, há necessidade de diminuir o seu consumo e usar outro mais limpo e sustentável. Outra razão para o aumento da procura de uma nova energia é o facto das actuais reservas de combustíveis fósseis diminuírem a sua quantidade bruscamente, devido à extracção excessiva motivada pela indústria, uso doméstico, transportes, etc. Como alternativas mais limpas podem usar-se as energias renováveis, como a eólica, a biomassa etc. ou, no domínio das energias não-renováveis, a energia nuclear.

Esta energia apresenta várias vantagens mas as desvantagens não podem ser ignoradas. Assim, a maior parte do nosso grupo assume que é difícil tomar uma posição levianamente pois, este tema é de grande complexidade envolvendo vários sectores, tanto económica como social. Apesar da energia nuclear poder ser prejudicial, tem também um papel importante para a Humanidade e para o seu funcionamento.

Um dos elementos do nosso grupo apoia a produção de energia nuclear, apenas para produção de energia eléctrica e aplicações na Medicina, Indústria e Ambiente. A maioria das pessoas não aceita a energia nuclear, porque a relaciona automaticamente com bombas atómicas e acidentes nucleares. A verdade é que não são as mesmas pessoas que produzem energia eléctrica (através da energia nuclear) e bombas atómicas. São fins diferentes, criados por pessoas diferentes. Visto que há necessidade de uma nova energia e todas apresentam as suas desvantagens, mais vale utilizar uma energia que seja rentável. Assim como existem acidentes nucleares, existem derrames de petróleo, desabamentos de minas e outros problemas relacionados com as energias convencionais. O propósito desta comparação é realçar o facto do petróleo e o carvão também terem as suas desvantagens e continuarem a ser utilizados. Se estes riscos forem controlados, a Humanidade só pode beneficiar da Energia Nuclear.

Ora, tal como no nosso grupo, a população mundial ainda apresenta dúvidas acerca deste tema havendo também partes divididas, incertas, contra e a favor. Sendo esta discussão uma das mais importantes do nosso tempo.

Webgrafia e Bibliografia

recursos geológicos. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

energia nuclear. In Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Radioatividade

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http://hermes.ucs.br/ccet/defq/naeq/material_didatico/textos_interativos_16.htm

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http://astro.if.ufrgs.br/estrelas/node10.htm

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desvantagens/

http://wiki.answers.com/Q/What_are_advantages_and_disadvantages_of_nuclear_power

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Dias, A. ; Guimarães, P.; Rocha, P. (2011). Geologia 11 (1ª ed.). Porto: Areal Editores


[1] É impossível impedir o decaimento. A única solução é impedir que o decaimento não se realize na totalidade, para não chegar ao auge de produção de calor.

 

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