Trabalhos de Estudantes  

Trabalhos de Geologia - 11º Ano

 

Ficha do trabalho:

Lamarkismo vs Darwinismo

Autores: Ana Carvalho, Luís Rita, Clara Quintans, Rodrigo Martins

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 17/12/2013

Resumo: Trabalho sobre o darwinismo e o lamarkismo, realizado no âmbito da disciplina de Geologia (11º ano). Ver Trab. Completo

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Lamarkismo vs Darwinismo

Introdução

O Evolucionismo

O Evolucionismo, também designado por transformismo, ou teoria da evolução, é uma doutrina que afirma que as espécies animais e vegetais não são imutáveis, ou seja, admite a evolução orgânica das espécies, ao longo do tempo.

Embora presente desde a antiguidade (com Anaximandro, Tales de Mileto e até mesmo Aristóteles), a teoria da evolução das espécies só se conseguiu impor após o aparecimento da paleontologia e dos trabalhos e Lamarck e Charles Darwin, no século XIX. Ambos afirmavam que as espécies sofrem, ao longo das gerações, uma modificação gradual que leva à formação de novas raças e espécies, assim como a um “aperfeiçoamento” das espécies já existentes. Depois da sua divulgação, a teoria da evolução das espécies criou uma grande controvérsia, não só a nível científico, como também a nível ideológico e religioso.

Até ao século XVIII, o mundo ocidental aceitava o criacionismo, sem contestar esta doutrina, de acordo com a qual cada espécie teria sido criada por ato divino, ainda que Lineu tenha, na sua classificação das espécies, deixado algo em aberto quanto a uma explicação.

Lamarck é o primeiro evolucionista, ao considerar que seria o meio a modelar e determinar os organismos. É a partir desta ideia que Charles Darwin, depois de uma viagem à costa ocidental da América do Sul, onde fez diversas observações, estabelece a seleção natural das espécies, pela qual todos os seres vivos são o fator de uma longa série de transformações, que conduziram primeiro ao aparecimento e depois à diversificação das espécies. Esta teoria de Darwin foi expressa no seu livro A Origem das Espécies por Via de Seleção Natural (1859) e logo a seguir desenvolvida por outros estudiosos europeus, como Heackel.

O evolucionismo rapidamente se expande para além das ciências da vida a outras áreas do conhecimento, universalizando-se e adaptando-se aos seus princípios científicos. Na filosofia, é entendido como lei geral dos seres comum a toda a espécie de existência, em geral ou em particular; na antropologia e na sociologia, está por detrás da conceção de que o desenvolvimento das sociedades e das instituições seguiu uma certa orientação através de etapas vencidas por meio de leis demonstráveis. Atinge também a política e a história. Abre, pois, novas perspetivas e considerações em variadíssimos ramos do saber, mantendo as suas questões tradicionais um grande e aceso debate a nível filosófico. A doutrina científico-filosófica do evolucionismo é hoje aceite pela quase totalidade do mundo científico, principalmente na área da biologia (ainda que haja discrepâncias quanto às causas da evolução). Com a descoberta do gene como unidade da hereditariedade, o evolucionismo ganhou ainda mais consistência científica.

No mundo de hoje, o evolucionismo surge como uma doutrina extraordináriamente atual e dotada de argumentos capazes de criar ruturas com o tradicionalismo e as convenções clássicas, conduzindo o Homem a uma reabordagem constante da sua própria evolução biológica. O universo e a vida, em todas as suas manifestações, e a natureza nos seus múltiplos aspetos são cada vez mais entendidos como resultado do desenvolvimento, por oposição às ideias religiosas da criação inicial. O evolucionismo pressupõe serem mais plausíveis a mudança, o desenvolvimento e a adaptação como mecanismos de explicação do conjunto dos organismos vivos. Novas teorias têm surgido, porém sem porem em causa os fundamentos do evolucionismo.

Lamarkismo

Biografia

 

Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Cavaleiro de Lamarck, nasceu a 1 de agosto de 1744 e morreu a 28 de dezembro de 1829, foi um naturalista francês que desenvolveu a primeira teoria evolucionista, uma teoria da evolução, agora desacreditada. Lamarck foi o cientista que elaborou as ideias pré-darwinistas sobre a evolução.

Originário da baixa nobreza, Lamarck interessou-se por história natural e escreveu uma obra de vários volumes sobre a flora presente em França. Isto levou-o a trabalhar para o Museu de História Natural de Paris. Antes de 1800, Lamarck era um essencialista que não acreditava na mutação das espécies. Mas graças ao seu trabalho, ficou convencido que esta capacidade das espécies, ao longo do tempo, era uma realidade. Após isto, desenvolveu a sua teoria da evolução que ficou conhecida como Lamarckismo, que foi tornada publica em 1809 na obra Philosophie Zoologique.

Lamarckismo

 

O Lamarckismo é uma teoria evolucionista formulada pelo naturalista francês Lamarck para explicar o mecanismo de evolução dos seres vivos, em que a adaptação destes seres ao meio ambiente surge como o resultado da capacidade destes desenvolverem caraterísticas que lhes permitam sobreviver e reproduzir nesse mesmo ambiente.

Segundo Lamarck, o meio ambiente é o principal agente causador da evolução dos seres vivos, isto é, uma alteração do meio provoca nos seres vivos o aparecimento de características e o desaparecimento de outras que lhes permitem a adaptação a esse mesmo ambiente.

A teoria de Lamarck não foi aceite em França, mas teve grande impacto em Inglaterra. Apesar disso, Lamarck não foi capaz de convencer a comunidade científica do seu tempo de que a evolução era uma realidade e que estava bem presente em todos os seres vivos.

 

O Lamarckismo baseia-se em dois princípios: A Lei do Uso e do Desuso e a Lei da Transmissão dos Caracteres Adquiridos.

Segundo a Lei do Uso e do Desuso os indivíduos perdem as caraterísticas de que não precisam e desenvolvem as que são mais necessárias, através do desenvolvimento de determinados órgãos e do atrofiamento de outros. O uso contínuo de um órgão faz com que este se desenvolva e seja apto para um funcionamento melhorado tornando-o maior e mais robusto, por outro lado o desuso de um órgão faz com que este se atrofie, e com o passar do tempo perca totalmente sua função no organismo do indivíduo.

A Lei da Transmissão dos Caracteres Adquiridos defende que estas mudanças são transmitidas aos descendentes, isto é, o uso e desuso de alguns órgãos devido à adaptação ao meio ambiente, provocam alterações no organismo do indivíduo, sendo que estas alterações podem ser transmitidas às gerações seguintes, que ao fim de muitas gerações pode originar um novo grupo de seres vivos, num processo que é muito demorado.

Lamarck defendia que, como o ambiente sofria modificações constantes, as suas alterações estruturais forçam os seres que nele viviam a transformarem-se para se adaptarem ao novo meio. Ao longo de muitas gerações, o acumular de alterações pode levar ao surgimento de novos grupos de seres vivos. Assim, os seres vivos apresentam modificações que dependem do ambiente em que esses seres se desenvolvem. O ambiente condiciona a evolução, levando ao aparecimento de caraterísticas que permitem aos indivíduos adaptarem-se às condições em que vivem, e por isso causam a evolução das espécies. Portanto, de acordo com Lamarck as novas espécies aparecem, por evolução, devido a aquisição ou perda de caracteres.

Lamarck defendia a geração espontânea contínua das espécies, isto é, os organismos mais simples evoluíam, tornando-se cada vez mais complexos e próximos da perfeição ideal. O facto de esta teoria admitir que a matéria viva teria uma ambição natural de se tornar melhor, cada ser vivo seria impelido para um grau de desenvolvimento mais elevado.

Acreditava portanto num processo teleológico, com um fim determinado em que os organismos se tornam mais perfeitos à medida que evoluem, sendo a evolução um processo com um sentido sempre positivo, não existindo impactos negativos na evolução, como por exemplo o desaparecimento de algumas espécies devido à competição entre os seres vivos.

 

Alguns exemplos expostos por Lamarck foram os seguintes:

. A girafa habita locais onde o solo é seco e com pouca vegetação. Obrigada a comer das árvores mais altas a girafa foi alongando o seu corpo. Esse hábito provocou o seu pescoço alongado.

. As cobras evoluíram a partir de ancestrais que apresentavam pernas curtas. Obrigados, por modificação ambiental, a rastejar e passar através de aberturas estreitas, acabaram por ficar com o corpo alongado perdendo total uso dos seus membros.

 

Críticas ao Lamarckismo

 

Algumas críticas à teoria de Lamarck foram: 

. O facto de a teoria de Lamarck admitir que os seres vivos teriam uma ambição natural de se tornarem perfeitos, de forma a que cada ser vivo seria impelido para um grau de desenvolvimento mais elevado.

. A Lei do Uso e do Desuso, embora válida para alguns músculos não explicava todas as modificações.

. A Lei da Transmissão dos Caracteres Adquiridos não é válida, porque a atrofia ou hipertrofia de uma estrutura adquirida durante a vida do ser vivo não é transmitida à descendência.

As teorias e os pensamentos de Lamarck podem ser considerados Transformistas, pois propõem a transformação e a evolução dos organismos. As suas ideias também evoluíram ao longo dos seus estudos, e formaram um panorama que muito contribuiu para a biologia moderna, para a forma de pensar dos Homens e para o desenvolvimento da ciência. Lamarck acreditava na evolução numa época em que não existiam muitos conhecimentos para sustentar essa teoria e ficou conhecido por ter sido o primeiro a formular uma teoria científica que defendesse a evolução das espécies, embora com uma argumentação frágil e pouco consistente.

Podemos então resumir a teoria de Lamark no seguinte esquema:

Darwinismo

Biografia

 

Charles Darwin, nascido a 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury, Shropshire, Inglaterra. Foi um naturalista inglês e um notável cientista do Séc. XI (neto do médico inglês Erasmus Darwin) que se tornou conhecido por ser o autor da teoria da evolução das espécies, através da seleção natural.

Em 1817 diploma-se como estudante medíocre tendo frequentado a escola de Shrewsbury. Abandona a sua cidade com 16 anos, para estudar Medicina na Universidade de Edinburgh. Porém, o seu pai obrigou-o a deixar a medicina e a ir estudar para a Universidade de Cambridge, de modo a tornar-se clérigo da Igreja da Inglaterra.

Contudo, a vida religiosa não lhe agradou e alguns anos depois Darwin aceitou um convite para tomar o cargo de naturalista oficial do Almirantado britânico a bordo do Beagle, uma expedição científica. É convidado para ocupar  um navio numa missão geográfica ao redor do mundo. Aceita o convite e parte da Inglaterra no dia 27 de dezembro de 1831.

Charles passou cinco anos a navegar pela costa do Pacífico e pela América do sul, atracando em quase todos os locais por onde passou, inclusive no Brasil. Logo depois, foi chamado para tornar-se geólogo, botânico e zoologista.

Nesta viagem, Darwin reuniu grandes coleções de rochas, plantas e animais (fósseis e vivos), que foram enviados a Inglaterra, onde ele veio a regressar. A partir das suas anotações, Charles deu início à sua obra "Origem das Espécies". Pouco tempo depois, nasceu a sua famosa doutrina darwinista da seleção natural, da luta pela sobrevivência ou da sobrevivência do mais apto - pedra fundamental do seu livro, que foi publicada em 1859, sob muitas críticas, pois era contrária às opiniões da época.

Apesar dos sucessivos problemas de saúde que se acumularam em Darwin nos últimos vinte e dois anos de vida, continuou a trabalhar avidamente. Passou a dedicar-se aos aspetos mais controversos do seu livro que ainda estavam incompletos:

. Evolução da espécie humana a partir de animais mais primitivos;

. Mecanismo de seleção sexual que poderia explicar caraterísticas de não tão óbvia utilidade além de mera beleza decorativa;

. Causas subjacentes ao desenvolvimento da sociedade e das capacidades mentais humanas.

Quando a filha de Darwin adoeceu, este deixou de lado as suas experiências para a acompanhar o seu tratamento no campo. Ali, ele desenvolve um interesse por orquídeas selvagens. De volta a casa Darwin adoece num quarto cheio de experiências e de plantas trepadeiras, mas mesmo assim, continuou o seu trabalho no livro "Variação", que cresceu até ocupar dois volumes, o que o forçou a deixar de lado "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo".

Em 1872, Darwin publicou seu último grande trabalho, "The Expression of the Emotions in Man and Animals", que era focado na evolução da psicologia humana e sua continuidade como comportamento animal.

 Recebeu uma Medalha da Sociedade Real e o Prémio Bressa da Real Academia de Turim. Faleceu com 50 anos (19 de Abril de 1882), em Downe, Kent, Inglaterra tendo sido sepultado na Abadia de Westminster, entre os túmulos de Isaac Newton e William Herschel.

Em 1859 volta a surgir a ideia de evolução, com outras bases, e desta vez definitivamente. Este evolucionismo é defendido e explicado por Darwin (1809-1882) na sua obra “On the Origin of Species”.

A ideia de que as espécies observáveis derivam de outras mais velhas que devido a modificações graduais de forma ou função ou, por outras palavras, a ideia que as espécies correntes (existentes) estão todas relacionadas a diferentes níveis, foi bastante difícil de aceitar; até porque Darwin inicialmente era criacionista.

A ideia de evolução vai, de facto, contra o senso - durante o espaço de tempo de uma vida humana não se conhece uma espécie que tenha dado a origem a outra. Além disso, é uma ideia inconveniente para o homem, um ser orgulhoso e confiante, graças ao simbolismo de uma única criação.

Publicações (Em Inglês)

. 1836: A LETTER, Containing Remarks on the Moral State of TAHITI, NEW ZEALAND.

. 1839: Journal and Remarks (The Voyage of the Beagle) Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle: publicado entre 1839 e 1843.

. 1842: The Structure and Distribution of Coral Reefs

. 1844: Geological Observations of Volcanic Islands

. 1846: Geological Observations on South America

. 1851: A Monograph of the Sub-class Cirripedia

. 1851: A Monograph on the Fossil Lepadidae; or, Pedunculated Cirripedes of Great Britain

. 1854: A Monograph of the Sub-class Cirripedia, with Figures of all the Species. The Balanidae (or Sessile Cirripedes); the Verrucidae, etc.

. 1854: A Monograph on the Fossil Balanidæ and Verrucidæ of Great Britain

. 1858: On the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection

. 1859: On the Origin of Species by Means of Natural Selection.

. 1862: On the various contrivances by which British and foreign orchids are fertilised by insects

. 1868: Variation of Plants and Animals Under Domestication

. 1871: The Descent of Man and Selection in Relation to Sex

. 1872: The Expression of Emotions in Man and Animals

. 1875: Movement and Habits of Climbing Plants

. 1875: Insectivorous Plants

. 1876: The Effects of Cross and Self-Fertilisation in the Vegetable Kingdom

. 1877: The Different Forms of Flowers on Plants of the Same Species

. 1879: "Preface and 'a preliminary notice'" em Erasmus Darwin de Ernst Krause

. 1880: The Power of Movement in Plants

. 1881: The Formation of Vegetable Mould Through the Action of Worms

. 1887: Autobiography of Charles Darwin (editado por seu filho Francis Darwin).

 

A Viagem do Beagle

 

Quando o Beagle – um navio de dois mastros e dez canhões comandado pelo capitão Fitz Roy – partiu de Davenport no dia 27 de Dezembro de 1831, Charles Darwin tinha vinte e dois anos e iniciava a viagem da sua vida. A expedição, entre o científico e o colonial, estava prevista para dois anos.

Darwin odiava o mar, “odiava cada uma das ondas”, como escreveu numa carta, mas tornou-se num observador apaixonado e um naturalista atento. O seu diário revela pacientes descrições de geologia e história natural, bem como de pessoas, lugares e acontecimentos, de Cabo Verde aos vulcões das Ilhas Galápagos, das aranhas da Patagónia aos recifes de coral da Australásia. As investigações feitas ao longo desta viagem deram mais tarde origem a um dos livros mais controversos da época vitoriana, A Origem das Espécies, uma obra fundadora do pensamento científico contemporâneo, com a sua teoria da evolução através da selecção natural.

Embora a expedição tenha sido originalmente planeada para durar dois anos, ela durou quase cinco anos. Darwin gastou a maior parte do seu tempo a explorar em terra (3 anos e 3 meses em terra; 18 meses no mar).

A Viagem do Beagle, elaborada a partir dos diários de Darwin, é um vivido e excitante relato das memórias da viagem e também um detalhado diário científico de campo cobrindo áreas da biologia, geologia, e antropologia o que demonstra o grande poder observacional de Darwin. Este fora escrito num período onde os europeus ocidentais ainda estavam a descobrir e explorar o mundo. Embora Darwin tenha revisitado alguns lugares durante a expedição, para um melhor entendimento, os capítulos do livro estão ordenados por referências a lugares ao invés de uma organização cronológica. Anos mais tarde Darwin viria utilizar várias das ideias que são indicadas no livro para o desenvolvimento da Teoria da Evolução.

Objetivos

 

O objetivo da expedição era o de completar o levantamento da Patagónia e da Terra do Fogo iniciado pelo Capitão King em 1826, e que decorreu até 1830; fazer um levantamento das costas do Chile, Perú e de algumas ilhas no Pacífico, bem como efetuar uma cadeia de medidas cronométricas à volta do mundo.

A Viagem

O Beagle não estava pronto para velejar até o início de Novembro, e foi então repetidamente atrasado por ventos fortes do sudoeste, zarpando só a 27 de Dezembro de 1831.

Passaram pela Ilha da Madeira (mas não aportaram nela) indo então para Tenerife, onde foram impedidos de ir a terra uma vez que poderiam trazer cólera para bordo.

Na manhã seguinte, viram o sol nascer atrás do horizonte irregular da Ilha Gran Canária que iluminou, repentinamente, o Alto de Tenerife, enquanto as partes menos elevadas se encontravam encobertas por nuvens. 

Eles fizeram a sua primeira paragem na ilha vulcânica de Santiago no Arquipélago de Cabo Verde, e é onde o Diário de Darwin começa. Enquanto eram feitas leituras precisas para confirmar os dados sobre a longitude, ele foi à praia e ficou fascinado com sua primeira visão da vegetação tropical, e da geologia do lugar, analisando uma faixa branca horizontal de conchas do mar a uma altura de 14 metros, dando suporte à tese de Lyell sobre elevação e queda da crosta terrestre.

Esta banda branca estava assente em rochas vulcânicas antigas, e coberta por uma correnteza de basalto.

Durante a sua estadia, observou também os hábitos de alguns animais, nomeadamente marinhos:

. Lesmas-do-mar (Aplysias): São animais que medem cerca de 13 centímetros de comprimento; possuem uma cor amarelo-sujo e riscas púrpuras. Na parte debaixo destas lesmas, ou nos seus pés, existe uma extensa membrana que servia de ventilador causando um fluxo de água sobre as brânquias dorsais. Alimenta-se de algas delicadas que crescem junto de pedras em águas lodosas e pouco profundas. Estas segundo o que Darwin observou possuíam pequenas pedras nos seus estomâgos à semelhança das moelas das aves. Quando incomodada, esta lesma-do-mar expelia um fluído de cor púrpura-avermelhada que mancha a água num raio de cerca de 30 centímetros. Para além deste método de defesa, uma substância ácida, dispersa pelo corpo, causa uma sensação picante e aguda ao toque, semelhante àquela produzida pela Caravela Portuguesa (Physalia).

 

. Polvos: Darwin observou que apesar de comuns nas poças de água estes muito dificilmente são capturados. Utilizando os seus longos braços e ventosas, eles conseguem arrastar o seu corpo para o interior de cavidades estreitas; e quando se fixam no interior delas, é necessária uma força bastante grande para os retirar de lá. Outras vezes, impulsionam a cauda, com uma enorme rapidez, e movimentam-se de um lado para o outro da poça descolorando, ao mesmo tempo, a água com uma tinta castanha escura. Estes animais escondem-se, também, utilizando uma capacidade extraordinária, semelhante à dos camaleões, de mudar a sua cor. Eles pareciam mudar a sua coloração consoante o tipo de solo sobre o qual passavam.       

Chegaram à ilha de São Paulo. Esta é formada por um conjunto de rochedos situados a cerca de 870 quilómetros da costa americana. O ponto mais alto destes rochedos situa-se a cerca de 15 metros acima do nível do mar. Este pequeno ponto ergue-se abruptamente das profundezas do oceano. A sua constituição mineralógica não é simples; em algumas partes a rocha é composta por sílex córneo; noutras partes trata-se de feldspato que inclui pequenos veios de serpentina.

Os rochedos de São Paulo parecem, à distância, brancos e muito brilhantes. Isto fica a dever-se, em parte, aos excrementos de numerosas gaivotas, e também a um revestimento de uma substância dura e polida com uma tonalidade pérola lustrosa; esta substância encontra-se intimamente ligada à rocha. Esta fina camada branca que cobre os rochedos é semelhante a estalactites.

Em São Paulo apenas encontraram dois tipos de aves – o atobá e o trinta-réis. O primeiro é uma espécie de ganso-patola, e o segundo assemelha-se a uma andorinha-do-mar. Ambos possuem um comportamento manso e estúpido, e estão tão pouco habituados a visitantes que qualquer um podia matá-los com um martelo geológico. O atobá põe os seus ovos na rocha nua; o trinta-réis constrói um ninho muito simples a partir de algas marinhas. Ao lado destes ninhos, encontravam-se pequenos peixes-voadores que tinham sido trazidos pelos machos para as fémeas. Contido o mais divertido, na opinião de Darwin, foi ver o grandes caranguejos que habitavam  nas cavidades das rochas a roubarem os peixes trazidos pelos machos.

Depois de passarem por várias ilhas chegaram à Bahia (Salvador), Brasil. Segundo Darwin:

“A elegância das ervas, a novidade das plantas parasitas, a beleza das flores, o verde brilhante da folhagem, mas, e acima de tudo, a generalidade da vegetação luxuriante, encheu-me de encanto. A mais paradoxal mistura de sons e silêncio enche as partes mais sombrias da floresta.” – Charles Darwin.

Depois de ter andado a vaguear durante horas, retornou ao lugar de ancoragem; contudo, antes de lá chegar, deparou-se com uma tempestade tropical. Como tal procurou imediatamente abrigo debaixo de uma árvore. Esta era tão densa que não seria atravessada por chuva inglesa, no entanto, aqui numa questão de minutos, uma pequena torrente de água correu pelo tronco abaixo.

Assim concluiu que aquela paisagem verdejante que se pode encontrar no solo do bosque mais cerrado fica a dever-se, certamente, a esta chuva violenta.

Outro aspeto que o surpreendeu foi a escravatura. A visão da escravidão foi considerada ofensiva por Darwin. Ao retrucar isso a FitzRoy quando ele disse que a mesma era justificável, fez com que FitzRoy perdesse a calma e o baniu da expedição. Os oficiais do barco apelidaram o capitão de "hot coffe" (café quente) devido ao seu temperamento. Sendo que após algumas horas ele pediu desculpas a Darwin e pediu para que ele permanecesse na expedição.

Dois meses depois, o navio chegou ao Rio de Janeiro, então capital do império. No Rio, Darwin foi convidado a conhecer uma fazenda de café no norte fluminense. Antes da viagem, criticou no seu diário a demora das autoridades brasileiras em lhe conceder os documentos necessários para viajar com cavalos. "Mas a perspetiva de ver matas selvagens cheias de belos pássaros, macacos, preguiças e jacarés", ele escreveu, "faz um naturalista até mesmo lamber a poeira das botas de um brasileiro." A excursão durou quinze dias. No caminho, o explorador só conseguiu se alimentar de galinha e farinha de mandioca, este último ingrediente, segundo Darwin, "o mais importante alimento na subsistência do brasileiro".

Na regresso ao Rio de Janeiro, Darwin deixou o Beagle e hospedou-se em Botafogo. Andou pela Floresta da Tijuca, foi ao Jardim Botânico e ao Pão de Açúcar e recolheu centenas de plantas e insetos. Fez anotações sobre a "falta de educação" dos brasileiros e a forma como a justiça era feita no país. "Se um crime, não importa quão grave seja, é cometido por um homem rico, ele estará logo em liberdade. Todos podem ser subornados", escreveu. As observações mais contundentes de Darwin sobre o Brasil dizem respeito à manutenção da escravidão e à forma violenta como os escravos eram tratados. Certo dia, inadvertidamente, foi protagonista de um episódio dramático. Um escravo conduzia a balsa na qual ele fazia uma travessia de rio. Ao tentar comunicar com ele para lhe dar instruções, Darwin começou a gesticular e a falar alto. A certa altura, sem querer, esbarrou a mão no rosto do negro. Este imediatamente baixou as mãos e a cabeça, colocando-se na posição que estava habituado a assumir para ser punido fisicamente. "Que eu jamais visite de novo uma nação escravocrata", anotou ele ao deixar a costa brasileira.

Desembarcou no arquipélago dos Galápagos, a 1000 quilómetros da costa do Equador. Este arquipélago é constituído por catorze ilhas, cada uma com caraterísticas próprias, tal como o clima, temperatura e vegetação. A sua estadia neste arquipélago durou apenas cinco semanas, visitando apenas quatro ilhas (São Cristóvão, Floreana, Isabela e Santiago).

Darwin imediatamente reparou nas caraterísticas geológicas das ilhas. O seu solo era negro o que o fez concluir que este arquipélago tinha origem vulcânica. Ele conversou com os locais, identificou diferentes espécies de animais e fez anotações, sendo estas apenas utilizadas uns anos mais tarde quando Darwin se apercebeu do que tinha entre mãos.

Em relação à flora, Darwin pôde verificar que as áreas mais baixas das ilhas eram pobres em vegetação enquanto que as zonas superiores húmidas possuíam uma bela e variada flora.

A visita de Darwin às Galápagos foi muito importante devido, maioritariamente, aos tentilhões e às tartarugas gigantes. Foi principalmente devido às caraterísticas destas espécies, entre outras, que Darwin se baseou para criar a sua teoria, “Teoria da Evolução das Espécies”.

Darwin percebeu que o bico dos pássaros era adaptado para funções específicas, como a quebra de sementes. Alguns tentilhões possuíam bicos curtos e duros pois consumiam sementes de extrema dureza, e assim devido a esta adaptação do bico já se podiam alimentar, já que no local onde se encontravam havia apenas esse tipo de sementes. A partir daqui, percebeu que as estruturas análogas evoluem para se adaptar ao meio ambiente.

Através dos habitantes dos Galápagos, Darwin descobriu que as tartarugas gigantes eram diferentes em cada ilha. Embora na época, não tenha dado muita atenção a esse facto, mais tarde, ao pesquisar, viu as suas anotações sobre as tartarugas e exemplares que levou para a Inglaterra, o que serviu de base para a percepção da diferenciação das espécies.

Durante a sua viagem pelos Galápagos, Darwin também analisou o solo, guardou plantas, insetos e percebeu que o meio ambiente daquele arquipélago é único, por causa da formação geológica em si e pelo isolamento das ilhas do continente. No seu diário sobre a viagem do Beagle escreveu: “A história natural dessas ilhas é certamente curiosa, e merece atenção. A maioria das produções orgânicas são criações nativas, não encontradas em nenhum outro lugar.”

Foi nos Galápagos que Darwin percebeu que são os longos períodos de seleção natural, os responsáveis pela diversidade das espécies ao nosso redor, que sempre tiveram que lutar pela sobrevivência, criando assim a famosa frase: “Não são os mais fortes que sobrevivem, mas sim os que têm maior capacidade de adaptação”.

Já naquele tempo, Darwin reparou em problemas que atingiam o arquipélago, como por exemplo a degradação do meio ambiente, a erosão e a introdução de outras espécies. Tudo isto levou com que Darwin ficasse preocupado com o futuro das caraterísticas únicas, quer na flora quer na fauna, que encontrou no arquipélago dos Galápagos.

A Teoria da Evolução das Espécies

Darwinismo é o termo usado para designar vários processos relacionados com as ideias, nomeadamente ideias relacionadas com a evolução e a seleção natural.

Esta teoria evolucionista, proposta por Charles Darwin no seu livro A Origem das Espécies, em 1859, defende que as espécies existentes evoluíram a partir de formas ancestrais, mais simples, por um processo de seleção natural, que originou a grande variabilidade que se verifica nos dias de hoje.

O Darwinismo assenta num fundamento principal, a seleção natural, que funciona como o mecanismo essencial que dirige a evolução das espécies. Segundo Darwin, só os mais aptos sobrevivem, transmitindo as suas caraterísticas mais favoráveis à descendência. Para que se dê essa seleção natural, é necessário que haja variabilidade intra-específica sendo este o segundo princípio segundo o qual assenta o darwinismo. Segundo Darwin, as espécies possuem nas suas populações indivíduos com variações naturais, variações essas que resultam da seleção natural defendida por Darwin, uma vez que os indivíduos com as caraterísticas mais favoráveis têm uma taxa de sobrevivência superior aos outros.

Acumulando estas pequenas variações, de geração em geração, a longo prazo, originar-se-ão novas espécies.

Os princípios básicos da teoria de Darwin podem ser resumidos da seguinte forma:

- Dentro da mesma espécie, os indivíduos apresentam variações, não sendo iguais entre si variabilidade intra-específica (na época, a genética ainda não tinha sido estudada, sendo por isso impossível que Darwin associasse estas modificações a questões a nível do património genético dos indivíduos).

. Embora todos os indivíduos possuam uma grande capacidade de reprodução, apenas alguns descendentes chegam a idade adulta (devido à seleção natural).

. O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos constante ao longo das gerações (devido a essa mesma seleção natural, pois embora cada indivíduo possa originar mais que um descendente, nem todos chegam à idade adulta).

. Há uma grande “luta” pela sobrevivência, entre os descendentes, pois embora nasçam muitos indivíduos, apenas alguns atingem a maturidade

. Nessa “luta” pela sobrevivência, os indivíduos com as características mais favoráveis têm uma maior hipótese de sobrevivência, quando comparados aos indivíduos com as caraterísticas menos favoráveis (seleção natural)

. Os indivíduos com as caraterísticas mais favoráveis têm maior tendência a deixar descendência, ou seja, verifica-se uma reprodução diferencial que, com o tempo, leva a que as caraterísticas vantajosas perdurem.

Deste modo, ao longo das gerações, a seleção natural dos indivíduos vai levar a uma melhor adaptação dos mesmos ao meio.

Publicação e Reação à Teoria

Darwin expõe a sua teoria na forma de um livro, embora o faça em grande esforço, visto estar doente. A obra foi denominada "Sobre a origem das espécies por meio de selecção natural" e, quando foi colocado à venda, a 22 de novembro de 1859, esgotou o stock de 1250 cópias rapidamente. Naquela época, o termo "evolucionismo" implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras "evolução" ou "evoluir". Contudo, o livro termina com a afirmação: "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo". É curioso de notar uma particularidade na obra de Darwin - só é brevemente mencionada a ideia de que os seres humanos também evoluíram da mesma forma que os outros organismos.

O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo recortes de jornais, críticas, artigos, sátiras e caricaturas. Os críticos de Darwin foram perspicazes e rapidamente desenvolveram as ideias implícitas na teoria de Darwin, chegando a uma questão "e se os homens forem descendentes dos macacos?"

Esta nova teoria ia contra tudo a que a igreja defendia sendo por isso imediatamente recusada, já que questionava a existência de Deus como criador do Homem.

Entretanto, foram publicados artigos favoráveis, entre eles, uma publicação no The Times escrita por Huxley incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley tentava desacreditar. Owen pareceu inicialmente neutro, contudo, escreveu algum tempo depois um artigo a desacreditar a obra de Darwin.

O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiram contra o livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas.

O confronto mais famoso ocorreu num encontro da Associação Britânica para o Avanço da Ciência em Oxford. O professor John William Draper fez uma longa apresentação sobre Darwin e progresso social e, então, Samuel Wilberforce, o bispo de Oxford, atacou as ideias de Darwin.

O próprio Darwin não defendia suas ideias em público, embora ele lesse avidamente tudo sobre o debate. Ele encontrava-se frequentemente doente e apenas fazia comentários através de cartas e correspondência.

O seu círculo central de amigos cientistas – Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray – colocou ativamente o seu trabalho em discussão nos palcos científicos e públicos, defendendo-o de muitos críticos e ajudando-o a ganhar o respeito que lhe valeu a medalha Copley da Royal Society em 1864. A teoria de Darwin também foi usada como base para vários movimentos da época e tornou-se parte da cultura popular.

O livro foi traduzido para muitos idiomas e teve numerosas reimpressões. Tornou-se um texto científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da classe média quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos.

Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução

O descobrimento da Genética viria a destacar as falhas na teoria de Darwin e a Teoria da Herditariedade de Mendel surge como uma teoria explicativa de tudo o que Darwin não havia conseguido explicar.

Começa então no início da década de 40, do século XX, a formar-se uma nova teoria: a teoria sintética da Evolução, fundamentada pelos conhecimentos de todos os ramos da Biologia, incluindo, mais tarde, a Biologia Molecular, que começava nessa mesma altura a dar os seus primeiros passos.

Numa primeira instância, a evolução baseia-se na capacidade dos seres vivos de produzirem variabilidade, manifestada através da recombinação génica, das mutações e de outros tipos de acontecimentos aleatórios. Darwin desconhecia as causas da variabilidade genética, que diz respeito à variação hereditária dentro e entre populações de organismos, isto é, à amplitude da variação genética que pode ocorrer numa determinada espécie. De uma forma geral, a origem da variabilidade é aleatória e independente da vontade do indivíduo e do ambiente que o rodeia. Além disso, a variabilidade genética é hereditária (as mutações genéticas, desde que não provoquem a morte do indivíduo e ocorram nas células reprodutoras, contribuem para a evolução)

Um segundo aspeto importante é que o sujeito da evolução é a população portadora de todo um conjunto de genes. A seleção natural atua determinando a direção da evolução, ao aumentar a frequência de certos genes ou combinações de genes da população, que se mostram mais eficazes em determinadas condições e que favorecem a sua expansão.

Seleção Natural

 

A seleção natural atua sobre as populações naturais de formas diferentes e a sua função, embora relacionada com uma melhor adaptação das espécies ao meio, não se pode reduzir a um programa adaptativo com solução para todos os casos. De igual modo, não pode ser considerada como uma força que atua sempre na mesma direção, seguindo modelos previamente determinados.

 

A seleção estabilizadora ou normalizadora tende a eliminar os indivíduos extremos e impede a acumulação de genes mutantes que diminuam a eficácia biológica dos seus portadores. É particularmente eficaz quando esses mesmos genes mutantes são dominantes e, por isso, manifestam-se no fenótipo.

Um exemplo muito comum deste caso é a Síndrome de Down, caraterizada por um cromossoma adicional no par 21. Os portadores desta mutação têm eficácia biológica praticamente nula, já que raramente se reproduzem.

 Este tipo de seleção comporta-se como uma força conservadora.

Seleção Estabilizada

 

A evolução depende em grande parte, como foi dito previamente, das mutações genéticas. Logicamente, a maior parte delas, produzidas ao acaso, levam ao aparecimento de características que dificilmente podem ser consideradas vantajosas para o indivíduo num ambiente considerado normal.

A seleção estabilizadora ou normalizadora tende a eliminar os indivíduos extremos e impede a acumulação de genes mutantes que diminuam a eficácia biológica dos seus portadores. É particularmente eficaz quando esses mesmos genes mutantes são dominantes e, por isso, manifestam-se no fenótipo.

Um exemplo muito comum deste caso é a Síndrome de Down, caraterizada por um cromossoma adicional no par 21. Os portadores desta mutação têm eficácia biológica praticamente nula, já que raramente se reproduzem.

 Este tipo de seleção comporta-se como uma força conservadora.

Seleção Direcional

 

Nem sempre o ambiente em que vive uma determinada população permanece constante. Muito pelo contrário, em muitos casos operam-se mudanças em algumas variáveis que influenciam decisivamente o comportamento dos indivíduos.

A seleção direcional carateriza-se por favorecer um fenótipo extremo, aumentando assim a sua eficácia relativamente aos restantes. Este facto permite a substituição gradual de um alelo por outro. Os genes favorecidos são aqueles que vêem aumentada a sua capacidade de adaptação às novas condições.

Este tipo de seleção foi a que históricamente utilizaram os criadores de animais domésticos e foi a empregue no aperfeiçoamento das espécies vegetais. O procedimento usado tinha como base favorecer, durante muitas gerações, a reprodução dos exemplares que apresentavam as caraterísticas que se queriam obter e é extremamente eficaz, mesmo quando usada desconhecendo-se os princípios mais básicos da evolução das espécies.

Seleção Disruptiva

 

A seleção disruptiva também pode ser chamada de diversificada e atua favorecendo os fenótipos extremos. Uma dada população pode estar submetida a ambientes diversos de maneira que os fenótipos opostos possam adaptar-se e serem aproveitados de uma forma diferente. Em muitos casos, os dois tipos extremos de uma população são mais eficazes biologicamente do que as formas intermédias. Não obstante o cruzamento de indivíduos que utilizam diferentes nichos ecológicos, mantêm-se as frequências dos alelos responsáveis.

Os Limites da Adaptação e a Seleção Natural

 

É frequente alguns autores tentarem explicar toda a evolução em termos adaptativos, reduzindo-a a uma utilização simplista da seleção natural e aplicável a todas as circunstâncias. Por exemplo, quando se afirma que algumas características não respondem diretamente à ação da seleção natural, mas são produzidas como consequência de outras remodelações que poderiam ter valor adaptativo. Através da simples derivação genética produziram-se, a partir de um número reduzido de indivíduos (populações fundadoras), populações com caraterísticas próprias às quais não se poderia atribuir um valor adaptativo preciso. Os dados da biologia molecular sugerem que uma boa parte das mudanças nas proteínas obedecem a uma fixação casual das mutações. Em muitos casos, em espécies próximas, dá-se uma resposta adaptativa com variantes.

Finalmente, a evolução e adaptação surgem condicionadas pelas estruturas prévias, e o desenvolvimento, muito em especial nas fases iniciais, é produzido por blocos, o que coloca certas limitações à atuação da seleção natural.

Provas da Evolução

 

A Evolução das Espécies é uma realidade e, embora a forma como se processa possa ainda não estar explicada em pleno, não há dúvida de que existe e que é real. A natureza viva apresenta-se como um conjunto de espécies de animais e plantas distribuídas por mares e continentes. Quando o homem quis estudar esta grande variedade dos seres vivos tendeu sempre a agrupá-los, tomando como critério a semelhança entre as formas externas e internas ou o facto de partilharem determinadas características especiais. Contudo, não se admitia que alguns organismos fossem semelhantes por terem tido um ancestral comum, ou seja, que algumas espécies tivessem dado origem a outras, que tivessem evoluído.

O estudo dos fósseis e o desenvolvimento dos seres vivos e da sua distribuição demográfica, bem como a aplicação de técnicas que permitem conhecer ao pormenor as suas moléculas, forneceram um conjunto de dados que levam a pensar que a evolução é um fenómeno sem o qual não podemos compreender o mundo que nos rodeia.

Provas Paleontológicas

 

As provas paleontológicas têm como base o estudo dos fósseis. Neste registo, pode observar-se um aumento da diversidade de espécies e da complexidade estrutural dos organismos. Assim, estas provas proporcionam o quadro da evolução no tempo: esclarecem a velocidade da evolução, dão informações sobre o aparecimento e o tempo de sobrevivência de grupos e espécies e sobre a frequência e condições que originaram a sua extinção, entre outros. Além disso, fornecem dados de excecional importância para o conhecimento da sua evolução espacialmente, como informação sobre as regiões de origem das espécies e o seu processo de expansão.

 

Provas Morfológicas

 

As semelhanças e as diferenças entre os seres vivos vão-se acumulando ao longo das gerações de tal forma que, quanto mais recente for o antepassado comum dos seres vivos, menores serão as suas diferenças.

A anatomia comparada entre os diversos grupos analisou, sobretudo, as homologias entre os órgãos de espécies diferentes. Os órgãos homólogos caraterizam-se por terem uma estrutura básica comum, mas com uma forma e função diferentes. Os órgãos análogos, por seu lado, aparecem quando espécies ancestrais diferentes colonizam habitats semelhantes, adquirem adaptações semelhantes. Existem ainda os órgãos vestigiais, que são estruturas pouco desenvolvidas num determinado grupo de seres vivos, sem significado fisiológico ou função aparente. Contudo, outros seres vivos, apresentam essas mesmas estruturas desenvolvidas e funcionais.

Um exemplo de órgãos homólogos, serão, por exemplo, as extremidades dos anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Todos eles apresentam o mesmo modelo organizativo (úmero, rádio, ossos carpianos, metacarpos e falanges), que correspondem aos dos peixes primitivos que os originaram. A partir de um mesmo esquema, cada grupo sofreu uma série de alterações para se adaptar às condições definidas pelo meio. Quando aos órgãos análogos, podemos referir por exemplo as asas dos insetos e as das aves que, embora estruturalmente não apresentem semelhanças, desempenham a mesma função. Órgãos vestigiais são, por exemplo, o caso do apêndice no ser humano, ou dos ossos de membros nas cobras.

Provas Embriológicas

 

Em muitos casos, a descoberta de homologias entre indivíduos adultos é mais difícil que nos embriões. Está comprovado que os estádios sucessivos pelos quais passam os embriões durante a sua formação estão relacionados com as suas formas ancestrais. Os embriões de vertebrados são muito semelhantes nas suas primeiras fases de desenvolvimento, sendo muito difícil distingui-los, pois apresentam as mesmas estruturas. Nas etapas posteriores, produzem-se variações que obedecem às particularidades dos distintos grupos que os compõem. Quanto mais etapas de desenvolvimento os embriões tiverem em comum, ou seja, quanto mais tempo forem aparentados, durante os estádios de desenvolvimento embrionário, mais aparentados são os seres vivos dessas espécies.

Provas Biogeográficas

 

Uma das experiências mais próximas da observação da natureza afirma que tanto as plantas como os animais se distribuem no espaço de uma forma determinada, em grande parte devido às condições climatéricas e outras caraterísticas ambientais. Desta forma, uma série de barreiras biológicas, como sejam a presença de espécies competidoras, ou barreiras físicas, como as cordilheiras, as grandes massas de água ou os desertos, mantêm as espécies dentro de limites mais ou menos definidos.

Deste modo, as espécies tendem a ser mais semelhantes quanto maior a proximidade física e, por outro lado, quanto mais isoladas, maiores as diferenças entre si, mesmo que as condições ambientais sejam semelhantes.

Provas da Biologia Molecular

 

Durante os últimos anos, foi notório um grande desenvolvimento das técnicas que permitem conhecer a estrutura e o comportamento das moléculas de DNA e das proteínas, e comparar as de espécies diferentes.

Um instrumento de grande interesse, no que diz respeito a estas técnicas, é a hibridação de DNA. Uma vez separadas das cadeias duplas de DNA de duas espécies, tenta-se combinar as uma das cadeias de uma espécie com a complementar da outra espécie. Esta nova combinação será tanto mais estável quanto mais aparentadas forem as espécies.

Por último, constituem também um importante testemunho da evolução, os dados fornecidos pelo estudo da reação imunológica. A intensidade e o tipo de resposta a um determinado tipo de soro é tanto mais parecida quanto maior foi o grau de relação existente entre as espécies.

Conclusão

As ideias Fixistas foram, já há algum tempo, abandonadas para dar lugar a uma conceção Evolucionista com crescente influência. A Evolução é um facto sustentado por diversos argumentos, entre eles, paleontológicos, embriológicos, da biologia molecular e morfológicos. Contudo, a forma como esta Evolução se processou tem sido alvo de várias teorias ao longo dos anos. Por nós, foram desenvolvidas duas das mais importantes, o Lamarkismo e o Darwinismo, ambas deixadas de lado atualmente.

Contudo, embora ambas tenham desempenhado um papel importante para o conhecimento da evolução dos seres vivos, o Darwinismo foi fundamental pois a teoria aceite para a Evolução nos dias de hoje (o Neodarwinismo), assenta nos pilares criados por Charles Darwin, há mais de cem anos.

A verdade é que é o ser humano se questiona, e sempre questionou sobre o princípio último de todas as coisas, sobre a origem da vida, o passado do homem, assim como de todos os seres vivos com os quais partilhamos este planeta. As teorias desenvolvidas para explicar a Evolução são o início para que possamos fazer essa e muito mais descobertas acerca deste mundo do qual pouco ou nada sabemos.

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