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Trabalhos de História - 10º Ano

 

Reforma Protestante

Autores: Inês Santos

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 09/06/2011

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre o movimento de contestação á Igreja Católica (Reforma Protestante), realizado no âmbito da disciplina de História (10º ano). Ver Trabalho Completo

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Reforma Protestante

Introdução:

No nosso trabalho iremos abordar o tema do Renascimento. Tentaremos esclarecer todas as curiosidades e dúvidas acerca desta matéria. Iremos então introduzir o leitor ao assunto:

Nos séculos XV e XVI a Europa conheceu novos povos e culturas com as viagens expansionistas. Neste período, desenvolveu-se um movimento de renovação cultural, que tomou por nome: Renascimento. Valores e conhecimentos novos foram adquiridos e acompanhados por novas formas de pensar. Portugal fez parte deste movimento europeu. Novas crenças geraram novas atitudes por toda a população. Existiu um movimento de contestação á Igreja Católica, por nome: Reforma Protestante. Como resposta, desenvolveram-se então dois movimentos: a Reforma e a Contra-Reforma Católica.

Esperemos que depois desta breve explicação o leitor desfrute ao máximo do trabalho que se segue.

A Reforma Protestante:

Individualismo religioso:

Tempos difíceis viveram a Cristandade e a Igreja romana nos fins da Idade Média. O cortejo de fomes, pestes e guerras, em que os séculos XIV e XV foram férteis, fez renascer os terrores apocalípticos e as preocupações com a salvação da alma, tanto mais quanto se acreditava serem as calamidades punições divinas para os pecados dos homens.

Em vez de apoiar os crentes nesses momentos de angústia, a Igreja oferecia uma imagem de desunião. O Cisma do Ocidente manteve a Cristandade dividida na obediência a dois papas: um residia em Roma, o outro estava em Avinhão.

O fim do Cisma não significou o fim da crise da igreja. Os papas do renascimento não foram modelos de virtudes nem de concórdia cristão.

Os maus exemplos frutificaram há muito no seio da hierarquia religiosa. Bispos e prelados acumulavam benefícios e ausentavam-se das paróquias.

A reacção da Cristandade não se fez esperar. Desde o século XIV, há alterações nas práticas religiosas e violentas críticas à Igreja.

As práticas religiosas:

Sentindo que a Igreja e os seus ministros não prestavam o auxílio adequado, muitos caíram na superstição e no fanatismo.

Outros protagonizavam formas de piedade bem mais intimistas e individualistas.

As críticas à Igreja:

As críticas à Igreja começaram por assumir uma faceta herética. Na Inglaterra, Wiclif, professor em Oxford, pôs em dúvida a utilidade do clero e o valor dos sacramentos. Apelou para o estudo directo da Bíblia, que considerava a única fonte de Fé. Associado a esta heresia esteve o movimento dos lolardos, padres pobres que se aliaram aos camponeses na sua luta contra os senhores.

As ideias de Wiclif receberam um bom acolhimento, na Boémia, por parte de Jan Huss que pugnou pela criação de uma Igreja nacional, desligada da obediência ao Papa, e defendeu a possibilidade de os leigos praticarem a comunhão sob as duas espécies (do pão e do vinho), reservada apenas ao clero. Jan Huss foi levado à fogueira.

Condenado como herético, surge-nos o monge Savonarola, que também morreu na fogueira, porque se atrevera a denunciar os vícios do clero e do papa Alexandre VI, além de instigar à revolta contra a família Médicis.

Ninguém melhor que os humanistas soube, no entanto, traçar o quadro dos abusos da Igreja. Criticaram a corrupção e a hipocrisia do clero em geral, não poupando a ambição dos papas, cardeais e bispos. Com a palavra dos humanistas preparou-se o terreno para a Reforma.

A ruptura teológica: As igrejas reformadas:

O Luteranismo:

A chamada “questão das indulgências iniciou-se quando Martinho Lutero afixou em Wittenberg as 95 teses contra as indulgências. Este acontecimento marcou o inicio da reforma protestante 1517.

O papa puniu Lutero com a excomunhão, Lutero por seu lado considerou o papa um ser falível traduzindo mais tarde os evangelhos para alemão.

Lutero foi apoiado por senhores e príncipes desejosos de se libertar do império de Carlos V.

Princípios do Luteranismo

. Afirmação da salvação pela fé, do pecado original, da consubstanciação na eucaristia, do individualismo religioso, de que a igreja de Cristo é a união dos crentes a Deus, a universalidade do sacerdócio, de uma certa predestinação, do livre-arbitrio, de Deus ser omnipresente e omnisciente, do valor dos sacramentos baptismo e eucaristia.

. Primazia da palavra sobre o cerimonial e integração do canto na liturgia.

. Negação dos sacramentos da confirmação, ordem e extrema-unção, do império espiritual do papa, da existência do purgatório e da intersecção dos santos.

. Proibição da representação de Deus, recusa do luxo, abolição do celibato e da confissão.

. O ser humano é sempre um ser inclinado para o mau.

. A bíblia está acessível à interpretação de todos sendo as boas obras manifestação da graça de Deus.

O Calvinismo:

João Calvino começou por seguir Lutero, mas mais tarde fundou a sua própria igreja, mantendo muitos dos princípios de Luteranismo.

Princípios originais do calvinismo:

. Predestinação absoluta do ser humano: aquele que Deus predestinaria à salvação seria salvo. Negar a predestinação seria negar o poder omnipresente e omnisciente de Deus.

. A leitura e o comentário da bíblia seriam mais importantes do que os sacramentos (primazia absoluta da palavra).

. Vocação profissional, a graça divina estaria relacionada com a capacidade de êxito na vida graças ao esforço e trabalho árduo no quotidiano. A riqueza adquirida com o esforço seria um sinal de graça.

. Legitimação do lucro e desprezo pelos pobres, porque além de incapazes eram desprovidos de graça.

. Legitimação da especulação financeira (juro) e consequentemente a legitimação do capitalismo individualismo.

. Condenação absoluta da vida contemplativa.

. Tal como o Luteranismo aceitou unicamente dois sacramentos, o baptismo e a comunhão, mas na eucaristia apenas se admitia a presença espiritual de Cristo e não a real como defendia Lutero.

. Não existiam hierarquias religiosas, igreja de pastores.

. Leitura dos textos sagrados para encontrar os desígnios de Deus.

O Anglicanismo:

Na Inglaterra, evoluindo duma ruptura com a Igreja a Reforma implementou-se. Em 1534, na Inglaterra, o rei Henrique VIII fundou o Anglicanismo. A implantação das ideias protestantes na Inglaterra deveu-se a um conflito entre o rei e o Papa. Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão mas vivia apaixonado por Ana Bolena, como não existiam herdeiros solicitou ao Papa o divórcio. O Papa recusou-se a anular o casamento, mas Henrique desrespeitou a decisão e casou-se á mesma e aí proclamou o Acto de Supremacia, que recaía a seu favor pois foi criado por interesse pessoal do rei. Através deste documento a Igreja inglesa tornou-se independente de Roma, e o rei passou a ser chefe supremo.
 

“O rei é o único chefe supremo da Igreja de Inglaterra. […] Nesta qualidade, o rei tem o poder de examinar, reprimir, emendar tais erros, heresias, abusos, ofensas e irregularidades que devem ou podem ser reformados legalmente pela autoridade espiritual, a fim de garantir a paz, a unidade e a tranquilidade do reino.”

Excerto, Acto de Supremacia, 1534


Contudo, a implementação duma nova Igreja protestante, o anglicanismo, originou confrontos violentos entre católicos e protestantes. A igreja Anglicana defendia os seguintes princípios:

. A Bíblia era a principal fonte de fé.

. A salvação era através da fé e predestinação.

. O celibato não era obrigatório no clero.

. O rei é chefe supremo da Igreja, rejeição á autoridade do Papa.

. Os sacramentos obrigatórios eram apenas o Baptismo e a Eucaristia.

. Negação do culto a imagens, santos ou relíquias.

. No culto a missa era abolida mas mantinham-se as cerimónias.

Assim, no fim do século XVI, a Europa cristã estava dividida em dois blocos religiosos: a Norte e Centro a maioria era protestantes e a Sul continuavam católicos.         

Lutas Religiosas:

Na Europa a confrontação com a ruptura reformista foi difícil. Iniciaram-se por toda a Europa perseguições entre católicos e protestantes; roubaram-se e destruíram-se templos; seguiram-se execuções que marcaram negativamente a história europeia. Um desejo ardente de renovação espiritual do Homem era expresso nas disputas de leigos e teólogos. A Europa conseguiu, ainda, ter ganho proveito, purificando-se. Embora tenha permanecido sempre fiel a um conjunto de valores cristãos.

Luta Religiosa
 

Reforma e Contra-Reforma católica:

A resposta da Igreja Católica face ao avanço do Protestantismo deu início a um movimento que assumiu duas vertentes:

. A Reforma: um movimento que procurou a renovação interna, iniciando com o Concilio de Trento. A Reforma procurou responder às crenças renovando e restaurando o catolicismo. Criou ainda uma nova ordem religiosa, a Companhia de Jesus.

. A Contra-Reforma: um movimento de combate bastante doutrinário, ideológico e repressivo face às ideias protestantes e todas as formas de heresia. Esta vertente obteve dois meios: a Inquisição e o Índex.

Reforma Católica:

Concílio de Trento:

O Papa, em 1545, tomou a iniciativa de convocar o Concílio de Trento e reuni-lo a fim de analisarem as criticas apontadas á Igreja Católica e resolver os problemas que a afectavam. Maioritariamente, os bispos e cardeais reunidos no concilio decidiram não fazer alterações notórias. Apenas reafirmaram os dogmas da fé católica. Com o intuito de enfrentar as críticas, o Concílio tentou reformar os costumes e reorganizar a Igreja. As medidas tomadas foram:

. Obrigação do celibato eclesiástico.

. Organização de cerimónias de culto para atrair fiéis.

.  Renovação da decoração das Igrejas para cativar os seguidores.

. A proibição a acumulação de cargos de bispos e sacerdotes, ou seja benefícios eclesiásticos.

. Padres, bispos e sacerdotes eram obrigados a residir nas respectivas paróquias ou dioceses.

. Criação de seminários que permitissem uma melhor formação dos membros do clérigo, tanto a nível religioso e moral como intelectual.

Além destas medidas, foram ainda criadas novas ordens religiosas que eram caracterizadas pela forte disciplina exigida aos seus membros. Em 1540, fundaram a Companhia de Jesus, uma congregação religiosa de entre muitas outras. Esta ordem foi fundada pelo fidalgo Inácio de Loyola. Os objectivos tidos como principais nesta Companhia eram a pregação e o ensino.

A regra base desta ordem era a disciplina, dirigida por um general que submetia os jesuítas a um duro regime. Os jesuítas eram senhores de grande intelectualidade, tanto na área da oratória como da teologia. Destacavam-se como missionários, professores e pregadores. No entanto, foi como pregadores que se fizeram notar. Conseguiram recuperar o catolicismo de regiões onde o protestantismo havia caído, pregando sermões e peças de oratória que cativavam os fiéis e induziam luteranos e calvinistas a abdicar das ideias reformistas. 
 

O espírito deve ser dirigido para Deus nosso Senhor e Criador por amor do qual nós obedecemos a um homem. […] Todas as forças devem aplicar-se a esta virtude que é a obediência, devida primeiro ao Papa, em seguida ao Superior da Ordem[…] Renegaremos, pela nossa parte, toda outra maneira de ver e toda outra opinião, numa forma de obediência cega, e isto em tudo o que não seja pecado. Cada um deve estar convencido que quem quer que viva na obediência deve deixar-se guiar e dirigir pela Divina Providência, por intermédio dos seus superiores, como se fosse um cadáver que se pode transportar não importa onde e tratar não importa como, tal ainda como o bordão do velho que serve em toda a parte e para todos os usos.
                                                       
Constituições da Companhia de Jesus, 1540

Contra-Reforma:

Inquisição e Índex:

Na tentativa de travar o avanço do Protestantismo, a Igreja Católica desenvolveu um movimento de reforma interna no Concílio de Trento, com a ajuda da Companhia de Jesus para ensinar o catolicismo á população. Desenvolveu assim um movimento de Contra-Reforma, marcado pela criação da Inquisição e do Índex.

Desde o século XII que a Inquisição já existia, com o objectivo de combater e punir a heresia, bruxaria, bigamia, sodomia e a blasfémia. Foi restabelecida no século XVI para travar o Protestantismo. Consistia num tribunal eclesiástico, o Santo Ofício, constituído por alguns cardeais e chefiado pelo Papa. A sua função era julgar os suspeitos de práticas de Judaísmo, Protestantismo ou qualquer tipo de bruxaria ou heresia.

Na península ibéria o protestantismo teve pouco sucesso pois a inquisição teve uma forte implantação a sul da Europa. Em Portugal, D. Manuel (que reinava na altura), ordenou a expulsão dos judeus. Aqueles que se converteram aos Cristianismo permaneceram no país, no entanto eram controlados, perseguidos e espiados pela Inquisição. Eram bastantes os motivos que podiam utilizados para denúncia á Inquisição, tantos motivos religiosos, ideológicos, intelectuais ou até mesmo da ordem económica, política ou familiar.

Outro meio de controlo por parte do Santo Ofício era através da censura literária. Esta instituição ficou conhecida por Índex. Fizeram em 1547 a publicação do primeiro índex de livros proibidos, ou seja, livros considerados perigosos ou ofensivos para o Cristianismo.

Estas duas instituições, a Inquisição e o Índex, foram meios de controlo da cultura e também de repressão de novas ideias. No final, estas duas instituições acabaram por prejudicar a península ibérica, a nível económico e cultural. Esta ficou isolada durante séculos da cultura europeia, o que levou a que muitos judeus, cristãos-novos, escritores, comerciantes e cientistas, que eram perseguidos, fugissem para países protestantes.

                    Sentenças da Inquisição                                              Actos da Inquisição

Anexos:

 

95 Teses de Martinho Lutero

1 - Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.1-7], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 - Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 - No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 - Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5 - O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6 - O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7 - Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 - Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9 - Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 - Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11 - Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 - Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13 - Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14 - Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15 - Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 - Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17 - Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18 - Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 - Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20 - Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 - Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22 - Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 - Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 - Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25 - O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26 - O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27 - Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28 - Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 - E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30 - Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31 - Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32 - Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 - Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34 - Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35 - Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36 - Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37 - Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 - Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39 - Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40 - A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41 - Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 - Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 - Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44 - Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 - Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 - Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 - Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48 - Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49 - Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 - Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51 - Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52 - Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53 - São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54 - Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55 - A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56 - Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 - É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 - Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 - S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60 - É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61 - Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62 - O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 - Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64 - Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65 - Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66 - Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67 - As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68 - Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69 - Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70 - Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71 - Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 - Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73 - Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74 - muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75 - A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 - Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77 - A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 - Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1- Co 1-2-.

79 - É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80 - Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81 - Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82 - Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83 - Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84 - Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85 - Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86 - Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87 - Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88 - Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 1-00 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 - Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 - Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91 - Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 - Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93 - Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94 - Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95 - e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.

Glossário:

Índex – catálogo de obras e autores proibidos pela igreja católica. A sua elaboração integra-se no contexto da Contra-Reforma, estando a cargo da Congregação do Índex.

Proselitismo – actividade religiosa exercida com extremo zelo e fervor, no sentido de angariar adeptos. Exemplos: missionação, pregação, ensino edirecção de consciência.

Inquisição – tribunal da igreja católica instituído para combater e punir heresias, bruxaria e quaisquer tipo de manifestações de carácter publico ou privado contrarias ao catolicismo.

Catecismo – resumo sistemático das principais verdades da doutrina cristã, elaborado com objectivos pedagógicos para mestres ou alunos de todas as idades.

Seminário – instituição estabelecida em quase todas as dioceses católicas para formação espiritual, cientifica e literárias dos futuros sacerdotes.

Concílio – assembleia de eclesiásticos, geralmente bispos e cardeais, presidida pelo Papa. Destina-se a determinar a doutrina, a liturgia e a disciplina cristã.

Heresias – São acções doutrinárias contrarias aos dogmas da igreja Católica.

Reforma – Cisma ocorrido na igreja católica durante a primeira metade do século XVI. Protagonizado por Lutero, Calvino e Henrique VIII, entre outros, saldou-se numa ruptura teológica e numa nova concepção de igreja.

Dogma – Verdade religiosa considerada irrefutável e, como tal, não podendo se criticada nem analisada. Ex. os sete sacramentos, a imaculada Conceição.

Predestinação – Desígnio de Deus sobre a salvação de cada um. A teologia reformista dá-lhe grande relevo, sendo a forma mais fatalista de predestinação apresentada por Calvino.

Sacramento – Sinal sensível instituído por Jesus Cristo, e confiado á igreja, por meio do qual se presta culto a deus e se opera a santidade dos homens. A igreja católica consagra como um dogma os sete sacramentos.

Rito – Manifestação exterior da fé religiosa através de actos (como sacrifícios, palavras (como orações) e gestos (como genuflexões), praticados uniformemente.    

Conclusão:

Devemos dizer e sublinhar que este trabalho foi-nos bastante útil, pois, de um forma simples conseguimos ficar a saber tudo sobre a formação da nossa religião. Conseguimos ainda compreender que nada naqueles tempos era fácil e que foi preciso uma grande coragem e determinação por parte dos protestantes para se oporem a tudo o que existia. Concluímos este trabalho duma forma gratificante e esperamos que para o leitor tenha sido do maior agrado.

Bibliografia:

Sites:

. http://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante#Protestantismo

. http://pt.wikipedia.org/wiki/Contrarreforma

. http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/anglicanismo.htm

. http://recantodasletras.uol.com.br/img.php?id=8659&nome_sis=44192.jpg&maxw=495&maxh=660

. http://www.trentinocultura.net/doc/radici/storia/concilio/..%5C..%5C..

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Livros:

. “Descobrir a História” - 8ºano, Porto Editora – Cláudia Amaral; Ana Lídia Pinto; Pedro Almiro Neves.

. “Tempo da História” – 10ºano (3ª Parte), Porto Editora – Célia Pinto do Couto; Maria Antónia Monterroso Rosas.

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