Trabalhos de Estudantes  

Trabalhos de História - 11º Ano

 

Ficha do trabalho:

As Mulheres Inventoras da II Revolução Industrial à I Guerra Mundial

Autores: Ana Oliveira

Escola: Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas

Data de Publicação: 23/08/2013

Resumo: Trabalho sobre algumas inovações desenvolvidas por mulheres, num período temporal entre a II revolução Industrial à I Guerra Mundial realizado no âmbito da disciplina de História (11º ano). Ver Trab. Completo

Classifique este trabalho:

0 visualizações

Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos pois só assim
o nosso site poderá crescer.

 

As Mulheres Inventoras da II Revolução Industrial à I Guerra Mundial

Introdução

As mulheres foram, durante muito tempo, deixadas na sombra da história. Contudo, o desenvolvimento da antropologia e a ênfase dada à família, a afirmação das «mentalidades», mais atenta ao quotidiano, ao privado e ao individual, contribuíram para as fazer sair dessa sombra. Não conformes da sua situação social, surge um movimento feminino nos finais do século XIX; suscitaram-se interrogações como «Donde vimos? Para onde vamos?». Dentro e fora de universidades, levaram-se a cabo investigações com vista à descoberta de vestígios de antepassadas, e, sobretudo, para compreender as raízes da dominação que suportavam as relações entre os sexos através das brechas do espaço e do tempo.

Com a realização deste projecto, no âmbito da disciplina História A, pretendo abordar um tema que por vezes é esquecido, ou, até mesmo, desconhecido para muitos cidadãos atuais! Escolhi, portanto, o tema «Mulheres Inventoras – Da II Revolução Industrial à I Guerra Mundial» para demonstrar o carácter importante que algumas mulheres tiveram neste período de tempo, desde Mary Phelps Jacob que criou o indispensável sutiã, em revolta contra o espartilho, a Marie Curie que desenvolveu a ciência através da descoberta de elementos radioativos, levando a medicina para um campo mais amplo, não esquecendo Josephine Cochran que, inventou a máquina de lavar loiça, e Mary Anderson, que inventou os limpa para-brisas.

Criações tão banais como a do sutiã, da máquina de lavar loiça e do limpa para-brisas não são vulgarmente questionadas. Mas, refletindo sobre o assunto, são de facto coisas de que facilitam o nosso dia-a-dia e, por isso, achei que seria um assunto interessante a tratar neste trabalho. Assim, espero atingir os meus objectivos, que são desenvolver uma pesquisa sobre a condição da mulher no período de tempo já referido e expor a vida destas mulheres que, de uma forma ou de outra, condicionaram o mundo actual. Para este efeito, a metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica, enriquecida com material retirado online.

Contextualização

No decorrer do século XIX, a Revolução Industrial mudou o curso da Europa e do Mundo.

Da interacção entre a ciência e a técnica resultou uma série de inovações que se foram acumulando (em quantidade) e sobrepondo (em qualidade). Com as novas fontes de energia, surgiram novos sectores; as vias e meios de comunicação estavam agora mais desenvolvidos que nunca. Todos estes factores marcaram a segunda metade do século XIX.

Inteiramente sólido, o capitalismo industrial faz as suas regras. Novos empregos são gerados e a inserção da mulher no mercado de trabalho dá os primeiros passos. A mulher passou a almejar independência pessoal e financeira e para isso começa a trabalhar e a procurar cada vez mais qualificar-se no seu trabalho. Como operárias fabris, secretárias, dactilógrafas ou professoras primárias, as mulheres ocupam diferentes postos de trabalho. 

No entanto, as mulheres eram inferiorizadas em larga escala nas indústrias nas quais trabalhavam somente os homens ocupavam os melhores cargos e eram mais bem pagos.  

Neste período surgem também as lutas e reivindicações por melhorias profissionais e sociais.

A mulher, que não tem o direito de votar trava uma longínqua batalha para conseguir esse feito, bem como fazer valer os seus direitos civis e poder chegar aos bancos das universidades e, através do voto, ter participação política no desenvolvimento da sociedade.

 

Figura  1 – O espartilho é uma excelente metáfora para definir a condição da mulher. Até aqui apertado, tirando-lhes o folgo”, agora solto, deixando-as livres.

Mary Phelps Jacob

Ao imaginar a ideia de colocar um colete apertado terrivelmente reforçado com barbatanas de baleia e barras de aço, a suportar a parte superior do corpo numa posição não natural, parece-me agonizante. Diria até que é algum tipo de tortura medieval, mas não é bem assim. No início do século XX, roupas interiores femininas eram bárbaras, e nada saudáveis para as mulheres.

Figura  3 – Retrato de Mary Phelps Jacob

Mary Phelps Jacob (1891 – 1970), uma jovem socialite de Nova Iorque, exasperada com os antiquados espartilhos e determinada a criar algo mais confortável, menos complicado e alternativo, juntou dois lenços de seda e, com a ajuda de sua empregada, costurou-os juntos usando alguma fita rosa e cordão.

 

Figura   4 – Desenho do projecto de Mary Ilustração de um espartilho

A peça criada era macia e leve, ajustando-se à anatomia da mulher, muito mais naturalmente do que os tradicionais espartilhos. Em breve choviam pedidos dentro de familiares, amigas e até mesmo estranhas; todas queriam comprar o novo acessório. Reconhecendo o imenso potencial da sua invenção, Mary patenteou o sutiã Backless e rapidamente começou a vender as unidades, usando o nome de Caresse Crosby.

Figura 5 – Mary e um exemplar Backless

O desenho de Mary foi o primeiro sutiã cujo uso se difundiu, mas a sua popularidade não foi muito relevante até à I Guerra Mundial, quando o governo dos EUA solicitou que as mulheres parassem de comprar espartilhos, para conservar o metal.

Infelizmente, Mary tinha acabado por vender a patente da sua invenção à Warner Brothers Corset Company, por 1550 dólares, que passou a comercializar o sutiã mais popular do país nos próximos 30 anos, faturando 15 milhões de dólares com esta peça. No entanto, apesar de Mary Phelps Jacob nunca ter recebido muitos elogios pela sua invenção, no momento da sua morte, em 1970, observou com satisfação como a sua imensamente popular roupa íntima, feita de forma mais confortável e mais conveniente, fez milhões de mulheres gratas.

Josephine Cochran

Josephine Cochran (1839 – 1913) fez a primeira máquina de lavar loiça mecânica prática em 1886, em Shelbyville, Illinois.

 

 

Cochran era uma mulher rica que realizava muitos jantares extravagantes. Apesar de não ter de lavar um único prato, pois tinha bastantes criados, queria uma máquina que pudesse fazer o trabalho mais rápido sem lascar qualquer prato. Ninguém tinha inventado uma máquina dessas, assim ela construiu uma: «Se ninguém vai inventar uma máquina de lavar louça, eu mesma a invento!»

Primeiro, mediu os pratos. Em seguida, mandou construir os compartimentos, cada um especialmente projetado para caber os pratos, copos ou chávenas. Os compartimentos foram colocados dentro de uma roda que estava plana dentro de uma caldeira de cobre. Um motor virou a roda enquanto jorrou, acima da parte inferior da caldeira, água quente e sabão. Os seus amigos ficaram muito impressionados, enchendo Cochran de encomendas.

 

 

Figura  7 – Ilustração da máquina de lavar loiça manual e da máquina eléctrica, criada por Cochran. Na imagem pode ler-se «The Garis-Cochran Dish’Washing Machine having been in competition with both foreign and home invention at the World’s Fair, received a diploma and medal for the best mechanical construction, durability and adaptation to its line of work, and unrivaled for quantity and quality of work»

 

Figura  8 – A máquina criada por Josephine e uma “descendente” da mesma.

 

A palavra espalhou-se, e em breve, Cochran recebeu pedidos de máquinas para restaurantes e Hotéis em Illinois. Assim, patenteou o seu design e entrou em produção. Ela mostrou sua invenção na convenção mundial Columbian Exposition em Chicago, em 1893, e ganhou o maior prémio para a melhor construção mecânica, a durabilidade e a adaptação à sua linha de trabalho. Ela começou a Garis-Cochran Manufacturing Company, que se tornou parte da KitchenAid, incorporada depois pela Whirlpool (conceituadas marcas de produtos de cozinha e eletrodomésticos).

Mary Anderson (1866 – 1953) foi uma empresária da construção civil, fazendeira, vinicultora e inventora do limpa para-brisa.

Numa visita à cidade de Nova Iorque no Inverno de 1903, num trolley-car (actual eléctrico), num dia gelado, ela observou que o condutor levava a janela da frente aberta por causa da dificuldade em manter o para-brisa claro devido à queda de granizo.

 

Figura  9 – Retrato de Mary Anderson

 

Assim que voltou para o Alabama, onde residia, ela contratou um designer para fazer um dispositivo manual para manter o para-brisas limpo e assim, colocou uma empresa local a produzir um modelo de trabalho. Pois, em 1903 obteve uma patente de 17 anos para um limpador de para-brisa.

Este dispositivo consistia numa alavanca no interior do veículo que controlava uma lâmina de borracha na parte externa do para-brisa. A alavanca podia ser operada para mover o braço com mola para frente e para trás através do para-brisa. Utilizou-se um contrapeso para assegurar o contato entre o limpador e a janela. Antes, dispositivos semelhantes tinham sido feitos, mas o de Anderson foi o primeiro a ser oficial.

Em 1905, ela tentou vender os direitos através de uma empresa canadiana notável, mas eles rejeitaram o seu pedido, dizendo «Nós não consideramos que seja de grande valor comercial, para que a sua venda na nossa empresa seja justificada». Assim que a patente expirou, em 1920, e o negócio de fabrico de automóveis cresceu exponencialmente, os limpa para-brisa usavam o projeto básico de Andreson e este tornou-se um equipamento-padrão. Em 1922, a Cadillac tornou-se o primeiro fabricante de automóveis a adotá-los como equipamento-padrão.

 

Figura  10 – O primeiro Cadillac com limpa para-brisas

Marie Curie

Apesar da importância das criações das autoras abordadas anteriormente, é da minha opinião que Marie Curie foi a de maior relevo.

A primeira mulher do mundo a ganhar um prémio Nobel. É assim que começa a maioria das biografias sobre Marie Curie, que, numa época onde apenas os homens iam à universidade, descobriu um elemento químico e iniciou uma verdadeira revolução no meio científico.

Maria Sklodowska nasceu em 7 de setembro de 1867 em Varsóvia, Polónia. Filha de um professor de física e matemática e de uma pianista. A mais nova dos cinco filhos desde cedo mostrou-se uma excelente aluna. Sempre encorajada pelo pai a interessar-se pela ciência, Marie termina os estudos aos 15 anos e passa a trabalhar como professora particular antes de se mudar para Paris, em 1891, aos 24 anos, para continuar os seus estudos. Em 1894 ela conhece o professor Pierre Curie com o qual se casa no ano seguinte. Na época Pierre trabalhava no Laboratório de Física e Química Industrial no qual trabalhariam juntos mais tarde.

Em 1983 e 1894 Marie obtém o grau de bacharel em física e matemática pela universidade de Sourbonne, em Paris.

Em 1898, após ter sua primeira filha, Irene (que também ganhou um prémio Nobel de química em 1935), Marie Curie inicia seus estudos sobre a radioatividade que Henry Becquerel havia descoberto dois anos antes (o termo “radioatividade” só foi oficializado por Marie Curie em 1898, mas Becquerel já havia feito alguns estudos sobre a radiação emitida pelos compostos de urânio em 1896, tendo contudo abandonado os estudos a respeito por não considerá-los promissores. Até então referia-se ao fenómeno como “hiperfosforecência”).

Figura  11 – Retrato de Marie Curie

 

As pesquisas realizadas por Marie Curie com a ajuda de seu marido Pierre levaram a descoberta de dois novos elementos químicos: o polónio, que ganhou este nome em homenagem ao país natal de Marie, e o rádio. O rádio emitia luz, calor e uma radiação capaz de penetrar através de muitos corpos. Os Curie descobriram, em seguida, que nos fenómenos radioativos havia uma produção de energia sob a forma de acção química. Hoje, sabe-se que estas radiações ionizantes podem danificar as células dos seres vivos, que, sob o efeito da radiação, se dividem muito rapidamente (por isso é que é hoje utilizado na luta contra tumores).

A pesquisa do casal abriu um novo caminho a ser explorado na pesquisa científica e médica, levando muitos cientistas da época a estudar o assunto.

Em 1903, Marie finalmente defende sua tese e obtém o título de doutora pela Sourbonne tornando-se a primeira mulher a receber o título nesta universidade. No final do mesmo ano, Marie e Pierre Curie recebem o prémio Nobel de física pela descoberta dos dois elementos químicos junto com Becquerel que foi o primeiro a estudar o fenómeno. Em 1904 nasce sua segunda filha Eve.

Após a morte de seu marido em 1906, Marie continua a estudar a radioatividade, principalmente suas aplicações terapêuticas e, em 1911, recebe outro prémio Nobel, desta vez em química, por suas pesquisas com o rádio tornando-se a primeira pessoa, até então, a ganhar duas vezes o prémio Nobel.

Mas o legado que Marie deixou não se aplicou somente à medicina, mas também à arte. Como é possível ver através do seguinte documento:

 

Marie Curie disse, uma vez, que «nada na vida é para ser temido, apenas sim para ser entendido». No entanto, parece que a ironia desta frase compactuou com a própria ironia do destino. Marie, que devotou a vida à compreensão dessa força misteriosa que é a radioatividade, foi uma das suas primeiras vítimas. No dia 4 de Julho de 1934, pagou o preço de uma vida de trabalho em contacto com a radioatividade: um ataque de bronquite e problemas de anemia determinaram que a sua medula óssea, enfraquecida por anos de exposição a radiações letais, não pudesse vencer a doença.
 

Conclusão       

Após finalizar este trabalho sobre «As Mulheres Inventoras – Da II Revolução Industrial à I Guerra Mundial», posso afirmar que retive conhecimentos a diferentes níveis.

Os conhecimentos relativos à II Revolução Industrial já tinham sido adquiridos durante as aulas, no entanto, visto que me foquei, essencialmente, no papel do sexo feminino no período pós-revolução, captei noções novas. Tomei conhecimento sobre as mulheres que, com pequenas ou grandes descobertas, fizeram a diferença. Porque o mais importante de cada existência humana é a marca que é deixada no mundo, quer seja ela pequena ou enorme! Porque lhes devemos agradecer (nestes casos em particular) as dores poupadas devido ao desuso do espartilho, das horas a lavar loiça à mão substituídas pela lavagem automática, pelo facto de não termos de abrir o vidro do carro em dias de frio ou precipitação ou pela ajuda na cura contra o cancro!

Como pessoa do sexo feminino, este trabalho foi um «quase-ode» àquilo que é ser uma Mulher, sujeito a alguma subjectividade, devo assumir. No entanto, foi algo que me deu muito gosto em realizar, pois foi bastante fácil e interessante.

Penso que deste tipo de projectos retém-se, não só o valor cultural e o conhecimento histórico, mas também valores morais que nos enriquecem e nos levam a reflectir.

Concluo, desta forma, este projecto, referindo que trágica ou grandiosa tenha sido a existência das personalidades que fazem a História, só o foi devido ao seu lugar, à sua «condição», aos seus papéis, às suas formas de poder, ao seu silêncio e às suas palavras. Devoradas pela guerra ou pela revolução, umas preferiram ser espectadoras do que se passava do lado de fora das janelas, outras preferiram ser atrizes da formidável modificação que se deu entre sexos.

«Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem»

Róża Luksemburg, filósofa marxista
 

Bibliografia

COUTO, C e ROSAS, M – O Tempo Da História, 3.ª Parte, História A 11.º ano. 1.ª edição. Porto: Porto Editora. 2012. ISBN 978-972-0-41249-2. Página 11;

Os Grandes Acontecimentos Do Século XX. 1.ª edição. Lisboa: Selecções Reader’s Digest. 1979. Páginas 28 – 37;

ROBERTS, J.M. – História Ilustrada Do Mundo, Vol VIII – Os Impérios Europeus. 4570.ª edição. Barcelona: Círculo de Leitores. 2000. ISBN 972-42-1905-4 . Página 127;

WOOD, R. – Grandes Invenções. Lisboa: Planeta DeAgostini. 2008. ISBN 978-989-651-047-3. Página 23;

História Da Ciência E Da Tecnologia, Vol XXIII – O Século Da Indústria. Lisboa: ASA Editores. 2001. ISBN 972-8735-46-7. Páginas 90 – 91;

LATERZA, G. – História Das Mulheres no Ocidente, Vol IV – O Século XIX. 528.ª edição. Porto: Edições Afrontamento. 1991. ISBN 972-36-0352-7.

WALKER, R.; TAMES, R.; MAN, J. e FREEMAN, C. – Inventos Que Mudaram O Mundo. 1.ª edição. Lisboa: Selecções Reader’s Digest. 1998. ISBN 972-609-238-8. Páginas 18 – 19.

Webgrafia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial

http://sexualidadefeminina.kazulo.pt/9791/genios-do-mundo:-as-maiores-inventoras-de-sempre.htm

http://www.coresdacasa.com.br/2011/11/lava-loucas-historia-do-invento.html#axzz2ShoZXbv8

http://proudtobeawoman.eu/mulheres-inventoras/

http://metiredesteocio.com/curiosidades/mulheres-inventoras/

http://omundovestido.wordpress.com/2013/03/26/revolucao-silenciosa-atraves-do-vestuario-e-o-estilo-alternativo-do-seculo-xix/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Suti%C3%A3

http://en.wikipedia.org/wiki/Caresse_Crosby

http://pt.wikipedia.org/wiki/Josephine_Cochrane

http://top10.variaditos.com/las-10-mujeres-inventoras-mas-destacadas

http://www.alincolnlearning.us/dishwasherpictures.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Anderson_(inventora)

http://www.motorera.com/cadillac/cad1920/cad22s.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marie-curie

__________________________________

Outros Trabalhos Relacionados

Ainda não existem outros trabalhos relacionados