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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Português - 10º Ano |
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Poemas Autores: Inês Otão Escola: Escola Profissional de Montemor-o-Velho Data de Publicação: 28/03/2012 Resumo do Trabalho: Trabalho sobre poemas de autores portugueses, realizado no âmbito da disciplina de Português (10º ano). Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word através do Formulário de Envio de Trabalhos pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Os meus poemas selecionadosFlorbela Espanca : Meu amor
De
ti somente um nome sei, amor. Miguel Torga: Segredo Sei um ninho e o ninho tem um ovo; e o ovo, redondinho, tem lá dentro um passarinho novo. Mas escusas de me tentar: nem o tiro nem o ensino; quero ser um bom menino, e guardar este segredo comigo, e ter depois um amigo que faça o pino a voar. Luis de Camões: Amor é fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Alexandre O'Neill: Amigo
Mal nos conhecemos Manuel Alegre: Página Alentejo e Ninguém outro é o tempo outra a medida tão grande a página tão curta a escrita entre o achigã e a perdiz entre chaparro e choupo tanto país e tão pouco O que eu escolhiFernando Namora : Marteking
Aqui a meu lado o bom cidadão escolheu Sagres que é tudo tudo cerveja a pausa que refresca a longa pausa de um longo cigarro King Size. atenção ao marketing. Eu não gosto de cerveja mas tenho de gostar que os outros gostem de cerveja sobretudo da Sagres para não contrariar os fabricantes de cerveja. atenção ao marketing. Ninguém contraria os fabricantes de cerveja ninguém contraria os fabricantes do Opel e da Super Silver nem os fabricantes de alcatifas para panaceias nem as panaceias nem os códigos e os édredons macios nem as mensagens de natal dos estadistas nem os negociantes de armas da Suíça nem o homem de capa negra que virou as costas ao Palmolive. Está tudo perfeito e deito-me no conforto de um Lusospuma a ver as processões passar mesmo sem anjos mesmo sem anjos que são agora selvagens e voam numa Harley. Deito-me e obedeço aos fabricantes do Clarim que é uma alta onda ou uma onda alta sem esquecer as fitas do John Waine e a chama viva do Butagás e se calhar sentir fome terei toda a frescura serrana numa fatia de pão.bu atenção ao marketing. Vitonizo-me desodorizo-me atravesso as ruas nas passagens dos peões louvo quem me dizem para louvar e desconfio dos negros americanos e dos blousons noirs que não usam Lux e não compram um frigorífico a prestações e com o meu escudo invisível portejo-me dos vírus subversivos sou um bom cidadão sou um bom cidadão obedeço ao marketing à General Motors e ao Pentágono. Dantes tinha problemas era o odor corporal e eu não o sabia até me higienizar seis vezes ao dia com o sabonete das estrelas e as paradas marciais e os 5-3 do Eusébio à Coreia e o talco Cadum que ama demoradamente roucamente tepidamente os corpos que [merecem ser amados... Obedeço ao marketing não contrario. Ninguém contraria os fabricantes das ideias e os fabricantes do Fula que é o da cor do sol ninguém pisa os riscos brancos do tráfego nem chama os bombeiros sem concorrer ao sorteio concorro concorro e vejo nos sinaleiros o pai natal vestido de Scotchgard ninguém sai do emprego antes de assinar o ponto a horas fixas e gastar o dinheiro da semana sábado à tarde no Dardo que é tudo a prestações e é mesmo em frente da Música no Coração. Fazendo Portugal mais alegre com o folclore da TV e a tinta Robbialac não contrario obedeço obedeço e meto os meninos na cama quando me dizem vamos dormir. atenção ao marketing. Também vou arear as caçarolas e os nervos e os miolos com um pó azul de que não me lembra o nome não me lembra mas a culpa já não é minha porque na mesma noite massajado com Aqua Velva fiz a barba com Gillette, e Schick e Nacet e fui não sei aonde sempre com a mesma lâmina e oito dias depois (eu era actor ou toureiro?) a lâmina ainda me escanhoou mais uma barba antes de eu descer no aeroporto onde me esperava um agente do marketing. Os produtores viram-me à descida do avião primeiro julgaram que era o filho da Sophia Loren ou o Onassis mas era eu e gostaram da minha barba bem feita. (Da barba bem feita ou do casaco Dralon que não se amarrotara durante a viagem da Polinésia para Lisboa?) Confesso que já não me lembra mas a culpa não é minha pois na mesma noite fui o homem de não sei quê que marca o rumo por vestir regras ou camisas ou calças que não enrugam e fartei-me de assistir a discursos e a inaugurações e fartei-me de comer chocolates Regina e pescada congelada e de lavar a roupa com Ajax e com o Rino e de me banhar com Omo ou seja uma onda de brancura e fiz-me mecânico de automóveis só para que o cavaleiro da armadura branca me tocasse com a sua lança mágica e me pusesse branco branco branco três vezes branco como as páginas do Reader’s de cérebro irrepreensivelmente lexivizado pelos locutores da televisão pela oratória dos políticos e passado a ferro com um ferro eléctrico automático que talvez fosse – ou não? – uma enceradora Philips. Tudo coisas admiráveis e desesperadamente necessárias que eu devo ao marketing e me são cozinhadas num abrir e fechar de olhos nas palavras de pressão de todo o bom cidadão. E no intervalo bebi café puro o do gostinho especial Sical Sical que é um luxo verdadeiro Por pouco dinheiro. Vitonizadi esterilizado comprando e concorrendo esqueci-me de amar do amor das árvores e do rio esqueci-me de mim tão entretido estava a admirar a Lisnave esqueci-me do rio e dos barcos e da saudade de pedra do Fernando Pessoa e esqueci-me de sonhar que era marinheiro. Concorra concorra foi isso que não reparei que uma rapariga cortou as veias talves fosse com uma Diplomatic que tem o fio e o silvo de uma espada a degolar avestruzes. No programa só havia bombeiros nem uma rapariga a cortar as veias (não era a Caprília) nem o rio nem o amor nem a raiva da Venezuela. Se mágoa sentia era a de ter esquecido dar murros no espião da Missão Impossível (atenção ao marketing) e já não saí de casa para ver o rio só pelo gosto de me aquecer com um Ignis. E na mesma noite noite boa noite branca fumei Estoril Valetesb Kayakes e bebi Compal depois da Salus e da Schweppes fumei quilómetros e quilómetros de prazer quilómetros e mais quilómetros – há um Ford no meu futuro – mais facturas mais fomes mais prazer e agora já não sei qual dos cigarros com filtro me soube melhor. Foram todos foram todos de certeza pois se me dizem que preciso de Omo do Ajax do Estoril do Dralon do esquentador e das alcatifas sem nódoas não me preocupo não te preocupes o Meraklon não preocupa ninguém mando para o diabo o amor e o rio e a rapariga que cortou as veias não me preocupo não me preocupo digo pois pois ao Jota Pimenta e ao Escort e hei-de virar-me do avesso para os possuir. Os corpos que merecem ser amados merecem o talco Cadum. Numa onda de brancura obedeço ao marketing. Sou um bom cidadão. E na mesma noite vi umas bombas que caíam muito ao longe numa lonjura mais longe que a Lua onde as pessoas podiam estar quietas a fumar Marialvas e a lavarem-se com Rino que lava lava lava lava três vezes mais lava ou mata que se farta e me ajuda a ser bom cidadão. atenção ao marketing. Vi uns homens a inaugurarem estátuas e vi fardas e paradas e conferências e crianças a sorrir para os homens sorridentes que inauguravam estátuas e vi homens que falavam e pensavam por mim a escolherem por mim o bom e o mau de modo a que eu não possa ser tentado a confundir o mau com o bom ou vice-versa ou vice-versa. Deitado no conforto de um Lusospuma vi os porcalhões dos hippies nas ruas de Estocolmo bem longe nas ruas de Estocolmo mesmo a pedirem uns safanões dos homens que acariciam crianças e têm todas as verdades na mão só para que eu seja um bom cidadão. É isto: marco o rumo. As minhas cuecas marcam o rumo. Preciso e gosto de uma data de coisas e só agora o sei. Menos da Sagres. Mas acabarei por gostar. Ninguém contraria o marketing por muito tempo. Ninguém contraria os fabricantes de bem fazer o bom cidadão. E tudo graças ao marketing.
Marketing. 4ª ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2002. 11-16.
AssuntoMarketing – é a segunda aposta de Fernando Namora no campo da poesia; a primeira tinha sido ‘’ As frias madrugadas ‘’ e marca um momento decissivo na trajectória artistica do grande escritor. A tal ponto é inovadora a sua dimensão, que bem podemos afirmar que estamos perante um novo Fernando Namora, encarando frontalmente a problemática do mundo moderno, com todos os aspectos dramáticos ridiculos, de alienações e de atitudes (loucura), vedetismo. Marketing é, um poema sacástico, com uma marcação satirica, que chega aos nossos dias ainda com uma colagem na vivência do quotidiano. Esta faceta de Fernando Namora, revela mais o grande escritor que ele foi. Deixou uma obra extensa, de vários generos ( crónica, novelas, poemas, etc ) é considerado um dos expoentes máximos do neo-realismo.
Satira à poesia critica, reprende ou ridiculariza pessoas, vicios, usos e costumes A causa pela escolhaA causa pela seleção deste poema tem a ver com a minha existência, desde sempre esta palavra ‘’ Marketing ‘’ , que é uma área que engloba atividades direcionadas às relações de trocas, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos clientes, visando alcançar objetivos económico e sociais de empresas. E no curso em que me encontro, Marketing tambem abrange a temática do mesmo. ‘’ O fim material de toda a humanidade é o consumo. ‘’
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