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Trabalhos de Estudantes Trabalhos de Psicologia - 12º Ano |
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Cultura: O Produto e o Produtor Autores: Irina Lopes Escola: [Escola não identificada] Data de Publicação: 15/02/2010 Resumo do Trabalho: Trabalho sobre a Cultura, realizado no âmbito da disciplina de Psicologia (12º ano). Ver Trabalho Completo Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Introdução... Quanto a este trabalho, realizado pela aluna Irina Lopes, do 12ºD2, diz respeito a uma das temáticas abordadas nas aulas de psicologia, isto é, a cultura. Como tal, e como forma de introduzir este tema, nada como começar a abrir caminho á definição da cultura que, sendo algo que não é material, algo que não é palpável se torna mais difícil de definir. Isto porque, estamos a falar de uma ideia. Assim, a cultura não é aquilo que é feito, mas sim a forma como se pensa fazer ou, por outras palavras, poderemos dizer que a cultura é a mentalidade por detrás das nossas acções (influenciando, portanto, a forma como pensamos, sentimos e a forma como nos comportamos nas diferentes situações a que somos expostos.) O que nos permite afirmar que a cultura é o produto do pensamento do Homem. Vejamos um exemplo: uma escultura não é cultura, mas sim um resultado da cultura. Se a escultura demonstrar o sofrimento causado pela Segunda Guerra Mundial, as pessoas vão sentir-se tocadas e compreender o desejo de paz transmitido pela escultura - pois faz parte da nossa cultura o sentimento de horror às atrocidades cometidas naquela guerra. No entanto, se for uma escultura (feita por alguém pertencente à cultura y) a incentivar à guerra pelo simples desejo de lutar, então as pessoas vão sentir-se ofendidas, na medida em que este é um princípio contrário à nossa cultura actual - apesar de, na cultura y, este poder ser um princípio aceite como marca de coragem. Assim, uma peça de arte, feita com uma mensagem numa cultura, pode ser entendida de modo contrário por pessoas que partilhem uma outra cultura que foi feita à medida do pensamento e das ideologias de diferentes homens de diferentes sociedades, com diferentes ideologias. Contudo, isso não significa que dentro de uma sociedade uma pessoa partilhe exactamente a mesma cultura que o seu vizinho até ao mais pequeno detalhe, na medida em que, por exemplo, comer coiratos assados (pele de porco raspada depois de se queimar o pêlo) acompanhados de vinho tinto faz parte da cultura portuguesa, mas, nem todos os portugueses comem coiratos - por causa da religião, dos gostos pessoais, dos modos de vida etc. Assim, e com o objectivo de simplificar esta definição de cultura, poderemos afirmar que, a cultura diz respeito ao conjunto de elementos que uma pessoa aprende ao longo da sua vida. Elementos, estes, que vão desde a língua à religião, passando pela arte e pelo modo de ver o mundo, estando, então, directamente ligada aos padrões de comportamento que nos são impostos e que vamos apreendendo ao longo da nossa vida. É então de destacar que a cultura nos influência desde muito cedo, isto é: “A partir do momento do nascimento, um bebé começa por sentir o impacto da cultura: na maneira como vem ao mundo, na maneira como o cordão umbilical é cortado, na forma como é lavado e segurado e na maneira como é enfaixado ou vestido” Por outro lado, e segundo a teoria de Edward Taylor, a cultura diz respeito a “um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” Assim, para Taylor, que entendia a cultura como um fenómeno natural, a diversidade cultura era entendida como o resultado das desigualdades dos estágios evolutivos de cada sociedade. Desta forma, e numa perspectiva de totalidade cultural, poderemos verificar que os diversos elementos culturais relacionam-se entre si como diferentes fios tecidos em conjunto que, influenciam mutuamente a forma e o conteúdo uns dos outros. Desta forma, por elementos culturais simbólicos entendemos as crenças, os valores e as normas que se materializam em várias e diversas produções culturais como uma peça de vestuário. Crianças selvagens No que diz respeito às crianças selvagens, estas são crianças que, sendo abandonadas numa idade muito precoce vão ser “criadas” por animais selvagens. Na realidade, o que vai acontecer é que não tendo qualquer tipo de contacto com uma cultura ou com outros indivíduos da espécie Humana, estas crianças vão imitar os animais com quem passam grande parte da sua vida (isto se forem, mais tarde, encontradas por outros Seres Humanos que as procurem ajudar. Caso contrário nunca mudaram os seus hábitos, que, simultaneamente, são comportamentos típicos de animais.) Por outro lado, é ainda importante destacar que estas mesmas crianças se caracterizam pelas suas cicatrizes e marcas (quer físicas quer mentais) que mostram muita facilmente que o Ser Humano depende dos outros e do contacto físico e pessoal com os outros. Assim, e como poderemos perceber estas crianças não possuem quaisquer comportamentos humanos. Na medida em que, não falam ( e não sendo sensíveis à fala humana, passa a existir uma grande dificuldade em comunicar com elas, que na maior parte dos casos emitem sons. Tendo, portanto, uma linguagem verbal muito reduzida.) Por outro lado, estas não expressam quaiquer tipo de emoções complexas (como rir ou chorar) e, consequentemente, não vão perceber o significado dessas mesmas expressões. Assim, estas têm grandes dificuldades em controlar-se a níveis emoçionais. Para além disso, não andam de forma erecta, e, não possuindo competências socias relaccionadas com a convivência com os outros, estas não interagem com as pessoas que procuram interagir com elas. Desta forma, estamos a falar de Seres Humanos que ao contrário dos restantes Seres Humanos, que podem ser considerados enquanto seres biosocioculturais, uma vez que possuímos e somos influênciados por várias dimensões (dimensão social, cultural, etc.) estas crianças são exclusivamente naturais uma vez que o papel cultural e social (nestas) é nulo, o que vai facillitar a explicação de todos os seus comportamentos. Razão pela qual se torna pertinente apresenentar-mos o caso de Maria Isabel Quaresma dos Santos. Crianças selvagens- Caso Português Maria Isabel Quaresma dos Santos é o único caso português no campo das Crianças Selvagens. Nasceu a 6 de Julho de 1970 no distrito de Coimbra, na vila de Tábua. A sua mãe, Idalina Quaresma dos Santos, denotava alguma debilidade mental. A criança vivia com a mãe no Lugar Da Vacaria, uma pequena aldeia onde a pecuária e a agricultura constituem as principais actividades económicas. A pequena Isabel habitava num galinheiro onde, supostamente, a mãe a terá colocado apenas algum tempo após o seu nascimento. Foi aí que viveu durante oito anos da sua infância, tendo como única companhia as galinhas, durante o tempo em que a mãe trabalhava no campo. Assim, Maria Isabel Alimentava-se de milho, couves cortadas e uma caneca de café. Quanto à sua existência, foi revelada ao público por um grupo de jornalistas que andavam a investigar o caso, em 1980. Quando a pequena Isabel foi encontrada, esta possuía algumas características físicas muito específicas. Entre elas, é importante destacar factos como: . O subdesenvolvimento ósseo; . A grande debilidade; . A cabeça demasiado pequena para a idade; . A face com semelhanças com os galináceos (perfil, posição labial, dentição formada como se fosse um bico); . Os olhos grandes (rasgados no sentido descendente); . A posição dos braços muito idêntica às asas das galinhas; . Os calos nas palmas das mãos e, . Uma catarata no olho direito, certamente originada por uma picada de galinha. Já a nível comportamental, Isabel demonstrava características semelhantes às das suas companheiras, como por exemplo: · . Atitudes extremamente agressivas, com tendência para destruir tudo o que estivesse ao seu alcance; · . O seu comportamento mais usual era mexer os braços como se fossem asas de galinha e guinchar; · . Comia os seus próprios cabelos; · . Defecava em qualquer parte e ingeria as próprias fezes. Isabel acabou por ser internada no Colégio Ocupacional Luís Rodrigues, em Lisboa, que entretanto foi fechado pela Segurança Social. Actualmente, encontra-se na Casa do Bom Samaritano e de acordo com uma notícia publicada pelo “Diário de Notícias” em 1998, Isabel não crescera muito, já conseguia andar sem ajuda em superfícies que não fossem demasiado irregulares, tinha muito mais controlo sobre as suas emoções e tinha já desenvolvido mais competências a nível social, conseguindo estar em grupo. Conseguiu ainda, aprender a interpretar expressões faciais emocionais de outras pessoas, conseguindo ela própria produzir algumas. Comunica apenas com algumas palavras, respondendo a algumas frases simples. Nunca conseguiu recuperar totalmente do dano que lhe tinha sido feito. O caso de Isabel e de muitas outras crianças selvagens (como Victor de Aveyron) fazem-nos duvidar da nossa condição humana. De facto, é difícil reconhecer a humanidade destas crianças, apesar de elas terem sido geneticamente determinadas a nascer com algumas características que são comuns a todos os indivíduos da espécie humana (olhos, boca, nariz, orelhas, etc.). Isto é a prova de que o ser humano é um ser prematuro (não nasce completamente formado), possui um programa genético aberto. Através destes casos, podemos realçar a importância das vinculações precoces e da socialização primária: é através do contacto com outros seres humanos que aprende-mos a ser humanos. Os modos como estas crianças se relacionam com os outros e com o mundo provoca em nós uma estranheza imensa. Apesar de, biologicamente, serem humanas, é-nos difícil relacionar a nossa experiência com a delas, compreender a forma como sentem, pensam e agem (passando-se exactamente o mesmo da parte delas.) As suas capacidades, as suas características muito próprias, as marcas (sejam elas físicas ou mentais) provam-nos o quanto dependemos dos outros, do contacto físico e sociocultural com eles, para nos tornarmos nos seres humanos que somos. Dicotomia entre natural e cultural Comecemos por analisar o seguinte esquema:
Desta forma, e tendo em conta que a natureza diz respeito às especificidades dos Seres Humanos, poderemos concluir que a cultura diz respeito a tudo aquilo que acrescentamos à nossa natureza, onde se vão encaixar as crenças (onde se encaixam as diferentes religiões, as diferentes ideologias políticas e as diferentes perspectivas à cerca da natureza humana) as tradições e costumes (onde se encontram as mais variadas e contrastantes práticas sócias) os valores (que são atribuídos a determinados comportamentos, qualidades e /ou objectos que variam de cultura para cultura.) As leis e normas (que variam consoante as culturas e consoante as ideologias defendidas, no que diz respeito à regulamentação da vida em comum) as mais diversas construções e objectos (que são produzidos através de determinadas formas de produção tradicionais ou não, mas que materializam parte da cultura em questão) e as artes ou modos de expressão de uma determinada sociedade (onde vamos encontrar a música, a pintura, o cinema, a escultura e outras formas de arte que vão ganhar diferentes perspectivas e diferentes níveis de relevância dependendo da sociedade de que estamos a falar.) Consequentemente, vai ser através de todos estes factores e de toda esta diversidade cultural que tem vindo a ser explorada até aqui, que poderemos verificar que, vão surgir diferentes padrões culturais, que vão definir os comportamentos, os gostos, as crenças e os hábitos das pessoas que são influenciadas por uma determinada cultura ou por outra que lhe seja distinta. Padrões Culturais Quanto aos padrões culturais poderemos defini-los enquanto as mais diversas actividades praticadas por um grupo que procura alcançar o ajustamento dos diversos traços de uma sociedade. Estamos então a falar, da configuração exterior que uma cultura apresenta, e, através da qual, esta, traduz um determinado número de valores por si defendidos. O que nos leva a afirmar que, os padrões culturais dizem respeito às heranças históricas de cada sociedade e às funções mentais e comportamentais que lhe estão associadas e, através das quais, os indivíduos dessa sociedade se expressam. Por outro lado, vão ser estes padrões que vão permitir a facilitação dos diferentes povos ao meio envolvente, permitindo ainda, a facilitação da integração do indivíduo na sociedade e a interacção social entre este mesmo indivíduo e outros indivíduos da sua sociedade. Contudo, nas últimas décadas, assistiu-se a mudanças marcantes nos padrões culturais. Por exemplo, através da conceptualização do que é saudável, da etiquetagem de situações e comportamentos, o que veio promover uma visão particular da realidade que constrange as pessoas a verem o mundo de uma forma específica. Assim, a regulamentação de comportamentos estende a sua influência a inúmeros aspectos da nossa vida diária: exercício físico, tempo de sono, relações interpessoais, tempos livres, tipo de corpo, etc. Enfim, grande parte dos nossos actos e hábitos são subtilmente regulados. Assim, e numa outra perspectiva, poderemos verificar que, longe vão os dias em que cada país/grupo tinha a sua própria cultura quase como que uma identidade bastante vincada. Cada um com os seus próprios produtos, as suas próprias formas de divertimento, de estar (em sociedade), sendo todas elas muito diferentes entre si. Actualmente, com a proliferação das novas tecnologias da informação, do turismo e das migrações e com a troca de informações, conhecimentos e de ideias, que, hoje em dia, é tão rápida, assistimos a uma crescente globalização da sociedade. Ou não são exemplo disso alguns dos produtos comercializados em praticamente todo o mundo, que para alguns são imprescindíveis, como a Coca-Cola, o fato de treino da Adidas, ou as sapatilhas da Nike, ou mesmo o nosso tão famoso MacDonalds??? Por outro lado, são ou não são cada vez mais frequentes os casamentos entre pessoas que advêm de culturas diferentes??? Assim, este fenómeno da globalização é, nada mais, nada menos, que o resultado de uma intensa aculturação, ou seja, o resultado do contacto contínuo entre grupos de indivíduos de culturas diferentes, bem como as alterações que essa socialização traduz nos padrões culturais. Assim, e com todas estas alterações vividas na nossa sociedade contemporânea, será que ainda podemos afirmar que cada cultura tem o seu próprio padrão cultural, sendo que este é totalmente diferente de todos os outros? A meu ver, a única resposta possível para esta pergunta é: NÃO! Fenómeno de aculturação Actualmente, e como foi mencionado anteriormente, a rápida troca de informações que permite o contacto entre diferentes culturas faz com que ocorram várias modificações nessas mesmas culturas que assim, são alvos do fenómeno de aculturação. Isto porque, ao adquirirem novos hábitos culturais, as culturas vão ficando mais “ricas”. Contudo, simultaneamente, vai se dar o desaparecimento ou a substituição de outros traços culturais, o que poderá por em risco estas mesmas culturas (que hoje em dia se vêm ameaçadas pelas culturas economicamente mais fortes.) Consequentemente, poderemos dividir esta dinâmica cultural em três factores: - A enculturação que diz respeito ao processo educativo que faz com que cada um de nós apreenda, ao longo da nossa vida, os elementos da cultura que todos os dias nos influência. Por outro lado, poderemos distinguir uma influência que se dá através de um processo contínuo e que se processa, essencialmente, pela imitação e pelo contacto com grupos espontâneos e não sociais, como é o caso da família e dos amigos (enculturação informal) da influência que se dá através de instituições sociais como a escola (enculturação formal.) - A aculturação que acompanha e se sobrepõe à enculturação, na medida em que, diz respeito à aquisição de elementos culturais de culturas externas. Desta forma, a aculturação poderá ser entendida por um processo em que uma cultura, “absorve” outra cultura ou parte das suas características, dando origem a uma nova cultura que se caracteriza pelo facto de possuir aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida. Assim como aconteceu com a cultura Brasileira, que foi resultado da junção da cultura Portuguesa e Africana juntamente com a cultura Indígena. Contudo, esta assimilação, integração e fusão de elementos, que hoje em dia e tão comum não é um ponto assente, na medida em que, a cultura receptora muitas vezes é selectiva face aos elementos culturais estrangeiros. Por exemplo, os ameríndios, de um modo geral, assimilaram o cavalo no seu modo de vida; no entanto, os índios Soshone não os conseguem criar devido ao facto de o seu território não proporcionar o pasto necessário, tornando-se assim, impossível a aculturação desta característica específica. Por outro lado, e se a força da aculturação se tornar opressiva e tirânica contra a selectividade natural do povo "aculturado", várias são as crises de mal-estar social que poderão vir a explodir e a originar movimentos religiosos ou crenças de salvação. - E, por fim, temos a desculturação, que como o próprio nome indica é a perda ou a destruição do património cultural. Perda, esta, que poderá dizer respeito, apenas, a alguns elementos culturais ou à perda de uma cultura (por completo.) Socialização
“Não sou esperto nem sou
bruto, A quadra anteriormente transcrita do autor António Aleixo, remete-nos para o processo de socialização, que consiste na adaptação e integração, que o indivíduo efectua, das normas, padrões, regras e valores da cultura em questão, que desta forma é um processo dinâmico que garante a integração de um indivíduo numa dada cultura. O que nos permite afirmar que, a socialização é um processo que ocorre ao longo de toda a nossa vida. Na medida em que, todos os acontecimentos, contextos e tipos de relações exigem de nós uma grande capacidade de adaptação, novas aprendizagens e novas formas de ser. Por outro lado, é ainda importante focar que no processo de socialização se podem distinguir dois tipos, a socialização primária e a socialização secundária. No que diz respeito à socialização primária, esta consiste no primeiro contacto com valores, regras, comportamentos e padrões, que dão origem a determinadas formas de agir, pensar e fazer, que são as consideradas adequadas num determinado grupo social, ou por outras palavras, a socialização primária diz respeito às relações que desenvolvemos nos primeiros anos da nossa vida, com os nossos progenitores, e, num ambiente familiar. Estamos, então a falar de um tipo de socialização contínua que se dá no decurso das actividades escolares com os professores e com os colegas da escola, com quem convivemos diariamente. Assim, este tipo de socialização dá-se até ao momento em que nos passamos a enquadrar na vida activa e/ou quando se dá uma grande mudança na nossa vida, onde passamos, então, a poder falar da socialização secundária. Como tal, a socialização secundária, consiste na integração e adaptação a elementos mais complexos, a que somos expostos ao longo da nossa vida. Assim, poderemos concluir que esta socialização diz respeito à introdução de um indivíduo em novos sectores do mundo objectivo da sociedade (escola, trabalho, etc.) O que vai implicar que tenhamos a noção dos papéis que desempenhamos na sociedade e das expectativas que nos são depositadas. Assim sendo, como podemos constatar nos seguintes versos, “ sou simplesmente o produto/ do meio onde fui criado”, o indivíduo está perante um processo de socialização, processo esse que é contínuo, ou seja, ocorre desde que o ser nasce ate à sua morte. Quanto a este processo de socialização tem como agentes a família, a escola, os mass media e os grupos de pares. A família é o primeiro agente ao qual a criança tem contacto, sendo por isso o de maior importância, pois é este que transmite os primeiros valores, normas, regras, padrões. Este tem a função de preparar o indivíduo para a reprodução sexual, marcar os comportamentos das raparigas e dos rapazes e a aceitação dos estatutos presentes na sociedade. Contudo, a família tem também uma vertente emocional e afectiva que permite a integração fácil e voluntária da cultura. Após a família, temos o agente escola que tem como função preparar o indivíduo para a vida activa na sociedade, fazendo-o aceitar os papéis e os estatutos vigentes, garantindo, assim, a reprodução do capital e da força do trabalho. Os mass media são, também, um importante agente de socialização, principalmente nas sociedades mais industrializadas, nomeadamente a rádio, a televisão, os jornais, entre outros. Na medida em que, estes, exercem um grande poder sobre os indivíduos pelo facto de serem de fácil acesso, transmitindo as normas, os valores, as regras e padrões sociais. Quanto ao grupo de amigos, podemos dizer que são também muito importantes, isto porque, devido à proximidade e afectividade estes integram os elementos culturais mais facilmente. História pessoal Por outro lado, e continuando este trabalho passamos ao próximo tema: histórias pessoais. O que nos leva a afirma que cada um de nós é o fluir de uma corrente de natureza biosociocultural, em que uma multiplicidade de forças se foi organizando e encaminhando no sentido da constituição da nossa personalidade. Uma parte da construção da história pessoal enraíza-se numa identidade multidimensional. Cada ser humano possui uma identidade específica que reside nas características que nos identificam como seres vivos e como humanos, uma identidade cultural que se relaciona com o facto de vivermos com outros seres humanos numa sociedade, com uma determinada cultura e com uma identidade pessoal que refere ao facto de cada um de nós ser uma unidade irrepetível, uma organização original que nos singulariza. Os seres humanos só se tornam humanos inserindo-se no mundo, e o mundo está repleto de situações e experiências que cada indivíduo tem de ultrapassar, enfrentar e viver. Assim, os seres humanos tornam-se humanos em contextos povoados com outros seres, crescem e aprendem a conhecer-se no seio de relações cheias de história e de cultura. Desde a infância que as experiências vividas com familiares, amigos, colegas e conhecidos se constituem como forças a interferir na direcção seguida pela nossa auto-organização pessoal, ou por outras palavras, tudo o que acontece ao longo da nossa vida vai deixando marcas no nosso modo particular de ser, isto porque, existem experiências que nos influenciam positivamente e outras negativamente, contribuindo umas para o nosso sucesso e bem-estar e outras para o nosso fracasso. Contudo, as experiências não são boas nem más em termos absolutos, dependem do carácter subjectivo com que cada um as vive. Não há situações neutras a que se possam atribuir, objectivamente, caracteres bons ou maus, agradáveis ou desagradáveis, positivos ou negativos. O que há são situações para alguém, ou experiências para uma pessoa. A realidade é vivida por inúmeras pessoas e cada uma tem um modo particular de a sentir, cada uma constrói, subjectivamente, o significado dos acontecimentos por que passa ao longo da sua vida, isto, através da leitura pessoal dos acontecimentos. Tal afirmação, contraria o que normalmente é aceite pelos humanos, que, por vezes, defendem que a realidade que cada um de nós vive se resume apenas a uma realidade física, feita de objectos lugares e de seres, isto porque, poderemos ainda encontrar uma realidade interpessoal, que é feita através de compreensões intersubjectivas adquiridas através do convívio com os outros. Desta forma, a história pessoal desenrola-se no diálogo entre o que percebemos (objectivamente) e o que construímos (intersubjectivamente), isto é, a história pessoal de cada um constrói-se através daquilo que presenciamos, através das nossas experiências, dos acontecimentos que assistimos, daquilo que percebemos que acontece à nossa volta e daquilo que opinamos, senti-mos e atribuímos significados. Assim, e vivendo as coisas à nossa maneira, cada um de nós projecta-se nas situações atribuindo-lhes significados pessoais, transfigurando-as de tal modo, que se tornam experiências exclusivas, pois, cada um interioriza e assume significados de forma particular, fazendo com que estes façam parte integrante da identidade de cada um. Assim, cada ser humano vai construindo de modo pessoal a sua história, à custa das situações por que passa e dos acontecimentos que vivencia. Logo, a sociedade é a nossa morada e só nela podemos construir a nossa humanidade, porque mesmo que o homem resulte de características herdadas pelos seus progenitores, ele só adquire as suas características de ser humano quando a sua vida decorre no seio de um grupo social. É, então, este convívio que nos permite actualizar os nossos potenciais genéticos, daí que se possa dizer que o homem é um ser social. Por outro lado, a sociedade e a cultura são condições da nossa realização, elas oferecem-nos infinitas possibilidades e oportunidades o que é significativo para o nosso projecto pessoal de vida. Por viver no seio da cultura e pelo facto de sermos capazes de escapar à rigidez das condutas naturais e instintivas, tornamo-nos, também, em seres culturais, sendo por este facto que nós, temos o hábito de nos sentirmos autónomos. Isto porque, sentimos que somos donos e senhores de nós mesmos, o que se deve ao facto de não termos de obedecer à pré-programação animal, isto porque, como já foi estudado anteriormente, o ser Humano tem um programa genético aberto. Assim, este considera-se um ser livre, porque a sociedade colocou ao seu dispor uma grande variedade de actuações, onde pode seleccionar as que julga serem mais adequadas para o seu projecto de vida e a sua forma pessoal de ser. Por outro lado, e com o intuito de alcançar uma vida organizada, os seres humanos agem de forma a criar ordem e sentido na sua vida, isto a partir do conjunto de experiências, o que nos vai permitir afirmar que somos seres auto-organizados. Pois, tendo consciência de si próprio, o homem é capaz de pegar no conjunto de todas as suas vivências e elaborar, à sua maneira, uma síntese que lhe confere individualidade própria. Desta forma, e Auto-organizando-se cada indivíduo constrói, de forma autónoma, a sua identidade, seguindo uma trajectória pessoal. O que faz com que cada um de nós se apresente com uma individualidade genética, funcional e cultural que na sua totalidade faz uma história pessoal única e irrepetível. Conclusão Pois bem, agora, após ter realizado todas as pesquisas acerca das diferentes temáticas abordadas ao longo das aulas de psicologia (no que diz respeito à cultura) posso dar o meu trabalho por terminado. Quanto à matéria em questão, posso salientar que, é devido ao facto de esta estar directamente associado à nossa vida, aos nossos comportamentos e atitudes que esta se torna tão importante. Na medida em que, nos permite reflectir à cerca daquilo que somos e à cerca daquilo que precisamos de ser para nos podermos considerar Humanos. Neste trabalho, e na minha opinião, uma das temáticas mais interessantes é a das crianças selvagens, que nos permite concluir que, efectivamente, necessitamos uns dos outros para sermos civilizados, para poderemos expressar todas as emoções que somos capazes de produzir, de forma a que, não nos tornemos em seres meramente naturais, em seres frios (devido à sua incapacidade de exprimir emoções e de as compreender) como os restantes animais, com os quais estas crianças têm mais proximidade e mais semelhanças. Por outro lado, este trabalho, permite-nos ainda, aprofundar a ideia de que somos seres únicos e que nunca nos iremos repetir na medida em que, cada um de nós vive e interpreta de maneira diferente um conjunto de experiências, que nos vão singularizar (estou então a falar da história pessoal de cada um de nós que, também influência bastante os nossos comportamentos, as nossas ideias e as nossas crenças.) Bibliografia . www.wikipédia.com . www.google.com . www.sapo.pt
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