Trabalhos de Estudantes  

Trabalhos de Psicologia - 12º Ano

 

Ficha do trabalho:

Caracter Específico dos Processos Emocionais

Autores: Anónimo

Escola: [Escola não identificada]

Data de Publicação: 07/04/2013

Resumo: Trabalho sobre caracter específico dos processos emocionais, realizado no âmbito da disciplina de Psicologia (12º ano). Ver Trab. Completo

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Caracter Específico dos Processos Emocionais

Caracter específico dos processos emocionais

Por experiência pessoal, sabes que é possível perceberes se, por exemplo, a tua mãe já teve conhecimento de uma situação menos agradável em que estás envolvido (ex.: receber uma comunicação de faltas), mesmo sem abordar o assunto: as expressões faciais, a entoação da sua voz, a postura do corpo podem denunciar as suas emoções.

Sinais emocionais: (sorriso, expressões faciais, choro, grito) constituem um sistema de comunicação prematura que permite ao bebé levar o adulto a participar na sua sensibilidade e a obter as respostas necessárias ao seu bem-estar e à sua sobrevivência. Por sua vez, o adulto interpreta e responde.

As emoções têm um valor adaptativo, porque são sinalizadoras de determinados estados. O código de comunicação de determinados estados. O código de comunicação que as constitui pode ser menos preciso que o código linguístico, mas a comunicação é mais rápida e poderosa.

Emoção: processo transitório, brusco, desencadeados por uma percepção (externa ou interna) ou representação (real ou imaginária) acompanhado de alterações somáticas (glandulares, musculares, respiratórias e vasomotores). Ou seja, são processos desencadeados por acontecimentos, pessoas, situações, que é objecto de uma avaliação cognitiva nem sempre consciente. A emoção é uma experiência subjectiva que pode ser acompanhada por reacções orgânicas (modificação do ritmo cardíaco), de mímicas, de gestos, movimentos e expressões vocais. Pode traduzir-se por uma tendência para a acção, como por exemplo, a fuga, no caso do medo. As expressões das emoções desencadeiam, junto de quem está presente, reacções que poderão suscitar novas emoções.

omnipresença das emoções em todos os seres humanos, de todas as idades e condições, de todas as culturas. A relação íntima das emoções com os valores, as ideias e os princípios tornam-nas exclusivamente humanas, dando-lhes um sentido que está ausente nos animais. E, por isso, sofremos ou emocionámo-nos com uma canção, com uma cena na rua que acabámos de presenciar. A complexidade das emoções reside precisamente na relação íntima que referimos e também na nossa história de vida, no significado que atribuímos às pessoas, às coisas, aos lugares.

Características das emoções:

. As emoções estão relacionadas com o tempo. Não se pode falar de um desgosto que dure um minuto ou de uma surpresa que dure dois dias. A emoção dura no tempo, tem um princípio e um fim. O tempo é uma das qualidades da emoção.

. As emoções variam de intensidade, o que nos permite distinguir, por exemplo, o receio do medo ou do terror. Certas emoções, vividas com uma forte intensidade, têm um efeito muito grande na nossa vida mental.

. As emoções reflectem-se em alterações corporais através de gestos, movimentos, expressões faciais, mímicas, aceleração do ritmo cardíaco, etc.

. As emoções têm causas e objectos a que se dirigem. Surgem a propósito de um acontecimento, pessoa, situação, recordação ou ideia.

. As emoções caracterizam-se pela sua grande versatilidade, aparecendo e desaparecendo com rapidez.

. As emoções caracterizam-se pela sua polaridade: são positivas (alegria) ou negativas (desgosto, medo). A qualidade positiva ou negativa da emoção varia de intensidade. Uma pessoa pode sentir-se muito feliz ou só um pouco feliz.

. As emoções não são hábitos, no sentido de que não se exprimem como parte de algum ciclo regular. São reacções a experiências específicas.

. A emoção não é determinada pelos fatos, mas pela interpretação dos fatos, um aluno tem mau aproveitamento: se considera que os baixos resultados se devem à injustiça dos professores, sentirá ira, se considera que o seu insucesso é devido à falta de estudo, sentirá culpa

Tipos de emoções:

  • Emoções primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão.

  • Emoções secundárias ou sociais: vergonha, ciúme, culpa ou orgulho.

  • Emoções de fundo: bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.

EMOÇÕES PRIMÁRIAS

São as que aparecem desde muito cedo, na infância (chama por isso às emoções primárias, iniciais). Estas emoções são inatas, úteis para uma reacção rápida quando surgem determinados estímulos do meio: interno ou externo.

EMOÇÕES SECUNDÁRIAS

Foram-se Constituindo Sobre as emoções inicias e seriam as que se experimentam mais tarde. Daí Damásio chamar-lhe emoções adultas. Implicam uma avaliação cognitiva das situações e o recurso a aprendizagens feitas. Neste tipo de emoções estão envolvidas as áreas do córtex pré-frontal.

As emoções acontecem em dois tipos de situações: o primeiro tem lugar quando o organismo processa determinados objectos ou situações através de um dos seus dispositivos sensoriais: por exemplo, quando o organismo estiver a ver um local ou rosto familiar. O segundo tipo de circunstâncias tem lugar quando a mente de um organismo recorda certos objectos e situações e os representa, enquanto imagens, no processo do pensamento: por exemplo, a recordação do rosto de uma amiga.

Quando falamos de afetos falamos de relação. A relação implica sempre uma troca, em que se dá e se recebe, o que envolve sempre uma modificação nos elementos envolvidos. Podemos dizer que, nas relações que estabelecemos, somos afectados pelos outros e afetamo-los.

. Os afetos que se estabelecem constroem a matriz da nossa vida pessoal.

. Os afetos exprimem-se através das emoções, sendo organizados pelas experiências emocionais que se repetem. Os afetos, que podem exprimir-se pelo amor mas também pelo ódio, são vividos intensamente sob a forma de emoções. Construídos ao longo do tempo, remetemo-nos, portanto para o passado, estruturam a nossa vida mental. Diferentemente, a emoção concretiza-se no presente, manifestando-se por todo um conjunto de modificações fisiológicas.

. As emoções são experimentadas como um estado intenso, mais momentâneas do que prolongadas.

. Os sentimentos são estados voltados para o nosso interior, são privados, enquanto que as emoções são dirigidas para o exterior, são públicas, tendo assim, uma dimensão comunicacional. Por isso, eu posso observar e interpretar as emoções e não posso observar os sentimentos.

. Um outro aspecto distintivo das emoções e dos sentimentos é que, enquanto as emoções caracterizam por uma grande intensidade e uma duração breve, os sentimentos prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão. Nas emoções, reconhecemos o elemento que as desencadeou, enquanto os sentimentos não se associam a uma causa imediata.

. Não é próprio aos sentimentos termos consciência dele. Muitas vezes damo-nos conta que estamos preocupados ou ansiosos. Ora, o estado de preocupação ou de ansiedade não se iniciou só a partir do momento em que tomamos consciência deles. Por isso, Damásio considera três fases:

1. O estado de emoção – a emoção pode ser desencadeada e experimentada de forma inconsciente.

2. O estado de sentimento – pode ser representado de forma não consciente.

3. O estado de sentimento tornado consciente – conhecido pelo organismo que experimenta a emoção e o sentimento.

 

Não obstante ao fato de a aprendizagem e a cultura alterarem a expressão das emoções e revestirem-nos de novos significados, as emoções são processos biologicamente determinados, dependentes de dispositivos cerebrais estabelecidos de forma inata e regimentados por uma longa história evolucionária.

As emoções fazem-se acompanhar de um conjunto de reacções corporais ou fisiológicas:

. Aceleração do ritmo cardíaco;

. Respiração ofegante;

. Modificação da cor do rosto (rubor ou palidez);

. Dilatação pupilar;

. Tremuras vasculares;

. Decrescimento de secreção salivar;

. Aumento da pressão arterial;

. Estimulação das glândulas endócrinas.

Emoções

. Reacções publicamente observáveis;

. Transitárias (acontecem de repente, bruscamente);

. Duração relativamente limitada.

Sentimentos

. Experiências mentais privadas;

. Duradouras;

. Acompanham-nos ao longo do tempo.

Componentes das emoções

1. Componente cognitiva: diz respeito ao conhecimento do fato, à presença da cena que causa a emoção.

2. Componente avaliativa: avalia a situação consoante os seus interesses, valores e objectivos.

3. Componente fisiológica: refere-se às manifestações orgânicas das emoções.

4. Componente expressiva: tem uma função social importante, porque é uma forma de comunicação através das expressões faciais

5. Componente comportamental: o estado emocional pode desencadear um conjunto de comportamentos que vão desde a crítica verbal, com as suas múltiplas variantes, até à agressão.

6. Componente subjectiva: é o estado afectivo associado à emoção.

PRESPETIVA EVOLUTIVA

Charles Darwin desenvolveu um conjunto de investigações sobre as emoções, porque considerava que tinha uma relação muito estreita com a evolução das espécies. Por isso, procurou traços comuns na expressão das emoções entre as pessoas e os animais.

Darwin distingue seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo. Descreve, para cada uma destas emoções, as suas manifestações fisiológicas: a postura corporal, as expressões faciais, os movimentos, etc. um indivíduo encolerizado comunica através do tom de voz, da mímica facial, da tensão muscular e dos movimentos, que está preparado para a agressão. Todas as manifestações corporais, no caso, têm um valor comunicacional para os que estão presentes, que podem evitar uma situação de confronto. Darwin considera que as emoções desemprenharam um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinantes na nossa capacidade de sobrevivência.

Paul Ekman desenvolveu uma investigação com o objetivo de defender a sua tese: indivíduos de culturas distintas sentiriam diferentes emoções. Ele concluiu que há emoções que são universais, independentemente dos processos de aprendizagem e da cultura onde se observam. Confirmava-se, assim a tese de Darwin. Afirma, no entanto, que existiriam semelhanças transculturais na produção de expressões específicas de uma dada emoção.

Ekman conclui que as expressões faciais de medo, ira, nojo, espanto, tristeza e alegria, são reconhecidos por pessoas pertencentes a culturas de todo o mundo.

Ekman ao enfatizar a universalidade de alguns processos emocionais não rejeita, contudo, o papel da aprendizagem e da cultura. Assim, para Ekman, embora as emoções primárias pareçam ser expressas da mesma maneira em diferentes contextos, a verdade é que as “regras de expressão” definem em cada cultura, quem pode revelar uma determinada emoção, a quem, quando, como e com que intensidade.

Assim:

. As emoções têm por base dispositivos bio regulares inatos e estes mecanismos fazem parte da história evolutiva da nossa espécie.

. A expressão de emoção traduz, em cada indivíduo e em cada cultura, a interacção entre factores biologicamente programados e factores socioculturais aprendidos.

Ekman acrescentou às emoções primárias de Darwin: excitação, culpabilidade, contentamento, embaraço, satisfação, orgulho, prazer sensorial, desprezo, vergonha e divertimento.

Existe, portanto, um património comum ao nível das emoções e da sua expressão facial.

PERSPETIVA FISIOLÓGICA

. As emoções resultam dos estados fisiológicos desencadeados por estímulos ou situações ambientais. Uma pessoa sente medo, porque o seu corpo respondeu com determinadas reacções fisiológicas a uma situação.

. As emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos particulares.

. Assim, o estado de consciência da raiva, alegria, etc, mais não é do que a consciência das manifestações fisiológicas. Os estímulos produzem alterações orgânicas que por sua vez, geram emoções.

. Esta tese é de William James. Na opinião deste investigador, se retirarmos do comportamento que acompanha uma emoção forte, uma a uma, as componentes fisiológicas, no fim na resta de emoção. Ficamos apenas com uma perceção cognitiva e não com uma emoção.

. As alterações orgânicas são a consequência dos nossos estados emocionais.

. Os estados emocionais resultam de estados fisiológicos desencadeados por estímulos ambientais. Não choramos porque estamos tristes, mas ficamos tristes choramos.

. Uma pessoa sente medo, porque o seu corpo respondeu com determinadas reacções fisiológicas a uma situação.

. A perceção do estado de nosso próprio corpo, são simplesmente aquilo que experimentamos quando esse estado se altera devido a acontecimentos do meio ambiente.

. Logo, existe uma relação entre o corpo e a mente, que se influenciam mutuamente: a mente influencia o corpo, mas o corpo também influencia.

PERSPETIVA COGNITIVISTA

A perspetiva cognitivista defende que existe uma relação entre o que pensamos e o que sentimos e entre os nossos processos cognitivos e as emoções. Para os defensores desta conceção, as nossas cognições (percepções, recordações, aprendizagens) são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções. Seriam factores da ordem cognitiva que explicariam os estados emocionais: é o modo como eu encaro uma situação, como a interpreto, que causa a emoção, e não a situação ou o acontecimento propriamente ditos.

A emoção é determinada pelo modo como representamos a situação e pela avaliação pessoal que lhe atribuímos. Por isso, não é o comportamento da pessoa em si que provoca determinado sentimento, mas o modo como o interpretamos.

A interpretação depende:

. Quadros cognitivos,

. História pessoal,

. Contexto de vida.

Exemplo: se está em cada e a porta começa a ranger devido a fortes rajadas de vento, pode ficar amedrontado se percepcionar essa situação como sinal de que um ladrão está a querer assaltar a sua casa.

PERSPETIVA CULTURALISTA

. As emoções são comportamentos aprendidos no decorrer do processo de socialização.

. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferenciadas formas de as exprimir.

. Estas expressões variam no tempo e no espaço.

. As emoções são construções sociais, adquiridas mediante a socialização, razão pela qual dependem e variam consoante o tempo e o espaço.

. Há diversidade cultural corresponde diversidade de emoções e daí respectivas expressões.

Exemplo: Em determinadas culturas, aceita-se como natural que os homens se cumprimentem com um abraço ou um beijo, noutras, este comportamento é inaceitável. Ou o fato de ser sinal de fraqueza numa sociedade o homem chorar, daí os homens não chorarem para não mostrarem a sua fraqueza.

Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especificam o tipo de emoções que se podem manifestar nas diferentes situações, e os comportamentos adequados para exprimir as diferentes emoções.

Exemplo: Um desgosto profundo pode ser sentido de forma idêntica por um japonês, um português ou um indiano, mas o modo de o exprimir é diferentes. Dizemos por isso que existe uma linguagem de emoção reconhecida por todos aqueles que pertencem à mesma cultura.

A RAZÃO E A EMOÇÃO

Damásio através das suas pesquisas concluiu que diferentemente do que pensamos, as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão, estão envolvidas designadamente nos processos de decisão.

Quando temos de tomar uma decisão:

. Ter conhecimento da situação sobre a qual se tem de decidir;

. Conhecer as diferentes opções de acção;

. Conhecer as consequências de cada opção no presente e no futuro.

Damásio considera que a selecção das melhores opções não é necessariamente produzida através do raciocínio. Omite-se a existência de um mecanismo que cria um reportório que orienta as diferentes opções para a selecção. Durante muito tempo, considerou-se que, que para se tomar uma decisão, a melhor decisão, as emoções teriam de ficar de fora, porque só poderiam prejudicar a escolha da melhor opção. Damásio chama a atenção para o fato de que a análise de todas as possibilidades e as respectivas consequências lógicas inviabilizariam qualquer decisão. A análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e desvantagens.

De notar que Damásio não defende que a emoção substitua a razão. Reconhece até que, em muitas circunstâncias, perturbados pelas emoções, somos levados a fazer opções erradas. Refere antes que, “ a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”.

Para Damásio, a tomada de decisão seria suportada por duas vias complementares funcionando paralelamente:

1. A representação das consequências de uma opção é disponibilizada pelo raciocínio; avalização da situação, levantamento das opções possíveis, comparações lógicas, etc.

2. A percepção da situação provoca, ao mesmo tempo, a activação de experiências emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes.

MARCADOR SOMÁTICO

Marcador somático: mecanismo automatizado que suporta as nossas decisões.

Este mecanismo aumenta a precisão e a eficiência dos nossos processos de decisão. Os sinais automáticos que desencadeiam protegem-nos imediatamente da repetição de prejuízos anteriores ou recordam-nos benefícios passados. Esta são as vantagens.

Por mais simples que a decisão seja, existe sempre uma emoção associada à escolha feita: o córtex cerebral apoia-se nas emoções para decidir. Sem emoção ficaríamos impossibilitados de fazer as escolhas mais simples.

É nas áreas pré-frontais que se faz a associação entre uma situação complexa (os elementos que a compõem) e o estado emocional associado a esse tipo de situações, vivido em experiências pessoais anteriores. Estabelece-se assim, uma ligação entre o tipo de situação e o estado somático, isto é, o estado do corpo. As manifestações corporais associadas simulariam as consequências esperadas orientando as escolhas.

Quando ocorre a necessidade de decidir, um processo é aberto: o estado somático pode então actuar como um sinal de alarme (perigo) e levar à rejeição de uma opção, ou como um sinal de incentivo, atracção (recompensa) e levar à sua adopção. Os marcadores somáticos informam o córtex sobre as decisões a tomar. O nosso pensamento tem necessidade das emoções para ser eficaz.


 

 

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