Introdução
As doenças hepáticas são
causas muito comuns de morbilidade e de mortalidade;
A integridade hepática é
fundamental para o aproveitamento de nutrientes.
Qualquer distúrbio neste
órgão possui um impacto sobre o estado nutricional.
Os danos provocados no
fígado compreendem três formas principais: fígado gordo, hepatite
alcoólica e cirrose;
Um diagnóstico de doença
hepática pode realizar-se com precisão através de um historial clínico
cuidadoso, da realização de exames físicos e da aplicação de testes
laboratoriais, num ambiente de cuidados de saúde primários.
Doenças hepáticas
graves
|
Ingestão dietética
inadequada;
Alterações dos indicadores
antropométricos, bioquímicos e clínicos;
|
Evidenciam
comprometimento nutricional importante
Esteatose Hepática
.
Acumulação de gordura nas
células do fígado;
. Ingestão de quantidades
de gordura na dieta em excesso que o organismo não consegue processar;
. Fígado gordo quando a
gordura corresponde a 5-10% da massa do fígado;
. Pode ser uma situação
muito simples, que não causa lesão do fígado, ou pode evoluir para
inflamação e lesão do tecido deste órgão. Estas formas mais graves podem
evoluir para cirrose, com lesão permanente do fígado.
. Pode manifestar-se em
pessoas sem consumo alcoólico, designando-se nesse caso por fígado gordo
não alcoólico.
Sinais e sintomas
.
Enjoo;
. Vómito;
. Dor e Inchaço Abdominal;
. Pele e olhos amarelados.
Estes sintomas só se
tornam evidentes quando a doença se encontra avançada e há um
comprometimento mais sério do fígado, pois na esteatose hepática inicial
a doença é assintomática.
Insuficiência hepato-crónica
.
Falência global do fígado
provocada por vários agentes etiológicos como uso de etanol, infeção
viral, acumulação de gordura citoplasmática ou doença auto-imune;
. Ocorre quando a redução
da capacidade funcional do fígado ultrapassa 80%.
. O transplante do fígado
é frequentemente indicado, com possibilidade de boa evolução em 94% dos
pacientes;
. A insuficiência hepática
está associada com o maior risco para desenvolvimento de encefalopatia
hepática – síndrome neurosiquiátrica.
Sintomas
. Anorexia, náuseas,
vómitos e desconforto no quadrante abdominal;
. Hipoglicemia, acidose
lática, coagulopatia e insuficiência renal;
. Hemorragia
gastrointestinal;
. Casos graves:
insuficiência hepática fulminante (desenvolvimento de encefalopatia).
Doença hepática gordurosa
não-alcoólica
. É uma inflamação
gordurosa do fígado quando esta não é causada por consumo excessivo de
álcool;
. Embora se associe com
maior frequência à obesidade, diabetes mellitus e dislipidemia, pode
também ter como fatores de risco produtos químicos, medicamentos e
anabolizantes;
. Permite denominar
normalidades hepáticas relacionadas com a infiltração de lípidos no
citoplasma dos hepatócitos de pacientes com consumo < a 20g de
etanol/dia;
. Esteatose hepática
benigna, esteatohepatite não-alcoólica ou NASH, com necrose e
regeneração nodular.
Cirrose
. Surge devido ao processo
crónico e inflamações (hepatites), fibrose e ocorre a formação de
nódulos;
. Considerada uma doença
terminal do fígado para onde convergem doenças diferentes, levando a
complicações decorrentes das células, da alteração da sua estrutura e do
processo inflamatório crónico;
. Doença de alcoólatras.
Sintomas
. No início não existe
praticamente nenhum sintoma, o que a torna de difícil diagnóstico
precoce, pois a parte ainda saudável do fígado consegue compensar as
funções da parte lesada durante muito tempo.
. Numa fase mais avançada
pode surgir icterícia, edema, coagulopatia, hipertensão portal, ascite e
encefalopatia hepática.
. É o resultado final de
agressões ao fígado, sendo caracterizada pela substituição do tecido
hepático normal por nódulos e tecido fibroso.
Carcinoma hepatocelular
. São os tumores primários
do fígado mais comuns, altamente malignos e de crescimento mais
invasivo;
. Quando diagnosticados já
são, geralmente, irreversíveis;
. Mais comum nos homens do
que nas mulheres.
. Surge, normalmente, num
fígado já com cirrose;
. A cirrose hepática é o
principal fator de risco para o aparecimento do carcinoma hepatocelular
Avaliação Nutricional – doença
hepática crónica
A obtenção de medidas
antropométricas adequadas e dosagens bioquímicas específicas é
importante para garantir um diagnóstico que reflita o estado nutricional
do paciente.
Uma terapia nutricional
eficaz proporciona um aumento da qualidade de vida e diminui a
morbilidade na doença.
Nestes casos, a
desnutrição é muito comum, causando transtornos graves na função do
fígado, como diminuição na síntese de albumina, dos fatores de
coagulação, da gluconeogénese, da metabolização de medicamentos e
diminuição da produção de ácidos biliares.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL - CIRROSE
. A avaliação do edema é
extremamente necessária para desmascarar possíveis falhas na
interpretação do Índice de Massa Corporal - IMC (Peso/Altura²).
Na presença de edema
significativo, deverá analisar-se a anasarca ou ascite
Avaliação nutricional -
Encefalopatia hepática
. O paciente pode
demonstrar-se agressivo e/ou confuso e não consegue relatar a sua
ingestão alimentar diária. O acompanhante deverá ser consultado sobre os
hábitos atuais de alimentação;
. Deverão apresentar
certos cuidados nutricionais (hábito intestinal) pois estes apresentam
trânsito inestinal mais longo do que os pacientes cirróticos sem
encefalopatia, apresendo estes, um trânsito intestinal parecidos com
indivíduos saudáveis;
. A terapia nutricional
deverá ser discutida com a equipa médica sempre que alguma restrição
dietética ou inclusão de suplemento for realizada segundo as
recomendações para a doença hepática em cada caso.
Consequências nutricionais
das alterações metabólicas dos macronutrientes na doença hepática
crónica
. Redução da ingestão
dietética, má absorção intestinal de gorduras, hipermetabolismo,
hipoglicemia, resistência insulínica, esteatose e hipertrigliceridémia,
consequências neurológicas.
. Relativamente ao
metabolismo proteico, com exceção da albumina, todas as proteínas
transportadores de origem hepática sofrem alteração nos micronutrientes.
. Relativamente ao
metabolismo energético, podem surgir deficiências em zinco e magnésio,
provocando ageusia (falta de paladar), ação hipotalâmica dos níveis
elevados de serotonina e um aumento das citocinas, particularmente do
fator de necrose tumoral (FNT) e interleucina 1 (IL-1).
Terapia nutricional
Evitar consumo de álcool
Manter ou recuperar o peso
adequado
Ter uma alimentação
saudável, equilibrada e variável
Prebióticos, probióticos e
simbióticos são indicados na prevenção e no tratamento da encefalopatia
hepática
Evitar refeições de alta
densidade energética
Suplementos de ácidos
gordos ómega-3
Consumo frequente de
suplementos vitamínicos e de minerais
Conclusão
É fundamental ter em conta
alguns cuidados, como evitar o consumo de álcool, ter uma alimentação
saudável, equilibrada e variada, evitando refeições de alta densidade
energética.
A partir do momento em que
apareçam doenças, é imprescindível o controlo médico, para prevenir que
a situação se agrave a um ponto irreversível ou com poucas
probabilidades de se reverter, como no caso da cirrose ou de carcinomas
hepatocelulares, e o controlo nutricional.
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