Início » Trab. Ens. Superior » Ciências da Educação » Educação Básica

Trabalhos de Estudantes do Ensino Superior

Trabalhos de Educ. Básica (Educação)

 

Grafismo Infantil

Autores: Ana Damas

Instituição: Escola Superior de Educação de Coimbra

Data de Publicação: 07/03/2010

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre o grafismo infantil com apresentação das diversas etapas e com exemplos de desenhos em diferentes idades.

Ver Trabalho Completo

Comentar este trabalho / Ler outros comentários

Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.

 

 

 

Grafismo Infantil

Introdução

O grafismo infantil não é um conjunto de rabiscos, ou desenhos desprovidos de significados, mas sim uma representação simbólica que a criança manifesta da sua visão do mundo enquanto inserida num determinado contexto sócio-cultural e num determinado nível de desenvolvimento.

A criança associa ao prazer do gesto, o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Através do desenho ela cria e recria individualmente formas expressivas, juntando a percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade.

A criança ao desenhar, passa por diferentes estádios (etapas) que definem formas de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.

Etapas

De 1 aos 3 anos

É a idade das famosas garatujas: simples riscos (movimentos rítmicos de ir e vir), ainda desprovidos de controlo motor. A criança ignora os limites do papel e mexe todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. Ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que a sua acção produziu. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.

De 3 a 4 anos

Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.

De 4 a 5 anos

É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-heróis, veículos e animais, varia no uso das cores, buscando um certo realismo. Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha. Aparece ainda a tendência à antropomorfização, ou seja, a emprestar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca. Esta tendência deve se estender até 7 ou 8 anos.

De 5 a 6 anos

Os desenhos baseiam-se sempre em roteiros com princípio, meio e fim. As figuras humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as cores. Os temas variam e o facto de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo. Nesta idade surge também a tendência para a antropomorfização, ou seja, dar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca (esta tendência prolonga-se até aos 7 ou 8 anos).

De 7 a 8 anos

O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou seja, os desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância. Extremamente exigentes, muitas deixam de desenhar, quando acham que seus trabalhos não ficam bonitos.

De 9 a 13 anos

A linha de base e do horizonte encontram-se cobrindo o espaço em branco que existia na fase anterior, tendência para as linhas realistas. A linha de base exprime: base, terreno, os objectos são desenhados perpendiculares a esta linha. A linha do horizonte exprime o céu. Maior rigidez resultante da atitude egocêntrica e da ênfase sobre detalhes como roupas, cabelos, etc. Diferença acentuada entre meninas e meninos, maior consciência do eu em relação ao sexo. Idade do bando, meninos junto de meninos e meninas junto de meninas. Aproximação realista inconsciente, tendência a disposição visual ou não visual, amor a acção e a dramatização. Introdução das articulações na figura humana, atenção visual às mudanças de movimento introduzidas através do movimento ou da atmosfera. Espaço tridimensional expresso pelas proporções diminuídas dos objectos distantes.

Os Quatro estágios de Luquet

1 - Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar linhas sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objecto e passa a nomear seu desenho.

2 - Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade forma-objecto, a criança procura reproduzir esta forma.

3 - Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo facto de a criança desenhar do objecto, não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista (perspectivas).

4 - Realismo visual: Acontece geralmente por volta dos 12 anos e é marcado pela descoberta da perspectiva e a submissão ás suas leis, daí um empobrecimento progressivo do grafismo que tende a juntar-se ás produções adultas.

Análise segundo Piaget:

1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório-motora (0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer de maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em:

• Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Em relação à expressão, vemos a imitação "eu imito, porém não represento".

• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas.

Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento sozinho". O símbolo já existe. Identificada: mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias.

2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente. A figura humana, torna-se a procura de um conceito que depende do seu conhecimento activo, inicia a mudança de símbolos. Quanto à utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional.

3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos). Esquemas representativos, afirmação de si próprio mediante repetição flexível do esquema. O primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações quanto a cor, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico colectivo ou jogo dramático e a regra.

4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase. Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano e a sobreposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor.

5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstractas (10 anos em diante) É o fim da arte como actividade espontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. No espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjectivo). Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também fazem parte deste período. Há uma maior consciencialização no uso da cor, podendo ser objectiva ou subjectiva. A expressão aparece como: "eu represento e você vê" Aqui estão presentes o exercício, símbolo e a regra.

Estes estágios definem maneiras de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade. Esta maneira de desenhar própria de cada idade varia muito pouco de cultura para cultura.

Desenhos de crianças

 

5 anos

As crianças nesta faixa etária começam a vincular os seus desenhos com o mundo exterior, começando a desenhar pessoas e coisas. Outro aspecto importante que se evidencia é a questão da proporção, a criança desenha de acordo com a sua percepção e não com o tamanho real das coisas. Neste desenho, por exemplo, temos a desproporção da cabeça em relação ao corpo, sobretudo quando comparado com o tamanho do tronco e dos braços. A criança começa a representar coisas da sua realidade e a exprimir a sua fantasia. A figura humana já aparece vestida o que não acontecia anteriormente e a criança começa a dar importância a detalhes como as cores.

 
7 anos

Neste desenho ainda está presente a chamada antropomorfização, neste caso representado na humanização do sol com olhos e um sorriso. Nesta fase a criança desenha os objectos como se fossem transparentes, para impedir que se ocultem os detalhes, como vemos pelas pernas do homem dentro do barco. A criança começa a ter também a noção de perspectiva, neste caso demonstrada impressão de profundidade que neste desenho está representado pelo mar com os peixes e o polvo. Começa a surgir o conceito de espaço com a linha de base a representar (neste caso) o mar e a linha do horizonte a exprimir o céu. O espaço entre o céu e a terra está preenchido. A criança nesta idade ainda continua a desenhar sem proporções e certas figuras representam os seus focos de interesse.

 

9 anos

Este desenho mostra-nos uma tendência para as linhas realísticas, havendo uma linha de base e linha do horizonte, que se encontram, cobrindo o espaço em branco que existia na fase anterior.

Conclusão

Podemos então concluir que o desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os símbolos. Essa passagem é possível graças às interacções da criança com o acto de desenhar e com desenhos de outras pessoas. No início, a criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo. No decorrer da simbolização, a criança incorpora progressivamente regras ou códigos de representação das imagens, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para imprimir o que vê. É assim que, através do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos.

 

 

Outros Trabalhos Relacionados

Ainda não existem outros trabalhos relacionados

Início » Trab. Ens. Superior » Ciências da Educação » Educação Básica