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O Poder das Emoções Autores: Rosinda Flores, Liliana Sousa e Joana Plantier Instituição: Instituto Politécnico de Santarém Data de Publicação: 19/07/2009 Resumo do Trabalho: Resenha de uma obra que se apresenta como revolucionária e tão polémica: Inteligência emocional de Daniel Goleman. Comentar este trabalho / Ler outros comentários Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.
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Resenha académica
o poder das emoções Inteligência emocional de daniel Goleman
Introdução Realizar a resenha de uma obra que se apresenta como revolucionária e tão polémica não é uma tarefa simples, a Inteligência emocional de Daniel Goleman é a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Falar de inteligência emocional implica debater um dos mitos mais importantes e mais controversos da Psicologia: a inexistência de uma correlação positiva entre o quociente de inteligência (QI) e os resultados escolares ditando assim que o factor genética pouco tem a ver com o sucesso. Este, depende cada vez mais de outros factores além da inteligência e espírito de trabalho. As relações interpessoais, a capacidade de trabalho em grupo, a capacidade de ouvir e de se colocar na posição de outros, a capacidade de ouvir a nossa consciência tornaram-se fundamentais num mundo cada vez mais ligado por redes e em que cada vez mais o trabalho é tarefa de uma equipa. Para ter sucesso, além de inteligência "intelectual" é necessário ter também inteligência emocional.
Daniel Goleman é o autor de Inteligência Emocional, livro que se tornou um enorme êxito editorial em todo o mundo e que mudou o conceito de inteligência. Mostrou que a inteligência emocional (IE) pode ser mais importante para a vida das pessoas do que a inteligência cognitiva, a qual é medida pelo QI. A obra é publicada desde 1995 pela Editora Temas e Debates com o ISBN: 9789727590636 e são 372 páginas de emocionantes exemplos e surpreendentes revelações sobre o poder das emoções.
Daniel Goleman é doutorado em Psicologia pela Universidade de Harvard, onde também foi professor e viajou como bolseiro pela Índia durante dois anos onde estudou o Budismo e outros sistemas espirituais de psicologia. É ainda presidente do Emotional Intelligence Services, Editor da revista Psychology Today e jornalista responsável por ciências comportamentais e saúde para o New York Times, onde foi nomeado duas vezes para o prémio Pulitzer, mas nunca chegou a ganhar. É autor de diversas obras sobre a conexão entre os estados psicológicos e a saúde, entre os quais Inteligência Emocional (1996), Trabalhar com Inteligência Emocional (1998) e A Mente Meditativa (1998). Outras obras de Goleman: . Quente de Ajuda: Quando empatia pode mover-nos a acção? (2008). . Inteligência Social: A Nova Ciência das relações sociais (2006) . Destrutiva Emoções: Um diálogo científico com o Dalai Lama (2003) . Que Faz um Líder? (1998) . Conversas com o Dalai Lama sobre mindfulness, Emoções e Saúde (1997) . Verdades simples: A Psicologia do Self Deception (1985)
É uma obra que redefine o significado de "ser inteligente" e que aponta como verdadeira medida da inteligência, não o clássico QI (Quociente de Inteligência), mas o emergente QE (Quociente Emocional). Vem dar uma nova visão sobre as questões das emoções e o seu papel no comportamento humano. Mas O que é a emoção? Que características definem a mente emocional? Quais os circuitos neuronais do medo? Estas são algumas das questões às quais o autor responde nesta obra. Utilizando inovadoras pesquisas cerebrais e comportamentais, Goleman, mostra porque pessoas de QI alto fracassam e outras, cujo quociente é mais modesto, apresentam uma vida de sucesso. O livro de Goleman derruba o mito de que a inteligência seria determinada pela genética. Para o cientista, a inteligência está ligada à forma como negociamos as nossas emoções. A inteligência emocional seria a capacidade de auto consciência, controle de impulsos, persistência, empatia e habilidade social. A tese de Goleman está baseada numa síntese original, feita a partir de pesquisas e recentes descobertas sobre o funcionamento do cérebro. Ele mostra como a inteligência emocional pode ser alimentada e fortalecida em todos nós, principalmente na infância, período no qual toda a estrutura neurológica ainda se encontra em formação. A obra provocou polémica quando foi lançado nos Estados Unidos, foi inclusive capa da revista Times, e rapidamente alcançou a lista dos mais vendidos.
A obra está organizada em cinco partes: O Cérebro Emocional, A Natureza da Inteligência Emocional, Inteligência Emocional Aplicada, Janelas de Oportunidade e Literacia Emocional. Cada uma destas partes é composta por capítulos e estes por sua vez, estão divididos em pequenas histórias comentadas e fundamentadas cientificamente. De uma forma resumida, diria que cada parte aborda: Parte 1: temas relacionados com a descrição do cérebro emocional e da sua evolução, o lugar e a importância das emoções e suas relações com o pensamento e com a razão. Parte 2: as consequências destas relações, o significado e a contribuição da inteligência emocional e o controle das emoções. Parte 3: as influências das heranças, sentimentos positivos e negativos; como amenizar as consequências e agir diante destas influências, os contextos em que a inteligência emocional poderia funcionar eficientemente. Parte 4:o que é necessário aprender para a formação de seres emocionalmente inteligentes, o que influi para a eficiência ou ineficiência emocional, como reverter os traumas e aprendizagens emocionais inadequadas. Parte 5: o autor procura demonstrar as consequências das deficiências emocionais no quotidiano e na humanidade, as aptidões e talentos emocionais como solução para os problemas, a importância de e como alfabetizar emocionalmente, centrando a instituição escolar como cenário apropriado para essa alfabetização.
As emoções nos homens primitivos eram uma maneira de defesa, usada em situações onde o importante era manter se vivo. Assim, as emoções eram utilizadas para fazer o corpo agir rápido. O autor relaciona alguns movimentos do corpo com as emoções, por exemplo: na surpresa, o erguer de sobrancelhas proporciona mais luz para a retina e uma varredura visual mais ampla; no medo, a face fica pálida, porque o corpo proporciona mais sangue para as pernas correrem; etc. O autor refere ainda que as emoções (o nosso cérebro que sente) exercem enorme influência sobre a nossa razão (o nosso cérebro pensante). Segundo Daniel Goleman, existe uma ramificação no cérebro que permite que as reacções cheguem à amígdala antes de passarem pelo cérebro pensante. Isto é, permite uma reacção mais rápida, porém, impensada. Depois que o facto ocorre é que uma conclusão mais lógica é gerada. De acordo com pesquisas, num rato de laboratório, a rota mais curta (que não passa pelo cérebro pensante), leva cerca de 12 milissegundos para chegar à amígdala (que vai gerar uma reacção). A rota que passa pelo cérebro pensante leva pelo menos 2 vezes este tempo. As duas rotas são percorridas, mas a reacção impensada ocorre antes. A isso Daniel Goleman chama de Sequestro Emocional. A Inteligência Emocional, como qualificou Daniel Goleman, é a capacidade de lidar com as próprias emoções e com as emoções dos outros e a partir disso contribuir de forma essencial para o seu desenvolvimento humano e da inteligência. Trazendo este conceito para o ambiente profissional, entende-se que pessoas com um alto grau de inteligência emocional estão mais bem preparadas para enfrentar as dificuldades do mundo corporativo. “É muito comum vermos pessoas brilhantes do ponto de vista técnico e do conhecimento na sua área, mas que por dificuldades de expressão, de relacionamento com os colegas, com o chefe, com os próprios clientes, acabam por estagnar em termos de carreira. Para o autor o sucesso na vida é o resultado de 20% de QI e 80% de QE. Existem várias inteligências sendo que para o autor, a inteligência interpessoal e intrapessoal são das mais importantes para vivermos em harmonia. A primeira diz respeito à capacidade de compreender os outros, e a segunda a de compreender se a si mesmo: "É uma capacidade de formar um modelo preciso, verídico, de si mesmo e poder usá-lo para agir eficazmente na vida." Pesquisas revelam que 87% das demissões estão relacionadas com a falta de competências emocionais, ou seja, com um baixo nível de Inteligência Emocional dos profissionais De acordo com o autor ser inteligente emocionalmente envolve um conjunto de atributos como autoconhecimento, auto motivação, auto controlo, empatia, sociabilidade, flexibilidade, assertividade entre outros. Goleman categoriza as pessoas em três grupos na forma de lidar com as emoções: as auto conscientes, as mergulhadas (imersas em suas emoções e incapazes de fugir delas) e as resignadas (vêem seus estados de espírito, reconhecem, mas não tentam mudar). O autor define ainda a Alexitimia: incapacidade de expressar sentimentos (não de senti-los). Quando estão ansiosos queixam-se de suores, mãos trémulas, mas não de ansiedade. Suspeita-se de falta de conexão cerebral. Canalizar emoções, controlar impulsos e persistir diante de frustrações são elementos que também fazem parte das competências da inteligência emocional. A raiva é resultado do instinto animal que nos acompanha desde os primórdios. É um reflexo de lutar ou fugir que o cérebro activa quando se sente ameaçado. Esta ameaça pode ser, por exemplo, uma ameaça à auto-estima ou à dignidade (uma provocação, por exemplo). Para lidar as emoções como a raiva, a ansiedade, a depressão, a impulsividade é necessário, primeiramente, auto consciência para reconhecer os sentimentos e distrair a mente para que esses mesmos sentimentos sejam controlados. Pesquisas efectuadas mostram a influência que o estado de espírito tem nas nossas actividades diárias, já que estes são contagiosos. Os traumas emocionais são distúrbios cerebrais causados por situações sofridas. Qualquer lembrança do facto, por menor que seja, gera a sensação de que a situação causadora do mesmo vai ocorrer novamente e não há nada que possa impedir isto. Uma das maneiras de tratar o problema, é reviver a situação num momento que a pessoa se sinta segura. A esperança e o optimismo são sentimentos importantes para se refazer de derrotas emocionais. A Inteligência Emocional não é uma característica que nasce com a pessoa. Cabe aos indivíduos, por meio de persistência e esforço, desenvolver essas habilidades. “Tais atributos não são natos, são adquiridos e frutos da aprendizagem social, assim sendo, podemos desenvolvê-los de diferentes formas”, aconselha Denize. Os factores que compõem a Inteligência Emocional aliados ao conhecimento técnico fazem do indivíduo, um profissional completo. Nunca é tarde para desenvolver essas competências, não só na área profissional como nos outros sectores da vida. De acordo com Goleman, a crise que a humanidade vive hoje, com aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa.
Quando pegamos na obra, temos ideia de que se trata de mais um livro, como a maioria dos livros de psicologia, bastante técnico. No entanto “... Goleman traduz as mais recentes descobertas neurológicas para o público leigo”. Utiliza uma linguagem que quase que diremos de “linguagem emocional” cuja pretensão é atingir o coração do leitor e que favorece sem dúvida alguma a sua leitura. Os capítulos, na grande maioria das vezes, são introduzidos com uma pequena história verídica quase sempre chocante. O conteúdo destas histórias é extremamente didáctico e é dissecado, exposto e comentado cientificamente ao longo do capítulo, no sentido de responder a perguntas e dar conselhos ou “receitas a aplicar”. Porém são estas explicações demasiado científicas que por vezes se tornam complexas e nos fazem perder o fio à meada. Em determinados momentos, estas explicações tornam se quase que contraditórias que é difícil perceber o que o autor pretende realmente dizer. Sentimos essa dificuldade, por exemplo quando o autor fala de conceitos centrais como Emoção e Inteligência, pois umas vezes refere que “As nossa duas mentes… a que raciocina e a que sente…” (página. 30). Noutras, critica tal separação: “Isso subverte a antiga concepção de antagonismo entre razão e sentimento...”. Se considerarmos o público-alvo (“leigos”), Goleman mostrou-se pouco atento para afirmações que pudessem favorecer estereótipos e/ou preconceitos “…as meninas se tornam mais capazes do que os meninos de cometer vingançazinhas dissimuladas”; “...homens e mulheres têm de superar as diferenças de sexo inatas”. Um outro exemplo refere-se à descrição de um estudo com ratos “ricos” e “pobres”, “Experiências semelhantes com macacos mostram essas diferenças entre ‘ricos’ e ‘pobres’, e com certeza o mesmo efeito se dá nos seres humanos.” “A diferença era tão grande que os cérebros dos ratos ricos eram mais pesados...”. A “Inteligência Emocional” apresenta-se, segundo Goleman, como um remédio ao grande mal-estar instalado nas sociedades: “Acredito que o único remédio capaz de debelar esses sintomas de doença social seja uma nova forma de interagirmos no mundo - com a inteligência emocional.”; “... e ela não serve apenas como um antídoto, ...”. Do prefácio ao final do livro, o autor ocupa-se em demonstrar que este é o “remédio para o caos”, citando as inúmeras vantagens da competência emocional. Desta maneira, coloca-o como imprescindível como disciplina obrigatória nas escolas. O certo é que algumas escolas privadas, como é o caso do Colégio Vasco da Gama em Meleças (Belas), já incorporam no seu curriculum educativo, um projecto de inteligência emocional. Não seria esta uma solução para evitar o aumento de indisciplina e violência nas escolas? Então para quando este projecto nas escolas publicas?
Podemos dizer que Goleman reuniu nesta obra grandes estudos, investigações e descobertas na área da inteligência e das emoções. Por esse aspecto esta obra apresenta interesse para professores e estudantes das áreas de psicologia e pedagogia. Mas terá certamente também grande interesse para pais, educadores e todos aqueles que se preocupam minimamente com a melhoria constante das suas competências sociais, e isso deveríamos ser todos.
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