Início » Trab. Ens. Superior » Polít. e Rel. Internac. » Relaç. Internac.

Trabalhos de Estudantes do Ensino Superior

Trabalhos de Relações Internacionais

 

Título: Trabalhos de Análise dos Media

Autores: Carlos A. Videira, Carlos Palabra, Diogo Canas, Mafalda Roby

Instituição: Universidade do Minho

Data de Publicação: 20/03/2011

Resumo do Trabalho: Trabalho de Análise dos Media realizado no âmbito do curso de Relações Internacionais.

Ver Trabalho Completo

Comentar este trabalho / Ler outros comentários

Se tens trabalhos com boas classificações, envia-nos, de preferência em word para notapositiva@sapo.pt pois só assim o nosso site poderá crescer.

 

 

 

Trabalho de Análise dos Media

 

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Licenciatura em Relações Internacionais

Unidade Curricular de Informação Internacional

 

Introdução

Este trabalho de análise dos media é realizado no âmbito da Unidade Curricular de Informação Internacional, do 2º ano do Curso de Relações Internacionais na Universidade do Minho, e serve como elemento de avaliação da mesma.

Foi sugerido que os alunos se juntassem em grupos de 3-4 pessoas. Cada aluno ficou responsável pela análise de um órgão de comunicação social. Dentro do grupo deveria ser abrangido um canal de televisão de difusão internacional, dois jornais de referência de qualquer país e um órgão de informação “alternativo”.

Dessa forma, o grupo escolheu o canal televisivo BBC World do Reino Unido, o jornal português Público e o jornal francês Le Monde. Relativamente ao órgão de informação “alternativo”, a escolha recaiu sobre o Canal Solidário de Espanha. A ideia foi ter um órgão de comunicação social nacional e outros geograficamente próximos de modo a poder estabelecer comparações entre países vizinhos.

O período acordado para a realização da recolha de notícias foi o fim-de-semana de 9 e 10 de Outubro. A escolha deveu-se ao facto de nestes dias terem ocorrido alguns fenómenos de interesse internacional, como a atribuição dos Prémios Nobel.

Na recolha de informação, o grupo deparou-se com algumas dificuldades que foram expostas à Docente Anabela Carvalho, de modo a serem ultrapassadas, e que nesta introdução relatamos.

Idealmente, a recolha de notícias devia ser feita à mesma hora em todos os órgãos de comunicação social. Porém, no nosso caso foi impossível.

O Jornal Público não tem todas as notícias disponíveis no seu site na Internet e foi adquirida a sua versão impressa, sendo que o mesmo procedimento foi aplicado ao jornal Le Monde, cuja edição é fechada às 12 horas do dia anterior à data que o Jornal apresenta.

Quanto ao “Canal Solidário”, este órgão de comunicação social apresenta um volume de notícias muito reduzido, sendo que, segundo indicação da Professora, foram recolhidas todas as notícias de carácter internacional compreendidas entre a semana de 4 a 10 de Outubro.

De seguida apresentamos a análise quantitativa e qualitativa das notícias recolhidas nos quatro órgãos de comunicação social.

Recolha de Notícias

BBC World

“Afgan security contractors ‘fund Taliban’”

Tema: Política;

País(es): Afeganistão, EUA;

Actores Sociais: Governo, Outro;

“Bankers’ bónus cap moves step closer”

Tema: Economia;

País(es): Países Membros da UE;

Actores Sociais: Organizações internacionais, Empresa;

“Canada hunting third Tamil immigrant ship – report”

Tema: Política, Sociedade;

País(es): Canadá, Sri Lanka;

Actores Sociais: Governo, Outro Actor Político, Empresa, Membro da Sociedade Civil;

“Chile miners should be reached ‘within hours’”

Tema: Sociedade;

País(es): Chile;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil, Outro;

“China’s Nobel anger as Liu Xiaobo awarded peace prize”

Tema: Política, Cultura;

País(es): China, Noruega, Suécia, EUA, Alemanha, França;

Actores Sociais: Governo; Organizações Internacionais, Membro da Sociedade Civil;

“Colombia police claim anti-drugs success”

Tema: Sociedade, Outros;

País(es): Colômbia, Venezuela, EUA;

Actores Sociais: Governo, Outro actor político, Outro; 

“Cuba’s considers releasing more political prisoners”

Tema: Politica;

País(es): Cuba, Espanha;

Actores Sociais: Governo, Outro actor político, Organizações Internacionais;

“EU visa-free travel in sight for Albanians and Bosnians”

Tema: Política;

País(es): Países Membros da UE, Albânia, Bósnia;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais;

“Former Nigeria bank CEO Cecilia Ibru jailed for fraud”

Tema: Economia;

País(es): Nigéria;

Actores Sociais: Governo, Empresa;

“France not to balance budget ‘for a decade’”

Tema: Economia;

País(es): França;

Actores Sociais: Governo;

“French Senate votes to raise retirement age to 62”

Tema: Política;

País(es): França;

Actores Sociais: Governo;

“Gen James Jones resigns as top Obama security adviser”

Tema: Política;

País(es): EUA;

Actores Sociais: Governo, Membro da Sociedade Civil;

“German exports in second monthly fall”

Tema: Economia;

País(es): Alemanha;

Actores Sociais: Governo; Outro;

“Ghana ‘U-turn’ over President Atta Mills’ jet condemned”

Tema: Política;

País(es): Gana;

Actores Sociais: Governo, Outro Actor Político;

“Head of Afghanistan’s Kunduz province killed in bombing”

Tema: Política

País(es): Afeganistão;

Actores Sociais: Governo, Outro actor político; Organizações Internacionais; Empresa, Membro da Sociedade Civil;

“Hungary sludge death toll rises after two bodies found”

Tema: Sociedade;

País(es): Hungria;

Actores Sociais: Governo;

“Iran President thanks Pope for condemning Koran threat”

Tema: Política, Sociedade;

País(es): Irão, EUA;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais, Membro da Sociedade Civil;

“Israel kills Hamas men ‘wanted for settled attack’”

Tema: Política, Sociedade;

País(es): Israel, EUA;

Actores Sociais: Governo, Outro actor político, Empresa;

“Likely N Korea heir Kim Jong-un appears with father”

Tema: Política;

País(es): Coreia do Norte;

Actores Sociais: Governo;

“Mario Vargas Llosa wins Nobel Literature Prize”

Tema: Cultura;

País(es): EUA, Suécia, Colômbia, Peru;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;

“Mugabe aide condemns ‘desesperate’ Zimbabwe PM Tsvangirai”

Tema: Política;

País(es): Zimbabué;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais;

“North Korea talks up Kim Jong-un as likely successor”

Tema: Política;

País(es): Coreia do Norte, Suiça;

Actores Sociais: Governo;

“North Korean prominent defector Hwang ‘found dead’”

Tema: Política;

País(es): Coreia do Norte, Coreia do Sul;

Actores Sociais: Governo;

“OECD protesto ver Israeli minister’s Jerusalem remarks”

Tema: Politica, Economia;

País(es): Israel;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais;

“UN climate talks in China end without breakthrough”

Tema: Política;

País(es): México, EUA;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais;

“UN delegation expresses concern at Sudan referendum”

Tema: Política;

País(es): Sudão, Inglaterra;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais

Le Monde

“Mahmond Abbas cherche le soutien de la Ligue arabe sur les colonies”

Tema: Política;

País(es): Israel e Cisjordânia;

Actores Sociais: Governo e Organizações Internacionais;

“Face à la catastrophe des boues rouges, la Hongrie demande l’aide de la protection civile européenne”

Tema: Sociedade;

País(es): Hungria;

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“L’un des avocats de l’Iranienne menacée de lapidation est optimiste”

Tema: Outro;

País(es): Irão;

Actores Sociais: Outro, Organizações Internacionais e Governo;

“Mgr Desmond Tutu annonce son retrait de la vie publique”

Tema: Sociedade;

País(es): África do Sul;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;

“Washington détaille la menace terroriste auprès des Vingt-Sept”

Tema: Política e Outro;

País(es): EUA, Luxemburgo;

Actores Sociais: Governo e Outro actor político;

“Les insurgés perdent du terrain dans Mogadiscio”

Tema: Política e Sociedade;

País(es): Somália;

Actores Sociais: Governo e Organizações Internacionais;         

“Des fonds américains destinés aux sous-traitants iraient aux talibans”

Tema : Política e Economia;

País(es): Afeganistão e EUA;

Actores Sociais : Governo, Empresa e Outro;      

“Naturalisation contre allégeance à un «État juif»”

Tema: Política;

País(es): Israel;

Actores Sociais: Governo;

“Confusion autour du chantier «Stuttgart 21»”

Tema: Política e Sociedade;

País(es): Alemanha;

Actores Sociais: Governo e outro actor político;       

“A Och, la fracture béante entre Kirghiz et Ouzbeks”

Tema: Política e Sociedade;

País(es): Quirguistão, Casaquistão, Tadjiquistão, Usbequistão;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais; 

“Le prix Nobel de la paix attribué à un dissident chinois emprisonné”

Tema : Sociedade e Política;

País(es): China;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;     

“Proche – Orient : La Ligue arabe donne un délai d’un mois à M. Abbas pour une reprise des négociations directes”

Tema: Política; 

País(es): Líbia;

Actores Sociais: Organizações Internacionais;          

“Avec Zhou Du, le frère d’armes de Tiananmen”

Tema: Política e Sociedade;

País(es): China;

Actores Sociais: Investigador/Cientista e Membro da Sociedade Civil;

“Le Vatican s’inquiète de la disparition possible des chrétiens au Proche – Orient”

Tema : Outro e Sociedade;

País(es): Vaticano, Líbano, Egipto, Jordânia, Síria, Iraque, Irão, Israel, Turquia, Chipre;

Actores Sociais: Outro;        

“En Israël, les archives de la guerre du Kippour ternissent l’image de l’armée et l’aura de Moshé Dayan”

Tema: Política;

País(es): Israel;

Actores Sociais: Governo;          

“Le prix Nobel de la paix de Liu Xiaobo exaspère Pékin”

Tema : Sociedade e Política;

País(es): China;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;        

“Face à la Chine émergente, les Occidentaux dosent leurs réactions”

Tema: Sociedade e Política;

País(es): China, EUA, França, Alemanha;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil, Governo, Organização Internacional;         

“Polémique entre Africains et Occidentaux à l’Unesco”

Tema: Política, Cultura e Ciência;

País(es): Guiné-Equatorial, França, EUA;

Actores Sociais: Governo, Organizações Internacionais, Empresa;         

“Le conseiller à la sécurité nationale quitte à son tour la Maison Blanche”

Tema: Política;

País(es): EUA

Actores Sociais: Governo e Outro;         

“Un expert de l’ONU déplore des alertes à la menace terroriste exagérées”

Tema: Política e Outro;

País(es): Médio Oriente, França, EUA, Reino Unido, China, Rússia, Somália;

Actores Sociais: Outro, Organizações Internacionais;

“La CPI contre une remise en liberté du Congolais Thomas Lubanga”

Tema: Outro;

País(es): Países Baixos, República Democrática do Congo;

Actores Sociais: Outro;         

“Le président Ianou Kovitch défend sa réforme du système politique”

Tema: Política;

País(es): Ucrânia, França;

Actores Sociais: Governo;        

“Joachim Gauck: «Il y a encore deux cultures politiques «en Allemagne»”

Tema: Política;

País(es): Alemanha;

Actores Sociais: Outro actor político, Governo;         

“En Belgique «des radicaux veulent démontrer que toute négociation avec les francophones est impossible»”

Tema: Política;

País(es): Bélgica;

Actores Sociais: Governo;

Jornal Público

“Mariana apresenta dez propostas a Dilma e Serra”

Tema: Política;

País(es): Brasil;

Actores Sociais: Outros Actores Políticos;

“Não fomos os heróis que queríamos ter sido”

Tema: Política;

País(es): Colômbia;

Actores Sociais: Outros Actores Políticos;

“Os 33 mineiros soterrados há dois meses deverão ser resgatados já na terça-feira”

Tema: Sociedade;

País(es): Chile;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil, Governo;

“Vladimir Putin recebe calendários anti e pró- Kremlin como presentes e aniversario”

Temas: Politica/Sociedade;

País(es): Rússia;

Actores Sociais: Outro Actor Politico;

“Mulher de Liu Xiaobo vai à cadeia dizer-lhe que ganhou o Prémio Nobel da Paz”

Tema: Sociedade/Cultura;

País(es): China;

Actores Sociais: Organizações Internacionais, Membro da Sociedade Civil;

“Hungria tem novo derrama de lamas tóxicas que WWF diz virem de há meses”

Tema: Sociedade;

País(es): Hungria;

Actores Sociais: Outro actor político; 

“Refém britânica foi assassinada no Afeganistão”

Tema: Sociedade/Política;

País(es): Afeganistão;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil, Organizações Internacionais;

“Passageiro em segurança após incêndio em ferry no Báltico”

Tema: Sociedade;

País(es): Alemanha;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil

“Farmacêutica deixa “viagra feminino””

Tema: Sociedade;

País(es): Alemanha;

Actores Sociais: Empresa;

“Evangélicos pressionam Dilma por causa do aborto”

Tema: Politica, Sociedade;

País(es): Brasil;

Actores Sociais: Outro Actor Politico;

“Hungria garante que não há crise ambiental no Danúbio”

Tema: Sociedade e Política;

País(es): Hungria;

Actores Sociais: Governo;

“Brasil tem 160 milhões de euros para traduções literárias”

Tema: Cultura, Sociedade;

País(es): Brasil;

Actores Sociais: Governo;

“Um milhão de europeus pede moratória para transgénicos”

Tema: Sociedade

País(es): Países Membros da UE;

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“Liga Árabe dá um mês para relançar diálogo”

Tema: Política;

País: Palestina, Líbia, EUA;

Actores Sociais: Outros Actores Políticos;

“Só nove países da UE vão cumprir as metas do défice público dentro do prazo previsto”

Tema: Economia, Política;

País: Alemanha; Grécia; Reino Unido; Dinamarca; Eslováquia; Eslovénia; Roménia; Letónia; Finlândia;

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“Director do FMI confia na meta do défice para 2011”

Tema: Economia;

País: Portugal;

Actor Social: Organizações Internacionais;

Canal Solidário

“Tu a los 11 años trabajas? Míles de niños Bengalies sí”

Tema: Sociedade;

País(es): Bangladesh;

Actores Sociais: Governo;

““Cuando el Olmo pide peras”: El insostenible consumo energético del sistema alimentário”

Tema: Sociedade, Politica;

País(es):

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“Trabajar en una ONG, asi no!”

Tema: Sociedade;

País(es):

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“Eres hombre? Pues gira con tus amigos contra la violencia del género”

Tema: Sociedade;

País(es):

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;

“Premio de fotografia humanitaria Luis Valtueña: ultimos dias para el envio de trabajo”

Tema: Cultura;

País(es): Israel;

Actores Sociais: Organizações Internacionais;

“Los gobiernos deberian perder el miedo a la palabra imposto”

Tema: Economia, Política;

País(es): Brasil;

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;

“La prevencion ante la SIDA llega tarde a las classes de eso”

Tema: Sociedade;

País(es):

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil, Investigador/Cientista;

“Yo de mayor quiero ser como...”

Tema: Sociedade;

País(es): Argentina, ex-Jugoslávia, Índia, África do Sul, Uruguai;

Actores Sociais: Governo, Membro da Sociedade Civil;

“Objectivos del Milenio: y que pasa con nostros y nosotras?”

Tema: Sociedade;

País(es):

Actores Sociais: Membro da Sociedade Civil;

Análise Quantitativa

BBC World

A BBC World News é o canal internacional de notícias do grupo britânico BBC. Transmite 24 horas por dia em inglês para dezenas de países em todos os continentes, sendo o canal de informação com mais audiências em todo o mundo à frente da CNN.

As notícias recolhidas no período supra referido na introdução apresentam um grande volume de informações relativas à actividade política internacional tal como podemos ver na tabela:

TEMAS BBC WORLD

ÁREAS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Política

18

69%

Economia

5

19%

Sociedade

5

19%

Cultura

5

19%

Ciência

0

0%

Outro

1

4%

Existem notícias que por terem uma maior abrangência, foram classificados em duas áreas diferentes. Hoje em dia, por exemplo, as questões políticas confundem-se muitas vezes com as questões económicas, sendo que podem ser classificadas nas duas áreas.

Ainda assim há um grande domínio das questões políticas presentes em cerca de 70% das notícias recolhidas. Relativamente à Economia, à Sociedade e à Cultura, cada um destes temas está presente em cerca de um quinto das notícias observadas pelo grupo.

Não há qualquer notícia relativa à Ciência, havendo apenas uma relativa a outros assuntos.

Outra análise a ter em conta é a análise relativa às regiões abordadas por este órgão de comunicação social, como podemos ver no seguinte quadro:

PAÍSES BBC WORLD

REGIÕES

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Europa

16

62%

África

5

19%

Oceânia

0

0%

Ásia

6

23%

América do Norte

8

31%

América Latina

8

31%

Médio Oriente

5

19%

Sendo este canal televisivo sediado em Londres, Reino Unido, quase dois terços das notícias têm referências ao espaço europeu. Esse valor é mesmo das notícias que dizem respeito ao continente americano, divididas da mesma forma pela América do Norte e a América Latina (31% para cada). Logo a seguir, o continente asiático é referido em 23% das notícias observadas. Em relação ao Médio Oriente e ao continente africano, cada uma destas regiões está presente em cerca de um quinto das notícias.

A Oceânia não é referida em nenhuma notícia.

Passemos agora à análise dos actores sociais envolvidos:

ACTORES SOCIAIS BBC WORLD

ACTORES SOCIAIS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Governo

23

89%

Outro actor político

6

23%

Organizações Internacionais

10

39%

Empresa

5

19%

Investigador/Cientista

0

0%

Membro Sociedade Civil

7

27%

Outro

4

15%

Os membros ligados ao Governo têm uma presença esmagadora no universo total das notícias. Estão presentes em cerca de 90% das notícias. As organizações internacionais, não chegam a estar presentes em metade das notícias (39%), seguindo-se os membros da Sociedade Civil, referidos em 27% das notícias recolhidas. Outros actores políticos estão em quase um quarto das notícias (23%) e as Empresas em cerca de um quinto das notícias (19%).

Outros actores sociais estão em 15% das notícias observadas e não há nenhum investigador/cientista referido nas notícias da BBC World.

Le Monde

O Le Monde é um jornal diário francês fundado em 1944 por Hubert Beuve-Méry, de grande prestígio internacional e distribuído um pouco por todo o mundo. Distingue-se pela variedade de informações e jornalistas de renome, para além de uma postura política “independente” que o torna um jornal de carácter imparcial.

TEMAS LE MONDE

ÁREAS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Política

19

80%

Economia

1

4%

Sociedade

10

37%

Cultura

1

4%

Ciência

1

4%

Outro

5

21%

Neste órgão de comunicação social foi possível encontrar diversas notícias que abrangiam mais que um domínio, desse modo foram classificadas em duas ou mais áreas distintas. Existe uma clara supremacia dos assuntos políticos, pois foi o tema foi verificado em 80% das notícias recolhidas. Seguidamente o tema Sociedade regista 37% e os outros assuntos cerca de 21%. No que diz respeito às áreas da Economia, da Cultura e da Ciência, estas registam respectivamente cerca de 4% das notícias.

Em relação à análise das regiões abordadas, podemos verificar no seguinte quadro as ocorrências das mesmas nas respectivas notícias:

PAÍSES LE MONDE

REGIÕES

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Europa

17

71%

África

7

29%

Oceânia

0

0%

Ásia

10

42%

América do Norte

6

25%

América Latina

0

0%

Médio Oriente

12

50%

O jornal Le Monde, apesar de ter uma forte precursão internacional, está sediado em França, e esse facto, é uma clara justificação da ligeira maioria de ocorrências de notícias no continente europeu, ou seja, cerca de 71%. Logo de seguida temos o Médio Oriente e o continente asiático com 50% e 42%, respectivamente. Já no continente africano e na América do Norte, verificou se uma percentagem de 29% e 25% respectivamente. Os continentes da Oceânia e da América Latina não são referidos em nenhuma notícia.

Passemos à análise dos actores sociais referenciados:

ACTORES SOCIAIS LE MONDE

ACTORES SOCIAIS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Governo

15

63%

Outro actor político

3

13%

Organizações Internacionais

9

38%

Empresa

2

8%

Investigador/Cientista

1

4%

Membro Sociedade Civil

5

21%

Outro

7

29%

No que toca aos actores sociais verificamos que os membros do governo são os mais referenciados, obtendo um total de 63% nas notícias recolhidas. É perfeitamente natural visto que a Política é um dos temas centrais na sociedade e com mais precursão nos órgãos de comunicação social, como podemos verificar na análise aos temas das notícias recolhidas. Em segundo lugar temos as Organizações Internacionais, que possuem cerca de 38 pontos percentuais nas observações efectuadas. Outros actores sociais registam 29%, e Membros da Sociedade Civil, 21%. Com menos ocorrências temos Outros actores políticos, Empresas e Investigadores/Cientistas com 13%, 8% e 4% respectivamente.    

Jornal Público

O jornal Público é um jornal diário português. Foi fundado em 1990 pelo Grupo Sonae. Circula em Portugal e em Espanha.

As notícias recolhidas no período anteriormente referido na introdução apresentam uma grande quantidade de informações que dizem respeito à actividade internacional, como nos é possível ver na tabela:

TEMAS PÚBLICO

ÁREAS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Política

8

50%

Economia

2

13%

Sociedade

11

69%

Cultura

2

13%

Ciência

0

0%

Outro

0

0%

Há notícias que por terem maior abrangência, foram classificadas em duas áreas diferentes.

Existe um grande domínio das questões que remetem à sociedade, estas estão presentes em cerca de 70% das notícias previamente recolhidas, as noticias que remetem à questão política também se apresentam em grande domínio, estando presentes em cerca de 50% das notícias anteriormente recolhidas. No que diz respeito à Economia e à Cultura podemos afirmar que cada um destes temas está presente em cerca de 13% das notícias observadas pelo grupo. Relativamente à Ciência nenhuma notícia é apresentada.

É de ter em conta a análise relativa às regiões abordadas por este órgão de comunicação social, como será apresentado no seguinte quadro:

PAÍSES PÚBLICO

REGIÕES

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Europa

11

69%

África

0

0%

Oceânia

0

0%

Ásia

1

6%

América do Norte

1

6%

América Latina

5

31%

Médio Oriente

3

19%

Como refere a tabela, podemos observar que o espaço europeu tem um grande domínio nas notícias observadas, onde podemos verificar cerca de 70% das mesmas. Aproximadamente 30% das notícias referidas na tabela remetem à América Latina. Relativamente à Ásia e à América do Norte podemos observar que o valor apresentado é o mesmo (cerca de 6%). No que diz respeito ao Médio Oriente as notícias obtidas remetem para cerca de 19%.

A Oceânia e a África não são referidas em nenhuma notícia.

Seguidamente passamos à análise dos actores sociais envolvidos.

ACTORES SOCIAIS PÚBLICO

ACTORES SOCIAIS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Governo

3

19%

Outro actor político

5

33%

Organizações Internacionais

5

33%

Empresa

1

6%

Investigador/Cientista

0

0%

Membro Sociedade Civil

4

25%

Outro

0

0%

As Organizações Internacionais e Outros Actores Políticos apresentam os mesmos valores relativamente às notícias previamente recolhidas, aproximadamente 33% das notícias. No que diz respeito aos membros ligados ao Governo estão presentes cerca de um quinto (19%) das notícias obtidas, sendo que os membros da Sociedade Civil estão presentes num quarto (25%) das notícias observadas. Relativamente a empresas encontramos 6% das notícias recolhidas e não há nenhum investigador/cientista referido no Público.

Canal Solidário

O Canal Solidário é um portal online espanhol de notícias de cariz essencialmente solidário como o próprio nome o diz. Aborda temas relacionados com direitos humanos, cooperação e inclusão social, em suma analisa toda a problemática solidária da sociedade. Não será portanto de estranhar que predominam na análise quantitativa os temas relacionados com a sociedade. O objectivo deste órgão é realizar uma sensibilização global acerca de questões já referidas através de explicações didácticas e de elaboração de ideias práticas para a resolução dos diferentes problemas.

Este órgão de comunicação revela grandes diferenças dos outros analisados neste trabalho. Desde logo as grandes diferenças prendem-se com as temáticas tratadas. Portanto, e devido ao facto de em nada se assemelhar com os órgãos convencionais, poder-se-á classificar o Canal Solidário como um meio de comunicação “alternativo”.

TEMAS Canal Solidário

ÁREAS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Política

2

22%

Economia

1

11%

Sociedade

7

78%

Cultura

1

11%

Ciência

0

0%

Outro

0

0%

Como já havia sido referido anteriormente, verifica-se nesta contagem a preponderância dos temas relacionados com sociedade integrando 78% das notícias seguindo-se a politica com 22% que frequentemente divide a classificação com temas económicos. Com menor relevância apresentam-se os temas de economia e cultura com 11% da contagem. Os temas científicos bem como os de outro tipo não marcam presença na recolha realizada nos períodos já citados.

PAÍSES Canal Solidário

REGIÕES

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Europa

1

11%

África

1

11%

Oceânia

0

0%

Ásia

2

22%

América do Norte

0

0%

América Latina

2

22%

Médio Oriente

1

11%

A distribuição regional das notícias não revela qualquer tipo de tendência pois todas se dividem quase igualitariamente pelas diferentes regiões do globo. Assim 11% para notícias europeias, africanas, e do médio oriente. Ásia e América Latina com 22% e por fim América do Norte e Oceânia sem qualquer notícia a registar.

ACTORES SOCIAIS Canal Solidário

ACTORES SOCIAIS

FREQUÊNCIA ABSOLUTA

FREQUÊNCIA RELATIVA

Governo

2

22%

Outro actor político

0

0%

Organizações Internacionais

4

44%

Empresa

0

0%

Investigador/Cientista

1

11%

Membro Sociedade Civil

4

44%

Outro

0

0%

O carácter solidário e social deste órgão está também bem patente nos actores sociais envolvidos uma vez que organizações internacionais e membros da sociedade civil marcam mais de metade do universo de notícias, ambas com 44%. Segue-se o governo com 22% e com menor visibilidade investigador/cientista com 11%. Actores como empresas, outro actor político e outros não protagonizam qualquer notícia.

 

Depois de analisados todos os órgãos individualmente, vale a pena fazer agora uma comparação entre todos no que diz respeito aos temas abordados, regiões e actores sociais envolvidos.

TEMAS

ÁREAS

BBC WORLD

LE MONDE

PÚBLICO

CANAL SOLIDARIO

Política

69%

80%

50%

22%

Economia

19%

4%

13%

11%

Sociedade

19%

37%

69%

78%

Cultura

19%

4%

13%

11%

Ciência

0%

4%

0%

0%

Outro

4%

21%

0%

0%

Os órgãos de comunicação social BBC World e Le Monde apresentam uma forte predominância do tema Política nas notícias recolhidas pelo grupo, dado que nos Estados Ocidentais, regimes maioritariamente democráticos, os temas políticos são largamente discutidos na praça pública com a possibilidade de participação de toda a Sociedade Civil, que é informada através dos órgãos de comunicação social. Relativamente ao jornal Público, este tema está presente em metade das notícias, sendo apenas suplantado pelo tema Sociedade, que lidera e tem uma forte predominância no Canal Solidário, devido às constantes referências aos movimentos sociais que são indicados como os meios preferenciais de resposta aos problemas mundiais.

Os restantes temas não atingem em nenhum dos órgãos de comunicação social mais de um quarto das notícias observadas, sendo que o tema Ciência é o tema menos focado na globalidade das notícias recolhidas.

O seguinte quadro diz respeito aos países citados nas notícias em questão:

PAÍSES

REGIÕES

BBC WORLD

LE MONDE

PÚBLICO

CANAL SOLIDARIO

Europa

62%

71%

69%

11%

África

19%

29%

0%

11%

Oceânia

0%

0%

0%

0%

Ásia

23%

42%

6%

22%

América do Norte

31%

25%

6%

0%

América Latina

31%

0%

31%

22%

Médio Oriente

19%

50%

19%

11%

Atendendo a que todos os órgãos de comunicação social analisados, estão sediados em países europeus, a Europa é a região que domina nas notícias de todos os órgãos, com a excepção do Canal Solidario, cuja distribuição geográfica das notícias é feita de forma muito equitativa entre todas as regiões.

Relativamente aos órgãos de comunicação social “tradicionais”, nota-se uma atenção considerável aos países asiáticos, sobretudo pela atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo.

O mesmo se verifica em relação ao peso da América do Norte, sobretudo devido às notícias que envolvem actores sociais provenientes dos Estados Unidos da América, superpotência ocidental e aliado de muitos países europeus.

No entanto, em relação a estas duas últimas regiões, o jornal Público não apresenta grande volume de notícias.

A questão do Médio Oriente merece também destaque em todos os órgãos de comunicação social, sobretudo no jornal Le Monde. Esta é uma questão que se tem arrastado ao longo dos anos, cuja instabilidade naquela região tem sido motivo de debate e de acesas discussões.

A América Latina não tem qualquer representatividade no Jornal Le Monde, mas está em 31% das notícias da BBC World e do Jornal Público. Nestes dois órgãos de comunicação social há destaque para a questão dos mineiros chilenos e relativamente ao jornal Público há um acompanhamento da questão das eleições para a Presidência do Brasil, por questões óbvias, de laços criados entre os dois países nos tempos da colonização.

O Continente Africano tem alguma representatividade no Jornal Le Monde, devido ao facto de muitos países africanos terem sido no passado colónias francesas, sendo que actualmente muitos deles partilham o mesmo idioma.

A única região que não tem qualquer notícia é a Oceânia, provavelmente pela sua pequena dimensão e por ser um continente bastante longínquo.

Passemos por fim, à análise dos actores sociais envolvidos.

ACTORES SOCIAIS

ÁREAS

BBC WORLD

LE MONDE

PÚBLICO

CANAL SOLIDARIO

Governo

89%

36%

19%

22%

Outro actor politico

23%

7%

33%

0%

Organizações Internacionais

39%

21%

33%

44%

Empresa

19%

5%

6%

0%

Investigador/Cientista

0%

2%

0%

11%

Membro da Sociedade Civil

27%

12%

25%

44%

Outro

15%

17%

0

0%

Quanto aos actores sociais referidos nas notícias, observa-se quanto ao Governo uma predominância de notícias da BBC World que respeitam quase à totalidade deste órgão. As Organizações Internacionais assumem maior destaque no Canal Solidário com 44% e um pouco menos mas ainda assim com uns consideráveis 39% na BBC World. Já às Empresas é dado maior destaque apenas na BBC World marcando nos outros uma presença menor ou quase nula. Os membros da Sociedade Civil destacam-se essencialmente no orgão “alternativo”, o Canal Solidário, que conta com 44% seguindo-se a BBC World e o Público com 27% e 25% respectivamente. Outros actores políticos destacam-se no Publico com 33% e na BBC World com 23%. Também outros tipos de actores foram observados na BBC World com 15% e no Le Monde com 17%. Finalmente os actores sociais, Investigador/Cientista revelam escasso relevo comparativamente a outros, marcando tão-somente presença em 11% no Canal Solidário e 2% no Le Monde.

Em suma, conclui-se que a BBC World se posiciona na vanguarda do noticiário governamental, o Público no de outros actores políticos, o Canal Solidário nos de Organizações Internacionais, a BBC World nas Empresas, os Investigadores/Cientistas no Canal Solidário bem como os Membros da Sociedade Civil, enquanto que outro tipo de actores é mais referenciado no jornal Le Monde. A BBC World apesar de não liderar nas referências em todo o tipo de actores, revela elevados valores em todas elas liderando aquela que talvez assuma maior destaque, a governação. Poder-se-á então dizer que no que respeita a actores sociais é este o órgão de maior projecção.

Análise Qualitativa

Para a elaboração da nossa análise qualitativa focamo-nos no contributo de P. O’Heffernan, que em 1991 escreveu a obra “Mass Media and American Foreign Policy”, e no contributo de Noam Chomsky.           

P. O’Heffernan encontrou uma “relação de exploração mútua interdependente” entre o sistema mediático e o sistema político, havendo quer influência dos media nos processos políticos, quer influência dos actores políticos nos media.

Noam Chomsky defende que os media estão ao serviço das ideologias dominantes, manipulando de acordo com o “interesse nacional”.

Nas notícias recolhidas e observadas pelo grupo nos diferentes órgãos de comunicação social, podemos encontrar vários exemplos das teorias que estes autores defendem.

BBC World

Relativamente a este canal televisivo de difusão internacional encontramos alguns aspectos que podem ser explicados pelas teorias e modelos dos autores em cima apresentados.

As notícias relativas ao continente asiático, são notícias relativas sobretudo a países cujo regime político é totalmente diferente do regime ocidental, onde se enquadra este órgão de comunicação social. Falamos objectivamente da China e da Coreia do Norte, os países referidos nas notícias.

Na questão da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2010 a Liu Xiaobo, por exemplo, há um objectivo claro de condenação do regime da República Popular da China, por parte do mundo ocidental. Na notícia da BBC World relativa à escolha do Comité Nobel, apenas podemos encontrar as reacções dos principais líderes ocidentais, como o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o Secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Bernard Kouchner, entre outros líderes ocidentais. A única excepção é a reacção do próprio governo chinês, não havendo espaço para outras reacções do mesmo espaço político e ideológico da China.

Há ainda um outro dado curioso que se prende com a existência de uma tabela onde são referidos alguns dissidentes laureados com o Prémio Nobel da Paz ao longo dos anos. De entre os sete casos apontados, podemos encontrar alguns exemplos de personalidades que lutaram contra o regime comunista ao longo dos anos no seu próprio país, como o caso de Liu Xiaobo. Andrei Sakharov, Lech Walesa e Aung San Suu Kyi são três bons exemplos.

No que diz respeito ao pequeno comentário assinado pelo jornalista da BBC World em Pequim há uma crítica clara à forma como a República Popular da China tem reagido às acusações do Ocidente e a forma como têm incutido no seu povo a ideia de que este prémio é um ataque externo ao seu país e ao seu projecto político.

Há ainda outra notícia relativa à China relacionada com negociações acerca das alterações climáticas no seio da Organização das Nações Unidas, onde é referida uma discussão entre os representantes da República Popular da China e os Estados Unidos da América.

São referidas as duras acusações da China aos Estados Unidos e a rivalidade entre as duas superpotências.

Relativamente à Coreia do Norte, as notícias são relativas à sucessão no poder. É referido o culto da personalidade, a estrutura de partido único, a propaganda e outros instrumentos característicos do seu regime de ditadura militar.

Há ainda outra notícia relativa a um dissidente norte-coreano “encontrado morto” na sequência de um “aparente ataque cardíaco em Seul”. Durante todo o conteúdo da notícia, é deixada no ar a hipótese de homicídio pelo facto de o dissidente já ter sido vítima de várias ameaças de morte, sendo que o regime de Pyongyang classificava estas hipóteses como uma “fabricação ridícula”.

Ainda no que diz respeito a regimes de cariz socialista autoritários e/ou totalitários podemos referir ainda uma notícia sobre a libertação de presos políticos em Cuba. Esta evolução em sentido positivo do regime de Raul Castro, como é dado a entender ao longo de toda a notícia, é sobretudo devido a influências da Espanha e da Igreja Católica, que tiveram um forte contributo ao longo deste processo.

Relativamente a estes casos específicos, podemos considerar estamos perante um caso em que o mundo ocidental confronta o mundo oriental, nomeadamente a China e a Coreia do Norte, juntamente com Cuba, o único caso ocidental onde o comunismo ainda persiste, com as suas práticas.

Este é um processo orientado pelos decisores políticos e governamentais e que tem nos media um forte aliado. Este é um processo que é semelhante aquele que decorreu durante a Guerra Fria.   

Na sequência da queda da “Cortina de Ferro” e do desmantelamento da União Soviética, as atenções viraram-se para a China, forte potência em crescimento que cada vez mais rivaliza com os Estados Unidos da América em termos de supremacia económica e em termos de conduta política, sobretudo no que diz respeito a valores como a democracia e os direitos civis.

A atribuição do Prémio Nobel da Paz, que já antes no passado, havia sido atribuído ao Dalai Lama, é mais uma tentativa de pressionar o regime chinês a proceder a mudanças.

Sendo este um prémio tão importante, que de ano para ano gera tanta expectativa, é óbvio que a notícia é largamente reproduzida nos órgãos de comunicação social ocidentais que ao mesmo tempo procuram fazer uma reflexão sobre o desrespeito dos Direitos Humanos na China e sobre o modelo político e de desenvolvimento adoptado por esta grande potência emergente.

O prestígio que este prémio acarreta em si, sensibiliza as populações para a urgência dessa mudança, sendo que os media têm um papel fundamental e são um óptimo instrumento para os decisores políticos angariarem o apoio popular para os seus objectivos gerais de condução da política externa.

Este é um prémio, que quando atribuído, seja a quem for, obriga qualquer órgão de comunicação social global a dar ênfase ao laureado e à situação em causa. Podemos considerar que a sua atribuição é uma “técnica mediática” para chamar a atenção das populações relativamente a um assunto que os decisores políticos julgam ser pertinente e prioritário a cada momento. Os media são obrigado a “correr atrás” do assunto, pela importância e pela História que o Prémio acarreta.

Porém, ao mesmo tempo que o Comité Nobel atribui o Prémio Nobel da Paz a um dissidente chinês e um mundo se foca na luta de Liu Xiaobo pela democracia na China e na falta de pluralismo na República Popular da China há outras questões que são encobertas pelas instâncias políticas, tentando manter os media afastados dessas questões.

Relativamente à atribuição do Prémio Nobel, as notícias contém as reacções de vários líderes ocidentais como o Presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama, que se congratularam com a escolha e pressionaram a China a fazer reformas no seu sistema político no sentido de um maior respeito pelos Direitos Humanos.

Todavia, dias depois, na sequência dos documentos publicados pelo site Wikileaks, que se referem a casos de tortura no Iraque, os mesmos líderes que antes haviam feito um apelo no sentido de haver um maior respeito pelos Direitos Humanos, preferiram não intervir, procurando orientar os olhares da comunicação social para outros temas que coincidissem com as suas prioridades e a sua agenda de política externa.

Relativamente ao caso da Coreia do Norte, as notícias focam sobretudo o carácter antidemocrático do regime como a censura, a existência de partido único e o desrespeito por outros direitos, liberdades e garantias.

A questão da sucessão no poder é um exemplo concreto da falta de democraticidade na Coreia do Norte.

Mas tal como na questão relativa à China, nas notícias observadas, verificamos que relativamente ao mundo ocidental não há qualquer crítica aos atropelos aos direitos humanos que também existem nos países mais desenvolvidos.

Já no que diz respeito a Cuba, a libertação de prisioneiros políticos, impulsionada pelo governo espanhol e pela Igreja Católica, dá a entender que tem havido numa evolução no sentido desejado pelas potências ocidentais, cuja pressão exercida tem vindo a aumentar e a dar frutos.

No fundo é essa a lógica que está subentendida na atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo. A pressão, através de governos e organizações internacionais entre outros, difundida pelos media, de modo a obter apoio popular e a aumentar essa mesma pressão sobre estes governos de inspiração socialista e de carácter autoritário e/ou totalitário, de modo a que eles alterem as suas práticas governamentais.

Este enfoque particular aos regimes comunistas, presente em seis das vinte e seis notícias recolhidas e observadas, ou seja em cerca de 23% do universo total, em oposição à total ausência de notícias que abordem as ambiguidades dos Estados Ocidentais em matéria de Direitos Humanos, vai de encontro ao que Noam Chomsky chama da “Religião do Anticomunismo”.

Le Monde

O jornal diário Le Monde, como já foi referido anteriormente, tem grande repercussão internacional, e aborda temas globais de relevância na sociedade internacional. Analisemos desse modo dois artigos publicados no mesmo, no dia 10 de Outubro de 2010 acerca da atribuição do Prémio Nobel da Paz: “Le prix Nobel de la paix de Liu Xiaobo exaspère Pékin” e “Face à la Chine émergente, les Occidentaux dosent leurs réactions”.

Como é dado a entender na notícia, a atribuição do Prémio Nobel foi um acontecimento controverso lançado no imenso mar das relações internacionais. E como é um facto que a China se tornou na segunda maior potência económica mundial e faz questão de manter os seus ideais e regime autoritário/totalitário, os países ocidentais tinham conhecimento “à priori” que a sua atribuição seria censurada pelas autoridades chinesas.

Neste aspecto é possível citar P. O’Heffernan, que na obra “Mass Media and American Foreign Policy” diz-nos que os decisores políticos, através de um vasto reportório de técnicas mediáticas, utilizam os media de forma a criar um certo ambiente favorável em termos de política externa. A atribuição do Prémio Nobel, que os media não podem ignorar de forma alguma, coloca as atenções da imprensa internacional nas questões ligadas à China havendo claramente, um objectivo politico na tomada desta decisão.

No entanto, nesta mesma notícia é possível identificar uma outra dinâmica no que toca à decisão de certos responsáveis políticos em ter alguma cautela nas intervenções acerca da atribuição do Prémio Nobel, nomeadamente da França que evitou mencionar o contexto político interno chinês, devido à realização de encontro marcado para o início de Novembro entre o Presidente Nicolas Sarkozy com o seu homologo chinês Hu Jintao.

Noutro artigo publicado neste jornal no dia 9 de Outubro de 2010, “L’un des avocats de l’Iranienne menacée de lapidation est optimiste” aborda-se o caso controverso da condenação de Sakineh Ashtiani. O advogado da mesma, Mohammad Mostafei, especialista em Direitos Humanos, defendeu a jovem mulher em 2006, quando esta foi condenada por um tribunal de Tabriz, a ser apedrejada por adultério. Foi o mesmo que em Junho deste ano deu o alerta sobre o caso de Sakineh e esteve na origem da mobilização internacional e indignação suscitada um pouco por todo o mundo. Actualmente, a sentença encontra-se suspensa desde Julho de 2010, mas o advogado iraniano (que também já foi ameaçado e teve de sair do Irão) está convencido que Sakineh não será executada. A 28 de Setembro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ramin Mehmanparast, declarou que a revisão do caso ainda não tinha sido concluída.

Este é um caso em que a pressão da comunidade internacional e de várias ONG’s de defesa dos Direitos Humanos, como a Amnistia Internacional, se uniram para protestar contra esta sentença utilizando os media como instrumento para pressionar o governo iraniano a rever e a anular a condenação e até mesmo para pressionar os governos ocidentais a tomar uma posição e eles próprios pressionarem directamente Teerão. O Le Monde, jornal francês, teve uma forte influência para que o Presidente Nicolas Sarkozy e a sua esposa Carla Bruni, tomassem uma posição sobre o assunto.

Dessa forma, podemos dizer que esta é uma situação em que a sociedade civil organizada e os media procuram influenciar o processo politico numa questão concreta, fazendo pressão de modo a que o processo de tomada de decisão seja alterado, tal como no modelo de P. O’Heffernan, onde o autor se refere à influência dos media nos processos políticos.

Jornal Público

No que diz respeito a este jornal, as notícias baseiam-se em geral na Sociedade e nas questões políticas, o que por vezes leva as relações mútuas de influência que podem ser explicadas pelos modelos e teorias de P. O’Heffernan e Noam Chomsky, autores acima referenciados.

Quanto à notícia relativa à atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2010 a Liu Xiaobo (matéria já abordada em outros dois órgãos de comunicação social) podemos referir que o jornal “Publico” foi de algum modo um critico aos regimes orientais, em particular ao Regime da República Popular da China, devido ao seu comportamento para com o vencedor do Nobel e a sua respectiva mulher, Liu Xia.

Liu Xiaobo encontrava-se preso quando o Comité Nobel decidiu que a sua longa luta, mais de duas décadas, pela transição pacífica para a democracia deveria ter um significado e valor a nível global, levando-o assim a receber o Prémio Nobel da Paz de 2010, censurando ao mesmo tempo as práticas antidemocráticas da China que resultam num grande número de prisioneiros de consciência e de prisioneiros políticos, dos quais Liu Xiaobo é agora o caso mais mediático, em função da escolha do Comité Nobel.

Apesar de se encontrar preso, devido ao facto do seu país ter uma política autoritária, onde os delitos de opinião não são tolerados e onde os media têm uma subserviência o que leva a uma dependência face ao poder político que condiciona em muito a liberdade de expressão, a notícia não deixou de ser divulgada, No entanto, segundo o Jornal “Público”, essa notícia foi dada de modo a fazer crer que esta escolha era um ataque externo à República Popular da China.

Este órgão de comunicação social critica a forma imparcial e politicamente orientada como a notícia foi transmitida dizendo que “o Governo de Pequim quis calar a notícia e quis calar Liu Xia [n.d.r. esposa de Liu Xiaobo]”.

Estamos mais uma vez, perante um caso em que a decisão do Comité Nobel, obrigou os órgãos de comunicação social a cobrir a situação de Liu Xiaobo e neste caso concreto da sua esposa, Liu Xia.

Esta escolha trouxe mais uma vez para a praça mediática, a questão do desrespeito pelos Direitos Humanos na República Popular da China e desviou as atenções da Sociedade Civil para esta parte do globo onde ainda há prisioneiros de consciência e prisioneiros políticos e onde os media são absolutamente controlados pelo poder politico, havendo igualmente grandes restrições no acesso livre à Internet, como se verificou com o bloqueamento de vários sites e redes sociais, nas horas que se seguiram à atribuição do Prémio.

Dessa forma, esta nomeação para um prémio tão importante, que é atribuído anualmente gerando grande expectativa, leva os media a “correr atrás” deste “output”, tal como referido nos órgãos anteriores. Nenhum órgão de comunicação social ocidental consegue fugir a esta questão e mesmo os orientais têm dificuldade em o fazer.

Sabedores disso, os membros do Comité Nobel quiseram assim enviar uma mensagem ao regime chinês através da atribuição deste prémio, usando os media para divulgar a mensagem e voltar à carga com esta temática, de modo a que as populações fiquem sensibilizadas para este caso e apoiem a causa daqueles que procuram democratizar o regime chinês.

No entanto, este órgão de comunicação social também tem casos de notícias onde é visível a influência dos media nos processos políticos, através da mediatização de um caso específico.

O desastre natural ocorrido no Chile, onde trinta e três mineiros estiveram soterrados durante cerca de dois meses sem as mínimas condições, é um bom exemplo disso mesmo.

A comunicação social chilena tal como a comunicação social internacional cobriram esta notícia de forma muito mediática com o intuito de terem a atenção dos poderes políticos e organizações internacionais para a situação ocorrida no Chile.

Houve uma clara alteração das prioridades políticas no Chile e mesmo no exterior todos seguiram com muita atenção este caso pelos media.

O Jornal “Público” refere o importante trabalho de responsáveis chilenos como o Ministro das Minas, Laurence Golborne, o Ministro da Saúde, Jaime Mañalich, e o Presidente do Chile, Sebastian Piñera.

Este órgão de comunicação social refere também a chegada da Fénix, a cápsula trouxe os trinta e três mineiros de volta, e os preparativos para o resgate, entrando também no lado mais intimo da história indo ao encontro dos familiares e das suas vidas pessoais.

Este foi um fenómeno que esteve em voga durante bastante tempo e prendeu a atenção da opinião pública mundial obrigando os decisores políticos a seguir de perto este drama, procurando soluções para que uma possível tragédia se transformasse no desejado milagre da sua salvação.

Durante algum tempo, o mundo quase parou para assistir ao desenrolar dos acontecimentos o que colocou nos responsáveis chilenos uma responsabilidade acrescida.

Dessa forma, estamos perante um caso em que, tal como afirma P. O’Heffernan, a informação difundida pelos medias e as suas representações da realidade têm uma grande influência nos processos de tomada de decisão, na definição das prioridades políticas a cada momento e na identificação/constituição dos problemas a resolver.

Canal Solidário

A designação de “alternativo” confere um estatuto de não vassalagem a uma opinião predefinida ou a influências de qualquer tipo. É portanto um “fórum” de denúncias, opiniões e discussões, havendo também espaço para sugestões, sobretudo quando são dados exemplos de casos de sucesso.

Este órgão não está sequer subordinado a qualquer tipo de agenda predefinida pelos decisores políticos. O Canal Solidário é um órgão independente, não havendo nenhuma “relação de exploração mútua interdependente” que P. O’Heffernam refere na sua obra, pois este órgão não serve como “output governamental” de nenhum Estado.  

A existência deste tipo de órgãos de comunicação social alternativos vai no sentido das recomendações de Noam Chomsky que afirma que as populações devem criar mecanismos de “autodefesa intelectual” através da leitura de imprensa alternativa e do envolvimento em movimentos sociais, tantas vezes referidos neste órgão como exemplos de sucesso e de alavanca para criar um mundo melhor. Aliás o próprio slogan do Canal Solidário é “Tú cuentas para cambiar el mundo” (“Tu contas para mundar o mundo”). Nesse sentido os movimentos sociais que este órgão dá a conhecer são essenciais para a realização dessa mesma mudança.

Com vista a apelar para a sensibilidade do leitor no âmbito solidário referente aos problemas da sociedade do século XXI, o Canal Solidário faz uma detalhada abordagem/análise das disparidades observadas pelo globo numa altura em que o desenvolvimento socioeconómico fica aquém do esperado no dito século.

Para a análise qualitativa do órgão Canal Solidário, foram escolhidas duas notícias nas quais está bem presente o carácter solidário, sensibilizador, e solucionador do mesmo. As noticia referentes ao trabalho infantil no Bangladesh intitulada “Tu a los 11 años trabajas? Míles de niños Bengalíes si”, bem como a que se remete a uma proposta e ponto de vista de um membro da sociedade civil “Los gobiernos deberian perder el miedo a la palabra impuesto”, serão alvo de analise.

Sendo este órgão de comunicação normalmente designado como “órgão alternativo”, a aplicação dos modelos de P. O’Heffernan e Noam Chomsky revela-se algo dificultada devido ao cariz solidário em detrimento do político que predomina nos outros órgãos analisados. No entanto, tenta também responsabilizar as identidades governamentais para os problemas que indirectamente estabelecem ligação com a agenda política.

A notícia acerca do trabalho infantil no Bangladesh é produzida sob a égide dos 54 artigos da Convenção dos Direitos da Criança de 1989 que é desde logo citada por várias vezes. Esta bem explicita neste artigo, a denúncia de um grave problema existente no seio do continente asiático que neste como noutros órgãos de comunicação, é um assunto frequentemente abordado e publicitado. São apresentadas estatísticas e todo um leque de números sobre o problema. No Bangladesh, o papel das ONG apresenta-se como essencial na medida em que através de um fraco financiamento conseguem obter melhores resultados do que a acção estatal munida pelos Orçamentos do Estado. O artigo à semelhança do que acontece na maioria dos outros, salienta a denúncia de um dos maiores problemas sociais procurando alertar para este drama e ao mesmo tempo salientando o papel e a importância das ONG no combate ao trabalho infantil.

Tal como P. O’Heffernam defende, este órgão de comunicação social, ainda que “alternativo” procura denunciar este tipo de práticas e influenciar os processos políticos e as tomadas de decisão no sentido de pôr esta questão em cima da mesa. O caso de sucesso das ONG é apontado como uma sugestão no sentido de se discutir a formulação e adopção de respostas a esta problemática.

Já na notícia acerca da aplicação fiscal de novos impostos, sobretudo ao nível da especulação financeira, torna-se claro o pendor de opinião existente pois o indivíduo em questão, membro da sociedade civil, expõem o seu ponto de vista, apresenta possíveis soluções e opina sobre a conjuntura económica da sociedade em tempos de crise. A opinião do indivíduo está bem explícita, observando-se rapidamente a sua atitude céptica em relação ao sistema financeiro desenvolvido e de certa forma ao sistema do capital que culpabiliza pela crise. Percebe-se também um cunho reivindicativo e certa revolta aquando da referência aos grupos beneficiados da sociedade que “curiosamente” são os principais responsáveis pelo problema.

Não havendo uma total identificação com a teoria deste autor, visto estarmos perante um canal alternativo, podemos encontrar alguns pontos de comunhão, sobretudo no que se refere à tentativa de os media influenciarem a governação mundial, chamando à actualidade temas que não entram nas agendas nem nas prioridades dos estados dominantes no panorama internacional.

Conclusão

Depois de exaustivamente analisados os diferentes órgãos de comunicação e detalhadamente tratado todo o seu leque de notícias publicadas nos prazos definidos pelo grupo de trabalho, é possível então tecer algumas considerações finais acerca dos diferentes canais difusores de informação.

A BBC World apresenta-se como o órgão dominante quanto à quantidade de notícias a todos os níveis. A sua abordagem por temáticas governamentais, o que por si só justifica a predominância do governo enquanto actor, confere-lhe um estatuto de grande visibilidade e popularidade a nível internacional. Sendo um canal de televisão britânico, a grande maioria das publicações incide sobre o quotidiano dos países europeus e também, embora com menor relevo, nas regiões norte americanas e latino americanas, portanto, é dada maior importância ao mundo ocidental.  

O jornal Le Monde é talvez dos quatro órgãos analisados aquele que se posiciona em segundo lugar no que respeita à popularidade. Com uma análise focada também essencialmente na região europeia, o Le Monde também é dominado pela reportagem política pelo que não será de estranhar também o predomínio dos responsáveis governamentais.

Quanto ao jornal Público, o único jornal nacional analisado, apresenta também um cariz político e social, e trata também essencialmente dos acontecimentos no velho continente. No entanto, não apresenta uma projecção internacional semelhante aos anteriormente referidos até porque só está em circulação nos países da Península Ibérica. Os principais intervenientes contabilizados são membros da sociedade civil.

Finalmente, o órgão de comunicação “alternativo”, o Canal Solidário apresenta uma matriz solidária e com principal enfoque na sociedade. Quanto à distribuição regional não confere qualquer tipo de tendência, consequência dos tipos de notícia analisados que se dirigem a uma escala global. Quanto aos actores sociais, há claro predomínio das Organizações Internacionais e dos membros da Sociedade Civil, clara evidência do pendor social deste órgão.

Relativamente à análise qualitativa, fruto da data escolhida para a recolha de notícias há uma especial atenção à atribuição do Prémio Nobel nos órgãos de comunicação social ditos “tradicionais”. Este é um bom exemplo de como um acontecimento (escolha do Comité Nobel) é capaz de chamar à atenção dos media e marcar a agenda mediática relativamente a um certo assunto.

Mas o contrário também pode acontecer como verificamos no caso do resgate dos mineiros chilenos, onde a mediatização de um certo caso pelos órgãos de comunicação social é capaz de alterar as prioridades políticas e obrigar os decisores políticos a procurar soluções para o caso em questão.

Com estes exemplos concretos que citamos, juntamente com outros observados nas notícias recolhidas, verificamos quer na BBC World, quer no Le Monde, quer no Jornal Público uma “relação de exploração mútua interdependente”, tal como afirma P. O’Heffernan.

Também na análise qualitativa, o Canal Solidário difere completamente dos restantes órgãos. Não há qualquer relação de influências, apesar de este órgão procurar trazer para cima da mesa questões pertinentes, relacionadas sobretudo com o desenvolvimento, de modo a informar as populações e incentiva-las a agir sobretudo através dos movimentos sociais, referidos em quase todas as notícias como entidades que poderão impulsionar a mudança e a resolução dos problemas em causa.

De qualquer forma, sejam os órgãos em causa de carácter alternativo ou convencional, ambos são um poderoso instrumento de comunicação. Apesar de haver uma clara distinção entre órgãos alternativos, que procuram oferecer um tipo de informação crítica embora tenham menos influência nas massas, e os órgãos de comunicação social ditos convencionais, que vivem num constante jogo de forças com os outros poderes, não podemos deixar de ter em conta este fenómeno no mundo actual.

Os media são sem dúvida nenhuma o “quarto poder”, dado que com maior ou menor abrangência, eles têm uma influência enorme no seu público-alvo, na definição das agendas e das prioridades de cada momento. 

Bibliografia

O’Heffernan, P. (1991) Mass Media and American Foreign Policy, Norwood: Ablex;

Herman, E. e N. Chomsky (1988) Manufacturing Consent. The Political Economy of the Mass Media, New York: Pantheon;

Herman, E. (1993) ‘A diversidade de notícias: “Marginalizando a oposição’, in N. Traquina (org.), Jornalismo: Questões, Teorias e ‘Estórias’, Lisboa: Veja;

Carvalho, A. (2010) Aula da UC de Informação Internacional do dia 7 de Outubro, Braga: Universidade do Minho;

 

Outros Trabalhos Relacionados

Ainda não existem outros trabalhos relacionados

Início » Trab. Ens. Superior » Polít. e Rel. Internac. » Relaç. Internac.