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Trabalhos de Relações Internacionais

 

Título: A Invasão do Iraque – A decisão 2002-2003

Autores: Ana C. Esteves, Ana T. Costa, Carlos A. Videira, Carlos Palabra

Instituição: Universidade do Minho

Data de Publicação: 22/03/2011

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre "A Invasão do Iraque – A decisão 2002-2003" realizado no âmbito do curso de Relações Internacionais.

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A Invasão do Iraque – A decisão 2002-2003

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Licenciatura em Relações Internacionais

Unidade Curricular: Teorias das Relações Internacionais I

Relatório: A Invasão do Iraque – A decisão 2002-2003

1 - Introdução

O Médio Oriente é uma zona em conflituo constante e tida em permanente atenção na agenda internacional. Fundamentalismo, terrorismo, religiosidade, radicalismo, lobbies de variados tipos, bem como outras problemáticas, assolam esta região e é nela que se encontra o país palco de um dos conflitos mais avultados e mediáticos da primeira década do século XXI: o Iraque.

Com uma área territorial delimitada pelo Golfo Pérsico, Turquia, Irão, Kuwait, Jordânia, Síria e Arábia Saudita e tendo como capital a cidade de Bagdad, o Iraque posiciona-se numa área com uma vasta densidade cultural e populacional.

Em 2003, foi alvo de uma invasão promovida pelos Estados Unidos da América, que se referia ao Iraque como um dos países que constituíam o Eixo do Mal (Bush, George W., 2002). Essa invasão será objecto de análise do nosso relatório, no qual iremos procurar entender que motivações estiveram por trás desta decisão.

2 - Contextualização do Conflito

A Invasão do Iraque em 2003, decorreu entre o dia 20 de Março e o dia 1 de Maio de 2003 e foi liderada pelos Estados Unidos, em coligação com o Reino Unido e pequenos contingentes da Austrália, Dinamarca, Polónia e Espanha. Esta invasão marcou o começo da Guerra do Iraque que se desenrolou até o ano de 2010, com a chegada de Barack Obama ao poder.

Os preparativos para a guerra começaram a ser notórios no ano de 2002. George W. Bush e Tony Blair afirmavam ter a convicção de que era fundamental "desarmar o Iraque de armas de destruição em massa, acabar com o apoio de Saddam Hussein ao terrorismo, e libertar o povo iraquiano" (Bush, George W., 2003). Como tal, o presidente americano dizia que os Estados Unidos da América não iriam ficar indiferentes a estes acontecimentos e que, portanto, estariam dispostos a atacar o país liderado por Saddam Hussein.

Em Janeiro de 2003, uma sondagem da CBS mostrava que 64% dos americanos aprovavam uma acção militar contra o Iraque. Apesar disso, a invasão teve uma forte oposição de aliados tradicionais dos Estados Unidos, como a França, a Alemanha, a Nova Zelândia e o Canadá, por não existirem provas sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, no contexto do relatório da UNMOVIC de 12 de Fevereiro de 2003. A Igreja Católica, na pessoa do Papa João Paulo II, também criticou duramente a intenção dos Estados Unidos da América.

Segundo Dominique Reynié, de 3 de Janeiro a 12 de Abril de 2003, 36 milhões de pessoas em todo o mundo participaram em mais de 3,000 protestos contra a Guerra do Iraque.

3 - Desenrolar do Conflito

No dia 20 de Março de 2003 dá-se o primeiro ataque a Bagdade, sob a forma de um bombardeamento aéreo. Como contra-resposta, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, reúne um exército para fazer frente às tropas estrangeiras. No entanto, a força ofensiva era superior à defensiva e a 9 de Abril tomam Bagdade, onde derrubam a estátua de Saddam. O presidente iraquiano foge, abandonando os civis, os soldados e a cidade.

No dia 13 de Abril é tomada, por parte da coligação, a última cidade iraquiana. Dado não haver mais resistência por parte dos iraquianos, a coligação dá por terminada a tomada do território, a 15 de Abril de 2003. 

A 21 de Abril de 2003 é estabelecida a Autoridade Provisória da Coligação, um governo de transição para o Iraque promovido pela coligação internacional, até que se estabelecesse um governo democrático no país. A Autoridade Provisória da Coligação assumiu responsabilidades administrativas e de segurança do país, procurando construir uma certa estabilidade política.   

Foi também criado pela mesma altura o Grupo de Pesquisa do Iraque com o objectivo de descobrir os programas iraquianos de desenvolvimento de armas maciças. Em 2004, é publicado o relatório final desta investigação onde vem esclarecido que o Iraque não possuía nenhum programa de desenvolvimento de armas de destruição em massa.

A 13 de Dezembro de 2003, Saddam Hussein, é capturado pelas tropas americanas. A 5 de Novembro de 2006 foi condenado à morte, por enforcamento.

A 28 de Junho de 2004 é dissolvida a Autoridade Provisória da Coligação passando a autoridade soberana de governação do Iraque para as mãos do Governo Interno Iraquiano, até que ocorressem eleições que, mais tarde, levaram ao poder o Governo Transitório.

Em Fevereiro de 2006, o Governo Transitório encarou a primeira dificuldade com o bombardeamento da Mesquita Dourada de Samarra e o aumento de violência por todo o território. Estes acontecimentos levaram o então presidente George W. Bush a aumentar as tropas americanas no terreno para ajudar o novo governo iraquiano. Esta decisão conduziu, de facto, a uma redução da violência no Iraque.

No dia 31 de Agosto de 2010, o presidente americano Barack Obama anuncia o final das contendas, a retirada de todas as tropas americanas do país e a transição do papel desenvolvido pelas forças militares dos EUA no aconselhamento e assistência às forças de segurança iraquianas.

Espera-se que até 31 de Dezembro de 2011 todas as tropas americanas abandonem o Iraque.  

4 - Conclusão: O Realismo Ofensivo dos Países da Coligação

A teoria realista clássica contém basicamente dois focos de atenção: o nível de análise representado pelos sistemas internacionais e a unidade ou Estado enquanto actor. Dentro da teoria neo-realista, da qual Mearsheimer é o expoente máximo, o realismo ofensivo tem como principal objectivo garantir a segurança dos Estados, admitindo que os Estados, geralmente, procuram maximizar a sua parcela de poder. Esta teoria considera a existência de três premissas fundamentais para a sua compreensão: primeiro, a ausência de um governo supranacional com autoridade sobre os Estados; depois, o facto de os Estados terem sempre alguma capacidade militar ofensiva; e por último o facto de os Estados nunca saberem ao certo quais são as reais intenções dos outros Estados. Tendo tudo isto em conta, os Estados reconhecem que, quanto mais poderosos forem relativamente aos seus Estados 'rivais', mais garantida estará a sua segurança.

Ao longo do seu exercício como Presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush desenvolveu o conceito da guerra preventiva que alterou a lógica da política externa norte-americana, comprovando  a actualidade do modelo teórico de análise fornecido pelo neo-realismo.

O neo-realismo traz para a análise da politica externa dos Estados a incorporação de variáveis domesticas dos mesmos.

Nesse sentido, e sobretudo depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, foi notória a influência dos neo-conservadores na administração republicana de George W. Bush. “(...) Para esse grupo, a superioridade económica e militar norte-americana deve funcionar por meio de uma política externa agressiva, sem precisar de esperar por um consenso com os aliados ou formação de Alianças.“ (Teixeira, Tatiana, 2007; pp.35).

Os interesses económicos relacionados com a exploração de recursos energéticos no Médio Oriente podem ser vistos como factores de ordem interna que influenciaram a estratégia de política externa seguida pelo presidente Bush. Michael Mann (2006) também sustenta que existem ligações da ala neo-conservadora norte-americana a empresas do ramo militar e armamentista.

Mas aquele que é considerado o verdadeiro objectivo prioritário da agenda externa norte-americana é, sem duvida, o controlo da região do Médio-Oriente, nomeadamente o controlo estratégico das reservas petrolíferas que aí se encontram, dada a escassez de recursos que preocupa estrategas dos Estados Unidos da América.

Para Christopher Layne, a invasão do Iraque pode ser compreendida segundo a teoria da "hegemonia extraterritorial" que os Estados Unidos procuram impor para além do Ocidente, nomeadamente no Golfo Pérsico e no Médio Oriente.

5 - Referências Bibliográficas:

Livros:

. Dougherty, James E., e Robert L. Pfaltzgraff, Jr. Relações Internacionais – As Teorias em Confronto. Lisboa: Gradiva, 2003

. Mearsheimer, John J. The Tragedy of Great Power Politics. New York: W.W. Norton & Company, 2001

. Teixeira, Tatiana. Os think tanks e sua influência na política externa dos EUA. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

Imagens:

. http://www.galizacig.com/actualidade/200512/cm_depois_do_iraque_un_ mundo_imprevisivel.htm (consultado em: 21/11/2010)

. http://zwelangola.com/ler.php?id=792 (consultado em: 21/11/2010)

. http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/11/071110
_alqa edairaq_pu.shtml (consultado em 22/11/2010)

. http://resistir.info/rui/imagens/map_iraq_ocupacion.jpg (consultado em: 22/11/2010)

Sites:

. Batista, Glauco Fernando Numata. Campus de Marília – Faculdade de Filosofia e Ciências. “O Realismo Neoclássico e a Guerra no Iraque (2003): Petróleo, Armas e Ideologia Neocon”. Consultado em 22 de Novembro de 2010. http://prope.unesp.br/xxi_cic/27_34697046862.pdf

. Bush, George W. The White House. “President Delivers State of the Union Address”. Consultado em 11 de Novembro de 2010. http://georgewbush-whitehouse.archives.gov/news/releases/2002/01/20020129-11.html

. Bush, George W. The White House. “President Discusses Beginning of Operation Iraqi Freedom”. Consultado em 11 de Novembro de 2010. http://georgewbush-whitehouse.archives.gov/news/releases/2003/03/20030322.html 

. Callinicos, Alex. Socialist Worker online. “Anti-war protests do make a difference. Consultado em 08 de Novembro de 2010. http://www.socialistworker.co.uk/art.php?id=6067

. Duque, Marina Guedes. Universidade de Brasília – Instituto de Relações Internacionais. “A Teoria de Securitização e o Processo Decisório da Estratégia Militar dos Estados Unidos na Guerra do Iraque”. Consultado em 22 de Novembro de 2010. http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4001

. Magalhães, Nuno Santiago de. Instituto Português de Relações Internacionais. “O Futuro do Nordeste Asiático. Realismo Tridimensional, Preferências.” http://www.ipri.pt/publicacoes/working_paper/working_paper.php?idp=117

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. S/A. R7 Notícias. “Relembre os principais fatos da Guerra do Iraque. Consultado em 3 de Novembro de 2010. http://noticias.r7.com/internacional/noticias/relembre-os-principais-fatos-da-guerra-do-iraque-20100831.html.

. S/A. The Coalition Provisional Authority. “Texto f U.N. Security Council Resolution”. Consultado em: 10 de Novembro de 2010. http://www.iraqcoalition.org/transcripts/20040609_UNSCR_Text.html

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. S/A. Wikipédia. “A Guerra do Iraque”. Consultado em 08 de Novembro de 2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Iraque

Braga, 26 de Novembro de 2010

O Grupo de Trabalho:

Ana Cláudia Esteves (A58228)

Ana Teresa Costa (A58221)

Carlos Alberto Videira (A58213)

Carlos Palabra (A58200)

 

 

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