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Trabalhos de Antropologia

 

Naturalismo

Autores: Sara Sequeira, Marta Costa e Roberto Ventura

Instituição: Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Data de Publicação: 07/03/2009

Resumo do Trabalho: Trabalho sobre o Naturalismo, como apareceu em Portugal, as suas características, a distinção entre naturalismo e realismo...

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Naturalismo

Introdução

Neste trabalho iremos falar sobre o Naturalismo, como apareceu em Portugal, as suas características, a distinção entre naturalismo e realismo e também falaremos de um dos seus “iniciadores” em Portugal, ou seja, Eça de Queirós, com a sua obra “O crime do Padre Amaro”.

Explicaremos o que é um naturalista, falaremos também do realismo, já que este se relaciona com o naturalismo. Temos um pequeno parágrafo em que falaremos sobre a escola naturalista e por fim uma pequena conclusão.

Palavras – chave: Émile Zola, Eça de Queirós, Naturalismo, Naturalista, Realismo, Filosofia, Arte, Teatro, Natureza, Pintura, Literatura, Escola Naturalista, Naturalismo em Portugal.

Naturalismo (significado):

Deu-se o nome de naturalismo à tendência a impor à arte, especialmente à prosa narrativa e ao teatro.

Carácter do que é natural.

Escola literária que, aplicando à arte os métodos da ciência positiva, visava reproduzir a realidade com uma objectividade perfeita e em todos os aspectos, mesmo os vulgares.

Zola é considerado o “chefe do naturalismo”.

Filosofia ou religião da natureza.

No teatro, o naturalismo exerceu mudanças marcantes, com o aparecimento do director, do cenógrafo e do figurante. Até então, o próprio actor escolhia as suas próprias roupas, um único cenário era usado para diversas montagens, e não estava definida a posição do director como coordenador de todas as funções. A iluminação passou a ser mais estudada e adoptou-se a sonoplastia. É um radicalismo do Realismo.

Na pintura, um exemplo naturalista é o famoso quadro de Van Gogh, Os Comedores de batatas (1885).

Na filosofia, o naturalismo é a visão de que o método científico (hipótese, predição, teste ou repetição) é a única forma efectiva de investigar a realidade. O naturalismo diz que os fenómenos e hipóteses descritos como sobrenaturais, não existem ou estão errados. Mas insiste que todos os fenómenos que podem ser estudados pela mente humana devem ser estudados através dos mesmos métodos, e portanto qualquer coisa considerada sobrenatural é ou inexistente ou equivalente a um fenómeno natural.

Na arte, o naturalismo refere-se para à descrição de objectos realísticos em ambientes naturais. O movimento do Realismo do século XIX defendeu o naturalismo em relação ao romantismo, mas muitos pintores adoptaram uma aproximação semelhante durante séculos. Um exemplo de Naturalismo é a obra de arte do artista americano William Bliss Baker, cujas pinturas da paisagem são consideradas alguns dos melhores exemplos do movimento do naturalismo.

Naturalista:

Naturalista pode ser uma pessoa que se dedica ao estudo das plantas, minerais e animais: Aristóteles, Plínio e Buffon foram grandes naturalistas. Ou seja, pessoa que se dedica ao estudo do natural.

Partidário do naturalismo, isto é, de que a Arte ou a Literatura devem ser apenas a reprodução da Natureza.

Ou pode ser, um adepto do naturalismo em literatura, filosofia e religião (romances naturalistas).

           

Escola Naturalista:

Esta escola constituiu-se entre 1860 e 1880 sob a dupla influência do realismo de Flaubert e do positivismo de Taine.

Mas foi Zola que encarou a nova estética, tornando-se o teórico (O romance experimental, 1880) e baseando a verdade romanesca na minuciosa observação da realidade e da experiência, que submete o indivíduo ao determinismo da hereditariedade e do meio.

Os serões de Médan (1880), que, em torno de Zola, reuniram Maupassant, Léon Henrique, Henry Céard, Paul Alexis e Huysmans, deram forma ao manifesto da nova escola à qual ligaram A. Daudet, O. Mirbeau, J. Renard, J. Vallés, etc.

O naturalismo impôs-se igualmente ao teatro, com a obra de H. Becque (Os Corvos, 1882) e as direcções cénicas de Antoine, no teatro livre.    

Naturalismo em Portugal:

O naturalismo sobressaiu em França entre 1870 e 1890 espalhando-se por outros países.

O marco do naturalismo português é o livro de Eça de Queirós, O crime do Padre Amaro, 1875 e, decisivamente, a sua versão definitiva em 1880. Em 1878 Eça de Queirós lança o seu O primo Basílio, com duas edições no mesmo ano, tendo, a segunda, alterações. Foi com este livro, um grande sucesso, que o público realmente tomou conhecimento da nova escola. A citar ainda, Teixeira de Queirós, Salústio Nogueira, sátira à alta burguesia e à política portuguesa, Júlio Lourenço Pinto com Margarida e Coelho de Magalhães, O brasileiro Soares.

Houve historiadores da nossa literatura que classificaram de “escola realista” todos os autores que em Portugal se seguiram ao ultra-romantismo, mas tal designação é absurda aplicada a escritores como Antero de Quental, Oliveira Martins ou João de Deus.

Abel Botelho foi o último dos naturalistas portugueses, cronologicamente, estreando, em 1891 com, O Barão de Lavos, onde explora o tema da hereditariedade.

                   

Naturalismo

Naturalismo é derivado do realismo, nele se vão acentuar algumas características deste. Revelando uma preocupação mais científica e uma tendência mais analítica, os naturalistas, em vez de pretenderem, como os realistas, “fotografar” a realidade circundante, desejam ir mais longe, explicá-la, encontrar e apontar as causas da decadência social. Há uma componente experimental muito forte nos textos naturalistas: por exemplo no romance, a fábula é subordinada a uma tese e quase como que a sua demonstração. Extremamente relacionada com isto está uma mundividência decadentista, um olhar decepcionado pelo panorama social e já não optimista, esperançoso e empenhado como o dos realistas: por um lado, a tendência para a explicação dos “casos” de uma forma que se pretende lógica, rigorosa e cientifica conduz naturalmente a uma visão mecanicista e, por outro lado, há que referir o próprio exercício sistemático da observação das “pústulas sociais”, revelando-se ambos os factores causas e consequências dessa visão pessimista de um social que se crê em rigoroso movimento de degradação. Na produção narrativa naturalista o projecto realista é estremado, no que respeita ao objecto em causa.

No primeiro caso, ela é demasiado evidenciada pelo facto de, muitas vezes, o desejo de informar se sobrepor à dinâmica e necessidades da própria narrativa, pesando ou pelo excesso ou, nalguns casos, pela inoportunidade, e chegando a alertar o leitor para o carácter artificial do quadro da comunicação esboçado da narrativa. Por outras palavras, se antes se tentava dissimular o eixo da comunicação autor / leitor sob o da comunicação entre os personagens para assim furtar o carácter subjectivo da informação e melhor persuadir o leitor, fazendo aceitá-lo como boa, agora, a quantidade e a qualidade de informação transmitida acabam por denunciar o próprio lugar autoral: realizando mais sistematicamente e sobre áreas do conhecimento mais especializadas, a transmissão da informação deixa pressentir uma instância que, tendo feito uma determinada investigação, deseja comunicá-la ao seu leitor através do texto ficcional. No segundo caso, o objecto já não é a realidade social, o quotidiano, o normal, mas aquilo que se constitui como diferente, o caso anormal, cuja lógica o autor deseja compreender e explicar, numa atitude pautada por uma certa cientificidade.

Naturalmente que, assim sendo, não é surpreendente que o objecto privilegiado do escritor naturalista seja do domínio do patológico, daquilo que transgride as leis naturais, e não já o caso comum. Característico disto é o próprio título comum de alguns romances de Abel Botelho, o nosso maior naturalista: Patologia social. Cá, com o realismo, houve uma certa reflexão teórica que acabou por conduzir, durante os anos 80 do séc. XIX, ao naturalismo.

As teses e a produção romanesca de Zola tiveram grande influência sobre os nossos naturalistas, ainda que muitos sejam mais heterodoxos do que Abel Botelho. De um modo geral, as fronteiras entre o realismo e o naturalismo portugueses, na prática, tendem a esbater-se, sendo preferível falar de predominância de um ou de outro, quer autores, quer em obras.

Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado chocante de tão inovador que era. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita.

Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e o seu comportamento é fruto do meio em que se vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a selecção natural impulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.

Por fim, pode-se dizer que, o naturalismo afectou uma mentalidade progressista, já ultrapassada, própria do pensamento iluminista e da filosofia da experiência. O naturalismo corresponde a uma tendência doutrinal polémica e ambígua, sujeita a desaparecer devido a uma utilização precisa do conceito de natureza. Na realidade, o naturalismo procurou controverter, na história do pensamento moderno, a integridade da noção cristã de sobrenatural.

 

Diferenças entre Naturalismo / Realismo

Naturalismo

Realismo

Forte influencia da literatura de Emile Zola (França);

Forte influencia da literatura de Flaubert (França);

Romance experimental, apoiado na experimentação e observação cientifica;

Romance documental, apoiado na observação e na analise;

A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “ de fora para dentro”, as personagens tendem a simplificar, pois são vistos como pacientes dos factores Biológicos, históricos e sociais que determinam as suas acções, pensamentos e sentimentos;

A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “ de dentro para fora”, por meio de análise psicológica, capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar;

Volta-se para a Biologia e a patolo-gia, centrando-se mais no social;

Volta-se para a psicologia, centrando-se mais no indivíduo;

As obras retratam as camadas inferiores, marginalizadas e, normalmente, as personagens são oriundas dessas classes sociais mais baixas;

As obras retratam e criticam as classes dominantes, a alta burguesia urbana e, normalmente, as personagens pertencem a esta classe social;

O tratamento dos temas com base numa visão determinista conduz e direcciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.

O tratamento imparcial e objectivo dos temas garantem ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração das suas próprias conclusões a respeito das obras.

Características do Naturalismo

Cientificismo

Os autores expõem e comprovam as doutrinas científicas da época. É o determinismo hereditário, do meio ambiente e social. O realismo produziu os romances de tese documental, e o naturalismo, os de tese experimental.

Personagens patológicas

O naturalismo dava preferência à sociedade decadente, ao homem na sua parte mais animal: actos fisiológicos, instintos, apetites sexuais, personagens degenerados, com raras taras e vícios. As acções humanas são descritas e narradas como se fossem experiências científicas, como nas frequentes cenas de sexo.

Linguagem objectiva

A linguagem presente nos textos naturalistas é simplificada e comum, aproximando-se dos textos informativos. A ênfase é pela narração dos factos, e não pela descrição.

Combate ao Romantismo

O Naturalismo contrasta com o romantismo em vários aspectos. Aqui, destacam-se o adultério, a valorização do presente e da razão, a desmistificação das personagens (elas agora podem ser feias, pobres e comuns, por exemplo), a preferência pelo dia e pela realidade. O Naturalismo volta-se para as camadas populares de estatuto social mais baixo, o submundo do vício e do crime. Tanto o Realismo como o Naturalismo são anticlericais, antimonárquicos, anti-românticos e antiburgueses, têm como objectivo retratar a sociedade em que estão inseridos.

Conclusão

Com este trabalho podemos concluir que neste momento já não existem naturalistas em Portugal, já que o último foi Abel Botelho.

Conseguimos compreender melhor este tema e relacionarmo-nos melhor com o mesmo, percebendo a importância que teve para o nosso país.

Constatamos que o Naturalismo teve bastante influência na arte do Teatro, Pintura, Literatura, assim como na Filosofia. Para o Naturalismo não existe, por exemplo, o sobrenatural, tudo está relacionado com a Natureza. Uma vez que, o Naturalismo é a origem de tudo, o princípio.

ANEXOS

Anexo I - Émile Zola

O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e psicológico".

O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro "Introduction a l'étude de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder escrever a sua obra "Le Roman Expérimental", de 1880.

Outras influências fortes sobre o seu trabalho, nesse sentido, seriam a obra de Balzac (A comédia humana, concluída em 1846) e as ideias socialistas em ascensão.

Em 1871, Zola dava início ao seu grande projecto, a série Os Rougon-Macquart. A repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876) levou Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou a ser considerado um escritor democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se quiserem me classificar, digam que sou naturalista. As pessoas espantam se com as cores verdadeiras e tristes que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu apenas traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a necessidade de extrair lições. A minha obra não é publicitária nem representa um partido político. A minha obra representa a verdade".

Em 1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a prostituição de luxo.

Em 1885 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou com a pesquisa, foi directo à fonte. Passou dois meses a trabalhar como mineiro na extracção de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tabernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a humidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros, por isso a sua narração provoca tanto impacto. A força de Germinal causou enorme repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os tempos.

Anexo II - O Realismo

O Realismo é um movimento literário que surgiu na Europa, na segunda metade do século XIX, influenciado pelas transformações que ali se operavam no âmbito económico, político, social e científico.            Economicamente, vivia-se a segunda fase da Revolução Industrial, período marcado pelo clima de euforia e progresso material que a burguesia industrial experimentava em virtude das inúmeras invenções possibilitadas pelas descobertas científicas e tecnológicas.

Apesar dos benefícios trazidos à burguesia, a condição social do operariado era cada vez pior. Motivados tanto pelas ideias do socialismo imaginário, principalmente as de Proudhon e Robert Owen, quanto pelas ideias do socialismo científico, defendidas por Karl Marx e Friedrich Engels, os operários procuraram organizar-se politicamente. Fundam então associações trabalhistas e passam a agir melhores condições de trabalho e de vida.

No âmbito científico e cultural, ocorre uma verdadeira efervescência de ideias. Essas ideias, surgidas como consequência do aparecimento de várias correntes científicas e filosóficas, têm destaque:

. Positivismo, de Augusto Comte. para o qual o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, ou seja, provindo das ciências;

. Determinismo, de Hippolyte Taine, que defende que o comportamento humano é determinado por três factores: o meio, a raça e o momento histórico;

. A lei da selecção natural, de Charles Darwin, segundo a qual a natureza ou o meio seleccionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se, sendo eliminados os mais fracos.

Enquanto no domínio da Física, da Química, da Biologia e da Medicina ocorrem avanços significativos, são lançados os fundamentos de três novas disciplinas: a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia.

As descobertas científicas, as ideias de reformas políticas e de revolução social exigiam dos escritores, por um lado, uma literatura de acção, comprometida com a crítica e a reforma da sociedade, e de outro, uma abordagem mais profunda e completa do ser humano, visto agora à luz dos conhecimentos das correntes científico – filosóficas da época.

Aparece então o Realismo, que procura, na literatura, atender às necessidades impostas pelo novo contexto histórico-cultural. As suas atitudes mais frequentes são o combate a toda a forma romântica e idealizada de ver a realidade; a crítica à sociedade burguesa e à falsidade de seus valores e instituições (Estado, Igreja, casamento, família); o emprego de ideias científicas; a introspecção psicológica das personagens; as descrições objectivas e minuciosas; a lentidão na narrativa; a universalização de conceitos.

Ao lado do Realismo, surgem ainda as correntes literárias denominadas Naturalismo e Parnasianismo, de pequena penetração em Portugal. A primeira, que consiste na verdade em uma forma extremada de Realismo, procura "provar" com romances de tese as teorias científicas da época, particularmente o determinismo. O Parnasianismo por sua vez é uma corrente que combate os exageros de sentimento e de imaginação do Romantismo e tenta resgatar certos princípios clássicos de procedimento, como a busca do equilíbrio, da perfeição formal e o emprego da razão e da objectividade. 

Anexo III - Estética Naturalista

A filosofia positivista de Comte, as doutrinas de Taine, afirmam que a «virtude e o vício são produtos como o vitríolo e o açúcar», as teorias de Darwin e Haeckel sobre a hereditariedade, a adaptação ao meio e a luta pela vida levaram Zola a uma concepção determinista da existência humana. Por causa disso, o citado escritor entendeu que o romancista não devia limitar-se a observar os acontecimentos e expô-los, como faziam os realistas; teria de mostrar, com rigor próprio da ciência, que os factos psíquicos estão sujeitos a leis rígidas como os fenómenos físicos. Então o romance adquirirá valor social e científico.

Júlio Lourenço Pinto publicou na revista Estudos Livres (dirigida por Teófilo Braga e Teixeira Bastos) uma série de artigos sobre esta matéria, os quais depois reuniu em volume com o título de Estética Naturalista (1885). Alguns dos princípios que aí defende podem considerar-se características da corrente naturalista, que o autor praticamente não distingue do Realismo:

1. A literatura naturalista é a expressão dos progressos da ciência;

2. O romance naturalista inspira-se na vida quotidiana, comum;

3. O Naturalismo deve usar o método fisiológico, isto é, deve descrever as emoções através das suas manifestações físicas, com base no estudo dos fisiologistas.

Com o advento da Geração de 70, o Naturalismo surge para muitos críticos como movimento estético idêntico ao Realismo. Para outros as coisas não são assim tão simples. Vêem em ambas as estéticas aspectos comuns:

1. A arte como representação mímica, objectiva da realidade exterior (em contraste com a transfiguração imaginativa, impregnada de subjectivismo, praticada pelos românticos);

2. A objectividade dos temas;

3. A técnica impessoal de narrar.

Mas vêem nelas também elementos diferentes.

O Naturalismo pretende fazer-se acreditar pelo menos como seria a tentativa de aplicar à obra literária as descobertas e métodos das ciências do século XIX (Biologia, Positivismo filosófico, Psicopatologia sobretudo). Propõe-se então arrastar a ciência para o plano da obra literária. A obra literária ficará assim a funcionar como meio de demonstração de teses científicas.

O Realismo ignora a Patologia ou qualquer outra ciência como meio de explicar e ilustrar a obra de arte. Limita-se a “fotografar” com isenção a realidade circundante.

Bibliografia:

Referências Bibliográficas

Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, Volume II, Publicações Alfa, 1990, (pp. 27 e 28).

 

Nova Enciclopédia Larousse, Volume IV, Selecções do Reader Digest, 1983, (pp. 1419 e 1420).

Polis, Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, Antropologia, Direito, Economia, Ciência Política, Volume IV, Editorial Verbo, 1986, (pp. 575 e 576).

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Volume XVIII, Editorial Enciclopédica, Limitada, Lisboa, Rio de Janeiro, 1990 (pp. 453 até 455).

Internet

Http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalismo

Http://biociencia.org

Http://www.pitoresco.com.br

Http://faroldasletras.no.sapo.pt/realismo_naturalismo.htm

 

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