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Filosofia - 11º ano Teste Modelo
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Autor: Luís Vilela ESPAN - Queluz Data de Publicação: 30/05/2007 N.º de páginas visitadas neste site (desde 15/10/2006): SE TENS TRABALHOS COM BOAS CLASSIFICAÇÕES ENVIA-NOS (DE PREFERÊNCIA EM WORD) PARA notapositiva@sapo.pt POIS SÓ ASSIM O NOSSO SITE PODERÁ CRESCER. |
TESTE MODELO DE
FILOSOFIA
O teste versará
sobre
o seguinte tema opcional: 1- O universo do conhecimento: a Filosofia, a Ciência, a Arte, a Religião…; a especificidade da filosofia. 2- Realidade e verdade – a plurivocidade da verdade: perspectivismo fraco e perspectivismo forte; os contra-sensos do relativismo pós-moderno (textos-fotocópias: ”Subjectivismo e Antropocentrismo” de Desidério Murcho in Pensar outra vez – Filosofia, Valor e verdade, Quasi; “As consequências absurdas do relativismo pós-moderno”de Matheus Silva in www.criticanarede.com/fil_relativismo.html). 3- A necessidade contemporânea de uma racionalidade prática pluridisciplinar: a atitude crítica; uma noção abrangente de racionalidade.
GRUPO I
1- Não há provas empíricas para mostrar que as teorias filosóficas são verdadeiras. (15 pontos) R: A afirmação é verdadeira porque, enquanto que as teorias científicas têm de poder ser empiricamente testadas, isto é, confrontadas com a realidade por meio da observação e da experiência, “não há provas empíricas para mostrar que as teorias filosóficas são verdadeiras”. A filosofia não trata de problemas de carácter empírico pelo que não há, ao contrário das ciências como a química ou a biologia, provas empíricas para mostrar que as teorias filosóficas são verdadeiras. Os problemas filosóficos também se não reduzem a problemas de carácter formal pelo que não há, nesta disciplina, métodos de demonstração puramente formal como acontece na matemática e na lógica. Os filósofos visam chegar à verdade acerca dos problemas de que se ocupam elaborando teorias que não podem ser empiricamente testadas nem resultam de métodos de demonstração puramente formal. Os filósofos recorrem exclusivamente à argumentação para defender as suas teorias. As teorias filosóficas dependem fundamentalmente da qualidade dos argumentos em que se apoiam.
2- Não há qualquer diferença entre aquilo que se passa nas ciências e na filosofia: em ambos os casos se procura conhecer a verdade acerca do mundo em que nos encontramos, empenhando o melhor das nossas faculdades racionais. (15 pontos) R: A afirmação é falsa porque há pelo menos uma diferença fundamental entre aquilo que se passa nas ciências e na filosofia. É verdade que “em ambos os casos se procura conhecer a verdade acerca do mundo em que nos encontramos, empenhando o melhor das nossas faculdades racionais” A diferença fundamental entre o que se passa nas ciências e na filosofia deve-se à diferente natureza dos seus problemas: os problemas filosóficos não são, como os científicos, de natureza empírica ou formal e, portanto, não se resolvem por meio de testes empíricos ou por métodos de demonstração formais; a resolução dos problemas filosóficos recorre necessariamente à argumentação. É esta diferença fundamental que explica a existência, na ciência, de níveis de consenso e um certo tipo de progresso que não existe na filosofia.
3- Nem todas as obras de arte têm conteúdo proposicional, pelo que a arte não pode ser considerada uma forma de conhecimento. (15 pontos) R: - A afirmação pode ser considerada falsa porque, embora nem todas as obras de arte sejam constituídas por proposições, isso não significa que a arte não seja uma actividade cognitiva, uma forma de compreensão da realidade. De facto, a maior parte das obras de arte, como a pintura ou a música, não têm conteúdo proposicional, conteúdo que possa ser verdadeiro ou falso. No entanto, o conhecimento proposicional, ou “saber que”, não é o único tipo de conhecimento. O conhecimento de actividades, ou “saber-fazer” é também um tipo de conhecimento, embora não acerca de proposições. A arte proporciona-nos esse tipo de conhecimento, ensinando-nos a ver ou ouvir, apurando e orientando a nossa sensibilidade e despertando-nos para a descoberta de muitas coisas.
4- O traço que distingue mais claramente a religião da filosofia e da ciência é que estas consistem numa busca crítica ou racional da verdade, enquanto que a religião não tem como objectivo fundamental a verdade. (15 pontos) R: A afirmação é falsa porque o que distingue a religião da filosofia e da ciência não é o facto da religião, contrariamente à filosofia e à ciência, não ter como objectivo fundamental a verdade: quer a religião quer a filosofia quer a ciência têm como objectivo fundamental a verdade. O traço que distingue a religião da filosofia e da ciência é que estas consistem numa busca crítica e racional da verdade enquanto que a religião se apoia primariamente na fé e na autoridade da verdade revelada.
5- O perspectivismo forte é a ideia de que podemos olhar para diferentes aspectos da realidade e concluir correctamente diferentes verdades. (15 pontos) R: A afirmação é falsa pois diz respeito ao perspectivismo fraco e não ao perspectivismo forte. O perspectivismo fraco é a ideia de que podemos olhar para diferentes aspectos da realidade e concluir correctamente diferentes verdades. O perspectivismo forte é a ideia de que podemos olhar para os mesmos aspectos da realidade e concluir correctamente verdades diferentes e incompatíveis. O perspectivismo fraco é plausível e apoia-se na diversidade de actividades cognitivas (ciência, filosofia, arte, religião), que estudam diferentes aspectos da realidade: por exemplo, é perfeitamente aceitável que filósofos e cientistas cheguem a diferentes conclusões, ambas verdadeiras, embora não incompatíveis, porque estamos a falar de perspectivas diferentes acerca de diferentes aspectos da realidade. O perspectivismo forte, pelo contrário, levanta várias dificuldades e tem consequências absurdas.
6- Não se pode continuar a pensar que a racionalidade se reduz aos formalismos da lógica ou da matemática, nem que se reduz à atitude científica. (15 pontos) R: A afirmação é verdadeira para quem pensa numa noção abrangente de racionalidade, uma noção de racionalidade que integre os dois domínios muitas vezes considerados antagónicos: o da cultura científica com o rigor, o raciocínio lógico, a razão, e o da cultura humanística com a criatividade, a imaginação e a emoção. De facto, a criatividade não é apenas necessária nas artes e na literatura, também as ciências e a filosofia são criativas; por outro lado, o rigor não é apenas necessário nas ciências, também a literatura deve ser rigorosa, sob pena de degenerar em “ninharia sentimental”.
GRUPO II O relativismo é uma doutrina filosófica bastante antiga, apesar da sua popularidade ter vindo a flutuar ao longo dos anos. Hoje em dia o relativismo está outra vez na moda, sobretudo nos departamentos de literatura e crítica literária. Podemos assumir uma posição relativista em relação a várias coisas. Mas, em geral, o relativismo caracteriza-se por afirmar que em certas áreas a verdade é relativa a um certo ponto de vista, quer seja do singular quer seja do plural. O relativismo caracteriza-se pela negação de que possamos vir a ter um conhecimento objectivo em relação a certas áreas. Por exemplo, podemos ser relativistas em relação ao valor estético, e assim afirmar que uma obra de arte é boa é algo que depende de um certo ponto de vista. Podemos também ser relativistas em relação à ciência, em relação à moral, em relação à verdade em certas áreas do saber e à racionalidade. O relativismo é, a meu ver, uma das correntes filosóficas mais nefastas de sempre. A razão disto é o facto de pôr em causa toda uma tradição cultural, abolindo os critérios de excelência académica porque tanto lutámos; ideais de verdade e racionalidade são agora rejeitados. (...) O que motivou este movimento pós-modernista, foi o espanto de um pensar específico e localizado num tempo e espaço específicos poder atingir algo de universal e objectivo. O reconhecimento destas limitações e da dificuldade em alcançar a objectividade uma vez que toda a representação emana de um ponto de vista e sob alguns aspectos e não sob outros, é um dos aspectos mais importantes que deu origem a esta era de cépticos pós-modernistas. Sem dúvida que no seio deste cepticismo está a falácia do apelo à ignorância, pois do facto de não sabermos se é possível alcançar a objectividade não se segue que não seja de todo possível alcançá-la.(...) O maior «inimigo» do relativismo, e aquele que convém «abater», é o realismo. O realismo é aquela doutrina filosófica que está na base de todas as reivindicações de objectividade, verdade e racionalidade. A ideia que é veiculada, é a de que apesar de possuirmos representações mentais e linguísticas do mundo em forma de crenças, teorias, afirmações, etc., existe um mundo que é totalmente independente dessas representações. Mas esta ideia é consistente com a existência de certas áreas da realidade que são, de facto, construções sociais. Por exemplo, o dinheiro, as instituições sociais, graus académicos, etc. Se nos extinguíssemos, essas coisas desapareciam connosco, mas as árvores, os animais, o planeta Terra, o universo continuariam a existir. O conhecimento pode ser caracterizado por ser «um conhecimento acerca de uma realidade independente da mente que se exprime numa linguagem pública que contém proposições verdadeiras, e estas proposições são verdadeiras porque representam com precisão essa realidade e chegamos ao conhecimento aplicando os constrangimentos da racionalidade e da lógica a que o conhecimento está sujeito. Os méritos e deméritos de uma teoria são em grande parte uma questão de se coadunarem ou não aos critérios implícitos nesta concepção.» São os princípios implícitos a esta definição de conhecimento que os relativistas pretendem pôr em causa. Célia Teixeira, Relativismo ou Objectivismo, in Revista Intelectu nº 5
1- Explicite em que consiste o relativismo, e esclareça em que sentido com o relativismo pós-moderno “ os ideais de verdade e de racionalidade são rejeitados”( 35 pontos) R: “O relativismo caracteriza-se pela negação de que possamos vir a ter um conhecimento objectivo em relação a certas áreas”. Um conhecimento objectivo é um conhecimento universal e independente da perspectiva em que nos colocamos. Assim, o relativismo moral defende que não podemos ter um conhecimento objectivo da moral e que portanto (“falácia do apelo à ignorância”), não há valores morais objectivos. “O relativismo caracteriza-se por afirmar que em certas áreas a verdade é relativa a um certo ponto de vista, quer seja do singular quer seja do plural”. Assim, para o relativismo a verdade é relativa ao ponto de vista de cada um (subjectivismo), ou ao ponto de vista de determinada comunidade cultural, ou ao ponto de vista de determinada época. Para o relativismo “os ideais de verdade e racionalidade são rejeitados”, isto é, a busca permanente da verdade tendo como guia a razão deixa de ser a meta a alcançar. Porquê? Porque não faz sentido procurar a verdade acerca de algo se se considera que a verdade (e a própria razão) depende da perspectiva que se assume.
2- “O maior «inimigo» do relativismo, e aquele que convém «abater», é o realismo”. Esclareça o significado desta afirmação retirada do texto. (40 pontos) R: “O realismo é aquela doutrina filosófica que está na base de todas as reivindicações de objectividade, verdade e racionalidade. A ideia que é veiculada, é a de que apesar de possuirmos representações mentais e linguísticas do mundo (...), existe um mundo que é totalmente independente dessas representações”. Assim, o realismo, contrariamente ao relativismo defende que: - o conhecimento objectivo é possível (objectividade); - uma crença é verdadeira quando é objectiva, isto é, quando é independente da perspectiva em que nos colocamos e quando representa fielmente o mundo (verdade); - chegamos ao conhecimento objectivo guiando-nos pela racionalidade e pela lógica (racionalidade). Ora, em completa oposição, o relativismo defende que: - o conhecimento objectivo não é possível; - a verdade de uma crença depende da perspectiva em que nos colocamos; - a racionalidade é também uma questão de perspectiva pelo que não pode ser um guia universal. Assim se compreende que “o maior inimigo do relativismo, e aquele que convém abater, seja o realismo”
3- Será o relativismo pós-moderno plausível, ou será, pelo contrário, alvo de fortes críticas que o tornam implausível? Justifique. (40 pontos) R: O relativismo pós-moderno é alvo de fortes críticas que o tornam implausível. Em primeiro lugar, o relativismo refuta-se a si próprio, na medida em que está obrigado a aceitar como verdadeira a perspectiva segundo a qual a verdade não depende da perspectiva. Em segundo lugar, o relativismo pós-moderno tem consequências absurdas e contra-intuitivas (basta lembrar alguns dos exemplos abordados nas aulas como o da criança que é assassinada e em que o assassino seria “relativo” ao critério de investigação, mudaria de acordo com o critério!). Em terceiro lugar o relativismo pós-moderno confunde a verdade com o que acreditamos ser a verdade ao afirmar, por exemplo, que o modelo geocêntrico é tão verdadeiro quanto o heliocêntrico já que a verdade é relativa e depende dos critérios que utilizamos. Em quarto lugar o relativismo ao considerar que todas as perspectivas são igualmente verdadeiras tira qualquer sentido à discussão racional do que quer que seja, remetendo-nos para uma posição acrítica e preguiçosa e obrigando-nos a respeitar comportamentos e teorias que não estaríamos dispostos aceitar.
Luís Vilela |
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