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Filosofia - 11º ano

A Lógica

Autor: Catarina Ferreira

Escola Secundária

Data de Publicação: 01/09/2006

N.º de páginas visitadas neste site (desde 15/10/2006):  

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A Lógica

 

ØDistinção de Validade/Verdade

 

Å 1. A lógica e a coerência do pensamento e do discurso

 

Eu chamo-me Catarina e não me chamo Catarina.

- De facto, o discurso proferido, é incoerente, não tem lógica. Aquilo que é dito não só está de acordo com o que efectivamente acontece, como evidência algumas contradições.

O Homem no seu dia-a-dia conduz o seu pensamento e por consequência, o seu discurso – segundo determinadas exigências da lógica, certos princípios e regras que o tornam coerente. Caso contrario as pessoas não se entendiam.

- Por conseguinte, estes são as condições que nos permitem relacionar, orientar e estruturar os nossos pensamentos de forma coerente. Há uma ordem lógica e racional que é preciso seguir para nos orientarmos no mundo e conhecer a verdade.

 

 

èDefinição de Lógica:

 

‘ A ciência das leis necessárias do entendimento e da razão em geral ou, o que é a mesma coisa, da simples forma do pensamento em geral, designamo-la de Lógica. ’ – Kant

 

- A disciplina filosófica que se dedica ao estudo das leis, princípios e regras a que deve obedecer o pensamento e o discurso é precisamente a lógica.

- no seu sentindo etimológico, ela é a ciência do ‘logos’. O termo ‘logos’ de origem grega , significa : palavra, discurso , pensamento, razão. Como tal, a lógica terá por objecto o pensamento e o discurso, preocupando-se com a sua correcção.

- A psicologia ocupa-se do estudo dos mecanismos e processos mentais, a lógica apenas terá em consideração o resultado desses processos: o pensamento como produto, traduzido em enunciados.

- Torna-se pois, necessário obedecer a determinadas regras para a elaboração dos nossos raciocínios, ou argumentos. A lógica permite estabelecer essas regras, de modo a distinguir os raciocínios válidos daqueles que não o são.

 

î Importância da lógica:

 

- Ela ajuda-nos a adquirir competências que nos permite avaliar a validade dos argumentos que nos são apresentados, contribuindo assim para desenvolver a autonomia e o espírito critico.

- Ela proporciona-nos meios que possibilitam a organização coerente dos pensamentos, desenvolvendo competências argumentativas e demonstrativas, a fim de os podermos comunicar com rigor, coerência e inteligibilidade.

- Ela permite-nos analisar diversos tipos de discurso, do científico ao político, para nos certificarmos da sua validade formal

- Final/, ela possibilita-nos a analise de ideias, juízos, raciocínios e métodos de inferir, permitindo representar, através de uma linguagem rigorosa, conceitos que pela subtileza escapam a toda a toda a determinação precisa com a linguagem corrente. É por meio desses recursos que pensamos a realidade e a podemos conhecer.  

 

 

ï Princípios Lógicos (princípios básicos do nosso pensamento)

 

a)   Principio de Identidade - de acordo com este principio, se se coloca uma proposição, temos de colocar a mesma proposição, isto é, uma proposição é equivalente a si mesma.

 

Ex.: se eu me chamo Catarina, logo chamo-me Catarina

 

- O que acima de tudo, importa reter relativamente a este princípio é que ele exige que, no decurso de um procedimento argumentativo ou demonstrativo, se mantenha o mesmo significado dos termos e das expressões.

 

b)   Principio de (não) Contradição – segundo este principio, é impossível aceitar uma proposição e, ao mesmo tempo, a sua negação. De acordo com Aristóteles, no que se refere à dimensão lógica, dizemos que é impossível que a afirmação e a negação sejam verdadeiras ao mesmo tempo.

 

Ex.: Se é verdade que me chamo Catarina, então é falso que não me chamo Catarina.

 

- Do ponto de vista ontológico, a mesma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, segundo a mesma perspectiva, ou, então, é impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo sujeito, ao mesmo tempo e segundo a mesma relação.

 

- Eu sou alta e não sou alta (não entro necessariamente em contradição, posso ser alta em relação à kanita e não ser em relação à Mariana : D )

 

- Possuindo estas dimensões – lógica e ontológica – o principio de não contradição estrutura a realidade e o nosso pensamento, estando na base das afirmações que produzimos acerca dessa realidade.

 

c)   Princípio do Terceiro Excluído – de acordo com este princípio, na sua vertente lógica, sendo dada uma proposição, tem de a afirmar ou de a negar. Segundo Aristóteles, de duas proposições contraditórias, uma delas tem de ser verdadeira e não podem ser ambas falsas, ou seja, não é possível que haja qualquer entre enunciados contraditórios.

 

Ex.: Ou eu me chamo Catarina ou eu não me chamo Catarina.

 

- Na sua formulação ontológica, este princípio diz-nos que uma coisa deve ser ou então não ser, não há terceira possibilidade.

 

 

A Importância destes Princípios

 

Estes três princípios são pressupostos de todo o pensamento consistente. Sem eles, nenhuma verdade pode ser concebida. Sendo leis fundamentais, exigem que lhes obedeçamos se queremos o nosso pensamento tenha rigor e coerência. Quando pensamos e quando traduzimos o nosso pensamento em discurso (oral ou escrito), utilizamos estes princípios, os quais determinam todo o nosso exercício racional.

- Eles revelam-se no discurso, porque o discurso é a tradução do pensamento. Todavia, para pensar precisamos não só de princípios, como também de instrumentos lógicos – O CONCEITO; O JUIZO E O RACIOCINIO.

 

 

ï Os instrumentos lógicos do pensamento

 

O conceito e o termo

 

a) O conceito de ‘ conceito ’

O conceito é, numa perspectiva lógica, o elemento básico do nosso pensamento. Só há pensamento porque há conceitos. Além disso, existe uma relação muito estreita entre os conceitos e as palavras. As palavras são fundamentais na elaboração do nosso pensamento e, por conseguinte, na estruturação da nossa visão do mundo. O pensamento e a linguagem verbal são simultâneos e interdependentes.

- É necessário utilizar as palavras adequadas a fim de que os conceitos se tornem claros. Importa, pois, clarificar devidamente o conceito, para que nos possamos entender correctamente.

- O Conceito é um instrumento mental que utilizamos para pensar as diversas realidades (sejam materiais ou espirituais, concretas ou abstractas) o conceito dá-nos uma representação dessas realidades.

- O conceito resulta de uma construção, não é preexistente.

 

Essas representações obtêm-se através da experiência, envolvendo diversas operações:

¾ Dados empíricos – conjunto de elementos que obtemos através da observação e da experiência

¾ Comparação – é exercida sobre os diversos objectos ou seres, procurando o que têm em comum (características essenciais) e o que é próprio deste ou daquele (características acidentais)

¾ Abstracção – consiste em separar mentalmente as características do objecto, retendo apenas as que são comuns, e pondo de lado o que é individual.

¾ Generalização – consiste em aplicar as características comuns aos elementos pertencentes a toda a classe 

 

FORMA-SE O

ò

!!! CONCEITO !!!

 

Conceito = elemento essencial do pensamento. Consiste na representação intelectual, abstracta e geral da essência de um conjunto de seres e justamente por nada afirmar ou negar, constitui o elemento básico do pensamento. É uma síntese que reúne as características comuns ( ou invariantes) de uma diversidade de seres ou acontecimentos.

 

- Os conceitos são o conteúdo significativo

- As palavras são unicamente os signos, os símbolos das significações

 

Dividem-se em

 

   
 
     
 
     
 
 

Conceitos Objectivos

 

Conceitos Funcionais

 

C. Objectivos – são os conceitos que se referem a objectos. Mas alguns são empíricos, nem todos resultam de um processo de abstracção através da experiência sensível. Existem também os conceitos que não correspondem a seres materiais e visíveis, mas a seres ideais, metafísicos ou axiológicos (alma, Deus, Bondade)

 

C. Funcionais – aqueles que estabelecem as relações entre os anteriores (verbos, conjunções, os advérbios…)

 

- O conceito não deve reunir em si elementos contraditórios.

- O conceito deve restringir-se ao campo da possibilidade lógica.

- Os conceitos não existem isolados, mas formam redes conceptuais.

 

 

b) O Termo

 

- Um conceito pode ser expresso por vários termos

- Um termo pode ter várias significações, isto é, pode expressar vários conceitos

- O termo é a vestidura convencional e simbólica do conceito pela qual este se fixa e se delimita

- O mesmo conceito pode ser expresso por termos diferentes ( diferentes línguas por exemplo)

- O mesmo termo pode expressar diferentes conceitos (compasso – instrumento de desenho / divisão se tempo na musica)

 

ä Do ponto de vista lógico:

- Não confundir termo com palavra;

- O termo pode ser constituído por uma ou por varias palavras, quando constituído por mais que uma palavras, os termos designam-se por expressões conceptuais (ser vivo, animal domestico.)

 

c)     Extensão e Compreensão

  

Extensão (denotação) de um conceito – é o conjunto de seres, coisas, membros que são abrangidos por ele, ou seja, são os elementos da classe lógica que é definida pelo conceito.

Compreensão (intensão) de um conceito – é o conjunto de qualidades, propriedades, notas, características ou atributos que definem esse conceito.

ö A Compreensão e a extensão variam na razão inversa ou seja, à medida que aumenta a extensão, diminui a compreensão. Á medida que a extensão diminui, aumenta a compreensão. Por outras palavras, quanto maior é o numero de elementos a que o conceito se aplica (extensão), menor é a quantidade de características comuns (compreensão)

ñ

 

Compreensão

Ser

Ser vivo

Animal

Vertebrado

Mamífero

Cão

Extensão

 

ò

- Estes conceitos estão dispostos por ordem decrescente quanto á extensão e por ordem crescente quanto à compreensão.

Ordem decrescente de extensão    «    Ordem crescente da compreensão

 

Å O Juízo e a Proposição

 

Características dos juízos

 

- Os conceitos formam redes conceptuais, logo quando pensamos, relacionamos conceitos, e relacionar conceitos é o mesmo que julgar ou formar juízos.

 

Julgar é sinónimo de predicar. Com efeito, qd formam um juízo, afirmamos ou negamos alguma coisa (o conceito de predicado) relativamente a outra coisa (o conceito de sujeito).

 

Ex.: a casa é branca

- O sujeito (a casa) é o ser a quem se atribui o predicado, é o conceito relativa/ ao qual se afirma ou nega algo

- O predicado (branca) é aquilo que se diz do sujeito, podendo ser afirmado ou negado.

- A cópula (é) é o elemento que relaciona o sujeito com o predicado

 

ü Se o sujeito (S) e o predicado (P) representam o conteúdo ou a matéria do juízo, a cópula representa a sua forma, podendo ser afirmativa (é) ou negativa (não é)

 

Função do juízo = afirmar ou negar

S é P (formula clássica)

 

Em síntese:

Podemos definir o juízo, como a operação mental que permite estabelecer uma relação de afirmação ou de negação entre os conceitos, podendo tal relação ser considerada verdadeira ou falsa.

 

 - Qualquer frase declarativa pode transformar-se num juízo do tipo S é P

 

Catarina Ferreira

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