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Início » Resumos e Sebentas » Português » 11º ano

Português - 11º ano

Frei Luís de Sousa

Autor: Ana Atalaia

Santarém

Data de Publicação: 01/01/2006

N.º de páginas visitadas neste site (desde 15/10/2006):  

SE TENS TRABALHOS COM BOAS CLASSIFICAÇÕES ENVIA-NOS (DE PREFERÊNCIA EM WORD) PARA notapositiva@sapo.pt POIS SÓ ASSIM O NOSSO SITE PODERÁ CRESCER.

 

 

Frei Luís de Sousa

- O Romantismo -

 

 

Romantismo

 

·        Primado dos valores do sentimento e da sensibilidade;

·        Individualismo

·        Hipertrofia do eu: Egocentrismo

·        Inspiração livre

·        Arte desligada de valores éticos, utilitários e sociais. Autonomia dos valores estéticos

·        Arrebatamentos, exaltação desmedida, espontaneidade

·        Nacionalismo

·        Homem indisciplinado, revoltado, irrequieto, pessimista

·        Homem que procura a evasão do real: no espaço – fuga para locais que representem qualquer coisa de exótico/diferente; no tempo – fuga para o passado (nomeadamente para épocas histórias em especial para a idade média)

·        Homem revoltado contra a sociedade, perdido do seu eu

·        Culto da mulher-anjo (frágil, pura, vestida de branco) ou então da mulher-demónio (leva os homens à perdição).

·        Amor sentimental e sensorial

·        Natureza espontânea, selvagem, sombria, melancólica

·        Preferência pelas horas sombrias ou crepusculares ou da noite

·        Preferência pelas personagens imperfeitas

·        Vocabulário familiar, afectivo, popular, sintaxe próprio da fala

·        Versificação livre e variedade estrófica

·        Gosto pela quadra

·        Democracia. Simpatia pelo povo

·        Tom coloquial

·        Exploração das noções de originalidade e de génio

·        Subversão das formas clássicas

·        Interesse pelo excepcional e desmedido, procura do particular e do diverso

·        Interesse pelos anseios e enigmas profundos do homem; exaltação da energia criativa do sonho e da imaginação

·        Confessionismo evidente

·        Valorização do nacional e do popular, redescoberta do passado medieval.

 

 

Texto dramático

 

·        Assente nas falas das personagens

·        Poucas descrições

·        Suporta-se na 2ª pessoa

·        Tem como objectivo ser representado

 

·        Plano textual (texto principal–falas;  texto secundário–didascálias, indicações cénicas)

Destinatário: leitor (individual)

Espaço físico, tempo, personagens, acção

 

·        Plano cénico

Destinatário: espectador (colectivo)

Cenário (espaço), tempo representativo a partir de elementos figurativos, actores que dão corpo e voz às personagens, representação (acção)

 

·        Espaço no texto dramático:

Pouco elaborado (decorado) – rarefeito (elementos mínimos)

Pouco amplo

Concentração de espaço (de acordo com o palco)

Espaço único para cada acto

 

·        Narradores – personagens que se encarregam de fazer referências de tempo/espaço e que contam aspectos que não foram representados.

 

 

Espaço

 

·        Acto 1º

Palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada.

Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século XII. É, pois, um espaço sem grades, amplamente aberto para o exterior, onde as personagens ainda gozam a liberdade de se movimentarem guiadas pela sua vontade própria. Através das grandes janelas rasgadas domina-se uma paisagem vasta. – É o fim da tarde.

 

·        Acto 2º

Palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada, que agora pertença a D. Madalena.

Salão antigo de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família, muitos de corpo inteiro; estão em lugar de destaque o de el-rei D. Sebastião, o de Camões e o de D. João de Portugal. Portas do lado direito para o exterior, do esquerdo para o interior, cobertas de reposteiros com as armas dos Condes de Vimioso. Deixa de haver janelas e as portas, ainda no plural, são já mais destinadas a cercar as personagens que a deixá-las escapar.

 

·        Acto 3º

Parte baixa do Palácio de D. João de Portugal, comunicando pela porta à esquerda do espectador, com a capela da Senhora da Piedade na Igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornato algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras, cruzes e outros objectos próprios para uso religioso. É alta noite.

 

·        Qual é o tratamento dado ao espaço no Frei Luís de Sousa?

Progressão em termos negativos. Há um afunilamento quer a nível de luz, decoração ou amplitude. Ou seja, vai evoluindo no sentido da acção: vão surgindo acontecimentos que afectam a vida normal familiar e que culmina com a morte de Maria. A acção caminha no sentido da destruição, a par do tratamento que vai sendo dado ao espaço.

 

·        Espaço social (costumes e mentalidades que definem uma época)

§         Características do palácio de D. Manuelà família da aristocracia

§         Madalena lendoà Sendo mulher, usufrui de educação

§         A existência de Telmo, Doroteia, Miranda

§         Maria lendo “Menina e Moça” de Bernardim Ribeiro

§         D. João servia ao lado de D. Sebastião

§         Pesteà população com más condições; a Almada não chega a peste devido à falta de comunicação

§         Os casamentos não eram feitos por amorà D. Madalena casa com D. João por obrigação

§         D. Madalena fica com tudo o que era de D. Joãoà os casamentos eram feitos com base na partilha

§         Maria é uma filha ilegítima por ser filha de um segundo casamento

§         Más comunicações: um cativo na terra santa não consegue fazer saber-se que está vivo e a família também não o encontra

§         O marido funciona, muitas vezes, com pai da esposa, pois esta é muito mais nova que ele.

 

 

Tempo

 

·        Informações temporais dadas através das falas das personagens

·        Período vasto de tempo (21 anos) mas a acção representada tem apenas uma semana

·        Batalha de Alcácer Quibir (1578) + 7 anos + 14 anos

ò

Primeira sexta-feira (27 de Julho de 1599) à + 8 dias à Segunda sexta-feira (4 de Agosto de 1599) – HOJE   (2º acto)

ò

5 de Agosto (consequências do hoje) - madrugada

·     Em cena temos apenas duas partes de dois dias

·    Tempo histórico (o desenrolar da acção está dependente da batalha)

Tempo da acção

·    Ao afunilamento do espaço corresponde uma concentração do tempo dum dia especial da semana: 6ª feira

·    As principais cenas passam-se durante a noite.

 

 

Personagens

 

·        Classificação de personagens:

 

·        Relevo/desempenho           à Personagem principal (impulsiona directamente o avanço da acção)

à Personagens secundárias

à Figurantes (não participam na acção mas estão directamente relacionados com o espaço social) (Doroteia, Prior de Benfica, Miranda, Arcebispo)

 

·        Formação da personagem  à Personagem modelada (a que se aproxima do modelo humano)

 à Personagem plana (tem características que obedecem a um padrão)

à Personagem tipo (representativo de uma classe social)

 

·        Todos os figurantes no Frei Luís de Sousa são tipo.

·        No texto dramático predomina a caracterização indirecta (com base na actuação)

 

·        Manuel de Sousa Coutinho  (personagem principal e plana)

§         Nobre, cavaleiro de Malta

§         Construído segundo os parâmetros do ideal da época clássica

§         Racional

§         Bom marido e pai terno

§         Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista

§         Valores: pátria, família e honra

§         Excepções ao equilíbrio (momentos em que Manuel foge ao modelo clássico e tende para o romântico): cena do lenço de sangue/espectáculo excessivo do incêndio

 

·        D. João de Portugal  (personagem principal, plana e central)

§         Nobre (família dos Vimiosos)

§         Cavaleiro

§         Ama a pátria e o seu rei

§         Imagem da pátria cativa

§         Ligado à lenda de D. Sebastião

§         Nunca assume a sua identidade

§         Exemplo de paradoxo/contradição: personagem ausente mas que, no desenrolar da acção, está sempre presente.

 

·        Telmo Pais  (personagem secundária)

§         Escudeiro e aio de Maria

§         Tem dois amos: D. João e Maria

§         Confidente de D. Madalena

§         Chama viva do passado (alimenta os terrores de D. Madalena)

§         Provoca a confidência das três personagens principais

§         Considerado personagem modelada num momento: durante anos, Telmo rezou para que D. João regressasse mas quando este voltou quase que desejou que se fosse embora.

 

·        Frei Jorge Coutinho (personagem secundária e plana)

§         Irmão de Manuel de Sousa

§         Ordem dos Dominicanos

§         Amigo da família

§         Confidente nas horas de angústia

§         É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa

 

·        D. Madalena de Vilhena  (personagem principal e plana)

§         Nobre e culta

§         Sentimental

§         Complexo de culpa (nunca gostou de D. João, mas sim de D. Manuel)

§         Torturada pelo remorso do passado

§         Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro

§         Apaixonada, supersticiosa, pessimista, romântica (em termos de época), sensível, frágil

 

·        D. Maria de Noronha  (personagem principal e plana)

§         Nobre: sangue dos Vilhenas e dos Sousas

§         Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente

§         Doente de tuberculose

§         Poderosa intuição e dotada do dom da profecia

§         Encarnação da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro

§         Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo

§         A única vítima inocente

 

 

Etapas em Frei Luís de Sousa

 

·        1ª Etapa: D. João existe apenas no domínio psicológico das personagens (1º acto)

·        2ª Etapa: D. João torna-se visível no retrato (início do segundo acto)

·        3ª Etapa: D. João chega na forma de Romeiro (final do 2º acto)

·        4ª Etapa: Embora não esteja presente é D. João que provoca a morte das 3 personagens  (3º acto)

·        Em nenhuma altura temos D. João assumido como tal.

 

 

Características trágicas em Frei Luís de Sousa

 

·        Existência de personagens com o papel de confidentes (personagens que existem para que as outras personagens digam o que sentem) e coro (conjunto de pessoas que cantava um cântico pesado que ia interrompendo a acção para comentar o desenrolar da mesma e profetizar

·        Existência da regra das três unidades: tempo, espaço e acção

·        A tragédia tem como objectivo provocar a piedade (pelas vítimas) e terror (por alguém que há-de vir dos mortos) nos espectadores

·        Estrutura do desfecho:

 

Presságios

(vários elementos, situações ou ditos das personagens que vão aumentando a tragédia

 

 

ð

1 – Peripécia (momento em que o decorrer da acção é irremediavelmente invertido)à a chegada de alguém que trás notícias de D. João de Portugal

2 – Revelação (segredo/identidade que se revela)à o revelar da identidade do romeiro

3 – Catástrofe (morte violenta/final que vitima as personagens envolvidas)à morte figurada no caso de Manuel e Madalena e morte violenta de Maria.

·        No desfecho temos a presença do destino como castigo do amor de D. Madalena por D. Manuel

·        Destino: força superior que transcende a vontade das personagens e perante a qual as personagens se tornam indefesas

·        Presságios: Fogo( destrói a família e destrói o retrato); Leituras ( Lusíadas e Menina e Moça)

·        Phatos: crescente de aflição e de angústia que conduz ao clímax da acção através de uma precipitação de acontecimentos através dos presságios.

·        Hybris: desafio lançado aos deuses ou às autoridades (atitude de D. Madalena ao casar com D. Manuel)

·        Clímax: auge do sofrimento

·        Peripécias: mutação repentina da situação

·        Anagnorisis: reconhecimento ou constatação dos motivos trágicos

·        Moira ou fatum: força do destino

·        Catástrofe: desfecho trágico

·        Leitura simbólica de Frei Luís de Sousa:

§         Tragédia – sexta-feira (dia de azar); a noite (parte do dia propícia a sentimentos de terror e parte escura do dia); os números:

ü          7 à nº de anos de busca

ü          14 à tempo de casamento (7 reforçado, 14=2x7)

ü          21 à tempo da acção

ü          13 à nº de azar, idade de Maria

ü          3 à nº de elementos da família sujeitos à destruição, 3 retratos na sala dos retratos.

§         Pátria – atitudes de Manuel de Sousa que se podem resumir num protesto à tirania, defesa dos valores da pátria.

ü          Incêndio à símbolo patriótico

ü          A família pode ser vista como a unidade da pátria, a destruição da família é a destruição da pátria governada pelos estrangeiros.

ü          Oposição entre D. Manuel e D. João à entre Portugal velho e ultrapassado e o novo e actual que se pretende (Manuel)

 

 

Características românticas em Frei Luís de Sousa

 

·        Narcisismo/ hipertrofia do eu: as personagens dão construídas a partir de uma projecção. Almeida Garrte transporta o seu problema de amor para D. Madalena e transporta o problema da filha ilegítima para Maria

·        Preferência pelas horas sombrias: o desenrolar da acção passa-se essencialmente à noite ou de madrugada.

·        Culto da mulher-anjo: na personagem de Maria

·        Nacionalismo/ patriotismo: nas atitudes de Manuel de Sousa

·        Preferência por personagens imperfeitas: D. Madalena que se apaixonou ainda casada

·        Religiosidade

·        Mitos/superstição

·        Infracção e pecado

·        Individualismo versus sociedade: Manuel de Sousa Coutinho decide o que há-de fazer porque a sociedade aponta Maria como filha do pecado, o 1º casamento seria inválido

·        Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infracção à religião e costumes e o destino castiga essa acção. Será então o homem livre ou será dominado pelo destino? Tudo o que fará por escolha própria estará sujeito a castigo por parte do destino?

 

 

De que forma o tempo e o espaço se relacionam com o desenrolar trágico da acção?

 

O tempo vai caminhando para uma concentração no momento do clímax. É como que uma preparação para aquele momento.

O espaço é cada vez mais escuro e tem relação directa com o desfecho da acção que será no altar. Caminha-se de um espaço amplo para um espaço reduzido. Caminha-se de objectos confortáveis para objectos que são alusões cada vez mais nítidas à catástrofe. Do profano ao religioso/ da vida à morte.

Telmo cada vez faz mais agoiros. As personagens vão anunciando o aparecimento de um terror qualquer. Terrores e medos de D. Madalena que contribuem para um ambiente mais tenso; Maria que conta o que lê, o que sonha, o que pensa. Vão surgindo previsões do que se irá passar.

 

Ana Atalaia

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