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Literatura para a Infância Promoção da Leitura "O Conto" |
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Autor: Bárbara Ramos Instituto Politécnico de Beja - Escola Sup. de Educação Data de Publicação: 29/11/2006 N.º de páginas visitadas neste site (desde 15/10/2006): SE TENS TRABALHOS COM BOAS CLASSIFICAÇÕES ENVIA-NOS (DE PREFERÊNCIA EM WORD) PARA notapositiva@sapo.pt POIS SÓ ASSIM O NOSSO SITE PODERÁ CRESCER. |
Promoção da Leitura INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA - Escola Superior da Educação Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico Literatura para a Infância Bárbara Ramos; Elisabete Cabo; Mafalda Espada; Natasha Meca; Vera Rocha
«O autor de literatura infantil tem como leitor uma criança com um universo menor que o seu, com limitações de léxico, de sintaxe e de visão de mundo, e isso faz com que ele necessite produzir seu texto dentro de uma linha de desafio enorme. O contrato que rege a relação adulto-criança é diferente do que subjaz à relação entre dois adultos. A margem de manobra para a produção de um texto para crianças é muito menor que a de um texto produzido para adultos.» http://www.collconsultoria.com/artigo11.htm - Ieda de Oliveira (2003)
Introdução
O nosso trabalho surge no âmbito da disciplina de Literatura para a Infância, do curso de Professores de 1.º Ciclo do Ensino Básico. Com este trabalho pretendemos apresentar actividades que promovam a leitura e o hábito pela mesma. Entende-se por projectos de promoção da leitura, os projectos que de uma forma continuada, têm como principal intuito aproximar os livros dos potenciais leitores, sendo que, surge uma relação entre as acções a desenvolver e o público a que se destina as actividades, por sua vez o leitor transformasse num sujeito activo. A promoção da leitura surge assim, numa tentativa de formar os leitores e de fazer com que estes adquiram o hábito/gosto pela leitura. O nosso trabalho encontra-se dividido em três pontos. O primeiro refere-se à proposta da actividade, onde indicamos onde e como a actividade se vai desenrolar. O segundo ponto diz respeito à apresentação das actividades, e finalmente o terceiro ponto aborda as razões que nos levaram a escolher o conto, as actividades apresentadas e a bibliografia escolhida.
1. Proposta
Pretendemos que esta actividade seja realizada numa Biblioteca, para crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 11 anos. Este projecto pode ser desenvolvido a nível de Portugal, com todas as Bibliotecas que estejam interessadas a aderir ao mesmo. É de referir que será comunicado às escolas de cada região, o referido projecto, para que as crianças tenham conhecimento e para que se inscrevam, o número de inscrições dependerá da biblioteca em questão. Este projecto será desenvolvido no fim-de-semana, dependendo do horário de cada biblioteca. É de referir que escolhemos um espaço alheio à escola porque pretendemos que os alunos adquiram o hábito de ler e leiam fora desta, para que o mantenham ao longo das suas vidas e também porque a utilização dos contos na escola faz com que estes se separem do seu contexto social normal e se integrem numa outra cultura, a do “escrito”, mas no local de implementação da actividade que escolhemos o mesmo não vai acontecer. Os contos enquanto escritos mantêm-se sempre iguais enquanto que se forem transmitidos oralmente podem modificar-se porque muitas vezes os adequamos às situações. Podemos considerar a biblioteca como um lugar onde existe livros mas não a podemos considerar como um lugar onde apenas existem livros, temos de considera-la como lugar dinâmico onde os livros têm “vida”. Além das actividades organizadas os alunos devem ser estimulados a frequentar a biblioteca sem ser para realizar trabalhos mas sim para se dedicaram à leitura Outro dos motivos que nos levou a escolher a biblioteca é o facto desta facilitar o desenvolvimento desejado na escola, isto é, a biblioteca é um dos recursos que proporciona a integração e dinamização do processo ensino/aprendizagem, esta é um instrumento do qual não podemos dispensar quer para apoio didáctico quer para apoio cultural, sendo assim, podemos considerá-la como um complemento da instituição escolar. A biblioteca, quer esta seja escolar ou não, pode ser considerada como um instrumento de desenvolvimento do currículo, sendo que, vai permitir o fomento da leitura. É considerada um elemento que contribui para a formação das crianças para que estas tenham uma aprendizagem permanente, e proporciona um estimulo no que refere à criatividade, à comunicação, é um elemento facilitador da recriação. O objectivo da realização desta actividade é a promoção da leitura.
1.1. Actividades a Desenvolver:
· A Hora do Conto
Objectivo: Abordar o mundo da literatura infantil. Descrição: Consiste a contar contos aos alunos. Participantes: Crianças entre os 3 e os 11 anos. Desenvolvimento: Esta actividade deve ocorrer num ambiente acolhedor. O tempo da actividade não deve ser superior a uma hora. O contador será a pessoa responsável por esta actividade.
· A Leitura Silenciosa
Objectivo: Os alunos devem considerar o livro como um objecto de companhia que serve para ocupar o tempo vazio, outro dos objectivos da leitura é também provocar um hábito de leitura, fazendo com que os alunos descubram um novo mundo. Descrição: Os alunos fazem uma leitura individual durante pouco tempo num espaço silencioso para que criarem o hábito e o costume de ler diariamente. Participantes: Todas as crianças. Desenvolvimento: Esta actividade é destinada a momentos dedicados à leitura, o ideal seria que acontecessem sempre diariamente mas não é muito mau se acontecer pelo menos uma vez por semana. A leitura silenciosa realizar-se-á durante meia hora, deverá ser feita individualmente, num lugar cómodo, sendo que, os alunos devem de escolher a história livremente. Quando este tempo terminar, os alunos podem fazer comentários entre si, podem informar os colegas dos seus pontos de vista e apresentar as suas explicações.
· O Jogo dos Erros
Ao contarmos a história às crianças enganamo-nos propositadamente e de um modo sistemático, isto é, ao longo de toda a história. Esta situação vai provocar nas crianças variadíssimos protestos e uma irritação que desaparecerá quando as crianças perceberem que se trata de um jogo. É de referir que este jogo vai permitir às crianças mostrarem o que sabem sobre a história e assim podem trocar de posição com o professor, passando as crianças a ser o professor (porque sabem os dados correctos da história) e o professor passará a ter o papel de aluno, porque está equivocado nos dados da história. É de referir que este jogo tem uma «eficácia terapêutica» porque as crianças deixam de brincar com a Carochinha/conto e começam a brincar mais consigo porque enfrentam a liberdade sem receios, sendo assim, começam a reconstruir mentalmente os elementos que realmente pertencem à história. Como as palavras do conto são alteradas a criança aprende a estabelecer as diferenças entre as substituições. Começa a aperceber-se que existem elementos que são considerados funcionais e não funcionais e que uns repousam no desenvolvimento do conto e que outros influenciam no desenrolar da história. Para este processo de reconstrução do conto é necessário que, tanto as crianças como o professor conheçam a linha orientadora do conto. Achamos por bem alterar as palavras que são mais significativas na história, sendo que, os alunos corrigem-nas e o contador corrige-as automaticamente. As palavras alteradas são as seguintes: - Carochinha à Baratinha; - 5 réis à 5 pedrinhas; - Vizinha à Avozinha; - João Ratão à José Ratão; - Feijão à Agrião.
· A Introdução de Um Elemento Incongruente
São apresentadas às crianças algumas palavras-chaves (carochinha, João Ratão, Vizinha, boi, burro, porco, cão, gato) e introduzimos um nome de um ser que é estranho à história (polícia) que indica as palavras-chaves e tem de ser alheio ao conto tradicional. O resultado desta junção dependerá das crianças com as quais estamos a trabalhar. É de referir que todos os alunos devem produzir a sua história e devem sentir que o conto não é intocável, que é possível criarmos o nosso próprio conto com as nossas fantasias, sendo assim, o conto pode ser influenciado aquando da existência de um elemento que é estranho à história. A ideia de maravilhoso que temos não é intocável e inactual, podemos contar um conto adequando-o aos nossos tempos, à nossa realidade.
· Contos com «Chave Obrigatória»
Neste exercício é proposto aos alunos que recontem a história, sendo que, é introduzido uma chave de lugar, isto é, os alunos devem recontar a história da Carochinha, tendo em conta, que o espaço onde esta se encontra é a praia. Este exercício permite aos alunos dar outra tonalidade à história. Não existem limites para a imaginação. É possível a introdução de inúmeras chaves que se enquadram nas categorias do tempo e do espaço.
· O Que Acontece a Seguir ou a Continuação do Conto
Na maior parte das vezes as crianças têm curiosidade para saber o que vai acontecer a seguir, como por exemplo o que vai acontecer à Carochinha depois do João Ratão ter sido cozido com os feijões. Solicitaremos aos alunos que apresentem uma continuação para a Carochinha. Este exercício vai permitir aos alunos descobrirem que é possível completar a história, com novas características dando outra vida ao herói ou personagem principal da história.
· O Jogo do Conto ou as Cartas de Propp
Propp define, como critério apto de distinguir e de classificar as unidades narrativas mínimas, a acção das personagens a que dá o nome de função. Uma personagem pode exercer várias funções no desenrolar de uma intriga, assim como, uma mesma função pode ser exercida por personagens diferentes. Só a função corresponde às características de constância, invariância, limitação e comparatividade, que Propp define como qualidades principais que as unidades narrativas devem possuir. No conto maravilhoso russo, Vladimir Propp descobre 31 funções, caracterizadas pela sucessividade linear, segundo uma ordem inalterável. Nem todos os contos manifestam impreterivelmente todas as funções, mas a ordem da sua declaração não sofre alterações.A codificação proposta para cada função, consiste na atribuição de uma letra à função invariante acrescida de um índice numérico para cada uma das 31 funções. Todas as funções juntam-se numa narrativa única e contínua, e os contos começam habitualmente pela exposição de uma situação inicial. Para cada função foi dada uma descrição da acção, que representa um sinal combinado que lhes foi atribuído, sendo estas:
Ao codificar as funções constantes da intriga, Propp ofereceu-nos uma metodologia importante e adequada para a abordagem sistemática dos arquétipos culturais. É de salientar que, para uma melhor compreensão, por parte das crianças, apresentaremos as cartas com uma imagem que representará a função.
· Jogar Com os Contos Clássicos
Objectivo: Com este jogo pretendemos que os alunos se apercebam que existem várias partes que se encontram misturadas num só conto. Os alunos têm de saber onde começa e termina cada conto, identificando-o. Seguidamente têm de descobrir quais são as partes parecidas de um conto que se encontram repetidas em outro. Descrição: O contador deve misturar várias partes de contos que os alunos conheçam, e com eles forma um novo conto que depois lerá aos alunos. Participantes: Todas as crianças. Desenvolvimento: Escolhemos uma parte dos vários contos clássicos e depois realizamos um novo conto onde intervêm os protagonistas desses contos, os lugares, as personagens secundárias etc. O contador deve manter a estrutura narrativa dos originais. Depois do contador ler o conto inventado os alunos devem: - Reconhecer as personagens dos contos originais; - Referir os títulos dos contos originais; - Realizar um exercício de memória, partem das partes referidas do conto inventado e contam o original; - Identificar personagens, coisas, animais que sejam comuns nos contos clássicos; - Saber o porquê de se chamarem contos clássicos.
· O Conto ao Contrário
Objectivo: As crianças devem aperceber-se que um adjectivo pode alterar o sentido da história. Uma personagem pode converter-se em agradável, odioso, burlão, terrível, etc. é importante que os alunos percebam que um conto não se passa no lugar que deve passar mas sim noutro. E que tenham consciência que existem personagens estereotipadas como por exemplo o príncipe bom, a bruxa má, o lobo feroz entre outros. Descrição: Baseados nos contos tradicionais passamos para o papel as características das personagens principais. Participantes: Todas as crianças. Desenvolvimento: Escolhemos personagens principais de outros contos e incluímos no nosso mas também trocamos os seus papéis e as suas acções, como por exemplo o Capuchinho é o mau e o Lobo é o bom. Podemos inventar mil combinações e as crianças têm de se aperceber das alterações introduzidas e nós corrigimos os erros que dissemos e contamos como era o original.
· Adivinhar a Personagem
Objectivo: As crianças devem pensar mentalmente nas personagens que conhecem dos contos. Terão de ser capazes de identificar uma personagem através de um conjunto de perguntas e pistas. Descrição: Identificar as personagens através dos seus traços, características, acções e onde é que ocorrem. Participantes: Todas as crianças. Desenvolvimento: O contador pensa numa personagem de um conto ou de um livro que os alunos conheçam. E os alunos começam a fazer as perguntas que quiserem até conseguirem adivinhar qual é a personagem. É de referir que o contador só pode responder sim ou não.
· Contos Começados pelo Final
Objectivo: Os alunos contam contos, mas em vez de começarem pelo início começamos pelo fim do conto. Descrição: O jogo consiste em contar um conto começando pelo fim. Participantes: Todas as crianças. Desenvolvimento: O contador escolhe um conto, mais uma vez, conhecido por todos os alunos e começa a contar o final. Os alunos devem dizer “alto” ou “stop” no momento em que identificarem qual é o conto, nessa altura o contador dá a palavra ao aluno que continuará a contar a história mas sempre ao contrário até que outro aluno diga “alto” ou “stop”, sendo que lhe será passada a palavra e assim sucessivamente.
· A História Disparatada
Objectivo: Criar contos a partir de outros, improvisando a leitura de diferentes parágrafos ou frases de outros contos. Improvisa-se e imagina-se novas situações. Descrição: Cada criança tem um livro que deve de abrir e ler por onde quiser. Participantes: O máximo deve ser 15 crianças, cada um com um livro. Desenvolvimento: O jogo começa pelo contador escolhe uma página à sorte e lê algumas linhas, seguidamente o contador convida um aluno a ler algumas linhas do seu próprio livro assim sucessivamente, criando uma história disparatada, sem pés nem cabeça contudo muito divertida e original. No final, um dos meninos deverá resumir o inventado e relacionar todas as frases ou parágrafos de modo a que a história faça sentido.
1.2. Fundamentação Teórica
Foram vários os motivos que nos levaram a trabalhar o conto. Um dos motivos está relacionado com o tema do nosso trabalho, a promoção da leitura, porque o nosso trabalho contribui para a aprendizagem do gosto pela literatura tradicional transformando as crianças em bons leitores. Outro dos aspectos é o facto das crianças que têm acesso a este recurso (contos, livros) serem espiritualmente mais ricas que as crianças que não têm, além disso, as crianças que têm contacto com o conto e que têm por hábito ler têm uma melhor compreensão e habilidade leitora que desperta o gosto pela leitura e a motivação por ler. É através dos contos que cresce nas crianças o gosto da leitura pela leitura, é através destes que começam a surgir os caminhos para a literatura literária. O facto das nossas actividades estarem relacionadas com o conto faz com que este não caia no esquecimento ou até mesmo na extinção, porque estamos a pô-lo em contacto com as gerações mais novas. No conto está claramente presente a ideia do real, da comunidade, estão integrados valores que continuam válidos na nossa sociedade, a transmissão oral do conto vai permitir a existência de inter-relações que são fundamentais para o desenvolvimento da personalidade da criança e do narrador. Outro dos aspectos que nos levou a escolher esta temática foi o facto dos contos abordarem problemas vitais (vida, morte, trabalho, etc.) que preparam as crianças para as possíveis situações. A leitura de contos, por parte dos adultos às crianças, influenciará a sua motivação no que diz respeito aos livros e às leituras, inicialmente a motivação será externa mas depois tornar-se-á interna, na necessidade interior, no prazer de ler por ler. Os contos de fadas vão oferecer à imaginação das crianças novas dimensões, que estas não teriam conhecimento se não fosse através do conto, sendo assim, podemos afirmar que os contos conduzem a criança para a formação da sua identidade e sugerem algumas experiências que vão fomentar o desenvolvimento do seu carácter. É de referir que os contos não são as únicas histórias que existem, mas são facilmente compreendidos devido à estrutura que têm, ao tema e também às fórmulas de repetição que nele estão presentes. As actividades a desenvolver, a partir dos contos, têm como principal papel fazer as crianças saborearem o prazer que surge da complexidade entre a esta e o contador. Achamos por bem organizar as nossas actividades de modo a que existisse uma sequência. No nosso entender a actividade, no seu todo, deveria começar por jogos mais simples como uma iniciação/preparação, sendo que, posteriormente o grau de dificuldade aumenta. A primeira actividade refere-se à hora do conto e tem como principal objectivo estimular o interesse das crianças para a exploração do mundo mágico da leitura. Achamos que esta actividade deveria anteceder a actividade da leitura silenciosa porque esta é uma actividade que projecta a imaginação e que funciona através do mundo da ficção, sendo que, antecede a leitura, isto porque, as crianças na sua maioria antes de saberem ler já ouviram contar histórias. Este jogo, é fundamental porque muitas vezes, as crianças, entendem ouvindo o que não entendem lendo, existe alguns factores que contribuem para esta situação, tais como: o timbre, a inflexão, a pausa, o ritmo, a intensidade da interrogação ou da exclamação, o ímpeto do entusiasmo, os gestos, os movimentos entre outros. Existem algumas razões que confirmam o que acabamos de referir, tais como: - «O contador é livre e o leitor está “atado” ao livro que tem nas mãos»[1]; - «O contador não está limitado, pode levantar-se ou sentar-se, passear os olhos pelo seu auditório»[2]; - «Pode seguir o texto ou modifica-lo, servindo-se dos olhos estabelecendo um contacto imediato, servir-se das mãos, da voz, para aumentar a expressividade»[3]. Concluímos assim que, uma história contada é muito mais espontânea do que uma história lida. Quando o contador está fascinado pela história transmite ao seu público o prazer que está a ter a fazê-lo, sendo que, o ouvinte vai beneficiar da narrativa Bettelheim afirma que é melhor contar os contos de fadas do que ler em voz alta porque o narrador quando conta um conto de fadas fá-lo de forma pessoal, sendo que, o adulto e a criança estão no mesmo patamar, o que nunca irá acontecer se a história for simplesmente lida. No decorrer desta actividade é importante que o contador faça com que exista um encantamento na biblioteca para que se estabeleça uma confiança mútua o que vai proporcionar um aumento do hábito de concentração e da capacidade de atenção. Nesta actividade os textos seleccionados devem ser significativos para que os alunos se possam identificar plenamente e onde prendam a sua atenção permitindo um enriquecimento na sua vida. Para que os textos captem a atenção do aluno têm de o divertir e para enriquecer a sua vida têm de estimular a sua imaginação o que por sua vez ajuda a desenvolver a sua inteligência. O contador tem um papel muito importante porque deve ter um conhecimento alargado dos contos que existem e das suas versões para que não apresente uma versão que não respeite as características do conto, porque existem versões que são adaptadas de onde foram tirados alguns pormenores importantes que têm a função de aproximar os contos dos leitores. Para podermos contar histórias e para que estar surtam o efeito esperado temos de ter em atenção algumas regras, tais como: - o contador deve saber bem a história; - substituir palavras abstractas pela sua concretização material; - utilizar vocabulário simples e rico; - conduzir o ouvinte na progressão da narrativa; - recorrer a repetições encantatórias; - respeitar terminologia exacta usada pelo autor; - cuidar dos aspectos físicos do ambiente; - disposição em semicírculo(para as crianças mais novas); - selecção da história tendo em conta a capacidade de atenção da criança Para esta actividade não escolhemos nenhum conto em particular mas optaríamos pelas obras de António Torrado ou pela antologia de Adolfo Coelho. A actividade seguinte refere-se à leitura silenciosa, sendo que, os contos que facultaríamos aos alunos seguem a mesma ordem que a actividade anterior. Numa actividade que envolve a leitura é muito importante compreendermos o que é o acto de ler. Das perspectivas que lemos achamos que a mais abrangente era a seguinte: “ler é uma actividade cognitiva complexa, mediante a qual o leitor pode atribuir significado a um texto escrito” (Sole, 1989). Na nossa opinião esta actividade é pertinente porque ler implica compreensão, surge a necessidade de atribuir um sentido ao que lemos, sendo que, é necessário existir uma relação entre o autor e o leitor. Os contos apresentados têm de ser significativos para os alunos, para que estes tenham intenção de os ler, se assim não for a leitura reduz-se a uma capacidade adquirida, sendo que, não vai corresponder a uma prática habitual, é através da leitura que os alunos enriquecem o seu vocabulário e aprendem a estruturar frases. Uma outra das vantagens é que a leitura aperfeiçoa o leitor como pessoa. Na sociedade em que vivemos surge a necessidade de sabermos como lidar com as diferenças que existem e é através do livro que podemos nos tornar participantes nas histórias que não são nossas, sendo que, podemos recolher informação dos outros. A leitura permite um sentimento de liberdade, de evasão e até mesmo de distanciamento dos embaraços do dia a dia, envolvendo-nos assim em experiências diferentes sendo que a nossa consciência fica livre para ligar-se ao universo da ficção. As razões que referimos são mais do que suficientes para promovermos a leitura. Nos quatro exercícios seguintes (o jogo dos erros, a introdução de um elemento incongruente, contos com «chave obrigatória», e o que acontece a seguir ou a continuação do conto) iremos trabalhar a história da «Carochinha» de Adolfo Coelho. A actividade seguinte é as Cartas de Propp, sendo que, é proposto às crianças que criem um conto tendo em conta as cartas que lhes foram dadas e a ordem pela qual devem estar. Nas cinco actividades seguintes (jogar com os contos clássicos, o conto ao contrário, adivinhar a personagem, contos começados pelo final e a história disparatada) utilizaremos as obras de António Torrado e/ou a antologia de Adolfo Coelho. Não utilizaremos sempre os mesmos contos para a actividade não se tornar maçuda dado que o que pretendemos é a promoção da leitura e não o contrário. As actividades referidas são estratégias que podem ser utilizadas para que os leitores consigam perceber a mensagem, utilizando assim a leitura como método de aprendizagem o que por sua vez vai promover adultos leitores Os livros darão às crianças uma maior abertura para a aquisição do conhecimento, para se integrarem na sociedade e no mundo da literatura infantil. Para que as crianças sigam este caminho, surge a necessidade de executar actividades que conduzam a criança para tal, daí a pertinência das actividades apresentadas. Com estas actividades, as crianças vão-se apropriar dos textos e dar-lhes significados que o autor nunca pensou ou imaginou, isto significa que as crianças estão a desenvolver o seu pensamento e a sua criatividade. A leitura além de activar na criança o gosto pelos bons livros e o hábito de ler também contribui para estimular a valorização exacta das coisas, desenvolvendo as suas potencialidades, estimulando a sua curiosidade, mostrando curiosidade por tudo que é novo, ampliando os seus horizontes e por sua vez progredindo. Esta actividade foi proposta para uma Biblioteca, o que pretendíamos é que fosse um lugar exterior à escola, para que os alunos lessem e tivessem contacto com os contos fora da escola mas, também pode ser realizada na escola, na biblioteca escolar, porque pode ser encarada como uma actividade diária ou semanal. Além disso é importante que exista cumplicidade entre o contador e o ouvinte sendo que, na escola essa cumplicidade entre os alunos e o professor está mais presente (considerando uma situação normal). Para que as nossas actividades sejam bem sucedidas é necessário que os elementos que vão ministrá-las estejam bem preparados. No que diz respeito à bibliografia utilizada, trabalhamos os dois documentos que foram sugeridos para todos os trabalhos, em relação aos outros documentos trabalhados o critério da nossa selecção foi porque se referiam ao conto, à animação da leitura e ao acto de ler e também porque tinham aspectos que nos pareceram mais relevantes.
Conclusão
Podemos começar por referir que este trabalho foi muito enriquecedor, no sentido que, aprendemos algumas actividades que são possíveis de trabalhar com as crianças para a promoção da leitura, para além das ditas «tradicionais», a leitura silenciosa/colectiva, a hora do conto. Não nos podemos esquecer das dificuldades que sentimos ao fazê-lo, uma das razões foi nunca termos trabalhado neste âmbito e nunca nos ter sido pedido um trabalho a este nível, isto é, estamos habituados a trabalhar sempre uma área específica. Foi fundamental no sentido que nos preparou para sermos melhores profissionais, isto é, ao longo da elaboração do trabalho apercebemo-nos que devemos sempre ter em conta o tipo de obra que escolhemos, para que este se adeqúe da melhor maneira ao público com quem estamos a trabalhar, tendo sempre em conta o estádio de maturação em que este se encontra, e também para não apresentarmos às crianças adaptações que não correspondem à definição de conto. A leitura nos nossos dias é muito importante, e dada a «concorrência» que existe (game boy, play station, televisão, etc.) surge a necessidade de promove-la, porque o facto das crianças lerem além de ser enriquecedor, em vários aspectos para o leitor, faz com que os contos não caíam no esquecimento. É fundamental que o professor/contador tenha os aspectos referidos ao longo do trabalho bem presentes para que estimule a criança a ler, não apenas para que saiba ler mas que tenha prazer ao fazê-lo.
Bibliografia
- http://www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/leitura.html; - http://www.eselx.ipl.pt/curso_bibliotecas/infanto_juvenil/infanto_juvenil.htm; - http://www.collconsultoria.com/artigo11.htm; - TRAÇA, M.ª Emília, O Fio da Memória do Conto Popular ao Conto para Crianças. Porto, Porto Editora, 1992; - CADÓRIO, Leonor, O Gosto pela Leitura. s/l, Livros Horizonte, 2001; - CERRILO, Pedro C. et al, Libros, Lectores y Mediadores La formación de los hábitos lectores como proceso de aprendizaje. Cuenca, Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha, 2002; - BASTOS, Glória, Literatura Infantil e Juvenil. Lisboa, Universidade Aberta, 1999; - PROPP, Vladimir, Morfologia do Conto. Lisboa, Veja Universidade, s/d; - Jugamos a Animar a Leer. [1] TRAÇA, M.ª Emília, O Fio da Memória do Conto Popular ao Conto para Crianças. Porto, Porto Editora, 1992. [2] Idem. [3] Idem.
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