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História Mortinho para chegar ao Céu
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Autor: Liliana Guia
Data de Publicação: 01/08/2005
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Mortinho para chegar ao Céu
Desculpem-me não vos revelar o meu nome, prefiro manter o anonimato. Só vos digo que fui faraó do Alto e Baixo Egipto e fui um bom Rei e um bom Deus. Vou contar-vos a minha história depois de morto, não estranhem pois, no Egipto, nós temos vida para além da morte. Bem, mal acabei de morrer vieram os sacerdotes e levaram-me para a bela casa. Aí fui despido (imaginem o frio...) e colocado sobre uma mesa de madeira para ser embalsamado. Para viver a nova vida depois da morte precisava deste meu belo corpo bem conservado. Ainda não tinha arrefecido e já um dos sacerdotes embalsamadores, com um máscara de chacal enfiada na cabeça, representando o Deus Anúbis, que me introduzia um gancho pela narina esquerda acima até ao interior do crânio e me retirava o cérebro. Encheu-o depois com um preparado de natrão e argamassa. Logo de seguida, abriram-me a barriga e tiraram-me o estômago, os intestinos, o fígado e os pulmões. Acho que o embalsamador não quis comer durante vários dias, estão a imaginar porquê não é?! Depressa me encheram a barriga com mirra e outras especiarias e coseram a abertura. Depois enterraram-me em natrão durante 40 dias, fiquei sequinho e salgadinho que nem uma palha! (imaginem a minha sorte). Passados aqueles dias em que estive a secar deram-me banho, encheram-me depois o corpo com pedaços de linho para manter a forma e coseram-me de novo (pareço até uma boneca de trapos). No peito deixaram-me o coração, é que vou precisar dele, vão ver. E no lugar dos olhos puseram-me duas cebolas, e ligaram-me da cabeça aos pés, com tiras de linho impregnadas de resina e óleos. Entre as dez camadas de ligaduras (tomem nota fui dez vezes enrolado nisto), colocaram também amuletos com escaravelhos e olhos e também bilhetes de papiro com cânticos e orações, para afastarem os maus espíritos. É pena é não afastarem também os ladrões de sarcófagos!!! Era finalmente uma bela múmia (como podem ver), a seguir colocaram-me uma máscara de ouro e lápis – lazúli sobre a minha cabeça e os meus ombros, este era o meu retrato mais ou menos -------------- e trouxeram um sarcófago espectacular, que colocaram dentro de outro maior e este dentro de outro maior e este dentro de um quarto, que era o maior de todos. Fazem ideia do que aconteceu às minhas vísceras/tripas???? Não, não foram dadas aos gatos, estas foram bem lavadas e conservadas em natrão, dentro de 4 vasos canopos. Depois fez-se uma magnífica procissão até ao túmulo, os criados levaram tudo aquilo que eu iria precisar para viver uma bela vida no além (sim, porque eu vivo à grande e à francesa lá na minha pirâmide, tenho os meus móveis, alimentos, jóias e 365 criados, um para cada dia, ah pois!!!). Fizeram-me uma festa magnífica em honra da minha morte, com um banquete, música, mas eu estava era preocupado com o meu destino além tumulo pois iria enfrentar muitos perigos, passar por entre lagos de água a ferver, rios de fogo e monstros com muitas cabeças que soltavam labaredas e gemidos, cobras que cospem veneno (enfim nem depois de morto uma pessoa está descansado!). Mas eu confiei foi no livro dos mortos, que me puseram no sarcófago e me ajudou a vencer tais perigos. E finalmente cheguei junto do Deus Ósiris, fiquei eufóricoooooo quando Anúbis me recebeu e no tribunal de Ósiris o meu coração foi pesado, tive que me justificar perante o senhor das duas verdades e dizer-lhe que nunca, mas nuuuuuuuunca fiz mal, fuiiiiii muito bonziiiiiiiinho!!! O que vale é que ele acreditou e assim quando colocaram a pena da verdade num prato da balança e o meu coração no outro, que aflição, ufa será que passo no teste, que aflição... mas tive sorte os portões do céu abriram-se e eu tive sorte! Que bom lá fui eu às múmias....
Por Liliana Guia |
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