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Português A Aparição de Vergílio Ferreira
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Autor: Edite Correia
Data de Publicação: 30/08/2006 N.º de páginas visitadas neste site (desde 15/10/2006):
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A Aparição
Alberto Soares - Caracterização
Subdividimos a Caracterização em Cinco Partes : Ø A personagem Ø na Aparição Ø Relação com as outras personagens Ø Quatro fases Ø Existencialismo humanista
A PERSONAGEM n O único filho solteiro do Dr. Álvaro Soares, médico e lavrador e de D.Susana; n Tem dois irmãos: Tomás, engenheiro agrónomo e lavrador, casado com Isaura e com muitos filhos, é o preferido do pai; Evaristo, o preferido da mãe, é o mais novo tem o curso geral dos liceus e é casado com Júlia, filha de um industrial rico, tem um filho; n Nasceu na Serra da Estrela; n Vive uma infância em comunhão com a Natureza aliada à figura materna, como princípio gerador da vida; n É na montanha que Alberto encontra a protecção que o une à figura paterna, sobrepondo a presença serrana à fragilidade da forma humana; n Após o desaparecimento do pai, ele abandona a serra e passa a viver na cidade; n Évora representa para ele a materialização do seu conflito interior e o drama de existir; n Alberto Soares relativiza a figura de Deus e assume a sua existência enquanto sinónimo de descoberta interior e posse de uma vontade individual que o conduz, sozinho, à conquista da sua identidade; n A sua auto-exclusão do espaço divino levá-lo-á a assumir a condição de Criador;
na Aparição n Relaciona-se com uma família burguesa da cidade, a família Moura constituída pelo Dr. Moura casado com a Madame Moura que têm três filhas: Ana, Sofia e Cristina; n É na relação com esta família que, reconhecendo a sua condição perante cada um dos seus elementos, encontrará obstáculos como a incompreensão, o desejo, o conflito e a morte; n O universo vivencial do protagonista afigura-se de uma grande complexidade, pois reporta-nos à vivência do tempo passado que se torna presente pela memória.
Relação com as outras personagens n É pela visão particular da personagem central que as personagens tomam forma e nos são apresentadas, acrescendo a este facto o caminho que percorrem da vivência à memória, e desta à escrita; n Da sua família acarreta sempre a ideia da morte do pai, uma vez que este morreu numa noite em que toda a família estava reunida à volta da mesa, fazendo projectos para um próximo encontro de natal; n Dr. Moura, ex-colega do pai de Alberto, vai ser a personagem que o introduz na família; n Ana, a filha mais velha do Dr. Moura liga-se a Alberto por ser sua discípula espiritual; n Alfredo Cerqueira, marido de Ana, é alvo de interesse do narrador no modo como evidencia a sua rudeza e a sua ignorância; n Sofia, a segunda filha do Dr. Moura, vai ter aulas de Latim com Alberto. Aí, ambos sentem-se atraídos o que lhes transmite uma ilusão de identidade. Eles, e com o Carolino, irão formar um triângulo amoroso; n Cristina, a filha mais nova, é alvo do carinho de Alberto, não só pela sua idade, mas também pela forma maravilhosa como toca piano. Esta morre, mas permanecerá sempre na memória de Alberto, tal como aconteceu com o pai deste. n Carolino, discípulo de Alberto, formará o triângulo amoroso conjuntamente com Alberto e Sofia. Sendo discípulo de Alberto, ouve a sua mensagem mas interpreta-a de modo a dar à morte o sentido negativo de destruição e violência, o que o levará a cometer um crime; n Chico é o oposto de Alberto pois as suas posições perante a vida são antagónicas o que gera entre eles uma certa antipatia.
Quatro Fases 1.ª fase: a infância n educado na moral tradicional e na religião familiar; n protegido pela família e pelo ambiente rural; n crente por influência familiar e social. •2.ª fase: a 1.ª crise: da imagem do espelho à imagem do pai morto •n espelho devolve-lhe uma nova imagem (1.ª aparição); n rejeita os comportamentos tradicionais; n inicia as interrogações existenciais; n sem razões válidas para justificar o seu afastamento de Deus, começa a construir a sua existência a partir de si próprio; n ele será o seu deus; n a morte do pai reaviva momentos apaziguadores da infância, mas provoca ainda mais interrogações; n o mistério da morte incomoda-o, não encontrando justificação lógica
3.ª fase: Alberto Soares face a cidade de Évora e aos outros n diz-se messianicamente portador de uma extraordinária noticia: revolucionar o mundo com a sua descoberta de que o homem se constrói na negação de Deus e na afirmação de si próprio; n é rejeitado e considerado cobarde; (p. 163); n torna-se num ser angustiado porque não tem respostas para os problemas que levanta; n a aldeia da infância vai progressivamente desaparecendo, instalando-se o espaço citadino; n instala-se na sua casa do Alto, o seu Olimpo; n não faz apóstolos: - Carolino, o seu ex-aluno, revelado por ele, foge-lhe, volta-se contra ele - Sofia, sua cúmplice, volta-se contra ele; - Ana enfrenta-o seguramente e desmonta os seus equívocos, tornando-se a sua mais forte oponente; n apenas se sente consolado na música de Cristina, música que o faz rezar e deixa transparecer que não é tão descrente como afirma.
4.ª fase: Alberto Soares no presente da escrita n escreve há distância de anos; n entretanto, casou, adoeceu e retirou-se do ensino (p. 255) n reencontrado o lugar original, a sua aldeia, relembra a passado; n parece ter-se encontrado, embora persistam algumas interrogações, na paz da montanha, na luz da lua e na música de Cristina; n sente que alguém o chama para a eterna comunhão
Existencialismo humanista n Protagonista da diegese, Alberto Soares apresenta-se como um ser em conflito, fragmentado, alguém que procura encontrar um percurso de vida face a uma determinada problemática; n Alberto confere a si próprio uma faceta messiânica, detentora de uma Verdade que tentará levar aos outros, e que, por incompreensão e deturpação, vai originar o seu isolamento e a sua rejeição; n percurso de Alberto é marcado por uma série de encontros e desencontros consigo próprio e com os outros e também pela tragédia da morte; n Embora, alguns o acusem do contrário, nomeadamente Chico, Alberto procura o caminho da dignidade do homem e da valorização da vida.
Por Edith Correia |
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