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Psicologia

A Linguagem

Autor: Tatiana Santos

 

Data de Publicação: 26/08/2006

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- INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA -

 

 

A LINGUAGEM

 

 

Componentes da linguagem humana: sintaxe, semântica, pragmática

 

Definição segundo Bara: A linguagem humana é talvez a habilidade cognitiva mais fundamental e impressionante, pois permite-nos transmitir conhecimentos de geração em geração.

 

Distingue 3 classes de sistemas de comunicação:

- fechado: cada sinal corresponde a um significado. Limitam-se a emitir e receber sinais que já se encontram geneticamente determinados.

- semi- fechado: (típicos dos mamíferos superiores) um certo número de significados, que podem ser agrupados, dando origem a significados mais complexos.

- aberto: (possuído apenas pelos humanos) o número de significados e conectores entre esses significados são infinitos.

 

  Conceitos 

 

A) Sintaxe: diz respeito à estrutura gramatical das frases (como são geradas) e à relação entre os signos.

 

B) Semântica: significado de cada palavra e das palavras quando estão ordenadas numa frase. Relação entre os signos e o mundo.

 

C) Pragmática: debruça-se sobre o contexto em que uma frase é enunciada; o objectivo que se pretende atingir por parte de quem enuncia a frase, relativamente aquele que a ouve.

 

Nenhum destes 3 aspectos é mais importante que o outro. Não são estruturas cognitivas independentes. Estão activos simultaneamente, não estão alinhados em sequência linear. Cada um necessita dos outros para que seja eficaz a nossa compreensão e produção da linguagem.

 

A) SINTAXE - estrutura gramatical das frases

 

Destacamos os trabalhos de Chomsky - defensor da primazia da sintaxe na compreensão da linguagem

 

Gramática transformacional: são as regras transformacionais que nos permitem passar da estrutura superficial para a profunda.

 

Componente sintáctica: articula-se com as componentes:

- fonológica: sons

- lexical: espécie de "dicionário" das palavras

- semântica: correlaciona as palavras com os significados.

 

Estrutura superficial:     fonologia (sons)

                        Regras transformacionais

 

Estrutura profunda :   Léxico (dicionário)

                                   Semântica (significado)

 

Da estrutura superficial para a estrutura profunda  → compreensão

Da estrutura profunda para a estrutura superficial produção da linguagem

ex.: “ele comeu um morango” - “Um morango foi comido por ele”

A estrutura profunda é igual, a superficial é diferente.

 

Aquilo que recordamos mais facilmente é a estrutura profunda (o significado da frase em si).

ex.: “ele enviou uma carta sobre isso a Galileu”

Resposta:         1) Galileu enviou-lhe uma carta sobre isso (errado)

                        2) uma carta sobre isso foi enviada a Galileu (correcta)

 

B) SEMÂNTICA - significado de cada palavra e das palavras quando estão ordenadas numa frase

 

Autores defendem que, para analisar uma frase, o importante é o seu significado e não a sua estrutura.

 

1) Teoria da dependência conceptual (Schank, 1972)

Defende que uma grande parte da nossa compreensão linguística tem origem nos nossos conhecimentos gerais e são eles que nos permitem esperar uma coisa e não outra.

ex.:  eu gosto de * peixe

        eu gosto de * Mozart

→ não é necessário dizer “* comer peixe” e “* ouvir Mozart” para que o receptor perceba, pois partilham-se os mesmos conhecimentos.

 

Representação do significado das frases:

- Axioma: para quaisquer duas afirmações que tenham o mesmo significado, elas dão lugar apenas a uma representação

- Qualquer informação que esteja implícita numa frase tornar-se-á explicita na representação do seu significado.

 

2) Teoria dos procedimentos semânticos (Johnson-Laird, 1983)

 

Teoria dos modelos mentais: são usados para relacionar a linguagem com os modelos do mundo.

 

Segundo Gleitman:

- Foca a perspectiva do significado como referência: O significado de uma palavra /frase é tudo aquilo que se refere ao mundo real (no entanto existem palavras que são difíceis de explicitar a que se referem exactamente, como é o caso de “infinito”, “justiça”...).

- Significado como imagem: as significações são imagens mentais. ex.: o significado de “um triângulo” é a imagem mental que temos de um triângulo.

- Teoria da definição: descreve-se o significado das palavras como “pacotes” que reúnem um conjunto de atributos. ex.: “solteiro” = homem, descomprometido, novo, etc.

- Teoria dos protótipos: ex.: porque é que quando pensamos no conceito de “ave”, pensamos mais facilmente em pardal andorinha, etc., do que em avestruz ou ganso? A resposta é que o significado de muitas palavras é descrito como um conjunto de traços, mas nenhum deles é necessário ou suficiente. É uma espécie de protótipo interno que fazemos do conceito.

 

O ideal, segundo Gleitman, é combinar estas várias teorias.

→ Quanto mais frequentemente usamos uma palavra, mais rapidamente temos acesso a ela.

→ Armazenamos as palavras com base no seu parentesco semântico (ex.: médico e enfermeira)

→ semelhança acústica: o modo como as palavras soam também influencia o seu armazenamento.

→ palavras pertencentes a diferentes classes gramaticais (adjectivos, nomes, verbos, ...) são agrupadas de forma diferente.

 

C) PRAGMÁTICA - debruça-se sobre o contexto em que uma frase é enunciada; o objectivo que se pretende atingir

 

As origens da pragmática encontram-se na filosofia da linguagem.

 

Autores desta parte (pragmática)

John Austin

Ludwing Wittgenstein

→ uma frase, cuja verdade/falsidade não pode ser verificada na teoria, deve ser julgada sem significado.

 (Wittgenstein)

 

Jogo de linguagem:Identifica o significado da linguagem com o uso que é feito dessa linguagem. (conversação)

Estudam a linguagem no seu quotidiano (abandonam o estudo mais abstracto).

 

→ Não são as normas linguísticas que lhe interessam, mas os jogos de linguagem que as pessoas têm: a conversação.

(Gleitman)

 

Princípios (implicações/implícitos/pressupostos) da conversação:

-  Falam a mesma língua

-  Partilham conhecimentos, crenças e desejos

-  Estimativa do estado mental da outra pessoa, das suas capacidades, motivações e necessidades (o que faz com que comuniquemos de maneira diferente, consoante a pessoa que temos à nossa frente).

 

Por Tatiana Santos

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