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Laura Pereira

Escola

Escola Secundária da Maia

País

Portugal

Prostituição (Trabalho de Reflexão)

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Resumo do trabalho

Trabalho escolar de reflexão sobre a Prostituição, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (11º ano).


Introdução

Este trabalho sobre a prostituição vai ser realizado no âmbito da disciplina de Filosofia e tem como objectivo a preparação para um debate incluído na matéria Argumentação e Retórica.

Escolhemos este tema porque apesar de estarmos no séc. XXI continua a ser um grande tabu para grande parte da sociedade de todo o mundo.

A Prostituição

Definimos a prostituição como a troca consciente de favores sexuais por interesses não sentimentais ou afectivos. Normalmente a prostituição consiste na troca de sexo pelo dinheiro, mas nem sempre é assim. Muitas vezes a troca acontece entre relações sexuais e favorecimento profissional ou bens materiais. Apesar de existir prostituição masculina, a mais comum é a praticada pelas mulheres, e é nela que vamos basear o nosso trabalho.

Na nossa opinião, a prostituição não devia ser proibida ou/e considerada crime. Visto que a prostituição é como um trabalho, uma vez que se estabelecem contratos, combinando-se o tipo de trabalho, o período de tempo e a quantidade de dinheiro. É uma profissão como qualquer outra, onde se trabalha duramente, luta-se contra a concorrência, esforça-se para manter um padrão de qualidade, comprem-se horários, protesta-se contra o movimento e também causa um pouco de stress. É a prostituta que decide se fará o trabalho, se vai dispor do seu corpo e ficar mais tempo com o homem, se receberá ou não dinheiro por isso, quais os serviços sexuais que ela prestará no local do trabalho: sexo vaginal? Sexo anal? Sexo Oral? Beijo? Estes factores não são mais do que a prova de que a trabalhadora tem todo o poder sobre o seu corpo e sobre o que faz.

Além de que, quando normalmente dizemos que as prostitutas “vendem o corpo”, estamos a cometer um grande erro: Elas não vendem nada; Alugam o que é seu. Mas então se por alugarem o que lhes pertence são caluniadas e mal-vistas pela sociedade, também as mulheres “barrigas de aluguer” deviam ser. Tal como a prostituta, estão a alugar o corpo. A mulher – enquanto sujeito social – tem autonomia sobre o seu corpo: ela pode usá-lo como melhor achar a partir das suas escolhas, o que significa, inclusive, fazer parte do comércio sexual. As prostitutas têm autonomia no seu, ao qual impõem os limites e os termos da interacção com seus clientes. Este olhar coloca a mulher num lugar de possibilidade de escolha em relação aos seus actos e ao seu corpo. As consequências dos seus actos serão melhores ou piores de acordo com o que a prostituta escolheu para si mesma. Por exemplo, quando fazemos um texto argumentativo não colocamos o nosso pensamento à venda, apenas “alugamos” as nossas ideias. Por outras palavras, aqui há uma troca em que oferecemos as nossas ideias e recebemos um bem que nem sempre é financeiro. O que queremos dizer é que todos nós colocamos nossos serviços à mercê do outro, em que o corpo é o terreno dessas relações. Afinal, o corpo é o espaço social no qual estão incorporados elementos sócio-culturais que comunicam significados. Talvez a prostituição seja tão mal vista porque as pessoas invejam o poder que as prostitutas têm.

Muitas vezes as prostitutas não são procuradas apenas para o prazer sexual dos homens mas sim para os ajudar a fugir à realidade, para os fazer esquecer dos problema, para conversar um pouco e até mesmo para relaxar. Uma prostituta tem de saber tocar tanto no corpo como na alma de um homem. Elas ajudam nos problemas íntimos e são amigas durante meia hora, da qual 15 minutos são gastos em sexo. Sexo que muitas vezes não traz prazer a prostituta, e que ela tem como ‘dever’ fingir um orgasmo, para mostrar ao homem o quanto ele foi capaz de lhe dar prazer, e assim torna-lo um cliente mais assíduo.

É também necessário ver a prostituição como um meio de subsistência, uma vez que muitas mulheres aceitam se prostituir para que possam sobreviver, sustentar a família ou até pagar os estudos. Umas gostam, outras têm necessidades e precisam desta actividade.

Conclusão

A partir desse trabalho marcamos nossa própria compreensão do conceito da atividade da prostituição: um trabalho em que durante um certo período de tempo se trocam serviços sexuais por um bem e, assim, se estabelece uma relação económica. E, além disso, há características de organização para o exercício da prostituição – regras, horários, regularidades, rotinas, preços, contatos – que a estruturam como um trabalho. Entretanto, é evidente que a prostituição, com seu status estigmatizado, alvo de repressão policial e censura pelo senso comum, não é uma profissão como qualquer outra. Com isso tudo, queremos dizer que a atividade da prostituição requer um olhar cuidadoso e um debate em que a sociedade enfrente a questão como uma prática social.

É preciso entender que muitos dos sujeitos que se prostituem usam seus corpos a partir de uma escolha a qual esta colocada em um campo de possibilidades de um possível agenciamento social e, portanto, precisa ser respeitada enquanto tal. Defendemos que não é o corpo da prostituta que está à venda na relação comercial da prostituição. Por exemplo, quando fazemos um texto argumentativo não estamos colocando nossa mente à venda, apenas estamos “alugando” nossas ideias. Em outras palavras, aqui há uma troca em que oferecemos nossas ideias e recebemos um bem que nem sempre é financeiro.

O que queremos dizer é que todas nós colocamos nossos serviços a mercê do outro, em que o corpo é o terreno dessas relações, afinal, o corpo é o espaço social no qual estão incorporados elementos sócio-culturais que comunicam significados. Para as prostitutas o corpo que está na prostituição é um corpo que deve comunicar uma relação calcada no corpo mercadoria, já nas relações afetivas esse mesmo corpo comunicará sentimentos de afeto, de fidelidade e intimiDade, valores que compõem essas últimas.

Nessas questões todas há uma discussão fundamental de cidadania, já que parece mesmo que as prostitutas são consideradas cidadãs pela metade, o que as impede de se estabelecer no lugar de quem tem autonomia do corpo e de suas escolhas. Talvez a perspectiva de um outro olhar possa transformar o sentido de ser sujeito social na prostituição em nosso país.

Bibliografia

  • www.wikipedia.org
  • Livro “11 minutos”, de COELHO Paulo, da editora Pergaminho .
  • HUGHES, Donna. A Legalização da Prostituição refreará o Tráfico de Mulheres? In: <www.apf.pt/temas/tema>, (2004)
  • PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1993.
  • RAYMOND, Janice. “Não à legalização da Prostituição – 10 razões para a prostituição não se legalizada”. In: <www.action.web.ca/home/catw/readingroom.shtml>. 2003
  • ROSTAGNOL, Susana. “Regulamentação: controle social ou dignidade do/no trabalho?” In: BENEDETTI.



1922 Visualizações 01/02/2017