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Trabalho escolar sobre "Os Maias", o episódio: O Passeio Final , realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano)...
A estrutura de Os Maias é desde logo definida pelo próprio autor ao sublinhar a importância do subtítulo – Episódios da Vida Romântica.
Assim, Os Maias apresentam dois níveis narrativos relacionados directamente com:
Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda que terminam com a desagregação da família.
Carlos é o protagonista da intriga principal.
Teve uma educação à inglesa e tirou o curso de medicina em Coimbra.
A educação de Maria Eduarda foi completamente diferente, donde se conclui que a sua paixão não foi condicionada pela educação, nem pela hereditariedade, nem pelo meio.
A sua ligação amorosa foi comandada à distância por uma entidade que se denomina destino.
Afonso: português austero, símbolo das virtudes e da moral de outrora;
Pedro: português fruto da educação romântica sentimental e beata, propenso a comportamentos neuróticos e trágicos;
Alencar: poeta ultra-romantismo, lírico arrebatado, de um idealismo extremo e exacerbado, que representa os artistas das letras;
Jacob Cohen: “o respeitado director do banco nacional”, é um financeiro sem escrúpulos, símbolo da lata finança nacional oportunista, que representa a alta finança nacional, e simboliza a burguesia que se encontra em lugares de poder;
Conde de Gouvarinho: político incompetente, retrógrado, mas com poder; ministro e par do reino, representa a incompetência política;
Cruges: “um diabo adoidado, maestro, pianista, com uma pontinha de génio”, é o intelectual incompreendido e marginalizado, que representa os artistas da música;
Steinbroken: o político neutro, que nunca se compromete e representa os diplomatas;
Palma Cavalão e Neves: jornalistas corruptos, representantes da corrupção e do compadrio político na formação; Palma Cavalão dirige A Corneta do Diabo, jornal que “na impressão, no papel, na abundância dos itálicos, no tipo gasto, todo ele revelava imundície e malandrice” e Neves A Tarde.
Sousa Neto: representante da administração pública, incompetente e inculto;
Eusebiozinho: o produto da educação portuguesa, retrógrada e deformadora;
Dâmaso Salcede: o português vulgar dum estrato social privilegiado, é símbolo de vários defeitos calúnia, cobardia, imitação servil do estrangeiro, culto do “chique a valer”, vaidade, egoísmo e a falta de integridade moral;
João da Ega: representa o intelectual dos grandes ideais, incoerente nas suas posições, alheio a convenções, mas vitima do meio que irreverentemente contesta;
Carlos: português educado superiormente, dotado de um gosto requintado que se distancia da mediocridade do meio social que o rodeia, mas vítima de um diletantismo e ociosidade que o impedem de concretizar os seus projectos a vencer;
Para além da singularidade destes “tipos”, poderemos ainda detectar no romance situações de confronto ou contraste que exemplificam determinados comportamentos e perfis intelectuais:
Comentar o episódio:
Sai na Gazeta ilustrada a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa viagem pelo mundo. Um ano e meio depois Ega regressa trazendo consigo a ideia de escrever um livro, Jornadas da Ásia e conta que Carlos ficara a viver em Paris a vida de um príncipe da Renascença, onde alugara um apartamento, pois não desejava regressar a Portugal.
Dez anos depois, Carlos regressa a Lisboa, mas não sem antes passar por Santa Olávia. Carlos almoça no Hotel Bragança com Ega, que lhe conta todas as novidades.
Entretanto, aparecem Alencar e Cruges, que falam dos anos que passaram: Alencar cuidava agora da sobrinha, pois a sua irmã morrera, e Cruges e Carlos convida-os para um “jantarinho à portuguesa”.
Após o almoço, Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete, quando chegam ao Chiado verificam que nada mudou, pois continua do mesmo modo aquando a sua partida.
Pelo caminho encontram Dâmaso, que casara com a filha mais nova de um comerciante falido e para além de ter de sustentar toda a família, sofria a traição da mulher.
Aos poucos, Carlos toma consciência do novo Portugal, ainda mais decadente que à dez anos atrás. Vêem Charlie, já um homem, e encontra Eusebio, que fora obrigado a casar com uma mulher forte, pois o pai dela apanhara-os a namorar.
No Ramalhete, a maior parte das decorações tinham ou estavam a ser despachadas para Paris, onde Carlos planeava ficar para sempre. Carlos relembrava Maria Eduarda e conta a Ega que recebera uma carta dela. Contava-lhe que ia casar com um tal Mr. de Trelain, decisão tomada ao fim de muitos anos, e que tinha comprado uma quinta em Orleães, “Les Rosières”. Carlos encara este casamento de Maria Eduarda como o enterro definitivo daquela fase atribulada da sua vida.
Carlos da Maia vê que o país continua num estado de estagnação, decadência, envelhecimento e ociosidade/ vadiagem. Sendo por estes motivos que tanto a cidade de Lisboa como o país, são o alvo crítico de Carlos.
Passam pelo escritório de Afonso, o que lhes trás tristes recordações, e constatam que não vale a pena viver, por mais que tentemos lutar por mudar a vida, não vale a pena o esforço, porque tudo são desilusão e poeira: “Nada desejar e nada recea… Não se abandonar a uma esperança – nem a um desapontamento”. Ambos concordam que falharam na vida.
Quando saem do Ramalhete constatam que estavam atrasados para o Jantar e, ao verem o “americano” (meio de transporte), correm atrás dele, que entretanto começam a ver ao longe.
Leitura e análise de excertos do capítulo.
Metáfora – “Os políticos hoje eram bonecos de engonços, que faziam gestos e tomavam atitudes porque dois ou três financeiros por trás lhes puxavam pelos cordéis...”
Múltipla adjectivação – “Não é a cidade, é a gente. Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...”
Antítese – “E quem avistaram logo foi o Eusebiozinho. Parecia mais fúnebre, mais tísico, dando o braço a uma senhora muito forte, muito corada, que estalava num vestido de seda cor de pinhão.”
Hipálage – “tomavam naquele fim de tarde um tom mais pensativo e triste”
A acção principal d' Os Maias desenvolve-se segundo os moldes da tragédia clássica. A peripécia verificou-se com o encontro casual de Maria Eduarda com Guimarães e com as revelações casuais do Guimarães a Ega sobre a identidade de Maria Eduarda que levaram a que também Carlos e Afonso da Maia soubessem a verdade sobre a relação dos dois protagonistas.
Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda que provocam a catástrofe consumada pela morte do avô, a separação definitiva dos dois amantes e as reflexões de Carlos e Ega.
No capítulo XVIII, todos esses acontecimentos levam a que Carlos saia do seu país e parta numa viagem com João da Ega.
O último capítulo constitui o epílogo (desenlace) da obra: dez anos depois, em 1887, Carlos visita Lisboa e encontra-se inseparável de Ega, com quem viajara pelo mundo, antes de se instalar em Paris. Neste reencontro, e nas reflexões dos dois amigos ao deambularem pela capital, transparece um pessimismo amargo que resulta não só do fracasso pessoal de ambos, mas também do ambiente que os rodeia.
A - Carlos
B - Ega
C - Dâmaso
Caracterização Física
Carlos era um belo e magnífico rapaz. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode era arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele tinha uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença".
Caracterização Psicológica
Carlos era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é fruto de uma educação à Inglesa. É corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projecto sério e de o concretizar). Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos. Mas também devido a aspectos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade.
Caracterização Física
Ao nível físico, brinca com a sua magreza, com o seu monóculo e com o bigode arrebitado. Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.
Caracterização Psicológica
Ao nível intelectual, revela a sua dualidade romântica e regeneradora.
Ega, amigo inseparável de Carlos da Maia, caracteriza-se por ser um irreverente, excêntrico, revolucionário, boémio, exagerado, provocador, sarcástico, crítico, anarquista e satânico.
João da Ega é a projecção literária de Eça de Queirós. É uma personagem contraditória, por um lado, romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional.
Sofre também de diletantismo, concebe grandes projectos literários que nunca chega a executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica.
Caracterização Física
Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província". Era sobrinho de Guimarães. A ele e ao tio se devem, respectivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Maria Eduarda.
Caracterização Psicológica
Dâmaso é uma suma de defeitos. Filho de um agiota, é presumido, cobarde e sem dignidade.
Obcecado pelo “chique a valer”, vive dividido entre a admiração bacoca por Carlos, que considera "um tipo supremo de chique", e os ciúmes e a inveja que a superioridade do amigo e a sua relação com Maria Eduarda lhe provocam.
É dele a carta anónima enviada a Castro Gomes, que revela o envolvimento de Maria Eduarda com Carlos. É dele também, a notícia contra Carlos n' A Corneta do Diabo. Mesquinho e convencido, provinciano e tacanho.
Representa o novo-riquismo e os vícios da Lisboa da segunda metade do séc. XIX. O seu carácter é tão baixo, que se retracta, a si próprio, como um bêbado, só para evitar bater-se em duelo com Carlos.
É neste ambiente monótono, amolecido e de clima rico, que Eça vai fazer a crítica social, em que domina a ironia.
A crónica de costumes da vida lisboeta da Segunda metade do séc. XIX desenvolve-se num certo tempo, projecta-se num determinado espaço e é ilustrada por meio de inúmeras personagens intervenientes em diferentes episódios.
A - Sociedade da alta burguesia
Toda a acção decorre em ambientes com personagens identificáveis com a alta burguesia, ou com a elite portuguesa. Trata-se sempre de gente que não precisa de trabalhar para viver, e que vive sem problemas de ordem material.
B - O diletantismo
O diletantismo, ou a incapacidade de acção útil.
Explicitamente mencionado por Eça, o diletantismo atinge quase todos os personagens que não sofrem de tacanhez (como Ega e Carlos).
O mal do diletantismo impede que se fixe a atenção num trabalho sério sem se deixar desviar por solicitações acidentais, Carlos “tinha nas veias o veneno do diletantismo” (Capitulo IV).
C - Apreciação do estrangeiro
O embevecimento perante tudo o que é estrangeiro atinge praticamente todos: desde Afonso que viveu em Inglaterra e não esconde a sua admiração por ele, a Carlos, que acaba por se fixar em Paris, a Dâmaso que pacoviamente admira tudo o que é francês. Note-se como o vocabulário dos personagens está cheio de termos e expressões estrangeiros.
D - Depreciação do português
O país é sistematicamente depreciado: no Capítulo IV, Ega e Carlos “com ferocidade e à uma malharam sobre o país”. A ideia prevalecente encontra-se resumida na expressão do Marquês (capítulo XI): “Em Portugal é tudo pieguice e companhia”.
E - Copiar o que é estrangeiro
A mania de copiar o estrangeiro – consequência das duas anteriores: “aqui importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilos, indústrias, modas, maneiras, tudo vem em caixotes pelo paquete” (capítulo IV).
Esta mania de copiar vai de par com a incapacidade de adaptar capazmente o que nos vem de fora (“tendo abandonado o seu feitio antigo… este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio próprio, manda vir modelos do estrangeiro… exagera o modelo, deforma-o, estraga-o até à caricatura” – Capítulo XVIII)
F - A inacção da sociedade
Uma certa falta de fibra, uma certa tendência para a inacção, uma certa “moleza no agir”. Numerosos exemplos, de que se destaca o vendedor de bilhetes com “duas mãos brutas e moles” a arranjar troco (capítulo XI), mas principalmente no capitulo final, onde o próprio Carlos pasma da abundância de jovens ociosos que se passeiam: “que fazem ali, às horas de trabalho, aqueles moços tristes de calça esguia?” (capítulo XVIII)
G - O romancismo
O mal do romancismo, concebido não como estética, mas com atitude perante a vida: “Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos, isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não pela razão” (Capítulo XVIII)
Leitura e análise:
“Ega sentara-se também no parapeito, ambos se esqueceram num silêncio. Em baixo o jardim, bem areado, limpo e frio na sua nudez de Inverno, tinha a melancolia de um retiro esquecido, que já ninguém ama: uma ferrugem verde, de humidade, cobria os grossos membros da Vénus Citereia; o cipreste e o cedro envelheciam juntos, como dois amigos num ermo; e mais lento corria o prantozinho da cascata, esfiado saudosamente, gota a gota, na bacia de mármore. Depois ao fundo, encaixilhada como uma tela marinha nas cantarias dos dois altos prédios, a curta paisagem do Ramalhete, um pedaço de Tejo e monte, tomavam naquele fim de tarde um tom mais pensativo e triste: na tira de rio um paquete fechado, preparado para a vaga, ia descendo, desaparecendo logo, como já devorado pelo mar incerto; no alto da colina o moinho parara, tran sido na larga friagem do ar; e nas janelas das casas, à beira da água, um raio de Sol morria, lentamente sumido, esvaído na primeira cinza do crepúsculo, como um resto de esperança numa face que se anuvia.” (pág. 710)
Simbolismo
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime. As paredes do Ramalhete foram sempre sinal de desgraça para a família Maia.
O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. No primeiro capítulo a cascata está seca porque o tempo da acção d' Os Maias ainda não começou. No último capítulo, o fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz, mostra-nos também que o tempo está mesmo a esgotar-se e o final da história d' Os Maias está próximo. Este choro simboliza também a dor pela morte de Afonso da Maia.
A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte. Agora, (no último capítulo) coberta de ferrugem simboliza o desaparecimento de Maria Eduarda, os seus membros agora transformados dão-lhe uma forma monstruosa fazendo lembrar Maria Eduarda e monstruosidade do incesto. Esta estátua marca então, o início e o fim da acção principal. Ela é também símbolo das mulheres fatais d' Os Maias - Maria Eduarda e Maria Monforte.
O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família. Mas também, simbolizam a amizade inseparável de Carlos e João da Ega.
No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado.
Não é difícil lermos o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem, tudo tem um carácter sombrio.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
Crítica à cidade de Lisboa
O estrangeiro surge-nos como um recurso para resolver problemas.
“Depois destas linhas afectuosas (em que o Alencar colaborara) as primeiras notícias dos «viajantes» vieram, numa carta do Ega para o Vilaça, de Nova Iorque. Era curta, toda de negócios. Mas ele ajuntava um pós-escrito com o título de Informações gerais para os amigos. Contava aí a medonha travessia desde Liverpool, a persistente tristeza de Carlos, Nova Iorque coberta de neve sob um Sol rutilante. E acrescentava ainda: «Está-se apossando de nós a embriaguez das viagens, decididos a trilhar este estreito Universo até que cansem as nossas tristezas. Planeamos ir a Pequim, passar a Grande Muralha, atravessar a Ásia Central, o oásis de Merv, Khiva, e penetrar na Rússia; daí, pela Arménia e pela Síria, descer ao Egipto a retemperar-nos no sagrado Nilo; subir depois a Atenas, lançar sobre a Acrópole uma saudação a Minerva; passar a Nápoles; dar um olhar à Argélia e a Marrocos; e cair enfim ao comprido em Santa Olávia lá para os meados de 79, a descansar os membros fatigados. Não escrevinho mais porque é tarde, e vamos à Ópera ver a Patti no Barbeiro. Larga distribuição de abraços a todos os amigos queridos.”
O Realismo é anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para condenar o que houver de mau na nossa sociedade».
Eça é um escritor mais realista do que naturalista. O Naturalismo é «um método de pensar, de ver, de reflectir, de estudar, de experimentar, uma necessidade de saber, mas não uma maneira especial de escreve. Nos seus romances - a hereditariedade, o meio ambiente em Os Maias, Carlos, como a mãe, era apenas instinto, desejo, produto do meio. Também naturalista nessa obra é o realce que o autor dá ao subconsciente freudiano, sugerindo os pensamentos de Carlos após a revelação de Ega.
Assim se designa o grupo de jovens intelectuais portugueses que manifestaram um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura de proa integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de Azevedo. Juntos ou, como sucedeu mais tarde, trilhando caminhos de certa forma divergentes, estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do século (se não mesmo até à República), na literatura e na crítica literária, na historiografia, no ensaísmo e na política.
Nos anos seguintes, embora a atitude de crítica e de intervenção cultural e política se mantivesse, os membros do grupo foram definindo caminhos pessoais independentes, ora dedicando-se mais a umas actividades, ora a outras. Antero suicidou-se em 1891, e dir-se-ia que esse gesto simboliza o destino destes homens a caminho do final do século, em desilusão progressiva com o país e o sentido das suas próprias vidas.
Este é o nome pelo qual ficou conhecido um grupo de onze intelectuais portugueses que tiveram destaque na vida literária e política do final do século XIX. Deste grupo faziam parte Oliveira Martins (autor da denominação Vencidos da Vida), Ramalho Ortigão, António Cândido, Guerra Junqueiro, Carlos Mayer, o marquês de Soveral, Carlos Lobo d'Ávila, o conde de Ficalho, Bernardo de Pindela e o conde de Sabugosa. Eça de Queirós juntou-se-lhes em 1889.
Reuniram-se com certa regularidade entre 1888 e 1894. Encontravam-se para convívio intelectual e diversão no Tavares, no Hotel Bragança ou na residência de um dos participantes. Vários destes intelectuais estiveram associados a iniciativas de renovação da vida social e cultural portuguesa de então, como as Conferências do Casino. Como um grupo, ficaram conhecidos (embora não com inteira justiça) pelo seu diletantismo, por um certo mundanismo desencantado. Estes não eram, contudo, sinais de falta de profundidade intelectual, como comprovam as abundantes realizações dos seus membros na política, na diplomacia, na historiografia e na literatura.
Estamos claramente no epílogo da acção onde é dado a conhecer o desfecho para as vidas de Carlos e Maria Eduarda.
Epílogo - presente no final de uma obra literária ou dramática, que constitui a sua conclusão ou remate.
É geralmente usada para dar a conhecer o desfecho dos acontecimentos relatados, o destino final das personagens da história.
Neste último capítulo estão presentes:
A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente crítica.
É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia, que Eça concretiza a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes, falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada em Paris sem qualquer projecto seriamente útil.
Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso. Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração dos Vencidos da Vida.
Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes em si, mas às características do povo português - a predilecção pela forma em detrimento do conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude "romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
Nota: Os Maias, Eça de Queirós, Porto Editora