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Trabalho sobre a sociedade - desenvolvimento de novas atitudes no trabalho e no emprego, e como subtema “novas situações no mundo do trabalho”, realizado no âmbito da disciplina de Área de Integração (12º ano).
“Assim com não existem pessoas pequenas na vida, sem importância, também não existe trabalho insignificante”
(Elena Bonner)
Este trabalho tem como objectivo fazer uma analepse do que tem sido o conceito do trabalho, a sua evolução até os dias de hoje, e o que virá a tornar-se devido a diferentes factores. Pretendo ter duas visões distintas de trabalho, uma actual e outra que será o nosso futuro.
No final do trabalho será apresentado uma entrevista de galileu ao professor thomas w. Malone do mit ( massachusetts institute of technology sloan school of management), uma das principais escolas de negócios do planeta. Malone foi um dos primeiros a prever que a descentralização do controle empresarial e a busca de valores humanos em vez das vantagens económicas seriam cruciais para moldar o novo trabalho. Autor do livro o futuro dos empregos, ele contou como deverá ser o trabalho em 2020.
Em física, trabalho (normalmente representado por W, do inglês work, ou pela letra grega tau) é uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento.
O trabalho de uma força F aplicada ao longo de um caminho C pode ser calculada de forma geral através da seguinte integral de linha:
onde: F é o vector força e r é o vector deslocamento.
O trabalho é um número real, que pode ser positivo ou negativo. Quando a força atua no sentido do deslocamento, o trabalho é positivo, isto é, existe energia sendo acrescentada ao corpo ou sistema. O contrário também é verdadeiro, uma força no sentido oposto ao deslocamento retira energia do corpo ou sistema. Qual tipo de energia, se energia cinética ou energia potencial, depende do sistema em consideração.
Como mostra a equação acima, a existência de uma força não é sinónimo de realização de trabalho. Para que tal aconteça, é necessário que haja deslocamento do ponto de aplicação da força e que haja uma componente não nula da força na direcção do deslocamento. É por esta razão que aparece um produto interno entre F e r. Por exemplo, um corpo em movimento circular uniforme (velocidade angular constante) está sujeito a uma força centrípeta. No entanto, esta força não realiza trabalho, visto que é perpendicular à trajectória.
Portanto há duas condições para que uma força realize trabalho:
a) Que haja deslocamento;
b) Que haja força ou componente da força na direcção do deslocamento.
Esta definição é válida para qualquer tipo de força independentemente da sua origem. Assim, pode tratar-se de uma força de atrito, gravítica (gravitacional), eléctrica, magnética, etc.
Começo este trabalho com uma caracterização rápida do nosso mercado de trabalho, quer do ponto de vista da estrutura do emprego e das remunerações, quer no que respeita à natureza dos seus principais fluxos de emprego.
Os trabalhadores qualificados representavam 10,1% do emprego total por conta de outrem, em 1991, e 15,8%, em 1997. Considerando a massa salarial, os trabalhadores qualificados representavam 19,3% e 33,1%, respectivamente. Se recuássemos uma década, teríamos resultados muito semelhantes, podendo ainda acrescentar-se que a repartição intersectorial do emprego se tem feito no quadro de uma relativa estabilidade.
O que estes números mostram a debilidade das qualificações (e dos ganhos) do trabalhador médio português, em evidente dissonância com os nossos parceiros europeus mais desenvolvidos, onde a percentagem de emprego qualificado (independentemente da utilização de uma definição mais ou menos ampla), no emprego total, é não só muito maior como também o seu peso no conjunto do emprego total tem sofrido incrementos muito superiores. Disto tem dado repetido eco, ultimamente, a nossa comunicação social que, de repente e algo incrédula, se deu conta que o rei vai nú, ou seja, que a diferença de produtividade relativamente aos nossos parceiros na União é demasiado pronunciada para ser ignorada por mais tempo. Figurativamente, e de forma quiçá excessiva diríamos que, na indústria transformadora, andamos (quase) todos de fato-macaco. O resultado é naturalmente uma concentração excessiva de remunerações próximas do salário mínimo nacional.
Reflectindo esta excessiva concentração do emprego em profissões de menores qualificações, temos, por outro lado, uma dispersão de salários muito acentuada. Tomemos o ano de 1993 e compare-se a distribuição dos salários em Portugal com alguns dos países mais representativos da OCDE. Considerando o quociente entre as remunerações tem-se 2,47 e 1,64, respectivamente. Calculando os mesmos indicadores para os EUA, obtém-se 2,14 e 2,66, enquanto para a Alemanha, por exemplo, resultaria 1,65 e 1,39. Ou seja, a dispersão dos salários entre os trabalhadores de remunerações mais baixas (na 1ª metade da distribuição) é pequena e comparável à da Alemanha, mas entre trabalhadores acima da mediana dos salários, a dispersão é muito forte, sendo mesmo superior à que se regista nos EUA ou no Reino Unido.
Numa outra leitura, repare-se que estes rácios, que o mercado de trabalho em Portugal parece remunerar de forma suficientemente diferenciada, as qualificações e os skills mais escassos, muito à semelhança do que ocorre nos EUA e no Reino Unido, revelam nesta medida um comportamento compatível com mercados à partida menos regulamentados e, por isso, mesmo caracterizados por uma menor compressão salarial. Podemos por esta via ter a confirmação da suspeita de que somos “um país no papel”, no sentido que a nossa proverbial tolerância se reflectiria também numa significativa distância entre, o que constitui a letra das regulamentações laborais, tidas como das mais rígidas e anquilosadas da OCDE, e a sua prática concreta.
O trabalho deve incluir os vectores que permitam combinar a flexibilidade exigida pelas empresas, para que estas se possam adaptar às novas circunstâncias de mercado, com a segurança, necessária para que os trabalhadores possam obter maior estabilidade nos fluxos de rendimento.
Que tipo de escolha colectiva temos vindo nós a efectuar ao longo das últimas décadas? Creio que, com segurança, se pode dizer que a nossa opção tem sido pelo emprego e pelo emprego para todos.
Tome-se, por exemplo, a taxa de actividade (o quociente entre a população activa e a população compreendida entre os 15 e os 64 anos) ou a taxa de desemprego, entre 1975 e 1999 (para o conjunto da economia). No primeiro caso, situou-se sempre acima dos 60% (mais de 70% em 1999) e, no segundo, nunca saiu do intervalo 4-8% (na última década a média é inferior a 6%). Em ambos os casos, o desempenho do nosso mercado de trabalho ultrapassou a média da OCDE e, comparando com a vizinha Espanha, a nossa taxa de actividade é superior em mais de 10 pontos percentuais, enquanto a taxa de desemprego é de um 1/3.
Numa palavra, privilegiou-se o emprego: feminino e masculino, a tempo inteiro e sem saídas prolongadas da vida activa. Procurando-se dar emprego a todos, não espanta que, para derrubarmos uma árvore numa qualquer avenida urbana, ou reconstruir um passeio em emblemática calçada portuguesa, tenhamos uma mão cheia de abnegados trabalhadores mas, infelizmente, de muito fraca produtividade. Se assistíssemos a episódio idêntico na Alemanha, constataríamos por certo que a combinação de inputs estaria completamente invertida.
Esta opção por mais homens e menos máquinas, é sobre vários pontos de vista defensável. Primeiro, porque mantemos desta forma toda a gente (ou uma larga percentagem) ocupada (tecnicamente, estamos em pleno emprego); segundo, mantém mais viva a chama da ética do trabalho.
Estes dois valores são de indiscutível mérito. Porém, privilegiando-se a estabilidade das relações de emprego, assistida por um salário mínimo acima do salário de equilíbrio, provoca-se uma forte concentração de trabalhadores com baixas remunerações. A maior flexibilidade do mercado de trabalho americano, por exemplo, juntamente com a existência de um salário mínimo de valor simbólico, impede que esta concentração de uma massa de trabalhadores numa dada categoria se verifique. Gera em contrapartida uma maior fatia de working-poor (indivíduos que trabalham mas ganham muito pouco).
Mais sistematicamente, como se caracteriza o nosso sistema de relações industriais? De forma sumária, podemos dizer que é um sistema que, tendo gerado um movimento sindical em grande parte neutralizado por uma concertação social, que sob a égide do governo tende a explorar a rivalidade latente entre as principais forças sindicais, contempla (e contemporiza) um instrumento de grande flexibilidade – os contratos a prazo – e que, por outro lado, não é demasiado penalizador para as empresas do ponto de vista do despedimento colectivo, outro instrumento imprescindível para uma adequada manipulação da procura de trabalho. Daqui resultou uma flexibilidade dos salários reais sem par na União Europeia e uma apreciável velocidade de ajustamento do emprego às flutuações do output. Se adicionarmos um outro elemento de grande utilização entre nós – o encerramento/criação de empresas, temos reunido um leque de características que no seu conjunto, permite assegurar às empresas os instrumentos indispensáveis ao rápido ajustamento das quantidades de inputs, incluindo o trabalho.
Uma tradução possível desta fluidez pode encontrar-se na análise comparada dos fluxos agregados de criação e destruição de empregos (valores médios para o período 1983-94). Assim, e ainda na indústria transformadora, foram criados anualmente cerca de 11 novos empregos e destruídos cerca de 12 por cada 100 empregos existentes (a diferença é igual à variação líquida (negativa) do emprego). Ou seja, no total, foram criados ou destruídos cerca de 23 postos de trabalho, um valor mais uma vez comparável ao de países menos regulamentados como os EUA ou o Canadá.
A situação do trabalho hoje está ainda mais preocupante, No dia 25 de Outubro de 2007 o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, admitiu que o desemprego é o mais sério problema que a economia portuguesa enfrenta. O desemprego atingiu em 2007 a mais alta taxa dos últimos vinte anos dando origem a um novo surto de emigração.
Segundo a Eurostat, a taxa de desemprego aumentou para 8,2% em Outubro, sendo assim a maior na zona Euro. Já alargando aos 27 Estados-Membros da União Europeia, os resultados não são expressivamente melhores. Portugal é ultrapassado apenas pela Polónia com 8,8% e pela Eslováquia com 11,2%. Desta forma, a taxa de desemprego subiu 0,2% em Outubro, face aos mês anterior, comparando com o período homólogo, o aumento foi de 0,7%. Fazendo distinção entre os sexos, na Zona Euro, a taxa das mulheres ficou nos 8,2%, contra 6,5% dos homens, na UE, 7,6% para as mulheres e de 6,4% para os homens. A taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos situou-se em Outubro em 14,3% na Zona Euro e 14,7% na UE.
Têm-se verificado importantes modificações na estrutura do emprego, com efeitos negativos quer na estabilidade quer na qualidade do emprego: a primeira é a substituição de emprego a tempo inteiro por emprego a tempo parcial com remuneração reduzida; a segunda é a substituição de contratos sem termo por contratos a termo; a terceira é a substituição de emprego mais qualificado por emprego menos qualificado. O emprego a tempo parcial com salário reduzido, os contratos a prazo e o emprego menos qualificado estão a aumentar, enquanto o emprego permanente, o a tempo completo e o mais qualificado estão a diminuir. Esta evolução é consequência de políticas económicas, financeiras e sociais
As designações recobrem a própria ordem social hierárquica
Já na Grécia o trabalho dos artesãos, comerciantes, banqueiros, etc. é considerado indigno de um cidadão. Ele é dependente da clientela. É neste período que o trabalho agrícola se reveste de dignidade.
TECHNÉ – (provém da cultura grega)Identificam imediatamente o estatuto social do sujeito
SÉC XXI
Podemos analisar no esquema abaixo as diferenças a sociedade medieval e de classes (hoje), vejamos:
O mundo actual passa por momentos de transformações, dentre eles a razão do trabalho será modificada. Quanto maior for à rede de transmissão de conhecimento e informação, maiores serão as oportunidades potenciais de diminuição das desigualdades sociais, afectando directamente as relações de empregabilidade das nações.
A mudança é rápida e os movimentos de redes de conhecimento definirão o futuro das ocupações profissionais. Práticas desta cadeia de distribuição permitirão o aumento da cidadania e este processo em cadeia permitirá uma orientação ao mundo novo do trabalho. O futuro será marcado por profissionais mais criativos e interagidos. O desemprego tenderá a ser alto nas economias desprovidas ao acesso da educação, do conhecimento e da informação simultânea.
Para os profissionais operacionais, com menor nível de educação, alternativas como a criação de bancos do povo, empresas sociais, programas de agricultura familiar, cooperativas de artes, projectos de economia solidária, cooperativas de serviços, podem auxiliar a criar redes de ocupação, ou praticando o utilitarismo, como ferramenta para combater o tradicionalismo das profissões.
Nas profissões ligadas ao conhecimento, devo ressaltar que existirá ainda por algumas décadas a necessidade de mão-de-obra directa operacional para recuperação de áreas degradadas, desenvolvimento de técnicas de aquacultura, dentre outros.
Novas áreas de ocupação como: das ciências da nutrição (engenharia de alimentos, outros), a biomedicina, a genética, a ciência do desporto, a neurociência, conselheiros de finanças pessoais, telemedicina, teleserviços, logística operacional de atendimento aos efeitos climáticos, tecnologia verde, programas de energia renovável – reuso da água e busca de energias alternativas ecologicamente corretas são de suma importância para recuperação de nosso Planeta. Desenvolvimento do sector de educação de interacção social pode auxiliar na divulgação e ampliação do sector artístico de valor agregado, promovendo o crescimento do conhecimento e provocando a conscientização da necessidade do crescimento do emprego verde, que podem gerar milhões de empregos. Tecnólogos de criogenia (ramo da físico-química que estuda tecnologias para a produção de temperaturas muito baixas), coordenadores de projectos, administradores de infossistema (consultores de sistema de informações especializado em análise de processos), técnicos de desenvolvimento químico (em processos de fabricação de sabão biodegradável, outros), técnicos e engenheiros para desenvolvimento e exploração da biomassa na agricultura, profissionais na área de energias alternativas (como electricidade sem fio, energia eólica – ventos, aquecedores solares), engenharia de produtos, nanotecnologia, especialistas na preservação do meio ambiente, especialistas de ensino a distância, gestor de relações com o cliente, agricultor (juntar habilidades agrícolas as farmacêuticas), engenheiro de tecidos celulares (fabricação de órgãos humanos artificiais), biotecnologia, escritores virtuais, gestores de redes de contacto, dentre tantas outras profissões, surgem no mercado de trabalho actual. A área de turismo em vários países pode ser uma fonte alternativa de ocupações profissionais. Implantar sistemas de empreendedorismo, criar núcleos de criatividade, cooperativas de exportação são pequenas acções que impulsionam o em O nível de abrangência das capacidades individuais e colectivas é que determinarão as futuras ocupações profissionais.
Foram referidos quatro factores de pressão que configuram o futuro do trabalho, e que resultam num mega-factor, que é o processo de globalização da economia:
O papel da tecnologia, pode orientar-se para resolver problemas, criar emprego, para os que são verdadeiros utilizadores, ou ao contrário fazer excluídos, eliminando postos de trabalho.
As pressões do mercado, na perspectiva da competitividade, através da inovação de produtos e processos fazem crer que se trata de uma exigência dos consumidores. A este propósito foi colocada a questão sobre qual deverá ser o papel dos Consumidores no Futuro.
Como consequência do tipo das novas tecnologias, procura introduzir-se a flexibilidade total, numa clara posição ideológica, que leva à diminuição dos custos do trabalho para maximizar os lucros.
A Flexibilidade e a precariedade, enquanto dimensões dominantes, estão a configurar o Futuro do trabalho na sua natureza e nas suas condições. A Flexibilidade através da lógica financeira globalizada aparece como condição indispensável no funcionamento do mercado global, onde as deslocalizações de empresas são uma realidade crescente, levando ao desemprego e à desregulamentação laboral. Por outro lado vive-se na economia de “casino” onde os capitalistas aumentam sempre mais empresas, mas onde o factor Trabalho não tem importância: “os desempregados que recebam os subsídios e que se alimentem”. “Aumenta a precariedade, diminuem os direitos dos trabalhadores e reduzem - se os impostos das empresa”
As transformações referidas são objecto de estudo e discursos de autores de diversas tendências: uns defendem o fim do trabalho e dos assalariados, enquanto outros afirmam a importância central do trabalho.
Temos que reflectir que tipo de trabalho queremos: i) assalariado; ii) na Família; iii) no voluntariado geral; buscando rendimentos não só ligados ao Trabalho. Temos que saber quem pode alterar a situação e quais os instrumentos mais eficazes.
Acresce a estas preocupações, com particular destaque no nosso país - mas também na Europa e nos EUA - as questões da imigração e do envelhecimento da população activa. Em 2050 a Europa terá 42 milhões de pessoas a menos; muitos trabalhadores imigrantes da América Latina procuram todos os dias emprego; Nos EUA 10 milhões de trabalhadores, sem documentos, contribuem para a economia americana; 50 milhões não têm direito à Segurança social; Os Sindicatos lutam para garantir os direitos universais mas os empresários e a economia não deixam.
Relativamente aos valores inerentes a esta fase de desenvolvimento do modelo capitalista neo – liberal existem constrangimentos, que são outros tantos obstáculos, à organização dos trabalhadores e à solidariedade. Assim, em consequência da competitividade e da flexibilidade na economia global manifestam-se duas realidades:
O desenvolvimento verificado no domínio da sociologia e da economia do trabalho, nomeadamente a partir da abertura de 1974, traduz-se num conjunto de pontos fortes adquiridos. Em primeiro lugar, e designadamente em relação à sociologia, verifica-se uma diversidade enriquecedora de enfoques teóricos e metodológicos (marxismo, accionalismo, funcionalismo, métodos extensivos e quantitativos, métodos intensivos e qualitativos, etc.). Além disso, é notória a maturidade epistemológica e metodológica, indiciada pela capacidade de interrogação sistemática sobre as problemáticas e pela vigilância crítica em relação ao empirismo. O impulso para o progresso da acumulação de conhecimentos revela-se também no acréscimo de investigadores, projectos e lugares de publicação dos produtos das pesquisas. Finalmente, sobressai a relevância de práticas pluridisciplinares de indagação científica.
Estas linhas de força não devem porém fazer iludir um importante número de insuficiências (e deficiências) que se torna urgente assumir. Um dos obstáculos é a relativa debilidade de trabalho teórico original que marca a produção de ciências sociais em Portugal, bem como um certo desfasamento, com raras excepções, em relação aos últimos progressos realizados internacionalmente nas disciplinas. Encontra-se por vezes uma tendência para o abstraccionismo dedutivista, pouco atento ao valor do trabalho empírico e concreto no terreno, ancorado na especificidade da informação social portuguesa. Convém assinalar, por exemplo, que a segmentação do mercado de trabalho, as questões ligadas aos modos e quadros de vida, as novas tecnologias e sectores (com a consequente reformulação das qualificações e formas de emprego), as estratégias dos actores sociais, os movimentos sociais, a mudança cultural atinente aos novos valores e representações do trabalho e não trabalho, a democracia nas organizações, as condições e qualidade de trabalho e da vida fora do trabalho, são tudo temas ainda pouco explorados e debatidos.
Esta situação explica-se em grande parte pelas dificuldades em financiar a actualização de bases bibliográficas e o desenvolvimento de relações de intercâmbio com a comunidade científica internacional. Mas ela resulta também de o acentuar recente das orientações empiristas e economicistas ligadas à pesquisa demasiado vinculada à procura externa e a resultados rápidos e imediatamente utilizáveis. Trata-se de uma tendência pragmática que contraria a distanciação crítica e que pode constituir um obstáculo a inovações teóricas que dependem da abertura interdisciplinar (e até transdisciplinar), do questionar dos próprios fundamentos tradicionais das ciências sociais do trabalho e da definição das condições de autonomia da análise científica.
Verifica-se paralelamente que o considerável potencial de produção estatística que tem sido criado não está suficientemente articulado com os núcleos de análise e pesquisa, tanto no momento inicial da concepção, como no momento final da utilização: ilustrações deste estado são nomeadamente os dados referentes a conflitos de trabalho, qualificação profissional e dinâmica do mercado de trabalho.
Este conjunto de dificuldades decorre também, por seu turno, de insuficiências institucionais da própria comunidade ligada a esta especialidade científica: reconhecimento tardio e ainda precário do perfil profissional, óbices na inserção no mercado de trabalho, desarticulação entre instituições de ensino, de investigação, de administração pública, empresas públicas, privadas, cooperativas, sindicatos, instituições da vida regional, local e associativa, limitações nos financiamentos e bloqueamentos organizacionais que dificultam a reprodução profissional alargada da comunidade científica, conduzindo a um conhecimento fragmentário e disperso da estrutura e transformações da sociedade portuguesa. As mutações estruturais em curso tendem, no entanto, a suscitar crescentes interesses (políticos, empresariais, sindicais, regionais e culturais) em torno de problemas como a valorização dos recursos humanos, os novos modelos de desenvolvimento, a informatização, a flexibilidade organizacional, a reconversão industrial, a formação profissional, as iniciativas locais de emprego, a sociedade pós-industrial. Resta, portanto, saber em que medida esta comunidade científica conseguirá tirar partido de um contexto menos desfavorável, superando obstáculos organizacionais e metodológicos e renovando-se pelo investimento em novos objectivos.
Referimo-nos à necessidade de abordagem das seguintes temáticas, entre outras: estudo interdisciplinar do mercado de trabalho reabilitando no papel dos actores sociais e as ligações ao aparelho produtivo e às estratégias industriais; análise do contexto e dos efeitos sociais da mudança económica e da crise; questões levantadas pelo processo de modernização e de inovação tecnológica, com a consequente reformulação dos conceitos «trabalho» e «não trabalho»; interdependência socialização-educação-formação emprego e saúde-doença-sociedade; formação do patronato, dos quadros e da classe operária.
Parece, enfim, importante repensar as próprias orientações metodológicas, o que passa nomeadamente pelos seguintes eixos: reapreciação crítica dos paradigmas teóricos tradicionais; concepção de teorias auxiliares e de médio alcance atentas às especificidades nacionais, regionais e locais; superação das práticas compartimentadas por fronteiras disciplinares rígidas, suscitando pesquisas que associem a sociologia, a economia, a psicologia, a história, a antropologia, a gestão; incentivo da inovação, aprofundando o nível de formação e as virtualidades da pesquisa-intervenção, com estabelecimento de redes mais densas entre investigadores e agentes sociais. Um afrontamento crítico destes desafios possibilitaria, sem dúvida, ultrapassar mais uma etapa na maturação das ciências sociais portuguesas nas temáticas do trabalho e do emprego.
Podemos observar abaixo alguns exemplos da facilidade que o trabalho trará para o futuro:
Este texto a seguir apresentado, vai de encontro às novas situações no mundo do trabalho em 2020, é uma junção de teorias de professores, economistas e psicólogos de várias nacionalidades que nos empurram para encarar a realidade daqui uns anos. É um texto Brasileiro daí se verificar algumas palavras que não estejam correctamente para o nosso dicionário.
Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes inferiores e escravos. Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no Paraíso. "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia", afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é de hoje.
Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projectos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. "Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?", diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).
Para começar, esqueçamos a história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra caminhando para o desuso. O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.
A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contactar por videoconferência a qualquer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.
Conexão sem fio e internet gratuita em qualquer parte, armazenamento virtual de dados, Blackberries, iPhones, notebooks cada vez mais baratos... Os escritórios não serão os mesmos. Ou melhor, eles simplesmente não serão mais. Deixarão de existir. Os Sohos, sigla para single home offices, ou escritórios caseiros, já possibilitam que 20 milhões de americanos trabalhem meio-período sem sair de casa, e outros 4,2 milhões em período integral. E, quando precisam fazer reuniões ou encontrar os amigos, eles vão para locais como a Hub: "o escritório do futuro para incubar as organizações do futuro", na definição da própria empresa. Presente em 14 países, a Hub oferece infraestrutura completa de um escritório convencional com a diferença que o interessado paga por horas. O pacote de 25 horas custa em média 50€. O espaço é grande onde não há paredes, fileiras de mesas separadas por funções ou divisórias entre os computadores. O que une as quase 30 empresas que actualmente utilizam os serviços da Hub são mesas sobre cavaletes e ideias ligadas a iniciativas socio-ambientais - exactamente como na matriz inglesa que inspirou a ideia.
Para pessoas como Mariana Nicolletti, de 26 anos, a combinação Soho/escritório virtual é ideal, ela se comunica com sua equipe por e-mail, faz reuniões com os colegas espalhados pelo País com o Skype e organiza os projectos em casa. O espaço que tem no Hub é apenas para quando as reuniões pessoais se fazem necessárias. "Se tivéssemos só um escritório ou continuássemos trabalhando em casa seríamos uma organização isolada. Mas, com o escritório virtual, há a possibilidade de ampliar a rede e também fazer negócios", diz. É claro que as sedes de grandes empresas ou os endereços comerciais não irão sumir como num passe de mágica. "Mas a forma de executar os trabalhos já está diferente, o escritório invadiu a casa e vice-versa", afirma Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. "Há novas formas de adaptar a rotina ao trabalho que vão combinar o lado bom de estar perto da família com o lado ruim de estar o tempo todo ligado na empresa. Mas esse é o desafio dos profissionais do futuro."
Eles não terão apenas uma, mas várias formações, usarão a tecnologia com naturalidade e ainda cuidarão do planeta. Os novos profissionais vão precisar do apoio de diversas áreas do conhecimento para criar soluções em empresas descentralizadas, plurais e sustentáveis. Mais ou menos como já faz Aníbal Oliveira, 42, que formou-se em matemática e ciência da computação, depois fez uma licenciatura em marketing, um doutouramento em gestão de negócios e hoje planeia a sua própria agência de comunicação, a Vila Digital. Nela, ele pensa tanto em organizar a intranet de seus clientes como em projectos de mídias sociais capazes de gerar lucros. "O especialista que conhece um único tema a fundo e esquece o resto do mundo vai ser gradativamente substituído pelo jovem que não se contenta em enxergar apenas uma face das coisas", afirma Renata Spers, do Profuturo - Programa de Estudos do Futuro.
Nesse novo espaço, o diploma continuará a ser valorizado, mas ele virá associado a um mestrado em administração, uma pós-graduação ou mesmo a leituras e cursos informais em áreas complementares. E a história de dizer que quem para de estudar fica para trás continuará a ser a dura realidade. "O período de formação do profissional aumentará cada vez mais", diz Renata. "E ele vai se especializar em áreas distintas, como o meio ambiente ou a terceira idade." Ou seja, aquela pessoa que termina um curso e pula para outro que parece não ter nada a ver não é exactamente um indeciso problemático, mas sim um novo e inovador profissional.
5 CARREIRAS QUE TERÃO MAIS IMPACTO |
GERENTE DE E CORRELAÇÕES Serão profissionais de áreas como direito, engenharia ambiental e relações públicas. Vão trabalhar com consumidores, grupos ambientais e agências governamentais para desenvolver e maximizar programas ecológicos. Cada vez mais necessário em um mercado em que as empresas precisam ter responsabilidade ambiental e nem sempre sabem como implementar políticas do género. CHEFE DE INOVAÇÃO É o responsável por colocar a companhia sempre um passo à frente da concorrência. Trata-se de alguém com formação em marketing, relações humanas ou comunicação e que entende de novas tecnologias. Seu papel é transitar por diferentes áreas da organização para pesquisar, projectar e aplicar inovações. GERENTE DE COMÉRCIO DIGITAL Cuida do desenvolvimento e da implementação de estratégias para vender produtos e serviços na web. Deve entender de marketing, tecnologia da informação e comunicação. Vai se tornar mais valorizado à medida que lojas físicas começarem a entrar em extinção. CONSELHEIRO DE APOSENTADORIA Ajuda a planejar o período pós-carreira, organizando também as finanças do aposentado. Sua formação pode ser em contabilidade, recursos humanos e áreas ligadas a consultoria de carreiras. Com a tendência de envelhecimento da população e as aposentadorias cada vez mais instáveis, ele será o guia profissional e financeiro para a terceira idade. COORDENADOR DE EDUCAÇÃO Vai ajudar o funcionário a alcançar níveis avançados nas áreas em que é especializado. Precisa entender de educação, psicologia e conhecer bem a empresa. A nova carreira segue a linha de valorização da pessoa e não apenas do profissional, tendência que, nos últimos anos, provou ser mais lucrativa. |
Trabalhar por prazer, com liberdade e férias em qualquer período do ano. Parece uma utopia ou, no mínimo, algo incapaz de pagar as contas do fim do mês. Mas o profissional de 2020 vai ser alguém exactamente assim, que manda na sua profissão e não trabalha por dinheiro, mas por amor. "No rastro do vazio deixado pelos anos 90 descobrimos que o trabalho deve ter um significado maior que a busca financeira", afirma a psicóloga Ana Cristina Limongi França, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho, da FEA-USP. Na busca por essa essência, entra em jogo o conceito de vocação laboral, ou seja, uma espécie de chamado íntimo que direcciona a profissão de acordo com as preferências pessoais. E antes que alguém fale que esse formato de trabalho é incapaz de gerar lucros, basta lembrar que o tempo de aposentadoria está diminuindo gradativamente e as jornadas de trabalho misturando-se cada vez mais à vida pessoal. Ou seja, quem estiver em uma profissão que não proporcione alegria e prazer vai ter um problema longo e difícil pela frente. E, quanto menos motivação, menos dinheiro no banco. "Hoje, os profissionais buscam qualidade de vida em momentos de ruptura, quando largam tudo pelo que gostam. E isso será um contínuo, até as escolhas serem pautadas apenas pela felicidade que oferecem", diz Ana Cristina. Assim, os conceitos temidos em relatórios de RH, como pró-actividade, network bem estabelecido ou flexibilização do tempo, serão atitudes naturais nesse novo ambiente de bem-estar.
E, se o prazer do trabalho for sincero, a mistura entre os espaços pessoais e profissionais deixa de ser um problema. Tecnologias como smartphones, notebooks mais baratos e conexão wi-fi abundante acabaram com a velha imagem de abrir a porta de casa e deixar o trabalho para fora. Agora, saber separar essas duas áreas ou reuni-las quando necessário é uma decisão que os profissionais estão aprendendo, sozinhos, a tomar.
A relação entre as palavras "ordenado" e "mensal" está com os dias contados. A etimologia do termo diz que trata-se apenas do pagamento por serviços prestados, e é exactamente isso que ele vai voltar a ser em uma década. Nada de valores fixos pagos mês a mês, mas sim recompensas por trabalhos realizados. Cada vez mais as pessoas vão se engajar em projectos com início e fim determinados e receber de acordo com os resultados. Dados do governo dos Estados Unidos mostram que pelo menos um terço dos americanos, consideram-se trabalhadores independentes, uma categoria que inclui autónomos, pessoas que fazem serviços por empreitadas e profissionais temporários.
No entanto, para quem está activo no mercado de trabalho onde o ordenado fixo é habitual, passar por esta mudança será um exercício penoso. "Mas assim que mudar a geração que está no poder, a relação com o ordenado também vai se modificar", diz Renata Spers, do Programa de Estudos do Futuro da FIA-USP. "Até o momento persiste a necessidade de estabilidade, mas quem está começando a trabalhar agora encarará a remuneração de forma diferente. Os jovens de hoje estão mais preocupados em empreender do que em ter estabilidade", afirma a pesquisadora.
2009 |
2020 |
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ESCRITÓRIOS | Presença física na empresa por várias horas por dia | As próprias casas serão locais de trabalho |
REFORMA | Após idade-limite ou tempo de contribuição à previdência | As pessoas irão reformar-se mais tarde ou continuar trabalhando |
MULHERES | Ganham menos que os homens e ocupam menos cargos executivos | Ganharão maior espaço nos escalões mais altos das empresas |
EMPRESAS | Grandes companhias centralizam a tomada de decisões | Descentralizado, como um conjunto de pequenas empresas |
SELECÇÃO | Com base no currículo, concursos e indicações | Empresas rejeitarão funcionários fumantes e obesos |
GERAÇÃO NO PODER | Nascidos nos anos 60 e 70 | Millennials (80 e 90) |
MOTIVAÇÃO | Dinheiro | Prazer |
ÁREA EM EXPANSÃO | Tecnologia | Meio ambiente |
A preocupação com a sustentabilidade, energia limpa e renovável irá aumentar cada vez mais, e se tornará umas das maiores fontes de trabalho. Em Maio, o governo americano obrigou as montadoras de veículos a aumentar a eficiência no consumo de combustíveis e diminuir a emissão de poluentes. São atitudes assim que moldam a profissão que deve “explodir” em 2020: o gerente de “ecocorrelações”. Ele será o responsável por organizar o desenvolvimento de projectos relacionados ao meio ambiente dentro das empresas. Um estudo do Profuturo, que em Março divulgou as 30 profissões que devem nascer na próxima década, apontou o gerente de ecocorrelações com 72% de probabilidade de se tornar realidade. Nos EUA são mais de 750 mil postos dos chamados "green jobs", aqueles relacionados à ecologia - e eles podem ser os responsáveis por um aumento de até 10% dos serviços prestados no país.
Quando surgiu a quatro anos atrás, ele era apenas a responsável pela ponte entre o terceiro sector e o mundo corporativo. "Mas a demanda por actividades relacionadas ao meio ambiente foi tanta que mudamos totalmente o foco", diz Eduardo Freitas, sócio-proprietário da empresa. Hoje, seu trabalho é relacionado a programas de reflorestamento, inventário de emissões de gases do efeito estufa e créditos de carbono. "A pressão cada vez maior por alternativas de baixo impacto ambiental no desenvolvimento, produção e descarte dos produtos das empresas não só melhora a produtividade como solicita novos serviços especializados nisso", afirma Freitas. De alguma forma, daqui a pouco, salvar o planeta não será apenas bonito e inspirador, mas também muito lucrativo.
E OS OUTROS SERVIÇOS? |
Nos cinemas, o lugar é reservado pela internet; em shows, o ingresso é o próprio cartão de crédito. Isso não é o futuro, mas o presente de várias salas de projecção e casas de shows em São Paulo. E, no mundo das livrarias, até mesmo os sebos, que eram os mais refractários às mudanças, renderam-se às novas tecnologias. Cinco mil livros são vendidos diariamente pela Estante Virtual, um portal que reúne 1.425 lojas de livros usados de todo o Brasil. E não é só a forma de comprar que está mudando. O piquete para eventos pode até não ser mais físico, feito de papel ou plástico podem se tornar ingressos pelo telemóvel ou transformar o próprio cartão de crédito dos clientes na entrada para algum evento. Em 2008, 2,9% dos 28 milhões de clientes da rede Cinemark compraram ingressos pela internet. Apesar de toda esta modernização nos sistemas, a directora de Tecnologia de Informação acha muito difícil eliminarmos toda a mão-de-obra humana. |
Nem todas as mudanças que virão nos próximos anos visam o bem-estar dos trabalhadores de forma desinteressada. Algumas, disfarçadas de políticas que tentam promover a qualidade de vida nas corporações, podem se confundir com a supressão de direitos individuais. Nos EUA, já é comum a realização de testes antidrogas entre funcionários - e, caso os resultados sejam positivos, sua posterior demissão. Desde 2006 a rede pública de escolas de Robinsville, na Carolina do Norte, passou a submeter todos os funcionários a esse exame sob a alegação de que não seria seguro para seus alunos ter professores ensinando sob o efeito de tóxicos. A justiça estadual suspendeu os testes, afirmando que eles feriam direitos constitucionais. No Reino Unido, o número de análises realizadas em locais de trabalho aumentou 13,2% no último ano.
A pergunta que se faz é: com a descida do preço dos testes de Adn, por que as companhias chamariam indivíduos com propensão a desenvolver enfermidades que os afastariam do trabalho por semanas, meses, se elas têm a opção de contratar pessoas teoricamente mais saudáveis? E algumas políticas parecidas já estão em curso. Na Califórnia, ao ver o custo com planos de saúde crescer por causa de funcionários fumantes, várias empresas passaram a recusar contratá-los. No Alabama, o mesmo problema, mas relacionado com os obesos, levou o Estado a decretar uma lei obrigando quem estivesse acima do peso a se submeter a provas medindo o nível de colesterol, glicose e pressão sanguínea. Quem tiver identificado algum problema deverá entrar em um programa de saúde patrocinado pelo Estado. Se não apresentar resultados em um ano, será obrigado a pagar uma taxa (também aplicável a quem se recusar a fazer os exames), que começará a ser cobrada a partir de 2011. Uma lei semelhante relacionada a fumantes está em vigor no Estado.
Nada como uma crise para esclarecer as coisas. A GM quebrou, esvaziou em pelo menos US$ 50 bilhões os cofres do governo americano e, mesmo assim, não para de se dissolver e vender suas marcas menores. Gigantes como a General Electric e a Wal-Mart estão na mesma luta. Foi-se a era das empresas gigantes, no estilo Banco Imobiliário de peças que só ganham força quando são empilhadas. A imagem agora está mais para aqueles cubos formados por vários quadradinhos que, de acordo com a maneira como são unidos, formam imagens diferentes. No mundo do futuro, cada peça - ou empresa, para sair do mundo da brincadeira - é modular, independente e se organiza e reorganiza em redes poderosas. É só olhar para o que aconteceu depois da crise do ano passado: grandes indústrias afundaram-se em dívidas proporcionais ao seu tamanho e estão virando companhias menores e diversificadas.
Há mais duas décadas, o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Thomas W. Malone, falava em hierarquias flexíveis e descentralização do poder. Em 2006 suas ideias revolucionárias viraram o livro O Futuro dos Empregos. E, por descentralização, ele quis dizer "a participação das pessoas na tomada de decisões que são importantes para elas". Ou seja, liberdade. Segundo Malone, estava chegando ao fim a era das corporações de rígida estrutura centralizada. O futuro estaria em modelos como o usado para a criação do software Linux, produzido em conjunto por milhares de programadores voluntários em todo o mundo, ou da Wikipédia, ajustada livremente por quem tiver acesso à internet. "As organizações descentralizadas são atraentes porque dão mais liberdade a um número maior de pessoas", diz Malone. É o mundo das pequenas peças, livremente combinadas.
Em dez anos, a geração que nasceu nas décadas de 60 e 70 estará no topo da pirâmide, ocupando cargos de poder, ou rumando para a aposentadoria. Os próximos na linha trabalhista atendem por Geração Y ou Millennials, que são os jovens nascidos a partir da segunda metade dos anos 1980, na era da informática e da globalização. E é o embate entre essas idades que vai causar as principais revoluções. Enquanto alguns quarentões de hoje foram acostumados a hierarquias e horários rígidos, a carreiras estáveis e promessas de promoção, os jovens de 20 e poucos não pensam em passar muito tempo no escritório, desempenhar a mesma função por longos períodos ou aposentar-se cedo."O sucesso desses jovens não será definido por cargos ou tempo de serviço, mas por conseguir o que é pessoalmente importante para eles", diz Bruce Tulgan em seu recém-lançado livro Not Everyone Gets a Trophy: How to Manage Generation Y (Nem todo mundo ganha um troféu: como lidar com a geração Y, ainda sem edição brasileira). Para ele, quem gosta dos jovens chefes de hoje vai amar seus próximos superiores, uma versão "fast-forward-com-auto-estima-anabolizada".
Isso não significa que haverá menos produtividade ou regras. Elas só serão... Diferentes. Os jovens não só estarão bem adaptados à combinação tecnologia-velocidade-flexibilidade-cooperação, como suas habilidades serão essenciais para o trabalho de 2020. Dois anos atrás, Howard Gardner, o professor americano que criou o conceito das inteligências múltiplas, mostrou no livro Cinco Mentes para o Futuro quais as capacidades necessárias ao bom trabalhador dos próximos anos. Segundo ele, são cinco, as mentes indispensáveis:
Elas são aptidões conhecidas dos nascidos a partir da década de 80, acostumados às avalanches de informação da sociedade virtual e conectados a diferentes culturas. "Os indivíduos que não conseguem desenvolver essas habilidades serão os futuros desempregados, ou aqueles que seguem as ordens de pessoas disciplinadas, capazes de sintetizar informações e inovações."
MULHERES NO TOPO |
Das cadeiras de comando saem os executivos ultracompetitivos, dispostos a correr riscos e investir perigosamente. No lugar entram pessoas mais justas, com visão de longo prazo, e especialistas em equilibrar a balança pessoal-profissional. E elas serão, muito provavelmente, do sexo feminino. Um estudo recente realizado pela consultoria americana Catalyst, especializada em pesquisa sobre mulheres no trabalho, mostrou que elas estavam em postos de comando em mais de um terço das 353 empresas que permaneceram no ranking da revista Fortune por pelo menos quatro anos. Ao que tudo indica, elas têm habilidades mais adaptadas ao universo profissional de 2020. E em meios fluidos, virtuais, onde uma administração mais cautelosa e focada em períodos longos será necessária, o sexo feminino tem uma boa vantagem. Já há algum tempo as mulheres estão se preparando para subir na vida. Nos Estados Unidos, actualmente elas obtêm 60% dos diplomas e, no Brasil, são 54% das matriculadas no ensino superior. São as mulheres que compram 40% de todos os carros produzidos pela Ford. E mesmo o mito de que elas ganham menos que os homens está caindo aos poucos. Em grandes cidades americanas, como Chicago, Nova York e Los Angeles, por exemplo, as garotas na faixa dos 20 e poucos anos facturam como os homens da mesma idade. Mark Penn, CEO da empresa de relações públicas Burson-Marsteller e colunista do The Wall Street Journal, criou uma sigla para designar os homens que começarão a comer poeira no mundo corporativo nos próximos anos: são os GLBs, sigla em inglês para guys left behind, ou garotos deixados para trás. É a maneira feminina de administrar com prudência, foco maior nos resultados e horários flexíveis que faz sucesso. E gera mais lucro. |
Com as mudanças que o trabalho vai sofrer, passa a ser uma actividade mais prazerosa, não haverá sentido em deixar de fazer algo de que se gosta. A carreira profissional vai se prolongar pela vida inteira por vontade própria, e não apenas para complementar o rendimento, como muitas vezes acontece actualmente. Pode soar estranho, mas o caminho para aposentar de vez a aposentadoria já anda sendo asfaltado - a princípio, com uma equação assombrosa. Em primeiro lugar porque a expectativa de vida aumenta em 3,6 meses por ano. Assim, a tendência em 2020 é que o número de aposentados cresça enquanto a população economicamente activa diminua. O resultado: menos dinheiro para bancar a previdência. Nos EUA, há 75 milhões de trabalhadores sem planos de pensão. No futuro, a aposentadoria será um conceito diferente. Além de nossa expectativa aumentar, a qualidade de vida também vem sempre a melhor. Uma pesquisa no Brasil da Fundação Getúlio Vargas com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostrou que, enquanto em 1992 os idosos tinham renda de R$ 591, em 2007 esse valor subiu para R$ 912. Além de um maior poder de compra, o número pode mostrar uma procura por outras fontes de renda. "Hoje alguém com 60 anos não é uma pessoa na recta final da vida", diz o economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. "Depois da revolução do Viagra, ele tem boa auto-estima, melhores condições de saúde e não quer parar de trabalhar para fazer absolutamente nada. Então continua na vida laboral, mas de forma diferente ." Com mais gente na activa, mais dinheiro circula. Isso cria mais empregos, além, é claro, das demandas dessa nova população: inovação nas áreas de saúde, turismo e lazer para os quase 20 milhões de idosos brasileiros dos próximos anos. Vivendo bem dos 8 aos 80, as pessoas terão menos motivos para encarar a velhice numa cadeira de balanço.
Ao chegar no término do trabalho, posso concluir que o conceito de trabalho esteve sempre em constante evolução devido os factores que o rodeiam, acompanhava a evolução da sociedade, da economia, desenvolvimento industrial, mas na sua base o trabalho teve sempre o mesmo conceito, troca de esforço físico ou mental por dinheiro… A mudança é rápida e os movimentos de redes de conhecimento definirão o futuro das ocupações profissionais. Práticas desta cadeia de distribuição permitirão o aumento da cidadania e este processo em cadeia permitirá uma orientação ao mundo novo do trabalho. O futuro será marcado por profissionais mais criativos e interagidos. O desemprego tenderá a ser alto nas economias desprovidas ao acesso da educação, do conhecimento e da informação simultânea.
Este conceito esta a evoluir com o dobro da rapidez devido aos avanços tecnológicos que não irão parar, o que é certo, é que a essência do trabalho irá diferir muito, começando pelo modo de trabalhar, locais de trabalho, remunerações, idade de trabalho etc… nada será igual, e nós para acompanharmos a mudança teremos que nos tornar trabalhadores empreendedores, virados para a tecnologia e ecologia. a população que irá sentir mais a mudança serão a população activa de hoje que amanhã estarão no desemprego.
A mudança é rápida e os movimentos de redes de conhecimento definirão o futuro das ocupações profissionais. Práticas desta cadeia de distribuição permitirão o aumento da cidadania e este processo em cadeia permitirá uma orientação ao mundo novo do trabalho. O futuro será marcado por profissionais mais criativos e interagidos. O desemprego tenderá a ser alto nas economias desprovidas ao acesso da educação, do conhecimento e da informação simultânea.
Para a elaboração deste trabalho utilizei as seguintes fontes bibliográficas:
Entrevista de Galileu ao professor do MIT. Poucas pessoas podem fazer previsões tão precisas sobre o futuro do trabalho quanto Thomas W. Malone, professor do Massachusetts Institute of Technology Sloan School of Management, uma das principais escolas de negócios do planeta. Malone foi um dos primeiros a prever que a descentralização do controle empresarial e a busca de valores humanos em vez das vantagens económicas seriam cruciais para moldar o novo trabalho. Autor do livro O Futuro dos Empregos, ele contou como deverá ser o trabalho em 2020.
Qual força influenciará esse novo trabalho?
R: A queda nos custos da comunicação terá efeitos profundos que ainda não foram bem entendidos ou avaliados. Muitas outras coisas que poderíamos pensar que são factores independentes são, na verdade, permitidos pela queda dos custos na transmissão de dados.
Você crê que o que aconteceu com as empresas depois da crise seja um sintoma da descentralização do poder?
R: Crises estimulam pessoas (e companhias) a deixar hábitos tradicionais e considerar possibilidades inovadoras. E a descentralização é uma delas.
E as empresas que já possuíam o poder descentralizado estão em vantagem?
R: É cedo para dizer quem se sairá melhor. Mas há um exemplo interessante: o Google, que tem uma estrutura organizacional muito descentralizada, parece estar indo muito bem, apesar da crise. Estamos preparados para um mercado de trabalho que vise mais o prazer e menos o lucro?
R: O mundo está mudando de forma que torna mais fácil as pessoas terem sucesso nos negócios quando tentam satisfazer uma série de valores humanos, além dos lucros. Mas nem todo mundo já está preparado para essas mudanças.
E quem serão os responsáveis pelas mudanças?
R: As novas gerações são mais receptivas a modos de pensar mais solidários e livres do que os mais velhos. São eles que vão revolucionar o mundo.
O conceito de "emprego" será extinto?
R: No futuro, os profissionais vão transformar-se de empregados para empregadores independentes. Isto é: eles terão não apenas um "emprego", mas um "portfólio de projectos".