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A Função Social do Desporto - NotaPositiva

O teu país

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Eunice Parcelas

Escola

Escola Secundária de Mem Martins

A Função Social do Desporto

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Resumo do trabalho

Trabalho sobre a função social do desporto, realizado no âmbito da disciplina de Educação Física (12º ano).


Introdução

O desporto é uma actividade física, regulamentada, individual ou colectiva, em que a finalidade é alcançar o melhor resultado ou vencer de forma leal a competição. É caracterizado pela tentativa constante de superação e pela busca dos limites das capacidades de cada um, que se manifestam em competição. Tudo isto requer uma interacção da inteligência, da vontade e do corpo, exigindo, por vezes, sacrifícios.

Como todos sabemos, o desporto tem adquirido, cada vez mais, uma grande importância na sociedade. Apresenta um carácter de coesão social e de consolidação da cidadania, assumindo assim um papel primordial no processo de socialização do Homem, principalmente porque as actividades desportivas estão ligadas ao desenvolvimento social.

Neste trabalho, abordaremos de que forma o desporto pode ter, para além de todas as funções básicas, uma função social, por sinal bastante importante nos dias de hoje e na nossa sociedade. Falaremos também das medidas que poderão afectar essa função social.

Dimensão Cultural e Social da Actividade Física nos Dias de Hoje e ao Longo dos Tempos

Como o desporto se tornou importante na sociedade

A partir do século XX, o Desporto passou a ser definido como uma instituição poderosa e dinâmica, de grande importância na sociedade.desporto

O desporto ao qual actualmente assistimos, foi influenciado pela tecnologia industrial e científica, principalmente a partir de meados do século XX, diferenciando-se em diversas modalidades desportivas (dada a importância económica de cada uma) e havendo a especialização de praticantes em modalidades distintas. Começou a evidenciar-se, também, o significado de “competição”, “rendimento” e “produção de resultados”, devido ao aumento do número de desportistas. Os meios de comunicação também tiveram grande influência na evolução do “mundo desportivo” e da função social do desporto.

No início, na prática desportiva, valorizava-se, principalmente, a força e a potência, seguidamente, o rendimento e a produção de resultados, e finalmente, a destreza atlética. Tudo isto se relaciona com o desporto à escala mundial e o “espectáculo desportivo”, tão admirado, cada vez mais, pelo público.

O desporto, durante o século XX, sofreu, efectivamente, uma grande transformação, passando:

  • A diversificar-se e a especializar-se os conhecimentos acerca da realidade desportiva;
  • De um espaço desportivo natural a um espaço desportivo com as seguintes características: formalismo (regulamentos), artificialismo e abstracção;
  • De locais informais, onde ocorria a prática de exercício físico, a ginásios;
  • De movimentos, utensílios, equipamentos e dispositivos utilizados simples e ligados a actividades e a objectos quotidianos, à conquista, pela biomecânica, dos gestos técnicos;
  • De espaços “gerais” subordinados à prática de exercício físico a espaços particulares, cada um específico a diferentes técnicas, práticas e resultados (diferentes modalidades);
  • De uma análise de conceitos de “mecânica corporal” a uma visão em termos de “facto bio-socio-cultural”;
  • De prática local e regional a facto mundial;
  • De facto estritamente desportivo a facto cultural e social;
  • De espaço de lazer e saúde a factor de coesão social e consolidação da cidadania;
  • De abordado de modo amador e empírico, no início do século XX, a domínio autónomo do conhecimento científico e tecnológico no final do mesmo, exigindo uma crescente profissionalização e especialização;
  • De privilégio de alguns a necessidade e direito de todos (direito reinvindicado, institucionalizado, e vertido nas constituições e nas leis das nações);
  • De divertimento restrito a uma elite a prática generalizada para todos, sem discriminação de género, idade, proveniência geográfica ou incapacidade funcional;
  • De oportunidade para a participação das comunidades a factor de identidade.

Também com a evolução da tecnologia dos meios de comunicação, as vias de acesso e os percursos das deslocações dos espectadores até aos recintos desportivos sofreram melhorias, ocorrendo assim, principalmente a partir da segunda metade do século XX, transformações significativas no desporto, manifestando-se isto nos eventos desportivos. Estes passaram a reunir a atenção de milhares de espectadores e dos meios de comunicação social, a produzir um enorme fenómeno comercial (transacções de milhões de euros) e a provocar a invenção e a construção de novos materiais e utensílios, originando uma grande indústria de equipamentos desportivos, gerida por empresas multinacionais.

O processo de socialização do Homem passa pelo Desporto e pela Educação Física, verificando-se que as actividades desportivas estão relacionadas com o desenvolvimento social, pois a prática do desporto é um grande fenómeno de coesão social.

A Configuração do Desporto com Fenómeno Social e Espaço de Socialização

Tanto a nossa sociedade, como as outras, são definidas pelo desporto que praticam, em que este é determinado pela cultura e a sociedade pertencente. Os desportos podem ser variadíssimos e alguns são o estereótipo de cada país, mas existe algo que têm de ter em comum: os seus valores.

A organização e a prática do desporto nos Estados-Membros, apesar de algumas diferenças de nação para nação, manifestam a existência de características comuns que permitem falar de uma abordagem europeia do desporto.

Desde há alguns anos, vários fenómenos marcam essa abordagem europeia do desporto:

  • o desenvolvimento sem precedentes da dimensão económica do desporto com o aumento espectacular dos direitos audiovisuais;
  • a internacionalização do desporto com a multiplicação das competições internacionais;
  • o aumento da popularidade do desporto em termos de prática e de espectáculo.

Os valores que o desporto representa, além da igualdade de oportunidades, "fair play”, também complementa significativamente a educação, integração e formação dos jovens ao abranger todas as classes sociais e todos os grupos etários da população, tal como a promoção dos valores democráticos e sociais.

Como consequência, o desporto tornou-se um dos fenómenos de massa mais importantes da nossa sociedade. Neste  espírito, a acção comunitária poderia visar os seguintes objectivos:

  • Melhorar - apoiando-se em programas comunitários - o lugar do desporto e da educação física na escola;
  • Favorecer a reconversão e a posterior reintegração no mundo do trabalho dos desportistas;
  • Favorecer a aproximação dos sistemas de formação dos quadros desportivos em vigor em cada Estado-Membro.

O desporto como fenómeno social que é, compõe um sistema desportivo, que apresenta uma estrutura. Um sistema desportivo é um conjunto de indivíduos e grupos que interagem entre si, compartilhando um mesmo objectivo: a promoção do desporto. Isto pode abranger o campo de jogo, a vida associativa, as áreas profissionais desportivas, e as escolas. Existindo uma organização desportiva, podemos contemplar os seguintes grupos:

  • Praticantes;
  • Dirigentes;
  • Técnicos;
  • Árbitros;
  • Associados;
  • Outros agentes desportivos (não estruturados);
  • Massa de espectadores (não estruturada).

Ainda no sistema desportivo, podemos destacar os processos sociais: contacto, comunicação, cooperação, conflito, competição, acomodação, etc.. Onde podem estar presentes os seguintes:

  • Mobilidade social;
  • Estratificação social;
  • Estatuto socio-desportivo;
  • Expectativas sociais;
  • Comportamentos desportivos: conformidade e desvio.

Segundo a declaração do Conselho Europeu relativamente às características específicas do desporto e à sua função social na Europa, este tomou em consideração e dividiu os seguintes papéis:

Papel das federações desportivas

  • A missão das organizações desportivas é a de organizar e promover a sua modalidade de acordo com os seus objectivos respeitando as legislações nacionais e comunitárias e com base num funcionamento democrático e transparente. As organizações desportivas gozam de autonomia e do direito à auto-organização.
  • As federações desportivas têm um papel central a desempenhar para assegurar a solidariedade necessária entre os diferentes níveis de prática desportiva, do desporto de lazer ao desporto de alto nível. Permitem o apoio às práticas amadoras, a igualdade de acesso, a formação dos jovens e a protecção da saúde, incluindo a luta contra a dopagem.
  • Essas funções sociais implicam responsabilidades específicas para as federações e nelas assenta o reconhecimento da competência destas últimas na organização das competições.
  • O seu modo de organização deve assegurar a coesão desportiva e a democracia participativa.

Desporto para todos

  • O desporto é um direito de qualquer cidadão.

    Desporto para Todos

  • Constitui valores sociais, educativos e culturais essenciais. Constitui um factor de inserção, de participação na vida social, de tolerância, de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras.
  • A actividade desportiva deve ser acessível a todos e quaisquer que sejam as suas capacidades ou interesses.
  • A actividade física das pessoas com deficiência assume grande importância, pelo que deve ser incentivada. Representa um meio significativo de reabilitação, de reeducação, de inserção social e de realização individual.
  • Os Estados-Membros incentivam o voluntariado desportivo, eventualmente com o apoio da Comunidade, no âmbito das suas competências.

Preservação das políticas de formação dos desportistas

As políticas de formação para jovens desportistas devem ser incentivadas. As federações desportivas, se necessário em parceria com os poderes públicos, devem tomar medidas necessárias para a preservação da capacidade de formação dos clubes nelas filiados e para a qualidade da mesma formação.

Protecção dos jovens desportistas

  • Deve ser dispensada uma atenção específica à educação e à formação profissional dos jovens desportistas de alto nível em ordem a que a sua inserção profissional não seja comprometida pela sua carreira desportiva, mas também ao seu equilíbrio psicológico e aos laços familiares e a sua saúde, nomeadamente a prevenção contra a dopagem.
  • Os Estados-Membros e as organizações desportivas deveriam supervisionar e inquirir sobre as transacções comerciais que têm envolvem desportistas menores de idade, incluindo os provenientes de países terceiros, a fim de verificar que essas transacções são conformes com a legislação laboral e que não põem em perigo a saúde e o bem-estar dos jovens desportistas. Importa igualmente, se for necessário, preparar medidas adequadas.

Contexto económico do desporto e solidariedade

  • A propriedade ou controlo económico pelo mesmo operador financeiro de vários clubes desportivos que participam na mesma competição pode prejudicar a imparcialidade da competição. As federações desportivas são incentivadas a pôr em prática dispositivos de controlo de gestão dos clubes a fim de evitar tal situação.
  • Uma vez que a venda dos direitos de retransmissão televisiva constitui uma das maiores fontes de rendimentos para certas disciplinas desportivas, uma mutualização de uma parte das receitas aos níveis apropriados pode ser benéfico para a preservação da solidariedade desportiva.

Actualmente, no desporto há exaltação de uma sociedade que funciona à base de uma competição que leva à selecção dos melhores. Verifica-se também que é uma competição aberta, na qual todos podem participar. A interacção entre os praticantes é uma das mais-valias do desporto, já que nos desportos em grupo é desenvolvida uma confiança entre os elementos, dá-se uma estruturação da auto-estima bem como de uma espécie de positivismo. É também fundamental para o desenvolvimento cultural, educativo e cívico dos cidadãos, desenvolvendo ainda, fortes resistências mentais.

Existem algumas estruturas que incentivam a prática de desportos e que dispõem de apoios para os praticantes. Uma dessas iniciativas é o programa “Jovens No Desporto – Um Pódio para Todos”, que engloba um conjunto de projectos e actividades maioritariamente de formação, orientadas para a prática desportiva juvenil federada, tendo como grande meta contribuir para a emergência de uma nova cultura do desporto juvenil. Pretende-se divulgar a maneira mais correcta de encarar a participação de crianças e jovens no desporto, seja na perspectiva da formação de futuros praticantes, seja na de formação de futuros cidadãos para quem o desporto deve constituir uma actividade saudável e não pressionada.

Este tipo de iniciativas é essencial à sensibilização e promoção da prática de desporto, que encobre a ideia de uma juventude sedentária.

É importante acabar com a perspectiva destorcida dos conceitos de competição, sucesso, vitória/derrota, melhorar as atitudes perante o erros cometidos e adoptar uma nova visão perante o impacto que o Desporto pode ter nos dias de hoje.

O Desporto enquanto espaço de socialização

Interagimos com a sociedade de várias maneiras entre as quais o desporto é a dominante.

O desporto, quando praticado, pode criar, nesse espaço, um acto de socialização. Isso ocorre, por exemplo, em eventos desportivos, em que os espectadores interagem uns com os outros, apoiando a mesma equipa ou o mesmo desportista, de modo a existir uma coesão social. Também, quando uma actividade física é praticada em grupo (entre família ou amigos), pode fortalecer os laços entre as pessoas, pois é um importante e saudável modo de convivência. Para um bem-estar físico, a prática de exercício físico é sempre recomendada, mas é a interacção entre as pessoas e o convívio que motiva outros a exercerem esta actividade. Exercendo-a ou não, é um facto real que o desporto move qualquer um e o futebol é um bom exemplo: é tão grande o número de praticantes deste desporto como os adeptos.

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Por isso o desporto une todo o tipo de grupos sociais, raças, religiões etc., contribuindo para uma coesão social.

Quando vamos ver um jogo de futebol ou de basquete ao estádio, com a família ou com amigos, rapidamente nos deixamos envolver pelo espírito desportivo, sendo isso também possível acontecer quando assistimos a competições desportivas pela televisão. Com as emoções que o desporto nos traz, surgem sempre grandes oportunidades de convivência e união, porque, por vezes, damos por nós a celebrar as vitórias ou a chorar as derrotas das nossas equipas com pessoas que mal conhecemos, pois nesses momentos tão emocionantes, esquecemo-nos de tudo e juntamo-nos a comemorar, a apoiar ou a chorar pelo nosso clube ou selecção. E é esta a magia do desporto.

“A actividade física é um direito de todos e uma necessidade básica.”(UNESCO)

As Relações que se Estabelecem entre o Desporto e outro Fenómenos Sociais

Do Desporto, fenómeno tão importante, como já constatámos, advêm outros fenómenos, tais como o turismo, o lazer, a publicidade, os patrocínios, e a própria indústria do comércio desportivo. Com tudo isto, deu-se emprego em todo o mundo a milhões de profissionais, sendo de entre estes uns directamente relacionados com o Desporto, e outros indirectamente. Durante os dez últimos anos, o número de empregos criados aumentou 60%, para atingir quase dois milhões. Contudo, estes fenómenos podem ser fonte de tensões ou entrar em contradição com os princípios fundamentais do desporto.

Isto contribui para um grande marco na sociedade mundial, pois une especialistas de diferentes países aquando da ocorrência de espectáculos desportivos internacionais, tais como campeonatos de futebol, volei, ciclismo, ou os próprios Jogos Olímpicos, que “movem Nações”.

O próspero crescimento da prática de desporto teve como consequência um aumento de empregos nesta vertente. Quase dois milhões de educadores, monitores ou voluntários consagram o seu tempo de trabalho ou de lazer à animação da vida desportiva, desempenhando um papel fundamental em matéria de educação e de inserção social numa altura em que as sociedades se confrontam com graves problemas de coesão social e de identidade cultural.

Desporto e a Comunicação Social

Desde que o Desporto se tornou um fenómeno social, que tem sido divulgado através da comunicação social.

Os meios de comunicação social são a televisão, a rádio, os jornais, as revistas, a Internet, etc.. Alguns destes meios de comunicação tiveram grande importância na divulgação do desporto à escola mundial, inicialmente, promovendo as actividades e espectáculos desportivos tanto a nível nacional como a nível internacional, o que tornava o desporto um fenómeno cada vez mais importante. A comunicação social teve, assim, um papel muito importante na evolução do Desporto, não deixando nunca de o divulgar, tal como o faz hoje em dia, também. Com a evolução tecnológica cada vez é mais fácil haver essa tal divulgação, pois para nós, por exemplo, é normal vermos jogos desportivos, campeonatos, Jogos Olímpicos, e todo o tipo de eventos desportivos importantes, na televisão.

Este conjunto de instituições, métodos, instrumentos e técnicas que assegura a transmissão da informação ao público – a comunicação social -, dá-lhe a conhecer factos e ideias de muitas temáticas, sendo uma das mais importantes o Desporto. Daí, existirem programas, revistas, jornais, sites de Internet, etc. exclusivamente desportivos, que promovem e, alguns,  sempre promoveram eventos desportivos, espectáculos, e o próprio Desporto em si.

É através dos chamados media que obtemos informação acerca do próximo jogo de futebol, dos resultados, dos recordes, melhores desportistas, etc., dando estes a conhecer ao Mundo os factos relacionados com o Desporto, tanto a nível nacional como internacional, promovendo-o, cada vez mais.

Condutas Desviadas no Desporto

No desporto, a violência, o doping, a corrupção são desvios de conduta, isto é, comportamentos individuais ou em grupo que desrespeitam ou subvertem os códigos de comportamento definidos pelos padrões éticos, sociais e culturais em vigor.

Origem e enquadramento social dessas condutas desviadas

  • No âmbito do contrato social táctico estabelecido entre a sociedade e o sistema desportivo, este propõe uma prática social (desportiva) de conformidade (as regras, os regulamentos, a arbitragem, o sistema disciplinar, os “tribunais” desportivos, a hierarquia desportiva, a mensagem da comunicação social, ou seja, o “espírito desportivo”, o desporto como escola de virtudes, a “vida desportiva” como modelo de comportamento social, o mítico campeão exemplar, etc.).
  • Os factores componentes do sistema externo originam tensões ou contradições no sistema interno que forçam a rotura com (ou desrespeito por) as regras da conformidade social. Os desvios da conduta são o resultado directo dessa rotura e/ou desrespeito.
  • A sociedade assume a seguinte postura face ao sistema desportivo: impõe-lhe uma prática de conformidade social, mas cria situações que induzem o incumprimento dessa prática. O alto rendimento e o espectáculo desportivo são o palco onde maioritariamente se encenam e representam os desvios de conduta desportiva.

A função social do espectáculo desportivo no plano da agressividade e das suas manifestações sociais

Durante o espectáculo desportivo, existe um quadro de factos sociais propícios à violência

  • A participação afectiva dos espectadores, que determina o espectáculo desportivo como:
    • Território de empenho emocional;
    • Válvula de escape e libertação de tensões e agressividade acumuladas;
    • Meio integrador/nivelador.
  • A assistência sob a forma de “multidão desportiva” determina o espectáculo desportivo como um lugar potencialmente gerador de conflitos

A violência associada ao desporto  no espectáculo desportivo tem como protagonistas os espectadores e como pretexto e local da conduta desviada, a competição desportiva e o estádio.

Face a situações sentidas como uma frustração, à possibilidade de “esticar” os limites socialmente tolerados dos comportamentos agressivos, ao espectáculo da própria violência nos campos ou nas bancadas, a “multidão desportiva” reage pela violência, a coberto do anonimato individual e da pressão de uma multidão onde o sentimento de comunhão é fortíssimo, correspondendo esta reacção, pela espécie de resposta aos diferentes estímulos e pelas formas de violência assumidas, a diferentes tipos de público violentos.

O peso determinante dos interesses políticos, económicos e mediáticos investidos no desporto de alta competição e no espectáculo desportivo

  • A elevada valência dos factores de natureza política, económica e mediática envolvidos no desporto, determina o espectáculo desportivo como:
    • Gerador de mais-valia;
    • Meio de representação social;
    • Motivador de altas expectativas sociais;
    • Objecto de informação/espectáculo (notícias).
  • A alteração dos objectivos e conteúdos do jogo no desporto de rendimento

O desporto de alto rendimento e o espectáculo desportivo, por força das normas ou leis impostas pelo sistema externo, sofrem uma transformação radical nos objectivos e conteúdos da prática desportiva e na postura dos atletas face aos resultados.

A violência no desporto

A violência no desporto, protagonizada pelos próprios atletas no campo de jogo, resulta de condutas agressivas individualizadas, induzidas ou estimuladas pela dificuldade ou impossibilidade de concretização dos objectivos competitivos fixados.

Existem dois tipos de violência no desporto:

  • Violência táctica ou instrumental – exercida sobre o adversário com o objectivo de obter vantagens de natureza táctica, resultando de atitudes deliberadas, induzidas ou voluntárias;
  • Violência resultante de agressividade natural – por um lado a necessidade de ganhar, a vitória como imperativo, acentuam o sentimento de frustração resultante da não-materialização do esforço físico, do gesto técnico ou do acto táctico, na medida em que são obstaculizados a boa performance e o bom resultado e não é compensado o trabalho realizado (treino desportivo); por outro lado, os impulsos agressivos próprios do atleta, quer se considerem inatos ou adquiridos por aprendizagem, manifestam-se tendo por estímulo a frustração.

“O desporto é uma forma de luta ritualizada especial, produto da vida cultural humana, que impede os defeitos da agressividade ao mesmo tempo que lhe mantém incólumes as funções conservadoras da espécie. Além disso, esta forma culturalmente ritualizada de combate cumpre a tarefa importantíssima de ensinar o homem de modo consciente e responsável as suas reacções instintivas no combate”. Konrad Lorenz

Ética desportiva, doping e corrupção de agentes desportivos

Ainda mais do que a violência, o doping e a corrupção de agentes desportivos configuram comportamentos desviados, condenáveis á luz da moral desportiva porque viciam, à partida, um pressuposto fundamental do jogo: a igualdade de oportunidades e condições de prática para todos os jogadores participantes. Estes Dopingcomportamentos têm aumentado cada vez mais, uma vez que o desporto adquiriu uma importante função social e o número de pessoas ligadas ao ramo tem vindo a crescer, bem como a competição entre atletas.

Cabe ao sistema desportivo, como sistema ético, produzir os códigos de valores morais que salvaguardam o respeito pelas regras do jogo, no quadro mais amplo do respeito pelas normais sociais vigentes. Cabe-lhe também controlar institucionalmente o cumprimento daqueles códigos.

“A fabricação dos campeões...está cada vez mais integrada numa cadeia de produção pondo em jogo técnicas de selecção e treino destinadas à optimização das capacidades físicas e psíquicas para a realização de performances num dado momento...O desporto atingiu um tal nível de exigência que se torna necessário, para chegar ao mais elevado rendimento, usar procedimentos extrafisiológicos, ou seja: o doping. Assim, a fabricação programada de atletas e a rendibilização dos investimentos que ela exige, tornam inevitável o recurso a técnicas de doping cada vez mais científicas e medicalizadas. Uma vez fabricado, a custos cada vez mais elevados, é preciso extrair do campeão o melhor rendimento – em performances e dinheiros – no mercado concorrencial das competições desportivas.”

C. de Brie, A mercantilização do músculo, em O desporto é guerra

Embora, no fundamental, as três condutas desviadas resultem das mesmas condições sociais (as pressões utilitaristas, ou os investimentos de diversa ordem, que se exercem sobre o desporto de alto rendimento) e sejam estimuladas pela subversão da natureza lúdica do jogo, diferem entre si numa questão essencial:

  • A violência instrumental e o doping visam ganhos, em primeira ordem, de natureza simbólica (a performance, a vitória, o recorde) podendo ser encarados como opções tácticas para determinadas competições;
  • A corrupção aponta directamente para ganhos de natureza material (dinheiro, viagens, prendas, etc.), exercendo-se através de actos que, interferindo no resiltado, são alheios à dinâmica do jogo.

Outra conduta desviada no desporto é a exploração de jovens, ou até mesmo crianças, por treinadores, que os levam por vezes a extremos, de modo a que consigam obter cada vez melhores resultados.

Todas estas condutas erradas, desviam a atenção de muitos de que o desporto realmente é, pondo muitas vezes em causa a função social do desporto.

Conclusão

Tivemos muito gosto em realizar este trabalho, pois, através deste trabalho, passámos a ver o desporto de uma diferente perspectiva. Não abordámos os benefícios do desporto para de cada um em particular, mas sim os seus benefícios para a sociedade no geral e de que modo o desporto pode tornar uma sociedade mais coesa. Compreendemos, assim, que esta actividade tem um papel crucial na união dos cidadãos e pretendemos mostrá-lo a todos.

Tanto observar um jogo num estádio, como praticar um desporto qualquer em grupo, contribui para uma boa socialização entre as pessoas, se nenhuma conduta negativa interferir. Quando se pratica desporto ou se observa a ser praticado, as pessoas envolvem-se de tal forma que não percebem que estão a socializar. Mas, de facto, o Desporto é um acto de socialização!

Socializemos, então, com Desporto...

Bibliografia

Livros:

  • PAIS Silvina, ROMÃO Paula, Porto Editora, Educação Física – 10º/11º/12º anos – 1ª Parte, Porto, 2005

Sites de Internet:

  • http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l35007.htm
  • http://www.idesporto.pt/CONTENT/4/4_5/4_5.aspx
  • http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo6671.pdf
  • http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:92002E2897:PT:HTML

Imagens de:

  • http://www.google.com



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