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Trabalho escolar que compara a concepção clássica de ciência e a teoria de Karl Popper, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (11º ano).
Tendo em conta a concepção clássica de ciência, classificada por indutivista, ou seja, a concepção do método científico designa-se como sendo indutiva, pois nela o raciocínio indutivo tem um importante papel decisivo: é a partir das observações particulares, que chegamos a uma teoria ou lei geral. No entanto neste tipo de raciocínio, apesar de as premissas serem verdadeiras a conclusão pode não o ser, por exemplo: da verdade de alguns, não se pode concluir a verdade de todos. Para além disto, é um raciocínio que nos conduz à descoberta, pois permite formular novas conclusões a partir de alguns casos observáveis que podem ser suficientes para uma generalização. É um raciocínio preditivo, isto é, permite através de experiências passadas, prever acontecimentos futuros.
Enquanto que na concepção clássica da ciência, o método aplicado é o indutivo, na teoria de Karl Popper o método usado é o hipotético-dedutivo. O método hipotético-dedutivo, define-se como uma prática cognitiva que tem como finalidade deduzir consequências de uma hipótese que se admitiu anteriormente, e verificar se nelas ocorrem ou não, indo verificar a hipótese, para ver se esta é verdadeira ou não; essas consequências, para que possam ser verificadas, têm de existir enquanto enunciado observacional. Generalizando podemos caracterizar o método hipotético-dedutivo como o método da ciências, que parte de hipóteses das quais se deduzem consequências; se estas se verificarem, a teoria é corroborada ou apoiada, em caso contrário é falsificada, ou seja perde o seu valor de verdade.
Para Popper, a ciência não é um sistema de enunciados certos ou bem estabelecidos, nem é um sistema que avance continuamente em direcção a um estado de finalidade, isto é, não um conhecimento acabado. Embora a ciência jamais possa proclamar haver atingido a verdade ou uma probabilidade, as razões mais fortes de investigação científica continuam a ser o esforço por conhecer e a busca da verdade.
O método científico começou a ser posto em prática no século XVII, com os trabalhos de Galileu, que, usou práticas metodológicas que incorporavam a experimentação e a observação.
A concepção clássica do método científico, designada por indutivista, dominou até meados do século XX.
Segundo a perspectiva indutivista a ciência parte da observação cuidada e rigorosa de factos que permitem encontrar padrões de comportamento e estabelecer enunciados observacionais.
Por sua vez, a observação origina uma hipótese, ou seja uma explicação provisória para tais factos, estando a hipótese sujeita a verificação. Esta verificação denomina-se por experimentação, que nos permite verificar a veracidade dos factos anteriormente observados, caso a hipótese seja verificada pode formular-se uma lei. Segundo esta concepção, o critério que permite a passagem da hipótese a lei é o da verificabilidade.
Por sua vez as leis agrupadas e conexionadas, constituem-se em teorias com poder explicativo e capacidade preditiva, sendo uma teoria científica quando a afirmação que comporta for verificável.
Para Popper, o raciocínio usado pela ciência, não é o indutivo, mas sim o hipotético-dedutivo,— tornando-se isto um factor a seu favor visto que Popper pensa que a indução é uma forma errada de raciocínio, ou pelo menos uma forma irracional de raciocinar, dado ser impossível (pensa ele) justificar o raciocínio indutivo. Posto isto verifica-se que Popper tem como um do seus objectivos explicar o raciocínio das ciências empíricas sem recorrer à indução. Se conseguir fazer isso, dissolveu, do seu ponto de vista, o problema da indução.
Podemos simplificar este método a partir da inferência condicional: “se h então c”; h remete-nos para a hipótese, que se for verdadeira, deve anteceder a consequência – c. Sendo assim, basta colocarmos um Modus Tollens no lugar da indução. Por exemplo: por indução raciocinamos assim: "Todos os corvos que vi até hoje são pretos; logo, todos os corvos são pretos". Por Modus Tollens, raciocinamos assim: "Se todos os corvos forem pretos, nenhum corvo pode ser branco; mas eis um corvo branco; logo, nem todos os corvos são pretos.", isto é basta encontrar-mos um corvo branco para provar que nem todos os corvos são pretos, nem o elevado número de corvos pretos que observamos é suficiente para provar que não haja nenhum branco.
Assim sendo, a experiência e as observações do real devem tentar encontrar provas da falsidade de uma teoria. Este processo de confronto da teoria com as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Se tal acontecer há que procurar eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra para explicar o fenómeno em análise.
Resumindo, uma teoria científica pode ser falsificada por uma única observação negativa (como vimos anteriormente pelo exemplo dos corvos), mas um elevado número de observações positivas não poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja fixa.
No que diz respeito à ciência, Popper, designa o método hipotético-dedutivo, por método das conjecturas e refutações, devido ao facto dos cientistas construírem hipóteses ou conjecturas; ou seja tentam refutar essas hipóteses mostrando que elas são falsas – refutações.
As conjecturas são tentativas de explicação e a refutação é o processo que permite eliminar os erros aproximando-nos da verdade ou no surgimento de novos problemas. Karl Popper é assim, considerado um anti-indutivista, visto que rejeita o método indutivo.
Popper defende, que as ciências empíricas como a biologia ou a física não dependem da indução, ou seja a ciência não procede por -indução -, mas antes falsificando conjecturas arriscadas e “ousadas”. Segundo Popper a confirmação é lenta e nunca certa. No entanto, a falsificação pode ser súbita e definitiva, encontrando-se no centro do método científico.
Progresso do conhecimento:
Na concepção clássica da ciência (método indutivo) o progresso do conhecimento consiste na acumulação e no aperfeiçoamento do conhecimento, ou seja, conhece-se mais e melhor e, esta evolução ocorre numa linha de continuidade. De forma a atingir o aperfeiçoamento, devem aplicar-se as regras do método indutivista:
Segundo Karl Popper, o progresso do conhecimento consiste em eliminar os erros, ou seja, falsificando a hipótese, de forma a aproximar-nos da realidade, resolvendo assim os problemas (no entanto podem surgir novos problemas). Para atingir esta proximidade, devem seguir-se as regras do método hipotético-dedutivo:
Conforme a concepção clássica da ciência, a experimentação é necessária para que as teorias não sejam consideradas apenas puras especulações. Desta forma para validar uma hipótese formulada, esta tem de submeter-se à experimentação, ou seja uma experiência que serve para confirmar a hipótese anteriormente formulada.
No método hipotético-dedutivo de Popper, a experimentação não verifica a hipótese, ou seja, não a torna verdadeira, apenas pode corroborá-la. Dessa forma, para o experimentador verificar as hipóteses que formula, deve procurar falsificá-las, ou seja, falsificar uma hipótese, é tentar provar que ela implica consequências incompatíveis com a sua admissão. No caso de não se conseguir falsificar a hipótese ela é aceite, provisoriamente, como explicativa.
Comparativamente ao problema da racionalidade e objectividade, este encontra-se associado ao dos critérios que orientam a escolha das teorias científicas e à evolução do conhecimento científico.
Assim sendo podemos dizer que a racionalidade implica objectividade, no sentido em que provoca a sua eliminação, ou a sua minimização, isto é, a interferência de factores subjectivos que se alteram de pessoa para pessoa; por outro lado a objectividade contém um valor de verdade: apreender algo com objectividade é conhecer esse algo como ele é, é atingir a verdade.
No método indutivo, o ideal científico implica racionalidade e objectividade, podendo este ser atingido. O conhecimento científico provado era adquirido pelo entendimento ou pela evidência sensível. A ciência fornecia uma visão verdadeira e objectiva da realidade, ou seja, descrevia a realidade tal e qual como ela era. Esta concepção clássica da ciência foi moderada pela grandeza da física Newtoniana, no entanto, a teoria de Einstein, provocou uma alteração, nos valores de racionalidade, verdade e objectividade. E se até então o conhecimento era racional, com a teoria einsteiniana, esta visão do conhecimento científica, mudou por completo.
Segundo isto, a ideia de que a ciência conseguia atingir conhecimentos estáveis e definitivos, atingindo a verdade, já não era segura e, por meio da sua verificação, os processos científicos já não era credíveis.
Por outro lado, Popper deu conta das implicações epistemológicas da revolução einsteiniana, deduzindo que não se podemos provar que as teorias científicas são verdadeiras, podemos sim provar que são falsas, ou seja, quando surge um novo caso que confirma uma lei ou teoria, não significa que esta seja verdadeira, apenas a corrobora e permite que esta se mantenha, até que surja um caso que não a confirme, dessa forma a teoria é refutada, deixando de ser considerada uma teoria científica.
Segundo Popper o cientista deve proceder com cautela para evitar os erros, tentando intervir rapidamente, de modo a eliminar esses mesmos erros.
A estratégia falsificacionista, pode considerar-se racional, pois procura encontrar casos que falsifiquem a hipótese, e desta forma aproximar-se da verdade.
Segundo Popper a racionalidade científica resume-se:
Assim sendo na teoria de Karl Popper, o critério da refutabilidade das teorias, permite a distinção entre a ciência e a “não ciência”. Mais tarde Popper para fazer a distinção entre ciência e pseudociência usa a ideia de falsificabilidade- quer como critério de demarcação entre a ciência e a pseudociência, quer como explicação do modo como se sustenta teorias científicas.
Para isso Popper troca a ideia de verificacionismo pela de falsificacionismo, extraindo desta última o critério que separaria a ciência da pseudociência: é preciso definir em que condições estamos dispostos a abandonar determinada teoria. Assim, a experiência deixa de servir como ponto de partida para a formulação de enunciados gerais, transformando-se em teste para a eliminação de erros. O impulso da ciência passa a residir nas conjecturas, nas hipóteses e não nos dados observacionais.
Resumindo, na racionalidade científica, não há verdades demonstrativas, apenas teorias corroboradas, que se mantêm até serem refutadas, isto, porque, as teorias científicas não podem ser verdadeiras, apenas podem ser prováveis.