Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod
Todos os trabalhos publicados foram gentilmente enviados por estudantes – se também quiseres contribuir para apoiar o nosso portal faz como o(a) Hugo Filipe Dias Ribeiro e envia também os teus trabalhos, resumos e apontamentos para o nosso mail: geral@notapositiva.com.
Trabalho escolar sobre a Inteligência Artificial, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (11º ano).
Ao longo dos tempos, o ser humano tem evoluído tanto fisicamente como psicologicamente. Se nos remetermos ao nosso passado pré-histórico, podemos constatar a existência de uma evolução constante desde o mais antigo ancestral do Homem. Atendendo ao volume craniano de cada patamar do desenvolvimento, é fácil perceber que este vai diminuindo em função do tempo, porém o volume do cérebro vai aumentando, assim como a inteligência. O Homem vai ficando cada vez mais frágil fisicamente, contudo existe o aumento das suas capacidades cognitivas: a inteligência. Este conceito pode ser definido como «a capacidade mental de raciocinar, planear, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender».
Embora o senso comum entenda como algo muito mais amplo, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que a este conceito não compreende a criatividade, o carácter ou a sabedoria. Conforme a definição que se tome, pode ser considerado um dos aspectos da personalidade. Com isto, é fácil de perceber que os outros animais têm outro tipo de inteligência (animal). O termo inteligência animal refere-se às capacidades cognitivas dos animais não-humanos, tais como as capacidades de criar ferramentas, mapas mentais e o planeamento consciente. Existe também alguma confusão entre alguns actos dos primatas, entre inteligência e moral. Alguns comportamentos destes animais são causados pelo factor hábito e não pela capacidade de raciocinar e desenvolver outras funcionalidades do cérebro.
Existindo estes dois tipos de inteligência no nosso Mundo, são muitos os filósofos que levantam a hipótese da existência de outro tipo de inteligência: artificial. Artificial, num dicionário simples de Língua Portuguesa, significa «que se faz por arte ou indústria, fingido, postiço». Ora Inteligência Artificial (IA) quer dizer «algo com a faculdade de pensar produzido pela indústria».
Para verificar a hipótese da existência de Inteligência Artificial, Alan Turing criou um teste que pretende verificar esta possibilidade. O único argumento sobre a IA é o argumento do quarto chinês, defendido por John Searle, e que critica o teste de Turing. Contra este argumento encontram-se duas objecções: do sistema e do robot que são refutadas por Searle.
A existência de IA pode permitir um futuro diferente para a vida humana, levando à criação de robots cada vez mais parecidos com o ser humano e com todas as funcionalidades do Homem, que poderá ser útil em várias situações de risco. Assim, a IA permitirá o bem-estar do Homem, sem que seja necessário grande esforço.
O nosso trabalho vai tentar responder à problemática criada pelos filósofos que defendem que existe outro tipo de inteligência para além dos já existentes, com respostas a outras questões: O que é a Inteligência Artificial? Será Possível? Quais as suas consequências? Vamos começar por apresentar um teste, seguido de um argumento, com as suas objecções e a sua defesa. No final do trabalho daremos uma opinião de grupo.
Segundo muitas correntes de pensamento ligadas à ficção científica, a inteligência artificial será uma meta a atingir em vez de ser um limite inatingível. Computadores com a capacidade de pensar e sentir, tal como um ser humano. É nisto que o famoso matemático Alan Turing acreditava, ao ponto de comparar a mente humana a um programa.
Fig.1) Alan Turing.
Com esta meta em mente, Turing criou um teste com o qual poderia determinar a existência de inteligência neste caso com o objectivo de identificar e provar a existência de Inteligência Artificial (IA), teste este que foi apelidado de “Teste de Turing”.
O “Teste de Turing” envolve duas pessoas e um computador, o suposto possuidor de IA. Uma das pessoas e o computador permanecem numa única sala, enquanto que a outra é colocada numa sala à parte. Esta última, a que ficou separada dos restantes membros do teste será um interrogador. Este interrogador terá o trabalho de fazer perguntas sucessivas tanto ao humano como ao computador, perguntas estas que tem como objectivo a descoberta de qual dos membros é o computador e qual o humano. O interrogador não poderá ver qualquer dos membros a qual vai fazer as perguntas, mas poderá perguntar o que quiser de modo a desmascarar o computador. Esta, no entanto não será uma tarefa fácil para o interrogador pois o computador irá tentar enganá-lo. O próprio Turing imagina a seguinte conversa:
Pergunta: Por favor, escreva-me um soneto sobre Forth Bridge.
Resposta: Não conte comigo para isso. Nunca conseguiria escrever poesia.
Pergunta: Some 34957 e 70764.
Resposta: (Pausa de cerca de trinta segundos à qual se segue a resposta) 105621.
Pergunta: Joga xadrez?
Resposta: Sim.
Pergunta: Tenho o rei em e8 e nenhuma peça. Você tem, apenas o rei em e6 e uma torre em a1. É a sua vez de jogar. Qual é o seu lance?
Resposta: (Depois de uma pausa de 15 segundos.) Torre para a8. Xeque-mate.
Fig.2) Representação do teste de Turing.
Nalgumas respostas é possível reparar em vários intervalos de tempo ou de “pensamento”, mas isso não é necessariamente uma prova ou inexistência de IA. Isto porque o próprio computador pode estar programado para demorar determinado tempo a responder a certa pergunta de maneira a enganar o interrogador. Este terá de usar perguntas que levem a máquina a denunciar a sua identidade. Uma só experiência não é suficiente para a comprovação do “Teste de Turing”, serão necessários vários destes testes para que se retirem conclusões concretas. Após alguns testes se pelo menos 50% dos interrogadores falharam ao identificar a máquina então é possível dizer com certezas que a máquina tem inteligência, isto segundo este teste é claro. Pode-se dizer que o computador tem um desempenho verbal indistinguível do de um humano, o que para os defensores deste teste evidencia a existência de inteligência.
Segundo este teste pode-se concluir que a melhor prova de pensamento consciente e consequentemente inteligência é o discurso. Logo, é perfeitamente plausível que segundo este critério se atribua a designação de possuidor de inteligência a uma máquina ou qualquer ser sintético que passe no “Teste de Turing”.
É de reparar que o próprio Alan Turing acreditava que em 2000, 50 anos depois da criação deste teste, já existiriam computadores que continham esta capacidade de pensar. Embora esta suposição não se tenha comprido o seu teste continua válido.
John Searle (n. 1932) distingue a IA forte da IA fraca, opondo-se à IA forte que se define pela seguinte perspectiva: «Um computador apropriadamente programado, que passe o teste de Turing, terá necessariamente uma mente». Searle defende uma perspectiva diferente, a IA fraca em que «Um computador apropriadamente programado pode simular processos mentais e ajudar-nos a compreender a mente, mas isso não significa que tenha uma mente, mesmo que passe o teste de Turing».
Fig.3) John Searle
Para Searle esta é a única perspectiva aceitável, pois as simulações computacionais do funcionamento da nossa mente, desenvolvidas pelos investigadores da IA, podem ajudar-nos a compreender melhor a nossa mente. Para refutar a IA forte, este filósofo propõe um argumento baseado numa experiência mental: argumento do quarto chinês.
Searle defende o argumento do quarto chinês que tem a seguinte teoria: supondo que uma certa pessoa, cujo nome poderá ser António, está fechada num quarto (“quarto chinês”), no qual existem cestos cheios de rabiscos estranhos que, para ele, não têm significado nenhum. Nesse quarto, existe também um livro com regras em português (supondo que o António é português) que serve para manipular os rabiscos em função do seu aspecto visual; também existente no quarto uma abertura na porta à qual chegam de vez em quando novos papéis com rabiscos.
Ora, o António, com a ajuda do livro, vai engendrando os rabiscos de acordo com as regras que vêm no livro. Porém, o António não sabe que esses tais rabiscos são perguntas em chinês colocadas por uma outra pessoa que domina a língua chinesa, e os símbolos, que quem está dentro do quarto envia para o exterior, são as respostas em chinês a essas perguntas.
Fig.4) Representação da pessoa que está a fechada no quarto.
A pessoa que se encontra do lado de fora do quarto fica com a ideia de que a pessoa que se encontra no interior também percebe de chinês, mas isso não acontece, pois o António limita-se a seguir o que o livro indica, sem saber o que significam cada um dos símbolos que lhe é fornecido.
Este teste visa apenas “pôr de parte”, segundo John R. Searle, a Inteligência Artificial Forte (IA forte), que explicita que “um computador apropriadamente programado, que passe no teste de Turing, terá necessariamente uma mente”. Um computador cujo programa lhe permita passar no teste de Turing, terá uma mente, uma capacidade de compreender as coisas.
Posto isto, o quarto chinês passaria o teste de Turing, pois estaria a simular a compreensão da língua chinesa; mas como é sabido, a pessoa que está dentro do quarto não compreende minimamente chinês, pelo que Searle descarta que o teste de Turing sirva para determinar a existência duma mente.
O argumento de Searle contra a IA forte tem sido intensamente debatido desde que foi proposto. Duas das objecções principais que lhe foram dirigidas são as que se seguem.
É verdade que quem está no interior do quarto a manipular símbolos nada compreende de chinês. Porém, essa pessoa é apenas uma parte do sistema. Como vimos, o António é apenas a UCP do quarto chinês. Além da UCP, o sistema inclui o livro de regras (o programa) e os cestos com símbolos (uma base de dados). Por isso, o argumento de Searle não funciona. Embora o António, isoladamente, nada compreenda de chinês, o sistema no seu todo compreende chinês.
Fig.5) Componentes constituintes do sistema.
Imagine-se que colocamos um computador com um programa para compreender chinês dentro de um robot. Ele começará a interagir casualmente com o mundo: poderá caminhar e comer, receberá informação visual através de câmaras, etc. Ainda que um computador por si não possa ter compreensão, se for instalado dentro de um robot poderá acabar por compreender chinês. Afinal, nada há de especial na compreensão de uma língua qualquer; desde que o robot relacione correctamente as palavras e as frases com o mundo exterior, nada mais podemos exigir em termos de compreensão.
Fig.6) “Asimo”, um dos robots mais evoluídos do mundo.
Na defesa do seu argumento do Quarto Chinês (QC) Searle supõem que o António memoriza todos os elementos do sistema, isto é que interioriza todas as regras expostas nos bancos de dados e que as aplique sem consultas posteriores. No entanto apesar de conhecer todas as regras, continua a não saber porque as aplica – António continua a não perceber chinês, e consequentemente o sistema também não, pois agora o sistema é apenas mais uma parte dele.
Recorrendo a mais um exemplo, John R. Searle coloca o QC dentro do robot (já que este representa sumariamente um computador) de modo a demonstrar que o que a objecção do robot explicita mais um caso de inteligência artificial fraca. Neste caso os caracteres chineses provêm de uma câmara do robot, caracteres esses que quando enviados para o exterior do QC activam as funções motoras. Apesar de a partir de influências do exterior o robot reagir a estas, este não tem a noção de porque é que deve reagir daquele modo, isto é, no QC o António faz mover o robot sem a intenção, sem o saber. Ou seja o robot, movido pelo computador/QC não possui estados intencionais, como crenças e desejos direccionados a algo.
Depois de dadas algumas respostas, é altura de reflectir sobre elas. Uma das prioridades do grupo neste trabalho foi descobrir uma definição filosófica para o tema em questão, a Inteligência Artificial (IA). Turing não define IA apenas se limita a dizer que se um robot passar no teste, este terá inteligência. Já Searle, divide a IA em duas perspectivas: IA forte e IA fraca; defende a IA fraca e é contra a IA forte que segundo ele é defendida pelo teste de Turing. Entre as duas perspectivas de Searle, estamos muito mais de acordo com a IA fraca, pois é uma definição mais próxima daquilo que consideramos ser a IA. Por isso, a Inteligência Artificial é a inteligência que surge de um dispositivo artificial e que faz a máquina pensar e agir como um ser humano de modo a ser chamada de inteligente.
Segundo o teste de Turing a Inteligência Artificial é possível se um computador passar no teste. No entanto, o argumento do quarto chinês defende que mesmo que um computador passe no teste, este não pode ser considerado inteligente pois limita-se a seguir instruções formais, manipulando símbolos sem lhe dar significado ou conteúdo. Nós somos a favor da teoria de Searle, acrescentando que o único cérebro que é realmente inteligente é o cérebro orgânico, como é o cérebro humano, pois consegue criar máquinas que simulem ser tão inteligentes como nós. A IA é uma inteligência que não existe e nunca irá existir.
A existência de Inteligência Artificial prevê muitas consequências, sendo a maioria negativas. Mesmo defendendo que a IA não existe, podemos prever algumas das consequências da sua existência. Assuntos como a liberdade e direitos para as máquinas que tivessem IA levantariam muitas discussões como ainda levantam a liberdade e direitos dos animais. A possibilidade de criar sistemas mais inteligentes que o Homem seria um perigo para a sobrevivência da humanidade pois sempre nos consideramos a espécie superior. Estes sistemas se criados são apenas para realizarem tarefas que o ser humano já realiza gastando muita energia e tempo. Com a existência de IA o Homem tornava-se num ser extremamente frágil sem ter objectivos na vida para realizar, as máquinas faziam todas as actividades na área do trabalho.
Dos dois filósofos em estudo (Searle e Turing) concordamos mais com Searle, pois ignora que algum dia a máquina terá inteligência. O argumento do quarto chinês é o mais adequado para testar a existência de IA, que apesar das objecções consegue ser mais plausível que o teste de Turing.
Concordamos que por mais que um computador seja programado para se parecer com um Homem, teremos sempre de considerar que esse mesmo foi o que construiu o “novo ser”, discordando da ideal geral que como tem as mesmas capacidades temos de pensar que um computador/robot tenha Inteligência Artificial (já que foi criada sinteticamente). Mesmo que o nosso cérebro fosse substituído por chips de sílica que preservassem as funções do cérebro isso não indica que exista IA, pois a nossa inteligência nasce no feto das nossas mães e vai crescendo ao longo dos anos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_artificial - 15/05/2010
https://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/filosofia/ filosofia_trabalhos/inteligartificial.htm - 15/05/2010
http://www.robotster.org/entry/debate-on-robot-rights-heats-up-fear-looms -but-what-if-robots-rise/ - 31/05/2010
http://www.alexandria.nu/ai/blog/entry.asp?E=50 - 31/05/2010
http://classes.engr.oregonstate.edu/eecs/fall2007/cs434/ - 31/05/2010
http://en.wikipedia.org/wiki/Chinese_room - 01/06/2010
http://sexualityinart.wordpress.com/2009/09/01/in-1952-the-british-government-chemically-castrated-alan-turing-a-leading-cryptanalyst-who -during-ww-ii-broke-the-nazis-enigma-code/ - 02/06/2010
http://www.alanturing.net/turing_archive/pages/Reference% 20Articles/TheTuringTest.html - 03/06/2010
http://www.ratemyprofessors.com/ShowRatings.jsp?tid=8307 - 03/06/2010