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Trabalho sobre os governos de Lenine e de Estaline na Rússia Soviética, realizado no âmbito da disciplina de História (12º ano)...
O tema sobre o qual vamos falar é o governo de Lenine e o governo de Estaline na Rússia Soviética. Neste trabalho vamos procurar responder a algumas questões, tais como: “Quem foi Lenine? Que papel desempenhou ele na Rússia? Quem foi Estaline? Que papel desempenhou ele na Rússia? Quais as principais diferenças entre estes dois governos?”.
Para responder a estas questões, recorremos à consulta de alguns sites, das enciclopédias e dos livros históricos presentes na biblioteca escolar e da Diciopédia 2009.
Para a construção do trabalho regulámo-nos por etapas: em primeiro lugar fizemos um (intenso) trabalho de pesquisa na Internet e na biblioteca escolar, que nos permitiu recolher a informação necessária para a realização do mesmo. Depois seleccionámos a informação que considerámos importante e, por fim, organizámos as ideias em conjunto e estruturámos o trabalho.
A maior dificuldade com que nos deparámos na realização deste trabalho foi o facto de não morarmos todas na mesma terra e de não termos horários compatíveis, e assim foi difícil juntarmo-nos todas. Além disto, a excessiva informação também nos dificultou um pouco o trabalho.
Vladimir Ilitch Lenin, pseudónimo de Vladimir Ílitch Uliánov, nasceu “em 22 de Abril de 1870 no calendário juliano”[1], em “Simbirsk no rio Volga “.[2]
“O seu pai era um inspector escolar”[3] e os seus filhos foram todos revolucionários. “Homem extremamente religioso, apoiava as reformas de Alexandre II e aconselhava os jovens a não caírem no radicalismo.”[4] A sua família era bem sucedida.
Lenine destacava-se na escola, e em 1887 terminou os estudos liceais. As suas principais cadeiras foram filologia clássica e literatura. Nada indicava que Lenine viria a ter algum interesse pela política, pois interessou-se sempre mais pela escola e pela religião.
Curiosamente, o director do liceu onde Lenine estudou foi Fiodor Kerenski, que era pai do futuro rival de Lenine. Quando Lenine terminou o liceu, escreveu sobre ele um relatório exemplar: “Religião e disciplina foram a base da sua educação, cujos frutos se tornam claros nas suas excelentes maneiras.”[5]
Quando o seu pai morreu, Lenine e a sua família viviam confortavelmente com os arrendamentos e as vendas dos terrenos da sua mãe. No entanto, Lenine, tal como os jovens de classe média da sua época, começou a interessar-se por outros ideais políticos que se opunham ao czarismo, “devido à severidade com que este agia para banir elementos tidos por politicamente suspeitos.” [6]
Terminado o secundário, Lenine ingressou na universidade de Kazan, no curso de Direito, “donde foi expulso por haver participado em movimentos estudantis”[7], pois ele “foi exposto ao pensamento radical, e suas opiniões foram também influenciados pela execução de seu irmão mais velho, um membro de um grupo revolucionário.”[8]
Assim, só em 1890 é que Lenine foi readmitido na universidade, mas apenas como aluno externo, podendo realizar os exames anuais, mas proibido de frequentar as aulas.
Quando acabou o seu curso de direito, Lenine “viajou por diversas regiões do império russo, contactado com a realidade social, e afastou-se progressivamente dos grupos populistas que preconizavam o terrorismo como meio de abater o czarismo, acabando por aderir as teses marxistas e por se integrar em agrupamentos políticos por elas influenciados. Em virtude das suas actividades políticas, viria a ser desterrado para a Sibéria, para um local nas margens do rio Lena (de onde deriva o pseudónimo militante com que depois se iria celebrizar). A partir desta fase da sua vida, coincide aproximadamente com o ultimo lustro do séc. XIX, a sua vida pessoal e privada perde praticamente todo o significado pois passa a dedicar-se em exclusivo á actividade política, na Rússia e depois no exílio em várias partes da Europa. “[9]
A luta contra o regime do czar, Nicolau II, tornou-se cada vez mais intensa, devido á ostentação e corrupção da corte. Assim, em 1905 houve uma tentativa de revolução denominada Domingo Sangrento, que teve como consequências a abolição de alguns privilégios, a reabertura da Duma (em teoria), a redução da liberdade política e a perseguição dos opositores. A oposição politica dividia-se em: Partido Constitucional Democrata (KD), os Socialistas Revolucionários e o Partido Operário Social Democrata Russo. No entanto, “o choque entre concepções diferentes provocou uma cisão dentro do partido operário social-democrata da Rússia que se dividiu em duas facções: os bolcheviques (= maioritários) e os mencheviques (= minoritários), dirigidos respectivamente pelo próprio Lenine e por Plekhanov. ”[10]
Tudo isto, aliado ao agravamento das condições de vida., à agitação operária, à campanha contra o regime do czar, ao rigoroso inverno de 1916-1917 e á participação na Primeira Guerra Mundial (que levou á inflação, á baixa produção agrícola industrial, a um elevado numero de mortos, á miséria, as restrições materiais e aos sofrimentos morais), deu origem á revolução de Fevereiro de 1917, que tinha como objectivo criar um estado liberal com base nos modelos ocidentais.
A revolução de Fevereiro de 1917 “envolveu distúrbios por comida em Petrogrado, greves, a revolta de guarnições da cidade, a abdicação do czar, o reaparecimento de sovietes (assembleias), de trabalhadores, e a formação de um Governo Provisório que se auto nomeou.”[11]
Esta revolução (realizada por soldados, políticos, operários e estudantes), teve como consequência uma dualidade de poderes, levada a cabo pela Duma/governo provisório, e pelos sovietes. “A instabilidade do «duplo poder» terminou quando os socialistas bolcheviques arrancaram o poder das mãos do Governo Provisório em Novembro de 1917 (Outubro, segundo o antigo calendário).
Lenine - o dirigente dos bolcheviques – afirmava ter assumido o poder para o entregar aos sovietes e em nome do proletariado - todos os homens, mulheres e trabalhadores”.[12]
“Lenine lançou a corrida bolchevique pelo poder tendo em mente uma construção social, cuja base assentava na nacionalização da terra e da indústria e no controlo do aparelho financeiro. Tal como Lenine escreveu em 1918 «a cultura capitalista criou a cultura em larga escala, fábricas, caminhos-de-ferro, o serviço de correios, telefones, etc. e, sob esta base, a grande maioria das funções do antigo poder do estado ficou |…| reduzida a meras operações de registo, preenchimento e verificação, tão simples que podem ser realizadas por qualquer pessoa desde que saiba ler e escrever.» Assim, «nós, os trabalhadores, organizaremos a produção em larga escala com base naquilo que o capitalismo já criou, confiando na nossa experiência como trabalhadores» ”.[13]
Lenine, “deu por concluída a guerra com a Alemanha através da assinatura do Tratado de Paz de Brest-Litovsk em Março de 1918, assegurando assim a sobrevivência da revolução, pois eliminava o esforço que o conflito bélico representava para o país. Mais tarde, iniciou-se o período de terror revolucionário, com o fim de liquidar os vestígios da oposição antibolchevique. ”[14]
“O novo governo iniciou funções com a publicação dos decretos revolucionários que tentaram responder ás aspirações das massas populares e ás reivindicações dos sovietes. O decreto sobre a paz convidava os povos beligerantes á negociação. O decreto sobre a terra aboliu, sem indemnização, a grande propriedade, entregando-a a sovietes camponeses. O decreto sobre o controlo operário atribuía aos operários das empresas a super intendência e a gestão da respectiva produção. O decreto sobre as nacionalidades conferia a todos os povos do antigo império russo o estatuto de igualdade e o direito á autodeterminação.
Mas os primeiros tempos da Revolução de Outubro viveram-se sob o signo da democracia dos sovietes, sendo eles os grandes protagonistas da revolução.
No entanto, várias circunstâncias dificultaram a acção do governo revolucionário: proprietários e empresários criavam os maiores obstáculos á aplicação dos decretos relativos á terra e ao controlo operário; o regresso de sete milhões de soldados, sem hipótese imediata de reintegração na vida civil; a persistência da carestia e da inflação; e o banditismo que se fazia sentir. Tudo isto fez com que a população Russa não aderisse ao projecto bolchevique. O czarismo, os outros partidos políticos e o nacionalismo opunham-se ao bolchevismo.
Assim, em Março de 1918 inicia-se uma terrível Guerra Civil que se prolongou até 1920.”[15]
Esta guerra civil opunha o exército vermelho (bolcheviques, proletariado, Lenin e, Trotsky) ao exército branco (mencheviques, burguesia, apoio estrangeiro, patronato). No entanto, mesmo com a oposição das nacionalidades, o exército vermelho acabou por vencer a guerra, pois “os desentendimentos gerados no exército branco e o receio das populações do regresso dos antigos privilegiados contribuíram para a vitória dos bolcheviques, que dispuseram de um coeso e disciplinado exército vermelho, organizado por Trotsky desde Janeiro de 1918.”[16]
Lenine implantava assim o marxismo, isto é, os ideais de Karl Marx, apenas com algumas diferenças: Segundo Marx, “a ditadura do proletariado assumia-se como uma etapa transitória, embora necessária no processo de construção da sociedade socialista. Servindo-se de supremacia política, o proletariado retiraria todo o capital á burguesia e centralizaria todos os instrumentos de produção nas mãos do estado, entendido como representante exclusivo e legitimo do proletariado. Deste modo se chegaria a um estádio em que as diferenças sociais se apagariam e o estado, enquanto instrumento de domínio de um classe sob a outra, deixaria de fazer sentido e se extinguiria também. Esse estádio é o comunismo, a que Marx chamava «a forma mais alta de organização da sociedade». Nela, o Homem alcançaria o verdadeiro bem-estar, a verdadeira liberdade. No entanto, na Rússia bolchevista a ditadura do proletariado revestiu-se de aspectos bem específicos: Marx entendia o proletariado o formato pelos operários vitimas de exploração capitalista, enquanto Lenine incluía nele os camponeses, pois tinha em consideração o atraso industrial da Rússia e as suas estruturas arcaicas e rurais; Outra especificidade da ditadura do proletariado na Rússia bolchevista prendeu-se com as condições em que ela se concretizou, nomeadamente com a resistência aos decretos revolucionários e ao clima de guerra civil vivido.”[17]
Assim, “iniciou-se o período do «comunismo de guerra», que consistiu, praticamente, na colocação de medidas económicas e sociais que reactivaram o desenvolvimento do país, de entre as quais cabe realçar, em especial, a jornada laboral de oito horas e a nacionalização da terra (Out. 1917) da banca (Dez. 1917), do comércio externo (Abril de 1918) e todas as empresas com mais de cinco trabalhadores (Nov. 1920)”.[18]
Além disto, foi feita a colectivização de toda a economia; Lenine aboliu todos os partidos á excepção do partido comunista da união soviética (PCUS), passando, assim, a haver um regime de partido único; foi criada a Tcheca (Policia politica do estado russo), que recorria á censura de todos os opositores do PCUS, não havendo liberdade de expressão, reunião, associação, etc. O estado de Lenine era assim um estado musculado e autoritário, que conseguiu através do centralismo democrático (principio básico em que o poder está centrado no estado e o estado esta centrado num partido; tem por base os sovietes).
Lenine foi o grande mentor do Komintern (III Internacional ou Internacional Comunista), a união mundial de todos os partidos comunistas. O Komintern realizou-se em Março de 1919, e propunha-se a coordenar a luta dos partidos operários a nível mundial para que o marxismo-leninismo triunfasse.
Em Fevereiro de 1921, o Congresso dos Sovietes autorizou Lenine a inverter a marcha da revolução. “Lenine compreendeu que tinha de mudar a sua política económica. A Nova Política Económica”[19] (NEP -Novaya Ekonomiceskaya Politika) “representou para os ideológicos comunistas um recuo, isto é, a readmissão do capitalismo em certos sectores que já tinham sido nacionalizados”.[20]
“Na essência, realizava-se um certo liberalismo económico, reactivava-se a iniciativa privada e desnacionalizavam-se certos sectores da pequena e media empresa, mantendo-se a intervenção estatal, com a criação do Instituto de Planificação (Gosplan) nas finanças, na indústria pesada e no comércio externo.
A entrada em vigor da NEP ia ter consequências profundas. Por exemplo, a legalização do comércio privado alterou profundamente a anterior, estagnação dos preços e a reprivatização de determinados sectores da indústria eliminou o défice de bens de consumo, tendo resultado essencial o fim das requisições, substituídas por um imposto muito mais suportável. Por outro lado, acabou-se com a inflação e o caos monetário, introduzindo-se em 1923 os shervonetz, bilhete de banco de cinco e dez rublos, e em 1925 o novo rublo, apoiado pelas reservas de ouro existentes. Mesmo assim, tentava-se eliminar a enorme diferença entre preços agrícolas e industrias, a fim de evitar que a industrialização se apoiasse exclusivamente no trabalho camponês.”[21]
Com a NEP a produção aumentou e surgiram dois grupos sociais: os Kulaks e os Nepmen, passando a haver duas classes sociais que puseram em causa o marxismo-leninismo, suscitando assim o ódio dos bolcheviques e do partido comunista.
“Ao acabar a guerra civil fundou-se, em 1922, a união das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS), cujos primeiros estados-membros foram os seguintes: Republica Socialista Federativa Soviética da Rússia, Republica Socialista Soviética da Ucrânia, Republica Socialista Soviética da Bielorrússia e Republica Socialista Soviética da Transcaucásia.
Em Janeiro de 1924 foi aprovada a nova constituição, cujo modelo era o da RSFSR, apesar de perfilhar mais a representatividade dos delegados no congresso, assim como o tema das nacionalidades. Foi eleito um comité executivo, do qual, como ocorreu na anterior constituição, sairia um secretariado. A política externa, comercio, defesa, e questões militares, assim como a luta contra - revolucionaria, ficaram em poder da união, assim como a saúde, educação, justiça e outros temas administrativos estavam nas mãos dos poderes autónomos.
Do ponto vista político, a aplicação do princípio federalista pretendia resolver o importante problema das nacionalidades, algumas delas com absoluto desconhecimento da sua posição política e das profundas mudanças que se estavam a desenvolver na Rússia. Reconhecia-se desde então o direito de autonomia mediante o decreto que as classificava como distritos nacionais, regiões autónomas ou repúblicas autónomas, dentro da Republica Soviética federada, em atenção á sua importante política, á sua demografia, ao seu grau de desenvolvimento económico ou ao seu nível de consciência política.”[22]
“Em 6 de Maio de 1920, Lenine sofreu um grave ataque de hemiplexia e permaneceu muito tempo sem poder falar. Logo naquele momento se vislumbrou que apenas Estaline e Trotsky tinham possibilidades reais de assumir a sucessão. Entre estes dois «líderes destacados», como Lenine lhes chamou no seu «testamento político», já tinham surgido conflitos durante a guerra civil”.[23]
Lenine, ficou assim preso a uma cadeira de rodas, acabando por falecer a 21 de Janeiro de 1924.
Quando em 1924 Lenine morre, é Estaline que o sucede.
Estaline nasceu em Gori, na Geórgia, “a 21 de Dezembro de 1879”.[24]
Nasceu numa pequena cabana em Gori, e era filho de uma costureira e de um sapateiro, tendo passado por uma infância difícil e infeliz. Como a sua mãe queria vê-lo no seminário, Estaline ingressou, então, no seminário de Tiflis, acabando por ser expulso em 1899.
Em 1901 aderiu aos sociais-democratas de orientação marxista e tornou-se membro do comité clandestino de Tiflis.
“De 1901 a 1904, esteve prisioneiro na Sibéria, de onde conseguiu fugir. Prisões, exílios, fugas se repetirão outras vezes. Participa na revolução de 1905 e adopta o apelido de guerra Koba. Nos congressos do Partido Social Democrata, em Estocolmo (1906) e em Londres (1907), encontra-se com Lenine.
Em 1912, foi eleito para o comité central da União soviética e redactor do Pravda. Adoptou o apelido de «Homem de aço» (Estaline, All stahl).”[25]
De 1913, a Fevereiro de 1917,passou por várias fases na sua vida, tais como “o mais longo exílio na Sibéria, Membro do Conselho de Defesa (1918 a 1920), Comissário do Povo para as Nacionalidades, Inspector dos sectores Operário e Camponês, Secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética (1922).”[26]
“Estaline, comissário politico, tinha-se oposto varias vezes ás ordens do seu superior, o comissário do povo para a Guerra, - cargo desempenhado por Trotsky – e fizera todo o possível para o desacreditar. O conflito agudizou-se d e tal forma que, em Setembro de 1918, Trotsky se demitiu de todos os seus cargos. O partido – especialmente Lenine, que admirava Trotsky – não aceitou a demissão e concedeu-lhe total liberdade para organizar e liderar o exército vermelho. (…) Em Janeiro de 1924, ou seja, pouco antes da morte de Lenine, Estaline iniciou uma campanha de eliminação do seu odiado rival divulgando uma «lista dos seis erros de Trotsky» e prosseguiu com um ataque á «revolução permanente» de Trotsky, considerando-a «antimarxista», apesar de as suas ideias básicas se encontrarem em Marx e Angels.”[27]
“Pouco antes de morrer, Lenine declarou no seu testamento que Estaline era «demasiado bruto» para o posto que ocupava e propôs a sua «substituição no cargo».”[28]
No entanto, Estaline soube assegurar a sua posição nos órgãos directivos, pois após a morte de Lenine, Estaline conseguiu convencer Gregório J. Zinoviev e Lev Camenev a não publicarem o seu testamento.
“Trotsky, que pertencia á ala esquerda do partido, demitiu-se do cargo de comissário da guerra em 1925. A esquerda pretendia liquidar a NEP o mais rapidamente possível, e insistia num rápido processo de industrialização, ao passo que a direita do partido, á qual pertenciam Alexei, Rikov e Nicolai Bucarini, exigia que se tivesse mais em conta a situação dos camponeses e se avançasse a um ritmo mais lento para uma economia industrial. Estaline apoiou inicialmente esta segunda opinião, não por motivos económicos, mas para consolidar a sua posição. O XIV Congresso do Partido, realizado em Dezembro de 1925, assinalou uma mudança na política económica. Estaline apresentou um plano para transformar a URSS num país industrializado. Uma vez que ainda não tinha ocorrido a tão esperada revolução mundial, a URSS ficaria isolada e devia construir o socialismo num «só pais». O plano foi aprovado por uma maioria esmagadora, e os seus adversários Zinoviev e Camenev.Muitos dos elementos da esquerda, que exigiam, sobretudo através dos sindicatos, a participação dos trabalhadores na direcção das empresas, viram-se rapidamente ameaçados com a expulsão do partido. No Inverno de 1926 – 1927, reinava ainda a calma, mas no Verão seguinte desencadeou-se uma luta sem tréguas. No XV Congresso do Partido. Realizado em Dezembro, Estaline exigiu a colectivização da Agricultura e um aumento do ritmo de industrialização, adoptando, assim, a posição da esquerda. Esta posição significava automaticamente a destruição de Bucarini e de Rikov, isto é, a eliminação de mais dois dos seus rivais. O Congresso aprovou a linha definida pelo Secretário-geral e, em 1928, entrou em vigor o primeiro plano quinquenal. Em seguida, teve lugar o ataque generalizado contra os Kulaks (camponeses ricos), que foram tratados como inimigos de classe e liquidados. A deportação, em pleno inverno, de três milhões de camponeses para a Sibéria e extremo Oriente teve como consequência a morte de muitos deles. Os que conseguiram sobreviver passaram a fazer parte do proletariado industrial das cidades. O resultado foi catastrófico, com um segundo período de fome e miséria, que custou a vida a aproximadamente catorze milhões de vida.
Ao terminar o primeiro plano quinquenal, sessenta por cento das quintas tinham sido colectivizadas. Os lucros obtidos pelo estado, graças a este processo, foram investidos na construção de uma indústria pesada moderna, através da qual se pensava um rearmamento em grande escala.
Os motivos de Estaline para impor a planificação forçada foram vários, mas, á partida, a sua recusa da NEP não ficou a dever-se a razões económicas, mas á sua estratégia de liquidar (fisicamente) os seus adversários. Em 1929, como ainda não se atrevia a ordenar a sua morte, expulsou Trotsky para a Turquia.
Estaline transformou o governo autoritário de Lenine, baseado no partido único, num sistema de poder totalitário, elevando o seu predecessor á categoria de «divindade» e não tolerando o mínimo ataque á sua própria pessoa.”[29]
“Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de terror. Como arquitecto do sistema totalitário soviético, destruiu as liberdades individuais e criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender, deportar e executar, opositores em massa, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como uma arma ideológica. A acção persecutória de Estaline estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que ordenou o assassinato de Trotsky, então exilado no México.”[30]
“(…) Na União Soviética dos anos 30 Estaline aumentou a pressão sobre todo o género de artistas para colocar a sua arte ao serviço do estado. A música não constituiu excepção. Para ser aceite pelas autoridades tinha de ignorar todos os progressos das técnicas de composição registados desde o inicio do século. O socialismo de Estaline exigia optimismo e aspiração. Em termos de criatividade, isto significava tonalidades diatónicas e melodiosas”[31]
“Durante 1931 e 1932, a união soviética, cada vez mais apreensiva com o poder japonês no extremo oriente, assinou pactos de não agressão com muitos dos seus vizinhos, incluindo a Polónia, Finlândia e Letónia, e com a França.”[32]
“A subida ao poder de Hitler levou-o a aproximar-se das democracias burguesas e a entrar na sociedade das nações em 1934. O assassínio de Kirov, em 1934, serviu-lhe de pretexto para terminar com a velha guarda bolchevista (“processo de Moscovo”). ”[33]
“O feroz anti- bolchevismo de Hitler e a sua aproximação á Polónia mais encorajaram Estaline a reatar relações com o ocidente. A 2 de Maio de 1935, a união soviética e a França assinaram um acordo de assistência mútua, que, no final deste mês foi alargada á Checoslováquia.
A mudança da política externa de Estaline reflectiu-se no Komintern, que agora apelava aos partidos comunistas de todo o mundo parar formar uma «frente popular» com forças democráticas contra o fascismo, tal como tinham feito os franceses. Na sua determinação de construir um sistema contra Hitler, Estaline zelava pelos interesses soviéticos, mas este coincidiam então com as necessidades da democracia da Europa ocidental. (…) A nove de Março de 1935, os alemães anunciaram a criação de uma força aérea, e a 16 de Março o Hitler reintroduziu o recrutamento, em claro desrespeito pelo tratado de Versalhes.”[34]
“Entre 1936 e 1938, Estaline preparou os processos de Moscovo que condenaram á morte as figuras mais importantes do Estado, incluindo os seus antigos aliados Zamenev e Zinovev, sob a acusação, entre outras, de «Trotskismo».”[35]
“Antes de invadir a Polónia, Hitler, tinha-se assegurado da cumplicidade soviética, através de um pacto assinada a 23 de Agosto de 1939 pelos ministros dos Negócios Estrangeiros de ambas as potencias, Von Ribbentrop e Molotov, neste pacto, para alem de darem garantias mútuas de não agressão, Hitler e Estaline repartiam entre si a Europa ocidental, através de protocolos secretos, tornados públicos durante o julgamento de Nuremberga e cuja existência foi finalmente reconhecida pela união soviética 50 anos mais tarde.”[36]
“Em 1941, os alemães violaram o pacto de não-agressão que previamente haviam subscrito, e invadiram a URSS. A guerra que se seguiu custou ao país 20 milhões de mortos. A tenacidade de combatentes e de resistentes, e a decisiva ajuda norte-americana, converteram a URSS num dos protagonistas da reordenação da Europa após a contenda. A extrema habilidade de Estaline explorou em seu favor a decadência física de Roosevelt e a renúncia deste a favorecer a Inglaterra, cujo império colonial desejava ver desmantelado.”[37]
“A união soviética, permanecera neutral até 1941, entra na segunda guerra mundial e derrota a Alemanha nazi, entre 1941 e 1945, o que granjeou a Estaline a consideração e o prestígio, fomentando ainda mais o culto da personalidade umas das características do estalinismo (a proliferação de estatuas e retratos de Estaline é bem elucidativa). Apesar da vitória sobre os nazis, mais de metade do país sofreu uma enorme devastação. No plano económico, as coisas não correram mal, as industrias, o garante da economia da União soviética, foram estrategicamente protegidas do ataque alemão.”[38]
“Durante a segunda guerra mundial, de 13 a 11 de Fevereiro de 1945, os líderes das potencias aliadas reuniram-se na cidade russa de Yalta, para acordar um conjunto de medidas a ser implementadas para derrotar definitivamente a Alemanha nazi, e para determinar uma politica concertada a ser aplicada por todos os intervenientes desta conferencia após o termino do conflito mundial (Conferencia de Yalta). O presidente americano Franklin D. Roosevelt, o ditador soviético Joseph Estaline e o primeiro-ministro inglês britânico Winston Churchill, acordaram uma estratégia conjunta relativa á aplicação de punições para os crimes de guerra e crimes contra a humanidade, determinaram o montante das imunizações a pagar pelos danos causados pela guerra, discutiram a reconstrução e reabilitação dos países destruídos pelo conflito armada e a reestruturação da Jugoslávia e da Polónia. Foi também preparada a extinção total dos regimes fascistas e do nazismo e, ainda, a criação das Nações Unidas.”[39]
“Estaline endureceu a sua política, marcada pelas dificuldades de reconstrução do pais e pela guerra fira, encetando uma nova vaga de repressão a todos aqueles que traíssem a pátria espalhando um clima de terror. Após o rompimento de relações com Tito em 1949, quando este criticou a sua política, Estaline procedeu a purgas violentas nas democracias populares. Centralizou fortemente o partido comunista e, para alem disso, submeteu politicamente toda a Europa central e de leste.
Nos últimos anos da sua governação, Estaline afasta-se dos olhares do público e encerra-se no Kremlin, saindo ocasionalmente para assistir aos desfiles do 1º de Maio e do 7 de Novembro, na praça vermelha. ”[40]
“Em 5 de Março de 1953, Estaline morreu de hemorragia cerebral, facto que segundo muitos, ainda merece uma profunda investigação; existem aqueles que acreditam que foi assassinado. Os mais destacados historiadores mundiais, no entanto, ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.”[41]
“Malenkov assume o governo após a morte de Estaline, mas devido às posições que defendia, foi forçada a renunciar á liderança do partido em 13 de Março, sendo sucedido por Nikita Khrushev, em Setembro após o XX Congresso do Partido Comunista da união Soviética, o corpo de Estaline foi enterrado próximo aos muros de Kremlin, sendo o túmulo mais visitado ali. Seu epíteto era: O Pai dos Povos.”[42]
O período em que Estaline esteve á frente da URSS traduz-se em milhões de mortos, havendo historiadores que acreditam que houve muito mais mortes que as afirmadas.
“Depois da sua morte, em 1953, o culto da personalidade foi duramente combatido e as reacções contra a sua política ditatorial não se fizeram esperar. Procedeu-se a uma destalinização da política externa.”[43]
“Faz-se silêncio em torno do seu nome e exalta-se o partido e seu comité central. Na luta pelo poder, seus partidários foram vencidos: L. Béria foi executado, Malenkov, Molotv, Chepilov e Kaganovitsh afastados dos postos importantes. O «culto da personalidade» é fortemente combatido. Finalmente, em relatório secreto ao X Congresso do P.C.U.S. (Fevereiro de 1956), N.S.Crutshov denuncia os crimes de Estaline. A destalinização no plano da política externa caracterizou-se pela doutrina da «coexistência pacífica». Na política interna por maior liberalização do regime. No plano teórico, o texto de Estaline, é substituído por obras colectivas: Fundamentos de Filosofia Marxista (direcção de F. Konstantinov, 1958) e Fundamentos do Marxismo-Leninismo (direcção de O. V. Kucinen, 1959)”[44]
Ao organizar e estruturar o trabalho, encontrámos as respostas às questões formuladas na Introdução.
Lenine nasceu a 22 de Abril de 1870 e foi o chefe de Estado russo, que exerceu funções entre 1917 e 1924. Nasceu no seio de boas famílias e tirou licenciatura em direito.
Na Rússia, na Revolução de Outubro de 1917, Lenine desempenhou um papel muito importante, pois, juntamente com sovietes e bolcheviques conseguiu derrubar o czar e implementar os ideais de Marx, ficando a sua política conhecida por Marxismo-Leninismo. Para conseguir chegar ao comunismo, Lenine implementou medidas que ficaram conhecidas por “comunismo de guerra”, pelo seu carácter violento e implacável. Seguidamente implementou a NEP. Acabaria por morrer em 1924, devido a doença prolongada.
Estaline nasceu a 21 de Dezembro de 1879, e foi o Chefe de Estado russo que sucedeu Lenine, quando este morreu. Nasceu no seio de uma família pobre, e ingressou no seminário, mas acabou por ser expulso, devido à sua rebeldia.
Estaline participou na Revolução de 1905 e na Revolução de 1917. Quando Lenine subiu ao poder, coube a Estaline a Pasta das Nacionalidades.
Quando Lenine morreu, geram-se conflitos devido à sucessão, mas é Estaline quem acaba por conseguir este lugar, começando um governo de repressão e ditadura, em que nada mais interessava a não ser ele mesmo. Com Estaline, a Rússia entrou na Segunda Guerra Mundial, acabando por derrotar a Alemanha de Hitler.
Estaline morreu em 1953, havendo muita controvérsia relativamente a este assunto, sendo que alguns historiadores acreditam que ele morreu de causa natural e outros defendem que ele foi assassinado.
As principais diferenças entre o governo destes dois Chefes de Estado, prende-se com o facto de Estaline ter sido mais autoritário e ditador que Lenine. Lenine pretendia a
liderança única do Partido Comunista na variante do Marxismo, enquanto que Estaline pretendia que todos os Russos fizessem culto à sua pessoa.
Para a devida realização deste trabalho recorremos às seguintes fontes: