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Trabalho escolar sobre a Vida e Obra de Gil Vicente, realizado no âmbito da disciplina de Português (9º ano de escolaridade).
Este foi o que inventou
isto cá, e o usou
com mais graça e mais doutrina,
posto que Juan del Encina
o pastoril começou.
- escrevia Garcia Resende, contemporâneo de Gil Vicente, no seu Cancioneiro Geral, publicado em 1516 – a propósito, justamente, de Mestre Gil, reconhecendo nele o criador do teatro em Portugal.
Neste trabalho, vamos falar sobre a vida e obra do escritor Gil Vicente. Ao longo da sua carreira dedicou-se, essencialmente, ao serviço da “Rainha Velha”, Dona Leonor.
Mas quem era este Gil Vicente/Mestre Gil? E terá sido ele o «inventor» do teatro em Portugal?
Pouco se sabe de muito seguro sobre este Gil Vicente, a não ser aquilo que alguns poucos documentos atestam e o que é possível inferir do conjunto da sua vasta obra.
Não se sabe onde nasceu, contudo há fortes suposições que o seu nascimento terá ocorrido em Guimarães. Nasceu por volta de 1465, entre 1460 e 1470.
Não se sabe de muito certo qual o seu ofício: alfaiate; ourives da rainha D. Leonor, sendo este o ofício que tem mais força de argumentos; «mestre da balança», autor da peça da ourivesaria portuguesa, a Custódia de Belém.
Sabe-se, que em 1502, escreveu e represento, na câmara da Rainha D. Maria, o Monólogo da Visitação ou do Vaqueiro, sua primeira peça conhecida e, simultaneamente, a primeira peça de teatro português existente. Era de um curto monólogo, posto na boca de um vaqueiro que, com outros, vinha saudar o recém-nascido príncipe, futuro D. João III.
Sabe-se que foi casado duas vezes e que teve vários filhos, deles se destacando Paula e Luís Vicente; a primeira, íntima da Infanta D. Maria, foi uma das mulheres mais cultas do seu tempo; com seu irmão Luís preparou a edição póstuma das obras de Gil Vicente, publicada em 1562, sob o título de Copilaçam de tôdalas obras de Gil Vicente – edição devidamente autorizada e expurgada pela Inquisição, estabelecida entre nós em 1536.
Entre 1502 e 1536 Gil Vicente fez representar cerca de meia centena de peças da sua autoria, sempre ao serviço da família real.
Supõem-se que terá morrido pouco depois de 1536 - em todo caso antes de 16 de Abril de 1540.
Terá tido, no final da sua vida, alguns problemas com a Inquisição, o que explicaria que não haja peças suas posteriores a 1536. Continuam desconhecidas, por esse motivo, três peças da sua autoria, interditas pelo Santo Ofício – o Auto de Jubileu de Amores, o Auto da Aderência do Paço e o Auto da Vida do Paço.
A motivação inicial, o impulso que pôs em marcha a obra de Gil Vicente, vieram de Espanha., As primeiras peças que ele concebeu são imitações das éclogas dos poetas de Salamanca Juan del Encina e Lucas Fernandéz, chegando até a adoptar a língua deles. Contudo, a partir desses modestos começos, Gil Vicente foi construindo, por enriquecimentos sucessivos, uma obra de extraordinária diversidade.
Na «Copilaçam», de 1562, as obras de Gil Vicente aparecem classificadas em Obras de Devoção, Comédias, Tragicomédias, Farsas, Trovas e «Cousas Meúdas». O próprio Gil Vicente, em Carta-Prólogo à edição de D. Duardos, em 1525, considerava três modalidades para o seu teatro: comédias, farsas e moralidades.
Esta classificação é insuficiente para dar conta da enorme variedade e riqueza do Teatro Vicentino, creio que ela poderá servir-nos – e classificaremos as peças como de inspiração religiosa ou profana consoante a predominância dos dois elementos – religioso ou profano.
É muito rica a galeria de tipos em Gil Vicente, e variada a gama da sua múltipla expressão, desde a poetização do mais comum, até à religiosidade refinada e aos conteúdos abstractos e ideológicos que defende ou satiriza.
Já por diversas vezes Gil Vicente vem sendo designado por criador do teatro português, na sequência do testemunho do seu contemporâneo Garcia de Resende e da opinião corrente dos seus estudiosos e admiradores (entre estes convém citar Almeida Garrett que procurou recriar o teatro português, tornando Gil Vicente, simbolicamente, personagem da sua peça Um Auto de Gil Vicente).
Entre as suas inúmeras obras contam-se: o “Auto da Índia”, 1509, farsa que critica o abandono a que o embarque eufórico e sistemático dos Portugueses para o Oriente, em cata de riquezas, vota a pátria e as situações familiares; os Autos das Barcas (Barca do Inferno, 1517;Barca do Purgatório, 1518; Barca da Glória, 1519), peças de moralidade, que constituem uma alegoria dos vícios humanos; Auto da Alma, 1518, auto sacramental, que encena a transitoriedade do homem na vida terrena e os seus conflitos entre o bem e o mal; Quem tem Farelos?, 1515, e Inês Pereira, 1523, que traçam quadros populares de intensidade moral, simbólica ou quotidiana, em urdiduras de cómico irresistível e de alcance satírico agudo e contundente.
Neste trabalho ficámos a conhecer um pouco melhor a obra e vida desta tão ilustre personagem. Ficámos ainda a saber qual a motivação inicial que empolgou a obra de Gil Vicente.
Conforme o que estudamos sobre a obra vicentina, de facto, este foi o grande impulsor/«inventor» do teatro em Portugal.