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Trabalho escolar (Relatório) sobre o funcionamento de um sistema tampão, realizado no âmbito da disciplina de Química (12º ano).
Legenda
Fig.1 Titulação base fraca/ácido forte. Adição de HCl a Na2CO3, com o auxílio do medidor de pH.
O processo de titulação consiste numa reacção de neutralização que ocorre entre um ácido e uma base dando origem a um sal e água, traduzindo-se na reacção genérica: ácido + base ¾¾® sal + água. Assim, a titulação, ou volumetria de ácido-base, é uma técnica de análise quantitativa que consiste na determinação da concentração de uma solução (titulado) através da sua reacção com outra solução de concentração conhecida (titulante).
Com a actividade prática realizada pretendeu-se determinar a concentração de uma solução aquosa de Na2CO3, por titulação de uma base fraca com um ácido forte (solução-padrão de HCl). Neste tipo de titulações (base fraca/ácido forte ou vice-versa) há uma fase, antes do ponto de equivalência, em que acréscimos consideráveis de titulante provocam variações de pH diminutas tratando-se então de um efeito tampão.
O estudo destas soluções assume actualmente um papel preponderante em áreas de interesse biológico. Por exemplo, os tampões CO2/HCO3- e H2PO4-/HPO42- são deveras importantes para a manutenção do pH do sangue e dos líquidos intracelulares, respectivamente.
Posteriormente, pretendeu-se igualmente traçar a curva de titulação para cada um dos ensaios determinando-se assim o pH no ponto de equivalência e identificando as zonas com efeito tampão.
A detecção do ponto de equivalência determina-se adicionando, gradualmente, pequenas quantidades do titulante ao titulado, até a reacção química entre as suas soluções ser praticamente completa. É nesse momento que se diz que se atingiu o ponto de equivalência da titulação embora o que seja realmente detectado é o ponto final através da variação brusca de uma propriedade física ou química do titulado. Esta detecção visual é possível através da mudança de cor de uma substância adicionada, designada por indicador.
Nesta actividade experimental utilizámos a fenolftaleína e o alaranjado de metilo cujos valores da zona de viragem são os seguintes:
Zona de Viragem (pH)
Fenolftaleína – 8.2 a 10
Alaranjado de metilo – 3.2 a 4.4
Por outro lado, também um medidor de pH pode ser usado para determinar o ponto de equivalência. Deste modo, na actividade prática realizada aliámos estes dois processos. Neste segundo caso, é necessário ter em atenção o manuseamento do equipamento bem como a leitura dos valores, atendendo à sensibilidade do aparelho.
Com os valores de pH recolhidos para cada volume de titulante adicionado, traçou-se as curvas de titulação para cada um dos ensaios. Para determinar o ponto de equivalência que se situa na zona de viragem dos respectivos indicadores, usou-se o método das tangentes. Este processo consiste em:
Fig.2 Determinação gráfica do ponto de equivalência.
Relativamente aos reagentes, utilizámos como titulante ácido clorídrico e, como base, uma solução de carbonato de sódio.
Importante é também referir que, aquando da concretização desta actividade experimental, certos cuidado deverão ser tomados em conta evitando discrepâncias falaciosas, como seja a eliminação de bolhas de ar, respeitar os algarismos significativos ou o simples facto de fazer as leituras dos aparelhos correctamente, atendendo à sua sensibilidade.
Tabelas I e II: Resultados obtidos relativamente à primeira e segunda titulação, respectivamente.
Mudança de cor da fenolftaleína de carmim para incolor. Mudança de cor do alaranjado de metilo de amarelo para rosa.
Gráficos I e II: Curvas de titulação correspondentes à primeira e segunda titulação, respectivamente
Tabela III: Média dos resultados obtidos relativamente à primeira e segunda titulação, realizadas, respectivamente.
Gráfico III: Curva de titulação correspondente à média dos valores obtidos nas duas titulações
Sabemos que, na presença de água, o ácido clorídrico se comporta do seguinte modo:
HCl (aq) + H2O (l) ¾® H3O+ (aq) + Cl-(aq), sendo que o ião cloreto é um ião espectador já que é uma base conjugada de um ácido muito forte.
Por sua vez, a equação respeitante à dissociação do carbonato de sódio é a seguinte:
Na2CO3 (aq) ¾H2O® 2 Na+ (aq)+ CO32- (aq)
O Na+ é um ácido conjugado de uma base muito forte, pelo que, tal como o cloreto, se vai comportar como um ião espectador. Deste modo, é o ião CO32- que vai reagir com o ácido clorídrico:
Numa primeira fase, dá-se a conversão do carbonato em hidrogenocarbonato:
H3O+(aq) + CO32- (aq) ¾® HCO3-(aq) + H2O (l) (quando em proporções estequiométricas, dá-se o primeiro ponto de equivalência)
Numa segunda fase, dá-se a conversão do hidrogenocarbonato em ácido carbónico:
H3O+(aq) + HCO3-(aq) ¾® H2CO3 (aq) + H2O (l) (quando em proporções estequiométricas, dá-se o segundo ponto de equivalência)
Por sua vez, para calcular a concentração da solução de carbonato de sódio, utiliza-se a seguinte expressão válida no ponto de equilíbrio da reacção:
na=nb
logo, ca x Va = cb x Vb
Para tal, temos os seguintes dados:
Cácido = 0,10M
Vácido = volume de titulante adicionado
cbase = ?
Vbase = 0,10 cm3
Para cada ensaio, os resultados obtidos estão expressos na tabela seguinte:
Primeiro Ensaio | Segundo Ensaio |
|
|
Tabela IV: Cálculo da concentração da solução de carbonato de sódio através dos pontos de equivalência de cada titulação.
O primeiro ponto de equivalência para o primeiro e segundo ensaios correspondeu a um pH de 9,1 e 8,6, respectivamente, os quais são superiores ao valor esperado (8,3). Também no segundo ponto de equivalência, os valores obtidos para o pH da solução (4,2 e 4,1) são superiores ao esperado (3,7).
Relativamente à concentração calculada para a solução de carbonato de sódio há discrepâncias em relação aos valores esperados, mas não entre os dois ensaios.
Assim, fazendo os cálculos, a concentração calculada da solução de Na2CO3, foi de 0,15 mol.dm-3, um valor ligeiramente superior ao teórico (0,10 mol.dm-3)
Os ensaios foram realizados a uma temperatura aproximada de 18ºC, pelo que, de certa forma poderá justificar que os resultados obtidos não sejam exactamente iguais ao previsto.
Um aspecto também a mencionar é que o volume gasto para atingir o segundo ponto de equivalência deveria ter sido sensivelmente o mesmo que o primeiro, o que não aconteceu.
Deste modo, pode-se afirmar que ocorreu um erro no cálculo do primeiro ponto de equivalência que terá tido origem em incorrectos registos de valores para o volume de titulante ou ainda da leitura incorrecta do gráfico obtido o que é menos provável. Também a pureza dos reagentes pode ser posta em causa.
NOTA: Na realização desta actividade laboratorial foi necessário tomar especial cuidado no manuseamento do ácido clorídrico visto que este em contacto com a pele poder causar irritação cutânea.
Através da análise dos gráficos de titulação é possível concluir que as zonas com efeito tampão são: no gráfico I, correspondentes aos intervalos 0 a 4, 7 a 14 e 16 a 22 de volume de titulante adicionado; no gráfico II, correspondentes aos intervalos 0 a 5, 6 a 14 e 17 a 22 de volume de titulante adicionado; no gráfico III, correspondentes aos intervalos 0 a 4, 7 a 14 e 16 a 22 de volume de titulante adicionado; nestas zonas existe igual quantidade de Na2CO3 e de um sal do seu ácido conjugado, nas proporções estequiométricas.
Pode-se igualmente concluir que os indicadores utilizados foram os mais indicados já que a zona de viragem contém o valor do pH para o ponto de equivalência o que, atendendo ao erro de titulação, nos permitiu confirmar que foi naquela altura e para aquele volume que se atingiram as proporções estequiométricas de cada uma das reacções em cima referidas.
Apesar de discrepâncias em relação aos valores inicialmente esperados, estas que se devem à ocorrência de erros experimentais sistemáticos como sejam incorrectas leituras, medições ou variações ambientais como a temperatura que condiciona a extensão da reacção, conclui-se que a concentração da solução de carbonato de sódio é de 0,15 mol.dm-3.