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Freud e a Psicanálise - NotaPositiva

O teu país

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Soraia Silva

Escola

Escola Secundária da Sé

Freud e a Psicanálise

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Resumo do trabalho

Trabalho escolar sobre a psicanálise e, o seu pai, Sigmund Freud, realizado no âmbito da disciplina de Psicologia (12º ano).


Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Psicologia, no estabelecimento da escola Secundária da Sé. Iremos aprofundar a psicanálise e, por isso, o seu pai, Sigmund Freud.

A escolha deste tema deveu-se à grande controvérsia que lhe está associada, e também por o considerarmos um tema bastante interessante. Para além disto, ir-nos-á ajudar a conhecer uma parte importante de nós que nos é desconhecida, a ter uma nova perspetiva de vida. Enfim, a realização deste trabalho vai permitir encontrar as respostas para certas dúvidas, atitudes e pensamentos.

Ao longo do trabalho vamos estudar a opinião, os estudos e as experiências de Freud, que tinha, como principal objetivo o estudo do inconsciente.

Freud, depois de pôr a hipótese de existência de um inconsciente, realizou experiências  que o levaram ao estudo do psiquismo.  Através destes estudos, concluiu que a sexualidade era extremamente importante na vida psíquica humana, baseando grande parte da sua teoria neste facto.

Vamos, portanto, evidenciar as grandes descobertas de Freud, aprofundar os conhecimentos sobre a sua teoria, compreender o todo da psicanálise.

Biografia

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, nasceu a 6 de maio de 1856 em Freiberg, República Checa. No ano 1877, abreviou o nome de Sigismund Schlomo Freud para Sigmund Freud. Freud foi o filho mais velho do casamento de Jacob Freud e Amalia Freud. Devido à má situação económica, a família mudou-se para Viena, Áustria, onde o pai estabeleceu um comércio.

Casou-se com Martha Bernays a 14 de Setembro de 1886, em Hamburgo. Freud e Martha tiveram seis filhos. Um deles, Martin Freud, escreveu uma memória intitulada Freud: Homem e Pai, na qual descreve o pai como um homem que trabalhava extremamente, por longas horas, mas que adorava ficar com suas crianças durante as férias de verão. Anna Freud, filha de Freud, foi também uma psicanalista destacada, particularmente no campo do tratamento de crianças e do desenvolvimento psicológico. Sigmund Freud foi avô do pintor Lucian Freud e do ator e escritor Clement Freud, e bisavô da jornalista Emma Freud, da desenhista de moda Bella Freud e do relacionador público Matthew Freud.

Nos tempos do nazismo, Freud perdeu quatro irmãs. Embora Marie Bonaparte tenha tentado retirá-las do país, elas foram impedidas de sair de Viena pelas autoridades nazistas e morreram nos campos de concentração de Auschwitz e de Theresienstadt.

Freud iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria. Ao observar a melhoria em pacientes de Charcotum neurologista seu contemporâneo, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica, e não orgânica. Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos, como o do inconsciente. Freud também é conhecido pelas suas teorias dos mecanismos de defesa, repressão psicológica e por criar a utilização clínica da psicanálise como tratamento da psicopatologia, através do diálogo entre o paciente e o psicanalista. Para além disso, Sigmund acreditava que o desejo sexual era a energia motivacional primária da vida humana, assim como suas técnicas terapêuticas.

Posteriormente abandonou o uso da hipnose em pacientes com histeria, em favor da interpretação de sonhos e da livre associação, como fontes dos desejos do inconsciente.

As suas teorias e os tratamentos que escolheu foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. As suas ideias são frequentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico.

Freud continua tão polêmico hoje em dia como na época em que esteve vivo. É idolatrado pelos seus seguidores, mas também é visto como um mistificador, principalmente porque após década de 1990 com as descobertas da neurociência, muitos dos princípios fundamentais da psicanálise são questionados.

Em fevereiro de 1923 foi-lhe descoberto um tumor maligno no maxilar superior, sendo imediatamente sujeito a uma cirurgia. Freud tinha que usar uma prótese. Após 33 cirurgias, tinha dificuldade em falar, mas mantinha suas atividades de rotina, abandonando apenas os problemas do movimento psicanalítico.

Freud faleceu em 23 de setembro de 1939, depois de ter estado dois dias em coma. A seu pedido recebeu três injeções de três centigramas de morfina, com a concordância de Anna Freud.

Antecedentes e Influências

Freud explorou um campo em psicologia que nunca havia sido explorado - o inconsciente - apresentando pela primeira vez uma visão dinâmica do psiquismo. No entanto, há que referir que Freud definiu gradualmente o conceito de inconsciente, e para essa definição contribuíram diversos trabalhos e experiências realizadas por médicos e psicólogos, os quais Freud teve oportunidade de conhecer.

Não se pode dizer que a ideia de inconsciente tenha surgido só com Freud, pois já em 1647, Descartes admitiu que certos acontecimentos dos quais não tomara conhecimento na altura da sua ocorrência pudessem influenciar os seus comportamentos futuros. Também Leibniz, uns anos mais tarde defendeu a existência de uma série de perceções das quais o ser humano não se apercebe. Estas duas opiniões denunciam já a existência da algo inerente ao homem, seu desconhecido, que mais tarde viria a ser denominado inconsciente.

Só no século XX, é que os psicólogos começaram realmente a interrogar-se sobre a possibilidade da existência de fenómenos psíquicos dos quais não se tem consciência.

O filósofo e psicólogo Ribot e o médico Pierre Janet, através de experiências no campo da psicopatologia, conseguiram demonstrar a existência de atividade psíquica não consciente, isto porque conseguiram que em alguns dos seus pacientes, se manifestassem, em vigília, comportamentos que anteriormente foram sugeridos sob hipnose.

Jean Martin Charcot, foi um neurologista e professor, que exerceu uma grande influência sobre Freud. Sabia-se que determinados acontecimentos na vida do sujeito lhe podiam causar perturbações no comportamento. Charcot havia explicado essas perturbações com base em doentes, vítimas de "paralisia histérica". Segundo ele, a causa da paralisia não seria o acontecimento em si, mas a lembrança que o sujeito teria desse mesmo acontecimento. Este facto fazia vislumbrar a hipótese de um possível tratamento psicológico, dado que a lembrança atual do doente podia ser provavelmente modificada pelo médico. Janet levou a cabo trabalhos com o objetivo de confirmar a hipótese levantada por Charcot. Janet analisou as perturbações dos seus doentes, e verificou que, por vezes, o paciente não estava consciente da recordação traumatizante e só depois de o hipnotizar conseguia ter acesso ao acontecimento responsável pela perturbação. Charcot foi também o responsável pela modificação de ideias aceites até ao século XIX. Uma delas foi definida por Hipócrates (século V a.C.), que afirmava que a histeria consistia numa série de perturbações variadas, relacionadas com a sexualidade feminina.

Outra ideia que vigorou até ao século XIX, era o facto de se julgar que as perturbações psíquicas eram devidas a lesões no sistema nervoso. Perante isto, Charcot realizou uma série de experiências e um estudo clínico sobre a histeria, conseguindo eliminar esta última através da hipnose. Ele defendia, portanto, que a histeria não era especificamente feminina e não tinha uma causa orgânica. Foi ainda com Charcot, que as neuroses ganharam identidade. Ele definiu-as como doenças funcionais do sistema nervoso, e como tal era necessário descobrir as forças psíquicas envolvidas.

Freud foi um dos responsáveis por dar continuidade ao estudo das neuroses, através da sua dinâmica analítica. Adquiriu ainda vários conhecimentos com Charcot a respeito da hipnose e da histeria, aquando do seu estágio no Hospital de Salpêtrière.

Hippolyte Bernheim foi um grande psicoterapeuta que influenciou Freud na utilização da hipnose como método terapêutico. Uma das experiências que Bernheim executou e à qual Freud teve a oportunidade de assistir, foi muito significativa para a elaboração do conceito de inconsciente. A experiência foi a seguinte: Bernheim sugeriu, sob hipnose, a um seu paciente, que no dia seguinte e a uma dada hora, voltasse com um guarda-chuva e o abrisse na sala à frente de todos. No dia seguinte, o paciente voltou e cumpriu rigorosamente as instruções, que sob hipnose lhe haviam sido dadas na véspera; apercebendo-se do que estava a fazer, logo tentou espontaneamente justificar-se, alegando que trouxera o guarda-chuva por considerar o tempo instável, o que não correspondia à realidade, e que o abrira para verificar o seu estado de conservação. Esta experiência sugere que as ideias produzidas em camadas profundas da mente humana, das quais o sujeito não se lembra, mantenham a sua força e influenciem o comportamento observável.

Apesar de todas as influências atrás mencionadas, vai ser com Joseph Breuer que Freud vai aprofundar os seus conhecimentos, publicando em conjunto "Estudos sobre histeria". Breuer era um fisiologista, que utilizava a hipnose como terapia, e entre os seus pacientes encontrava-se uma jovem, Anna, que sofria de graves perturbações histéricas. As observações feitas por Breuer, neste caso, também contribuíram para a formação de ideias que constituem a base da psicanálise. Anna O. apresentava diversos sintomas entre os quais mencionamos os seguintes: contrações, paralisia de diversos membros, tosse nervosa, impossibilidade de beber e de ver, esquecimento do seu idioma, entre outros. Breuer verificou que a paciente quando se encontrava em crises de confusão mental, proferia frases que pareciam traduzir a emergência de sentimentos opostos. Então, Breuer quando a hipnotizava repetia-lhe as frases que ouvira anteriormente, e como resultado desta experiência ele obteve o relato de sentimentos que a doente sentira no passado e que não admitia ter tido. Assim, a paciente, ao verbalizar os sentimentos culposos, durante a hipnose, que eram responsáveis pelo aparecimento dos sintomas, conseguia que estes fossem desaparecendo progressivamente.

Outro exemplo relativo ao aparecimento de sintomas é o da incapacidade de beber, que Anna O. apresentava. Este sintoma desapareceu quando a paciente relatou a Breuer uma situação em que havia visto um cão de uma pessoa que ela não gostava a beber por um copo, o que lhe causou uma grande repugnância.

Freud, com base nestes dados, considerou que a histeria seria provocada pela retenção no inconsciente do doente, de lembranças traumáticas. Dado o seu carácter penoso, estas recordações seriam reprimidas, não se podendo exprimir. A energia bloqueada manifestar-se-ia em vários sintomas.

Os factos atrás mencionados, permitiram que a noção de inconsciente se fosse deitando aos poucos na cabeça de Freud. Este conceito é considerado básico para a compreensão da psicanálise. O inconsciente seria, portanto, uma zona do psiquismo não acessível à memória consciente. Neste ficariam gravados factos aparentemente esquecidos, que estariam reprimidos, mas manteriam toda a sua potencialidade, causando sintomas diversos e influenciando comportamentos futuros.

O simbolismo é outro conceito da psicanálise que pode ser "observado" no caso de Anna O.. Os sintomas que Anna apresentava eram representações simbólicas de acontecimentos ou conflitos reprimidos. Apresentamos como exemplo, o facto de ela não querer chorar à frente do pai quando este se encontrava doente, para não o preocupar, o que se traduziu na incapacidade para ver. Verifica-se, portanto, que o conflito reprimido se manifesta de forma simbólica num determinado sintoma.

Através da observação de outros pacientes, Freud pôde concluir que a sexualidade e a infância eram duas palavras-chave para explicar a mente humana. Ele verificou que habitualmente as neuroses estavam associadas a distúrbios na vida sexual que normalmente ocorrem na infância.

Concluindo, as influências de Freud ajudaram-no a fazer as mais importantes descobertas. Resumidamente, pôde verificar que a nossa mente consciente não controla todos os nossos comportamentos, nem mesmo os atos voluntários, resultado de uma deliberação racional. Todos os nossos comportamentos são, assim, motivados por uma fonte inconsciente.

Como podemos verificar, Freud sofreu as mais diversas influências, que lhe permitiram elaborar a sua teoria.

Psicanálise

Não sendo um sistema filosófico, a psicanálise teve sem dúvida um grande impacto em algumas conceções filosóficas que caracterizam a razão ocidental e se manifestaram até aos inícios do século XX.

Aparecendo inicialmente como um método de investigação dos processos mentais e conscientes, acaba por transformar-se numa prática terapêutica baseada nos resultados desse mesmo método. Todavia, posto que na psicanálise a prática precede a teoria, ela não tardará a legitimar o nascimento de uma nova ciência, a afirmar-se também como teoria cientifica do inconsciente. A partir daí, a psicanálise alargar-se-á, no plano especulativo, ao domínio das ciências sociais como interpretação das várias manifestações do sujeito humano (religião, arte, cultura, civilização, etc.). Este salto, contudo, custar-lhe-á por vezes afirmações ousadas, menos dignas de crédito.

A psicanálise surge-nos assim como uma prática e uma teoria,; como um método de investigação com fins terapêuticos e como um corpo de saberes científicos que pretende fundamentar a descoberta de um novo objetivo - o inconsciente - prática e teoria, aplicação terapêutica do método e a sua justificação científica, implicam-se mutuamente, como em qualquer outra ciência.

As grandes descobertas de Freud, que tanto chocaram as mentalidades da sua época, constituem simultaneamente os dois temas fulcrais da psicanálise. A primeira, como diz Freud, deparou com todo um conjunto de preconceitos de caráter filosófico; a segunda, com preconceitos de caráter estético-moral.

Então, a primeira descoberta foi a do conceito de «inconsciente». Com ela, a psicanálise depara com obstáculos filosóficos porque representa uma ferida narcísica na conceção tradicional do sujeito, um sintoma de fracasso da própria filosofia que se concentra em torno do cogito cartesiano («penso, logo existo»).

A outra descoberta de Freud relaciona-se com a importância que ele atribui à «sexualidade» na totalidade da vida psíquica, ao mesmo tempo que lhe confere uma dimensão mais ampla que o habitual.

"(…) A originalidade deste método de cura é de consistir apenas numa troca de palavras entre o doente e o analista. Enquanto teoria,  psicanálise define-se como uma série de hipóteses, que inicialmente só serviram para dar conta dos fenómenos que se produziam durante a cura, e acabaram depois por subverter a compreensão do psiquismo humano em geral. Mas estas hipóteses permanecem suscetíveis de ser modificadas perante os factos novos.(…)

É claro que a psicanálise não é uma crença, mas uma ciência que se enriquece sem cessar.

(…) A psicanálise esclarece os factos que cada um pode observar na vida quotidiana, como os sonhos, e aquilo que Freud chamou de «atos falhados», isto é, pequenas falhas da conduta humana na vida corrente, tais como lapsos, erros involuntários de toda a espécie, esquecimentos, etc. Mas o interesse último da psicanálise é o de fornecer, para além da exploração das doenças psíquicas e de certos factos da vida quotidiana, uma chave para interpretar todas as produções humanas (…).", Michel Haar, Introduction à la Psychanalyse

Concluindo, a psicanálise consiste num processo de tratamento psíquico, um método que investiga o inconsciente, uma teoria da psicologia humana e do funcionamento psíquico, e, finalmente, uma interpretação geral do homem e da sua posição no universo.

Conceção do Psiquismo

A palavra "psique" proveio da mitologia grega. Em síntese, Psiquê foi imortalizada depois de ter passado por bastante sofrimento causado pela deusa do amor.  Afrodite, com inveja da beleza da mortal, incumbe Eros, o seu filho e o deus do amor, a fazê-la apaixonar-se pelo ser mais monstruoso à face da Terra. Contudo, os planos invertem-se já que Eros apaixona-se por ela. Assim, Afrodite torna a agir e impinge-lhe quatro trabalhos, supostamente impossíveis de concretizar. Novamente, Afrodite perde e Psiquê finaliza os seus pedidos.

Eros pede a Zeus que os deixe casar, o qual acede ao seu pedido com a concordância de Afrodite. Desta forma, Psiquê é levada à Assembleia Celestial onde é tornada imortal.

Psiquê é, assim, sinónimo de alma. Foi uma alma humana purificada pelos sofrimentos e preparada para gozar a pura e verdadeira felicidade.  

O desejo e a insatisfação são elementos inerentes à nossa vida psíquica. Também, como já pudemos ver, os nossos comportamentos resultam de uma fonte energética inconsciente e, para além disso, inesgotável. A sua manifestação pode assumir múltiplas formas.

Esta fonte energética corresponde ao núcleo instintivo que dá vida à nossa psique. É, por sua vez, constituída por duas polarizações antagónicas, duas pulsões opostas, as quais Freud denomina  Eros e Thanatos.

Freud pensava que era impossível compreender os processos patológicos se só se admitisse a existência do consciente. Até então, a conceção dominante de homem definia-o como um ser racional, que controlava os seus impulsos através da vontade. O consciente, constituído pelas representações presentes na nossa consciência e conhecido pela introspeção, constituía o essencial da vida mental do homem.

Então, de modo a introduzir novas conceções de homem, Freud apresenta em dois momentos duas interpretações do psiquismo da mente humana: a primeira e a segunda tópica.

Inicialmente distingue várias estruturas constituintes da mente humana, sendo elas organizadas e onde se incluem sistemas. Nesta tópica, a mente é vista de uma forma topográfica, isto é, as suas instâncias encontravam-se localizadas num certo sítio da mente, estáveis, fixas, não relacionadas entre si. Assim, para além de procurar descrever os fenómenos mentais, preocupa-se também com a natureza e a composição das forças presentes no conflito psíquico. A mente seria, então, constituída por três instâncias: o consciente; o pré-consciente e o inconsciente. Esta primeira tópica ficou conhecida como teoria do iceberg, como verificamos em seguida.

O consciente seria a parte mais pequena, a qual era constituída por raciocínios, perceções, pensamentos. É um órgão de perceção para as impressões que nos absorvem num dado momento e tem a capacidade de distinguir processos do mundo externo e do interno. É possível aceder ao consciente através da introspeção.

A seguir, na parte de baixo, estaria o pré-consciente, o qual faz a ligação entre o consciente e o inconsciente, e corresponde, na imagem do iceberg, a uma zona flutuante de passagem entre a parte visível e a oculta. É constituído por lembranças, isto é, aquilo de que nos podemos recordar sem fazer muito esforço.

Por último, o inconsciente corresponde à parte maior do iceberg. É uma zona do psiquismo constituída por pulsões, tendências e desejos, fundamentalmente de carácter afetivo-sexual, a qual não é passível de conhecimento direto.

A grande revolução introduzida por Freud, consistiu precisamente na afirmação da existência do inconsciente.

O material inconsciente, tende a tornar-se consciente. Porém, há um conjunto de forças que se opõem a essa passagem. Freud compara o nosso psiquismo a uma grande sala - o inconsciente - a qual teria uma pequena antecâmara - o consciente. Na entrada da antecâmara há um vigilante que inspeciona as pulsões, os desejos, que querem passar- a barreira de censura. Se não lhe agradam, censura-os, impedindo a sua entrada, impossibilitando-os de se tornarem conscientes. Esse material inconsciente que foi impossibilitado de se tornar consciente pode ser sujeito a um processo de recalcamento. O recalcamento constitui um dos mecanismos de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuram tornar-se conscientes, inerente ao equilíbrio do indivíduo.

Em 1920, por motivos vários, entre os quais a dificuldade fazer coincidir o ego com o sistema pré-consciente/consciente e o inconsciente com o recalcado, já que uma parte do ego é inconsciente, Freud opta por uma nova descrição do sistema psíquico: id, ego e superego. Esta nova tópica permite captar o psiquismo com todo o seu dinamismo, porquanto menos rígida que a anterior, já que envolve interação entre as diferentes instâncias, não estando estáticas.

O id é a zona inconsciente, primitiva, instintiva, a partir da qual se formam o ego e o superego. Existe desde o nascimento e é constituído por pulsões, instintos e desejos completamente desconhecidos, que posteriormente são recalcados.

Na medida em que está desligado do real, não se orienta por normas ou princípios morais, sociais ou lógicos. «O id desconhece o julgamento de valores, o bem e o mal, a moralidade», no dizer de Freud. Assim, rege-se pelo principio do prazer. A fim de realizar e satisfazer os desejos e as pulsões de forma imediata impulsiona e pressiona o ego e a sua atividade é inconsciente.  Grande parte destes desejos é de natureza sexual. O id é o reservatório da libido (Eros), energia das pulsões sexuais.

"(...) é a parte obscura, impenetrável, da nossa personalidade, (...)", (Freud - 1932)

Ego ou "eu" é a zona fundamentalmente consciente que se forma a partir do id. Rege-se pelo principio da realidade, orientando-se por princípios lógicos e decidindo quais os desejos e impulsos do id que podem ser realizados. É o mediador entre as pulsões inconscientes e as exigências do meio, do mundo real. Tem de gerir as pressões que recebe do id e as que recebe do superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida.

"A estrutura do ego (...). É composta de conhecimento e de defesa.(...)", (Tran-Tong - 1981)  

O super-eu ou superego é uma instância formada a partir de uma parte do ego, após o complexo de Édipo. É constituído pela interiorização de imagens idealizadas dos pais e das regras sociais. É a base da consciência moral, é «o defensor da luta em busca da perfeição – o superego é, resumindo, o máximo assimilado psicologicamente pelo individuo do que é considerado o lado superior da vida humana». É, portanto, a componente ética e moral do psiquismo. O superego age sobre o ego, pressionando-o, a fim de controlar o id, filtra os conflitos do id/ego, decide sobre o destino das pulsões, e a sua atividade é essencialmente inconsciente e pré-consciente.

Mecanismos de Defesa do Ego

O ego tem mecanismos de defesa, que são estratégias inconscientes que a pessoa usa para tentar reduzir a tensão e a ansiedade, fruto dos conflitos entre as instâncias: id, ego e superego.

São, então, mecanismos de defesa: recalcamento; regressão; intelectualização; projeção; deslocamento; formação reativa e sublimação.

Recalcamento

Há entre os nossos impulsos, aqueles que são tolerados, como impulsos altruístas, manifestações estéticas, e aqueles que a moral social rejeita. Por exemplo, os impulsos egoístas, as exibições libidinosas, não são moralmente aceites na sociedade, pois estão em desacordo com as regras e costumes sociais. Deste desacordo, gerador de conflitos, resulta que se crie em nós uma função de censura, ou autocontrolo, que rejeita tendências indesejáveis, impedindo que se manifestem. À passagem dessas tendências ao inconsciente, por efeito ou função da censura, dá-se o nome de recalcamento.

Os recalcamentos podem manifestar-se em efeitos, tais como complexos, reações de ansiedade, fenómenos de derivação, fenómenos de compensação, atos falhados (lapsos, esquecimento), fenómenos de simbolismo.

Regressão

O sujeito adota atitudes e comportamentos característicos de uma fase etária anterior. Face a uma frustração ou incapacidade para resolver determinados problemas, a criança ou o adulto regridem, procurando a proteção de épocas passadas, nas quais se sentiam seguros.

Intelectualização

Pela intelectualização, o sujeito justifica racionalmente o seu comportamento, ocultando aos outros e a si próprio as verdadeiras razões. É, portanto, um conjunto de estratégias de justificação de comportamentos, pensamentos, tendências psíquicas, lógicas e formuladas a posteriori, com o fim de evitar sentimentos de inferioridade que ponham em risco a auto estima. Assim, ele retira, inconscientemente, os aspetos emocionais de uma situação geradora de angústia e de stress.

Projeção

Tendência que os seres humanos tem para atribuir aos outros, comportamentos, sentimentos e desejos que, sendo deles próprios, são muitas vezes tidos como inaceitáveis.

Deslocamento

É um mecanismo libertador, na medida em que permite que o sujeito, ao não poder atingir determinado objeto, o substituí por outro, sobre o qual descarrega as tensões acumuladas, mudando assim o objeto que satisfaz a pulsão.

Formação Reativa

Mecanismo de defesa contra qualquer tipo de inferioridade fisiológica ou psicológica, seja ela real ou não, que consiste na adoção de comportamentos contrários ao desejo. Desta forma, o sujeito resolve o conflito entre valores e tendências consideradas inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às pulsões.

Sublimação

Por sublimação, entende-se a propriedade que tem o espírito de orientar as tendências egoístas ou materiais para fins altruístas ou espirituais. Por este processo, o sujeito substitui o fim ou o objeto das pulsões de modo a que estas se possam manifestar em modalidades socialmente aceites. A eficácia deste processo implica que o objeto de substituição satisfaça o sujeito de forma real ou simbólica. A sublimação faz-se através de substituição com valor moral e social elevado.

O Princípio do Prazer e da Realidade

A vida psíquica não decorre de uma forma lógica, previsível e controlada. Ela é caracterizada por um dinamismo resultante de forças antagónicas que se chocam.

Segundo Freud, há dois princípios fundamentais que regem a vida psíquica:

Princípio do prazer

Carateriza-se pela procura de prazer e, ao mesmo tempo, de evitamento de dor, sofrimento ou tensão, por parte do organismo. Todos os seres vivos obedecem a este princípio, mas no caso do homem, os processos psíquicos inconscientes procuram a obtenção do prazer, e este princípio governa completamente o seu comportamento enquanto criança. Neste principio o que predomina é a busca do prazer a qualquer custo, e este é conseguido através da descarga de qualquer aumento de tensão. Na teoria psicanalítica, o principio do prazer, que representa o desejo instintivo de satisfação, é modificado pelas solicitações do mundo exterior, ou seja, pelo principio da realidade.

Desta forma, pode-se afirmar que rege o inconsciente e o id, isto é, as pulsões que visam o prazer imediato a todo o custo.

O princípio do prazer constitui uma energia interna enorme, à qual se opõe o principio da realidade.

Princípio da realidade

Surge subconsequentemente ao principio do prazer, isto é, em criança só existe principio do prazer e, no caso de um adulto, existe um principio secundário que modifica a ação do da realidade.

Este princípio rege o ego, e tendo em conta as exigências do superego, vai avaliar quais as pulsões do id que podem ou não ser satisfeitas. Por volta dos cinco anos, o superego passa a impor ao ego valores morais e regras socioculturais, levando-o a viver conflitos, complexos, sofrimentos, ambivalências, mas também orgulho e bem-estar.

Assim, neste principio o prazer pode ser adiado ou uma dor tolerada em nome de um prazer maior ou para evitar uma dor maior no futuro. Então, o principio da realidade depende da capacidade de antecipação das situações futuras.

Para além disso, é uma espécie de mecanismo psíquico que direciona a adaptação do homem à realidade e à ordem moral, já que visa um comportamento controlado, adequado às exigências que estas impõem.

Através destes dois princípios, Freud tentou explicar alguns processos psíquicos da personalidade como conflitos, fugas, defesas, desejos, expectativas e ambições.

Teoria do Desenvolvimento

Freud foi um dos primeiros e, em muitos aspetos, o mais influente dos que tentaram dar uma explicação sistemática do desenvolvimento da personalidade. Freud foi um gigante intelectual, cujas ideias influenciaram profundamente muitos aspetos da nossa cultura.

A teoria da personalidade de Freud é complicada. Contém muitos conceitos originais, cujo significado é muitas vezes estranho e obscuro.

Foi o trabalho desenvolvido com os seus doentes, que o levou a concluir que muitos dos sintomas neuróticos estavam relacionados com a sexualidade, objeto de múltiplas repressões e obstáculos. Para Freud, a infância era determinante para o desenvolvimento da personalidade, pois considera que o comportamento sexual adulto está relacionado com as vivências infantis.

Depois de ter afirmado que existia uma instância inconsciente no psiquismo humano, Freud vai provocar um grande escândalo ao atribuir à sexualidade um papel essencial na vida psíquica humana. Para além disso, afirma a existência de uma sexualidade infantil. A sexualidade exprime-se desde o nascimento, não se inicia apenas com o funcionamento das glândulas sexuais na puberdade.

Com a descoberta da sexualidade infantil, Freud teve de modificar as suas noções, distinguindo sexual de genital. A sexualidade não se limita ao ato sexual entre duas pessoas, é toda a atividade pulsional que tende a uma satisfação.

De acordo com a conceção corrente, a vida sexual humana consiste essencialmente no contacto dos órgãos genitais de uma pessoa com os de outra do sexo oposto. Este impulso apareceria na puberdade, isto é, aquando da maturação sexual, o qual serviria para a procriação, contudo sempre se conheceram factos que vão para além desta conceção: é curioso que existam pessoas que se sintam atraídas por outras do mesmo sexo; não é menos estranho que existam pessoas cujos desejos pareciam ser sexuais, mas ao mesmo tempo põem de lado os seus órgãos genitais e a sua utilização normal, a tais seres chamam-se "perversos"; por fim nota-se que certas crianças manifestam precocemente interesse pelos seus próprios órgãos genitais e sinais de excitação nos mesmos.

É compreensível que a psicanálise despertasse admiração e antagonismo, quando contradisse todas as conceções populares sobre sexualidade, e chegou às seguintes conclusões fundamentais:

  • A vida sexual não começa só na puberdade, mas inicia-se com evidentes manifestações após o nascimento.
  • É necessário estabelecer uma nítida diferença entre os conceitos "sexual" e "genital". O primeiro é um conceito mais amplo e engloba muitas atividades que podem não ter qualquer relação com os órgãos genitais.
  • A vida sexual abrange a função de obter prazer em zonas do corpo, uma função que posteriormente é posta ao serviço da procriação, mas que frequentemente as duas funções não chegam a coincidir na íntegra.

Para o fundador da psicanálise, o desenvolvimento da personalidade processa-se numa sequência de estádios psicossexuais que decorrem desde o nascimento até à adolescência. Sendo assim, os primeiros anos de vida têm uma importância fulcral na estruturação da personalidade: nós somos o resultado da história da nossa infância.

A cada estádio psicossexual corresponde uma determinada zona erógena, região do corpo (epiderme ou mucosa), que quando estimulada dá prazer. Aos diferentes estádios do desenvolvimento correspondem conflitos psicossexuais específicos. Cada estádio é marcado pelo confronto entre as pulsões sexuais (libido) e as forças que se lhe opõem. É devido aos períodos de rutura, de crise e de reconfiguração das nossas estruturas psíquicas, que marcam estes estádios, que permitem o nosso desenvolvimento e a divisão da psique nas três instâncias. Para além disso, somos marcados pelos traumas e conflitos intrapsíquicos a que fomos sujeitos, e que, ao ficarem guardados no nosso inconsciente, nos marcam e influenciam na forma como nos relacionamos connosco e com os outros, como encaramos a vida.

Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica é a existência da sexualidade infantil. Esta sexualidade envolve todo o corpo, é pré-genital e não apenas genital e é nos primeiros anos autoerótica, isto é, a criança satisfaz-se com o seu próprio corpo.

Apresentamos, sucintamente, as principais características de cada estádio: estádio oral, anal, fálico, de latência e genital.

Estádio Oral

Este estádio é principalmente caracterizado no primeiro ano de vida (até aos 12/18 meses). O ser humano nasce com um conjunto de pulsões inatas, o id. O ego forma-se, no primeiro ano de vida, de uma parte do id, que começa a ter características próprias. Estas formam-se pela consciência das perceções internas e externas que o bebé vai experienciando. São principalmente importantes as perceções visuais, quinestésicas e auditivas.

A zona erógena do bebé nesta altura, é constituída pelos lábios e pela cavidade bucal. O bebé obtém grande prazer em atividades como sugar, mamar e outras. A alimentação é uma grande fonte de prazer para o bebé. O chupar o seio, é para os freudianos representado como a primeira atividade sexual.

A criança não tem consciência de que o seu corpo se diferencia do da mãe, já que ela nasce num estado indiferenciado. A relação entre a mãe que alimenta o bebé vai refletir-se na vida futura.

O desmame corresponde a uma frustração que vai situar a criança em relação à realidade do mundo.

Estádio Anal

Este estádio situa-se na vida da criança quando termina o estádio oral, aos doze meses, até mais ou menos aos três anos.

A zona erógena, nesta fase, é a região anal e a mucosa intestinal. A estimulação desta parte do corpo dá prazer à criança. Contudo, as contrações musculares podem provocar dor, criando uma ambivalência entre estas duas emoções.

Nesta fase, a criança é mais autónoma, procurando afirmar-se e realizar as suas vontades.

A ambivalência está presente na forma como a criança hesita entre ceder ou opor-se às regras de higiene que a mãe lhe exige. As relações com a mãe e outras pessoas vão estabelecer-se neste contexto.

Por volta dos 2/3 anos de idade, a criança começa a controlar as fezes e a urina, pondo fim a este estádio.

Estádio Fálico

Este estádio pode durar alguns anos, terminando por volta dos cinco anos de idade. É durante este estádio que a criança descobre as qualidades de agentes de prazer dos órgãos sexuais e se entrega à autoestimulação. Desta forma, a zona erógena é a região genital.

Outros factos que marcam este estádio é o interesse das crianças em questões como: "Como nascem os bebés?". Para além disso, estão atentas às diferenças anatómicas entre rapazes e raparigas, às relações entre homens e mulheres, pai e mãe, brincam aos médicos e aos pais e às mães.

Os prazeres da criança durante este estádio, são autoeróticos, isto é, a libido da criança dirige-se para ela mesma. O final do estádio fálico é marcado por uma mudança importante: a criança começa a dirigir a libido no sentido de amar objetos externos a ela própria.

Freud formulou a hipótese de que a libido da criança começa a dirigir-se para o progenitor do sexo oposto, resultando no chamado complexo de Édipo. Freud deu particular importância a este estádio, precisamente por ser durante este período que as crianças vão vivenciar o complexo de Édipo, e por ser nesta etapa que a estrutura da personalidade está formada com a existência de um superego.

O complexo de Édipo consiste, portanto, na atração que o rapaz tem pela mãe, ou que a rapariga tem pelo pai, a quem estiveram sempre ligados desde que nasceram, e que agora é diferentemente sentida. Assim, a sexualidade, que era até esta idade exclusivamente autoerótica, vai agora ser investida nos pais.

Freud defende que os desejos libidinosos do filho para com a figura materna são totalmente inconscientes, embora eles influenciem o seu comportamento. À medida que o seu desejo se sente mais forte, a criança entra inconscientemente em competição com pai. Isto origina outro complexo - o complexo de castração - em que o rapaz teme que o pai se vingue, mutilando-lhe os órgãos genitais. É este temor que o ajuda a resolver o complexo de Édipo, já que vai reivindicar aos desejos libidinosos para com a mãe e escapa, assim, à ameaça de castração. Ao mesmo tempo, o rapaz identifica-se com o pai, satisfazendo indiretamente os desejos libidinosos relativos à mãe.

No que toca ao desenvolvimento da personalidade da menina segue as mesmas diretrizes. Também ela apresenta um complexo de Édipo, ou complexo de Electra, que provoca um sentimento hostil para com a mãe, sendo os seus desejos libidinosos dirigidos para o pai. Porém a resolução deste complexo não chega a um desfecho abrupto mediante um medo repentino e intenso, como acontece no complexo de castração. Pelo contrário, é resolvido lentamente, e quando o desfecho é feliz, a rapariga identifica-se com a mãe e sublima os seus sentimentos com o pai.

Freud considera que a forma como se resolve o complexo edipiano influenciará a vida afetiva futura, sendo esta uma fase do desenvolvimento bastante importante na vida da criança.

Além dos complexos existentes neste estádio, e que influenciam o futuro da criança, também é nela que se constitui a terceira instância do aparelho psíquico, o superego.

Estádio de Latência

Este estádio tem durabilidade de seis anos, aproximadamente, pois termina com a puberdade.

Após a vivência do complexo de Édipo, e com o superego já formado, a criança entra numa fase de latência. Ela vai esquecer alguns acontecimentos vividos nos primeiros anos de sexualidade, através de um processo designado "amnésia infantil".

Durante este estádio há uma diminuição da atividade sexual, sendo que a libido ou impulso sexual, permanece em estado de repouso que pode ser parcial ou total. Desta forma, a criança pode desenvolver competências e aprender coisas diversas, de uma forma mais calma e com mais disponibilidade interior.

Ao se desenvolver psicologicamente, a criança vai aprendendo a compreender os papéis sexuais, ou seja, ela aprende o que é ser homem e mulher, na sociedade em que vive.

Com a influência do superego vai manifestar preocupações morais, pois desenvolve sentimentos como a repugnância, o nojo, o pudor, a vergonha, que contribuem para controlar e reter a libido.

O ego tem mecanismos inconscientes, como  a introjeção, o recalcamento, a projeção, a sublimação, que permitem estruturar-se com uma nova organização face às pulsões do id.

Estádio Genital

Após a puberdade, o aumento da atividade das glândulas genitais acresce os impulsos libidinosos.

Neste estádio retomam-se algumas problemáticas do estado fálico, como o complexo de Édipo. Se este complexo foi resolvido com êxito, o indivíduo transfere a energia libidinosa para uma pessoa fora da família e procede a uma adaptação heterossexual madura. Se, porém, o complexo de Édipo não foi resolvido, surgem perturbações de personalidade.

Alguns adolescentes, face às dificuldades deste período, regridem a fases de desenvolvimento anteriores, recorrendo também a mecanismos de defesa do ego, como o ascetismo e a intelectualização. No ascetismo o adolescente nega o prazer e age de forma a controlar as pulsões, através da imposição a si próprio de uma rigorosa disciplina e isolamento. Pela intelectualização ou racionalização, o jovem procura esconder os aspetos emocionais da adolescência, interessando-se por atividades do pensamento, onde coloca toda a sua energia.

O conceito de personalidade tem uma grande diversidade conceptual. A personalidade diz respeito a um conjunto de características pessoais, persistentes e suportadas numa coerência interna. A personalidade, é um conceito que apela à unicidade do indivíduo, naquilo que de mais específico há em si mesmo, mas também à sua diferenciação, aquilo que o distingue dos outros. A personalidade é uma construção pessoal, que decorre ao longo da nossa vida.

A teoria psicanalítica de Freud, perspetiva a personalidade como que dominada pelas pulsões inconscientes.

O modo de desenvolvimento e a acentuação tónica de uma personalidade, dependem da "constante" de energia instintiva de que o sujeito dispõe, e o modo como é distribuída. A libido ("manifestação dinâmica da pulsão sexual na vida psíquica"; pode definir-se como quantum de energia psíquica, de raíz erótica, que motiva o homem na busca do prazer.), tem um papel determinante. A libido vai-se fixando, no decurso da maturação psicossexual, em zonas ditas erógenas, e o seu nível de fixação depende do estádio de desenvolvimento.

A teoria psicanalítica do desenvolvimento da personalidade, vai centrar a explicação do comportamento em fatores energéticos e internos à própria pessoa.

Freud atribui uma grande importância à infância e às relações de objeto.

A personalidade, comportamentos, fantasias, crenças, opções de vida, são explicados pela dinâmica entre as instâncias do aparelho psíquico - id, ego e superego - que se formam ao longo do desenvolvimento psicossexual.

O comportamento infantil é determinado em primeiro lugar pela ação do id, que exige a satisfação imediata e total dos seus impulsos. À medida que a criança passa pelos estádios sucessivos de desenvolvimento psicossexual, o seu ego torna-se mais forte. O ego robustece-se mediante experiências que ele adquire, controlando o id, durante o tempo em que a criança é desmamada, e mais tarde com a aprendizagem do asseio. A tarefa do ego não é frustrar o id, mas fazê-lo satisfazer os impulsos biológicos de modo socialmente aceite.

Freud, defendeu que a criança herda um sentido de moralidade ainda débil, e que além disso, adquire princípios e valores morais a partir da experiência. A resolução do complexo de Édipo verifica-se quando a criança identificando-se com o pai do mesmo sexo, é encorajado a aceitar esse código moral dos pais.

A aliança entre o ego e o superego nem sempre decorre suavemente. O ego tem de ter a capacidade de resolver os conflitos entre o superego e o id, tornando a sua relação harmoniosa. Só assim o desenvolvimento psicológico do indivíduo se pode dizer normal. Deste modo, Freud atribuiu muitas formas de desordens psicológicas à falta do ego se tornar forte de modo a conciliar as exigências do id e do superego. Se o id domina o comportamento, o indivíduo entra em conflito com a sociedade por causa da falta de controlo e inibição dos impulsos antissociais. Quando ocorre o oposto, o superego se torna demasiado forte, o indivíduo torna-se excessivamente temeroso quanto à satisfação dos seus impulsos biológicos.

As características da personalidade de cada um, resultaria em grande parte, das características inatas das relações de objeto que estabelece, das identificações das formas de resolução de conflitos intrapsíquicos e dos mecanismos de defesa que privilegiou.

O Método Psicanalítico

Numa primeira fase, Freud, associado a Breuer, utiliza a hipnose nos seus estudos sobre a histeria como processo de cura para estas doenças. Procurava-se por este processo que o paciente recordasse os fenómenos recalcados, permitindo-lhe a libertação dos traumatismos que lhes estavam associados.

Freud, desde cedo que reconhece as limitações da hipnose. Para além de nem sempre ser aplicável, constituía uma forma na manipulação do sujeito que permanecia passivo durante todo o processo terapêutico. De facto, o paciente revivia os acontecimentos sob o efeito da hipnose, mas essa recordação desaparecia ao despertar. Consequentemente, desiste deste método e envereda por um caminho que o leva à psicanálise, constituindo o seu próprio método .

Aplica o método clínico, adaptando um conjunto de técnicas que permitiriam trazer ao consciente as causas não conhecidas, inconscientes, dos problemas e conflitos dos pacientes. O psicanalista, na sua prática terapêutica, recorre a alguns procedimentos e técnicas próprias: associações livres, interpretação dos sonhos, análise do processo de transferência e análise dos atos falhados.

Associações livres de ideias

A associação livre de ideias é um método que Freud desenvolveu com os seus pacientes. Este método consiste em os doentes exprimirem livremente aquilo que sentem sem se preocupar com uma descrição lógica ou com o sentido das afirmações. Freud pensava que bastaria despertar na consciência recordações recalcadas, para que o paciente conseguisse libertar as emoções congregadas em torno dos sintomas. Com a ajuda do psicanalista, o analisando irá descobrir a linha explicativa dos seus sentimentos, ou sofrimentos.

O objetivo deste método, seria recordar, reviver os acontecimentos traumáticos recalcados, interpretá-los e compreendê-los, de forma a dar ao ego a possibilidade de um controlo sobre as pulsões.

Este processo deveria processar-se num cenário adequado: um divã onde o paciente se deitaria para relaxado falar de tudo o que lhe apetecer, mesmo o que lhe pareça insignificante deve ser contado. Por detrás do divã, encontra-se o psicanalista, que escuta com atenção o que o paciente conta, tentando compreendê-lo. Fala pouco, mas reenvia ao doente pertinentes interpretações. A análise pode causar sofrimento ao doente, quando isso acontece, o paciente resiste. Cabe ao psicanalista favorecer o ultrapassar da resistência, isto é, tentativa de impedir ou adiar a vinda ao consciente do material recalcado. Este processo (resistência), está relacionado com a importância que os acontecimentos têm na realidade ou na fantasia do indivíduo. É a compreensão do processo interno e a relação com o analista que vão permitir ultrapassar a resistência.

Análise do Processo de Transferência

A atualização de sentimentos e emoções, como desejos, medos, ciúmes, invejas, ódios, ternura e amor, que na infância eram dirigidos aos pais e aos irmãos, são agora transferidos para a relação com o analista. As relações imaturas e infantis são como que repetidas e atualizadas através do processo de transferência. A transferência pode ser positiva ou negativa conforme o tipo de sentimentos relativos ao terapeuta.

O psicanalista compreendendo e sentindo, através do processo de contratransferência, esta passagem de sentimentos, vai pela interpretação, devolver ao analisando a ligação desses sentimentos transferenciais com o que se passou na infância.

Contudo, Freud depara-se com grandes resistências por parte do paciente. As mesmas forças que pressionaram os recalcamentos constituem agora um obstáculo à cura. Ao que parece, a resistência protege o próprio recalcamento. Então, o sujeito prefere inconscientemente uma solução patogénica a uma solução consciente que, embora o liberte da doença, lhe custará um certo desprazer.

Análise dos atos falhados

Foi um triunfo para a arte da interpretação da psicanálise conseguir a demonstração de que certos atos psíquicos, atos para os quais não havia ainda explicação alguma, podiam ser interpretados pela psicanálise.

É frequente no nosso dia-a-dia cometermos um conjunto de ações perturbadas de lapsos, tais como o esquecimento de objetos usuais, o esquecimento de palavras e nomes perfeitamente conhecidos, trocar uma palavra por outra, não conseguir encontrar a palavra certa, a falsa leitura, falsa audição, entre outros. O lapso mais frequente, consiste em dizer ou fazer exatamente o contrário daquilo que se pretende.

Neste processo, podem-se, então, distinguir três casos: os atos sintomáticos, os atos perturbados e os atos inibidos. Os primeiros resumem-se a uma tendência afetiva que se manifesta sem qualquer oposição. Assim, o mecanismo de recalcamento está completamente ausente. Em seguida, os atos perturbados que constituem tendências que chocam com outras, do que podemos retirar que o recalcamento é incompleto. São exemplos destes casos os erros de leitura, audição, etc., como já foram referidos. Por fim, os atos inibidos, no qual o mecanismo de recalcamento está completo. Aqui, as tendências são completamente bloqueadas e reenvidas para o inconsciente. É exemplo o esquecimento.

Os atos falhados, tal como os sonhos, também constituem uma expressão deformada de desejos recalcados, como o presidente que ao abrir a sessão diz que ela está encerrada, manifestando o desejo de que ela termine.

Se alguns deste atos podem não ter qualquer significado, segundo Freud, a maior parte deles tem efetivamente um significado latente.

Freud dedica um livro a analisar os atos falhados "Psicopatologia da vida quotidiana". Considera que estes comportamentos perturbados têm um sentido que o sujeito não tem consciência. O seu significado só é esclarecido quando se relacionam com os motivos inconscientes de quem os realiza. Freud defende que estes erros involuntários manifestariam desejos recalcados do inconsciente e que irromperiam na vida quotidiana.

No processo terapêutico, a análise dos atos falhados vai permitir uma melhor interpretação dos sintomas neuróticos do paciente.

Interpretação dos sonhos

A aplicação da técnica da associação livre aos sonhos, abriu uma nova porta aos abismos da vida psíquica.

Freud considera que a interpretação dos sonhos é o melhor meio para atingir o inconsciente do paciente. Também, como a produção dos sonhos se assemelha à produção dos sintomas neuróticos, porquanto se funda sobre os mesmos processos inconscientes, a interpretação dos sonhos serve também de ponto de partida para a interpretação destes fenómenos patológicos. Mas o sonho não tem apenas um papel na vida psíquica do sujeito; tem também uma tarefa fisiológica a desempenhar, «Ele é o guardião do sono», protegendo-o contra as excitações que poderiam interrompê-lo.

Não foi muito difícil descobrir o dinamismo dos sonhos. Isto porque é durante o sono que ocorrem os sonhos e, portanto, o controlo e a censura que o ego e o superego exercem sobre os desejos inconscientes encontram-se atenuados. O material recalcado liberta-se e o desejo, geralmente de natureza afetivo-sexual, pode realizar-se. Contudo, a censura não desaparece, está apenas atenuada. Daí que o desejo só se possa realizar de uma forma simbólica, disfarçada, distorcida. Existe, assim um conjunto de mecanismos que visam disfarçar o conteúdo inaceitável do sonho. Todo o sonho é portanto, por um lado, o cumprimento dos desejos do inconsciente, e por outro, um desejo normal de dormir. Tal como foi afirmado por Freud: "o sonho é a satisfação de que o desejo se realize".

Contudo, os sonhos não são claros na sua maioria, podendo parecer insignificantes para a pessoa ou mesmo serem pesadelos, que contrariam a realização de um desejo. Isto pode acontecer devido ao facto de esse desejo ser inaceitável para a pessoa que sonhou e, por isso, tem sido recalcado.

Freud distingue no sonho o conteúdo manifesto e o conteúdo latente. O conteúdo manifesto consiste na descrição que o paciente faz do que sonhou, isto é, é a história de que, por vezes, se recorda. No entanto, o conteúdo manifesto do sonho é apenas uma fachada e, por isso, requer uma interpretação: é o analista que vai procurar o sentido oculto do sonho, isto é, o conteúdo latente, implícito. O conteúdo latente consiste, por sua vez, no significado profundo do sonho, que é frequentemente incompreensível para o sonhador.

Na medida em que a linguagem dos sonhos é uma linguagem complexa, recorre constantemente à simbologia, aos deslocamentos, às condensações. A condensação «consiste em que um pequeno número de imagens do conteúdo manifesto do sonho evocam uma diversidade de ideias latentes». O deslocamento «consiste, por sua vez, na substituição de aspetos centrais por aspetos acessórios ou mesmo indiferentes, em transferir a carga emocional de uma ideia para outra aparentemente sem grande ligação». O desejo desloca-se em imagens e alusões indiretas, exprime-se por equivalentes simbólicos, condensa vários fatores num só, para escapar à vigilância da censura.

O simbolismo ajuda a disfarçar o desejo, tornando o seu conteúdo manifesto incompreensível.

Decifrar um sonho é assim transpor a barreira que separa o significante do significado, o manifesto do latente.

Concluindo, no que se refere à simbologia dos sonhos, Freud afirma a existência de símbolos coletivos, típicos de uma mesma cultura, mas que cada sujeito as utiliza numa transformação própria, o que exclui à partida a existência de uma simbologia universal e dificulta este trabalho de interpretação em que a psicanálise em geral se propõe.

Críticas à Psicanálise

São inúmeras as críticas dirigidas a Freud e à sua teoria. Um conceito de ser humano dominado por pulsões, bem como a afirmação de uma sexualidade infantil provocaram, durante a vida e depois da morte de Sigmund Freud, as mais vivas críticas, escandalizando os meios mais moralistas.

Em primeiro lugar, encontramos limitações relacionadas com o seu método de coleta de dados. Freud apoiava as suas descobertas e consequentes conclusões nas respostas verbais que os seus pacientes manifestavam quando submetidos a análise, a que não pode ser concebido o rigor que seria necessário. Por tal, as condições em que Freud recolheu os seus dados são consideradas assistemáticas e não controladas devido à não efetuação de uma transcrição textual das palavras proferidas pelos pacientes. Ele utilizava um conjunto de anotações que eram efetuadas horas após a sessão com o paciente, o que levaria, certamente, à perda de dados originais, que seriam as palavras exatas dos pacientes, em virtude de eventuais lapsos de memória ou mesmo a possibilidade de omissão e distorção, mesmo que inconsciente e involuntária, dos dados "verdadeiros".

E, aliada a esta falha, está a reinterpretação dos factos, na medida em que a recordação das palavras dos pacientes poderá não refletir os dados de forma correta, pois estes estariam sujeitos à extração de inferências por parte do investigador, no intuito de encontrar material que sustentasse as suas hipóteses, levando apenas ao registo daquilo que poderá parecer mais oportuno e relevante.

Os dados registados por Freud consistiam, assim, em lembranças e interpretações dos factos ocorridos o que é, obviamente, uma limitação à sua teoria.

Outra incoerência é encontrada nas diferenças verificadas entre as anotações de Freud referentes às sessões terapêuticas e as suas publicações, que teriam por base as referidas anotações, o que vem provar uma deturpação dos factos. Nestas diferenças encontra-se um alongamento do período de análise; uma versão incorreta da sequência de eventos revelada pelo paciente durante a análise e a afirmação, não fundamentada, da cura do paciente. Não é possível determinar se estas distorções resultaram de uma forma deliberada, a fim de reforçar a sua posição ou, pelo contrário, foram produto do inconsciente de Freud. É igualmente impossível determinar se erros da mesma natureza influenciaram outros estudos de caso, devido à destruição de grande parte dos arquivos dos pacientes.

Uma outra deficiência diz respeito às poucas tentativas no intuito de verificar a validade dos relatos das experiências infantis dos seus pacientes, nomeadamente inquirindo familiares e amigos relativamente aos eventos descritos, não sendo assim possível a determinação da validade dos relatos dos pacientes.

Por tudo isto, a coleta de dados, que constitui a primeira etapa de toda a teoria de Freud, é considerada incompleta, imperfeita e imprecisa.

Quanto à segunda etapa, que seria a efetuação de inferências e generalizações a partir dos dados obtidos, nunca foi explicada por Freud, desconhecendo-se assim o ocorrido, mesmo porque os seus dados não são suscetíveis de quantificações e, por tal, torna-se impossível a determinação da confiabilidade ou significação estatística.

A linguagem usada por Freud é também alvo de críticas, sendo considerada imprecisa e, por vezes, ambígua, ou seja, não utilizava uma linguagem clara, tão característica do método experimental.

Uma outra crítica é referente à dificuldade de extrair proposições testáveis empiricamente das suas diversas hipóteses pois, como seria possível o estudo laboratorial do desejo de morte? No entanto, após a morte de Sigmund Freud, em 1939, muitos dos seus conceitos foram submetidos a testes experimentais, a fim de examinar a credibilidade científica de algumas das suas formulações, embora as histórias de caso, que constituíam o principal método de pesquisa da literatura psicanalítica, não poderem ser incluídas, pois os pesquisadores só aceitaram os dados que foram obtidos por intermédio de procedimentos possíveis de repetição e que envolvessem técnicas que permitissem a verificação da objetividade do observador. Assim, conceitos freudianos mais amplos como id, ego, e superego, libido, ansiedade, desejo de morte, entre outros, resistiram a tentativas de validação científica. São mesmo alguns freudianos que concordam perante afirmações acerca das contradições verificadas na teoria de Freud e à obscuridade na definição de conceitos da mesma natureza. O próprio Freud reconheceu tal obscuridade e ele próprio refere, nos seus últimos escritos, as dificuldades de definição de certas ideias.

Freud defendeu que as mulheres possuem superegos sofrivelmente desenvolvidos e se sentiam inferiores pelo seu corpo ser desprovido de pénis, ideia esta que é fortemente contestada por inúmeros psicólogos. Atualmente, acredita-se que a teoria freudiana, relativamente ao desenvolvimento psicossexual feminino, se encontra incorreta.

A insistência sobre o impulso sexual foi mais uma das razões por que a teoria freudiana encontrou tanta oposição, especialmente durante a vida do seu autor, altura em que a discussão franca sobre a sexualidade era muito mais desaprovada. Não é assim de admirar que a teoria freudiana fosse criticada sob o pretexto de que o seu autor devia ter um interesse patológico pelo sexo, para o considerar uma força assim tão dominante no comportamento humano. No entanto, esta acusação é injusta, pois Freud foi levado a insistir no sexo porque muitos dos seus pacientes sofriam de perturbações sexuais. Alguns teóricos romperam com Freud, alegando que este acentuava demasiadamente as forças biológicas, especialmente o sexo, como forças primárias da personalidade, pois eles consideravam que a personalidade está mais influenciada por forças sociais.

Freud foi também criticado por ter desenvolvido uma teoria da personalidade baseada apenas em observações de neuróticos, ignorando os indivíduos considerados saudáveis.

 Apesar de todas estas contradições e limitações da teoria freudiana, é incontestável a contribuição que ele trouxe para o mundo da psicanálise.

Conclusão 

Através das pesquisas que fizemos para a elaboração deste trabalho, constatamos que a teoria psicanalítica, desenvolvida por Sigmund Freud, abrange diferentes pontos: a existência de uma atividade psíquica inconsciente; a formulação de leis do dinamismo inconsciente; e, por fim, o encontro de meios para explorar o inconsciente.

Ao afirmar a existência do inconsciente e a existência de uma sexualidade infantil, Freud escandalizou muita gente, e outros sentiram uma enorme admiração pelo psicanalista. De uma maneira ou de outra, não se pode negar que revolucionou o meio científico.

Para Freud o desenvolvimento psíquico é caracterizado pela evolução da psicossexualidade. Assim, distingue os estádios psicossexuais que diz pertencermos desde crianças: estádio anal, oral, fálico, de latência e genital.

Além disso, o psicanalista descobriu técnicas que permitiam trazer ao consciente as causas não conhecidas, o que provoca patologias, instabilidade psíquica. Devido ao estudo da psicanálise, Freud pode encontrar quatro formas terapêuticas para a interpretação da mente humana:  as associações livres de ideias, a interpretação dos sonhos, a análise da transferência e análise  dos atos falhados.

Freud foi muito contestado, e ainda hoje o é devido a erros científicos ou por não concordarem apenas com a forma como ele abordou o nosso desenvolvimento. Apesar de tudo, a sua importância na ciência, mais precisamente no que diz respeito às doenças mentais, foi extrema e inegável.

Bibliografia

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  • http://www.citador.pt/cartoons.php?idc=417&Freud_Pessoa_Vida
  • SANTOS, Maria Helena Varela, Kant, Marx, Freud, Bachelard, Piaget, Porto Editora, 1ª Edição



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