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Ficha de Leitura sobre a obra "Recados da Mãe" da autoria de Maria Teresa Maia Gonzalez, ralizado no âmbito da disciplina de Português (10º ano)...
Titulo da Obra: ”Recados da mãe”
Dados Bibliográficos (editora, data de edição): VERBO, Fevereiro de 2006
Nome: Maria Teresa Maia Gonzalez
Dados Biográficos: Nasceu em Coimbra em 1958. É licenciada em Línguas e Literaturas modernas, variante de estudos franceses e Ingleses, pela faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora de Língua Portuguesa de 1982 a 1997, no ensino oficial e particular.
Outras obras: “Gaspar & Mariana”, “A Fonte dos Segredos”, “A Lua de Joana” (também já traduzido para albanês, alemão, búlgaro, chinês e espanhol), “O Guarda da Praia”, “O Incendiário Misterioso”, “O Pai no Tecto”, “Pedro e o Papa”, “Os Herdeiros da Lua de Joana” (teatro), “Os Pés que Anunciam a Paz”, “O Amigo do Computador” (teatro), “A Rapariga Voadora” (teatro), “Quase Adolescente” (poesia), Colecção “O Clube das Chaves” (21 volumes – escritos em pareceria com Maria do Rosário Pedreira – todos reeditados).
Modo Literário: Texto narrativo.Esta obra relata-nos a vivência de duas irmãs que tiveram a infelicidade de ter perdido a mãe, quando tinham apenas dez e seis anos de idade.
Clara, a irmã mais velha e Leonor a mais nova assim se chamavam as duas meninas, passaram então a ter uma vida completamente diferente da vivida até ali.
Permaneceram algum tempo em casa do pai, pessoa com quem já não viviam à morte da mãe mas este, pouco tempo depois decidiu que as crianças passariam a residir nos arredores de Coimbra, até então viviam em Lisboa, com a avó materna, numa quinta centenária pertencente à família.
A permanência na quinta, teve início no Verão, durante as férias grandes, por isso, os dias passavam rapidamente uma vez que as duas brincavam durante várias horas, no jardim da quinta. Mais difíceis eram as noites, em que Leonor chorava pela mãe. Várias vezes ao acordar pela manhã, Clara dizia à Leonor que em sonhos tinha visto a mãe e lhe tinha falado, tentando assim que a irmã não sentisse tanto a falta dela, o que com frequência não conseguia, pois as saudades eram muitas.
Durante a estadia na quinta, Clara e Leonor iam à Igreja com a avó e esta, dava-lhes lições de catequese e ensinava-as a rezar. Clara, embora rebelde, mostrava-se muito interessada e sempre atenta às explicações da avó, sobre a vida dos santos.
A vida na quinta não era fácil, principalmente para Clara que, não simpatizava nada com a avó Matilde, entrando várias vezes em conflito com ela.
Aproximava-se o início do novo ano lectivo. A avó levou as duas netas a Coimbra para comprarem todas as coisas necessárias para que pudessem dar entrada no colégio de Santa Isabel daquela cidade, como alunas internas.
Chegou o dia da apresentação no colégio. A avó acompanhou as netas. Conversou com a directora e, algum tempo depois despediu-se das duas, com um leve beijo na testa.
Clara e Leonor foram então acompanhadas por uma freira que lhes indicou o quarto que a partir daquele dia iriam ocupar no colégio. Foram-lhes mostradas as instalações e tudo aquilo era muito estranho para elas, pois o colégio que tinham frequentado em Lisboa era completamente diferente. O silêncio que reinava naquele lugar perturbava Leonor, sentindo-se por vezes oprimida. O mesmo não acontecia com Clara que, quase desde os primeiros momentos a capela passou a ser o centro das suas atenções e o seu refúgio. De aluna excelente, passou a ser apenas razoável, estudando pouco mais do que o indispensável para obter notas positivas. Deixou de ser uma rapariga comunicativa e passou a comportar-se de forma muito discreta. Só a relação com a irmã não teve qualquer alteração, mantendo-se sempre atenta e preocupada com o que pudesse entristecer ou afectar Leonor. No colégio, as duas irmãs questionavam-se por que motivo haveria tantas raparigas a viver num sítio onde não tinham a família e pensavam no pai que quase não as visitava, aumentando assim, cada vez mais a distância entre eles.
Nas conversas de ambas, era sempre lembrada a mãe e a ambição do futuro era que nunca se separassem uma da outra e tivessem uma grande casa pintada de cor- -de-rosa.
Depois de alguns meses no colégio Clara e Leonor tinham já autorização para passarem os fins-de-semana em casa da avó, onde brincavam e contavam histórias.
Os anos foram passando. Quando Leonor tinha catorze, não fazia a menor ideia do que queria ser um dia mais tarde mas, Clara tinha já feito a sua escolha, embora a avó planeasse para ela um curso de professora, para exercer num liceu ou colégio de Coimbra.
Aos vinte e um anos, depois de completar os estudos, numa tarde de Agosto, Clara comunicou à avó e à irmã que queria ser missionária, que brevemente viajaria para África e esperava aplicar os conhecimentos que tinha adquirido, junto de crianças órfãs, em Moçambique ou noutro país qualquer onde pudesse ser útil.
A avó ficou estupefacta com tal escolha e Leonor saiu da sala onde se encontravam, revoltada com a noticia da irmã, pensando que o facto de terem frequentada um colégio de freiras tivesse tido influência para aquela decisão mas, depressa concluiu que era a vocação da irmã.
Do futuro de Leonor, conhece-se pouco. Sabe-se apenas que vive na quinta que era da avó Matilde, tendo remodelado parte da casa, e pintado o exterior de cor-de-rosa, para concretizar os sonhos de infância das duas irmãs.
Clara, após a ida para Moçambique, veio a Portugal apenas uma vez, para ser madrinha da primeira filha adoptiva da sua irmã. Regressou novamente passados vinte anos, para o casamento da afilhada.
Esta emocionante história dá-nos a conhecer o drama das crianças que ficam órfãos.
Clara e Leonor tiveram a sorte de ter na família alguém que as acolhesse em casa, as protegesse e as mandasse estudar, em suma, tendo o que elas precisavam e assim, minimizar a ausência da mãe.
Mas, no mundo em que vivemos há milhares de crianças que perdem a mãe ou a mãe e o pai, ficando sós e desamparadas no mundo, ou seja sem amor. Muitas vezes acodem a estas desgraças, entidades religiosas ou casas dedicadas a esta causa.
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