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Resumo/Apontamentos sobre "O Jantar em casa dos Gouvarinhos", um dos episódios de Os Maias, realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano).
O Jantar em casa dos Gouvarinhos é um dos episódios da vida romântica da obra Os Maias e está inserido no capítulo 12.
Ega chega a Lisboa, e instala-se no Ramalhete, onde informa Carlos que encontrara a Condessa no comboio e que tinha combinado com ela um jantar no qual Carlos estava também convidado.
Segundo Ega, a Condessa mostrou-se bastante interessada em Carlos uma vez que durante a conversa entre os dois ela falou-lhe dele constantemente, irresistivelmente e imoderadamente.
Um ponto importante a focar é o facto de não ter sido Carlos quem aceitou ir ao jantar, mas sim o seu amigo Ega, que, frequentemente motivava Carlos a manter a sua relação com uma mulher casada. Carlos, por esta altura, tinha já conhecido uma outra pessoa que tinha despertado o seu interesse, a “brasileira” que, mal ele sabia, que a sua relação com a mesma o iria levar para dentro de um romance incestuoso.
“ (…) Porque nós vamos lá jantar na segunda-feira.
- Nós… Nós, quem?
- Nós. Eu e tu, tu e eu. A condessa convidou-me no comboio. E o Gouvarinho, como compete ao indivíduo daquela espécie, acrescentou logo que havíamos de ter também «o nosso Maia». O Maia dele, e o Maia dela… Santo Acordo! Suavíssimo arranjo!
Carlos olhou-o com severidade.
- Tu vens obsceno de Celorico, Ega. (…) ”
Como se pôde ver, a reacção de Carlos face à notícia de Ega foi de desagrado.
Na segunda-feira seguinte Carlos e Ega partiram para o jantar dos Gouvarinhos, onde, ao longo do dia, Carlos demonstrou bastante desinteresse pela Condessa.
“ (…) Desde a chegada da condessa, Carlos vira-a só uma vez, em casa dela; e fora uma meia hora desagradável, cheia de mal-estar, com um ou outro beijo frio, e recriminações infindáveis. Ela queixara-se das cartas dele, tão raras, tão secas. (…) “
“ (…) A condessa achava-o distraído; ele achava-a exigente. (…) ”
Durante essa tarde, a Condessa conseguiu ainda com que Carlos lhe prometesse que iria a casa da sua tia, no entanto, Carlos não apareceu, o que mostra também, o seu desinteresse.
Já pela noite, a caminho do jantar, Ega conta a Carlos que soube do seu romance com a “brasileira” pelo Dâmaso
“ (…) Na sala de jantar, um pouco sombria, forrada de papel cor de vinho, escurecida ainda por dois antigos painéis de paisagem tristonha, a mesa oval, cercada de cadeiras de carvalho lavrado, ressaltava alva e fresca, com um esplêndido cesto de rosas entre duas serpentinas douradas. Carlos ficou à direita de condessa (…) “
– [Os Gouvarinhos]
– Carlos de Maia
– João da Ega
– Sousa Neto
– Mulher de Sousa Neto
– D. Maria da Cunha
– Baronesa de Alvim
A condessa falou a Carlos acerca do seu romance com a “brasileira” deixando-o com a sensação de que já toda a gente sabia
“ (…) – Esperei meia hora; mas compreendi logo que estaria entretido com a brasileira… (…) “
Exílio de Ega a Celorico (entre o Ega, a Condessa e a D. Maria)
Estagnação Social (entre o Carlos e a baronesa)
“ (…) – Creio que não há nada de novo em Lisboa, minha senhora, desde a morte do Sr. D. João VI. (…) “
Escravatura – face a este tema, despoletou-se uma discussão argumentativa entre Sousa Neto e João da Ega, onde este último demonstrou um carácter crítico e impiedoso. Ao longo da discussão Sousa Neto demonstrou bastante superficialidade nas suas opiniões e ainda alguma ignorância.
Paradoxos – Vendo Sousa Neto um pouco atordoado com a discussão, o Conde interrompe-a, dizendo que Ega estava apenas a tentar fazer um paradoxo. Neste momento, inicia-se uma conversa sobre paradoxos, onde o Conde referiu que conhecia uma pessoa que elaborava brilhantes paradoxos, dificílimos de sustentar; no entanto não se conseguiu lembrar de nenhum, revelando portanto, bastante falta de memória. Excerto: “Ó Teresa, lembras-te daquele paradoxo do Barros? Ora sobre que era, meu Deus? Enfim, um paradoxo muito difícil de sustentar… Esta minha memória!”
(Ainda à mesa) – Reconciliação Carlos/Condessa
Durante o jantar, um tema também abordado foi a Sociedade Protectora dos Animais e os seus benefícios; Ega, que tanto animou aquele jantar, disse uma piada sobre este assunto, que fez com que toda a gente se risse. Este riso, mais particularmente, do Carlos e da Condessa (que estavam lado a lado) fez com que se quebrasse a frialdade que até ao momento os tinha conservado.
Aproveitando o clima, Carlos ocupa-se de se justificar acerca do seu romance com a “brasileira”; defendeu-se dizendo que a Miss Sara estava doente, e que ela a apenas tinha levado ao seu consultório para uma consulta. A Condessa rapidamente confessou que tinha sido o Dâmaso que lhe tinha contado e concordou em como ele não era de confiança.
Excertos comprovativos – É perfeitamente verdade que eu vou a casa dessa senhora, (…) mas é porque ela tem a governanta muito doente com uma bronquite e eu sou o médico da casa.”
“ A Condessa bebia estas palavras, deliciosamente, dominada pelo belo olhar com que ele lhas murmurava: e o seu pé apertava o de Carlos numa reconciliação apaixonada, com a força que desejaria pôr num abraço – se ali lho pudesse dar.”
Após terminar o jantar, o Ega, o Conde e o Sousa Neto levantaram-se para fumar um charuto; foi aqui que se falou na educação das mulheres, nomeadamente, em como elas deveriam ser apenas dotadas para trabalhar e amar, e não para a literatura. Verificou-se portanto, uma enorme descriminação por género.
Excertos comprovativos: (Ega) – “ A mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem” ; (Conde) – “Decerto o lugar da mulher era junto ao berço, não na biblioteca”
Teve como objectivo reunir a alta burguesia e a aristocracia e radiografar a sua ignorância
Permitiu, através das conversas, observar a degradação dos valores sociais, o atraso intelectual do país e a mediocridade mental de algumas figuras de alta burguesia e da aristocracia
Foi possível de observar um deslumbramento pelo que é estrangeiro, mostrando-se assim, aquilo que é o carácter da sociedade portuguesa que tenta imitar o que é estrangeiro, e fracassa
Mostrou o contraste entre o aparato exterior de alguns intervenientes e a sua ignorância mental, nomeadamente, os que representaram as classes dirigentes do país
A relação do capítulo 12 com a Intriga Principal está no que acontece após o jantar; Carlos, depois de sair da casa da tia da Condessa (onde o mantiveram “aprisionado” durante a tarde), foi visitar Maria Eduarda, onde lhe declarou o seu amor, que é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante o desejo de Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe das coscuvilhices e dos vizinhos, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft – Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o motivo do mesmo.
É através dos vários episódios da vida romântica que Eça nos remete para a caracterização da sociedade portuguesa, sendo que estes assumem a forma de crítica e de sátira social. Ele transporta-nos para uma sociedade onde os defeitos sociais impedem o progresso e renovação de mentalidades e onde ninguém parece ter inteligência ou vontade para alterar essa situação. Essas pessoas vivem na ignorância e no refúgio do luxo, fazendo pouco ou nada que possa ser considerado útil. No jantar, as características mais marcantes foram:
A sociedade descrita por Eça encontra-se ainda hoje, “à solta”. A crítica que ele faz à sociedade do século 19, caracterizando-a como fútil, superficial e ignorante, constitui uma verdadeira caricatura da antiga sociedade portuguesa que, apesar de os contextos serem diferentes, está ainda conservada.