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Trabalho escolar sobre uma saída de campo na Península de Setúbal, realizado no âmbito da disciplina de Geologia no tema: “A história da Terra e da Vida”.
Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Geologia no tema: “A história da Terra e da Vida”, na medida em que é suposto interpretarmos o conceito de tempo geológico a partir de diversos documentos, estabelecendo uma equivalência entre unidades cronostratigráficas e geocronológicas, como saber elaborar perfis topográficos e geológicos utilizando tabelas cronostratigráficas e cartas geológicas, utilizando alguns conceitos da matemática e de educação visual, caracterizar os principais acontecimentos que ocorreram ao longo da evolução paleogeográfica na Terra, mais em concreto na zona onde a nossa escola se insere, a Península de Setúbal e também interpretar e explorar, a partir de uma carta geológica e no contexto de atividades de campo, as principais características geológicas e a evolução da região onde a escola se insere.
No âmbito do que foi referido anteriormente a saída de campo à Serra da Arrábida dividiu-se em três partes, sendo a primeira, no dia 13/11/2019, que serviu para preparação e reconhecimento de todos os terrenos que iriam ser apresentados nas saídas dos dias 18 e 28 de Novembro. A segunda, no dia 18/11/2019, serviu para os alunos do 2º turno da nossa turma apresentarem geologicamente e tectónicamente o Castelo de Sesimbra, a Gesseira de Sesimbra, a Praia da Foz da Fonte e as Pegadas de Dinossauros da Pedreira de Avelino aos alunos da turma 10ºA3. A terceira, no dia 28/11/2019, serviu para os alunos do 1º turno apresentarem o Núcleo do Anticlinal do Formosinho, a Discordância Angular do Portinho da Arrábida; a Brecha da Arrábida Figura V - Brecha da Arrábida na Pedreira do Jaspe aos alunos do 10ºA1. Esta é a saída que se vai mais inserir neste trabalho pois é a qual em que nós participámos.
A Brecha da Arrábida está visível a todos na antiga Pedreira do Jaspe, Erro! A origem da referência não foi encontrada., onde antigamente se extraía a mesma, Erro! A origem da referência não foi encontrada.. Localiza-se a 38°27'28''N 9°00'35''W a 236m de altitude. Pode-se também encontrar a sua localização no Google Maps.
Figura I - Pedreira do Jaspe, Brecha da Arrábida
Figura II - Zonas de Extração da Brecha da Arrábida
A Serra da Arrábida está inserida na Bacia Sedimentar Lusitaniana. O aparecimento desta Bacia Sedimentar, teve por base a depositação de sedimentos sobre o soco maciço já existente. O mesmo, deu-se quando ocorreu o primeiro impulso tectónico da abertura do Atlântico Norte, ajudado pelo estiramento crustal associado à Pangeia, e dando origem à bacia na margem ocidental da Península Ibérica, o que também possibilitou a deposição de várias formações do Triássico e do Cretácico. (Ramalho)
Também se encontram rochas do Mesozoico nesta estratigrafia. Nas arribas litorais, entre o cabo espichel e a praia da foz da fonte, encontram-se depósitos de ambientes fluvial, lagunar e marinho. (Ramalho)
Por baixo da estratigrafia da bacia sedimentar, ocorreu, no Cretácico, o diapirismo e o magmatismo (plutónico), que causaram metamorfismo de contacto com os estratos do Triássico e deformação do mesmo, devido à pressão exercida pelo magma.
Por de baixo da estratigrafia da bacia sedimentar, ocorreu, no Cretácico, o diapirismo e o magmatismo (plutónico), que causaram metamorfismo de contacto com os estratos do Triássico e deformação do mesmo, devido à pressão exercida pelo magma.
Devido à colisão entre as placas litosféricas, africana e euroasiática, foi iniciado o levantamento da Serra da Arrábida, há cerca de 18 Milhões de anos.
A compressão, resultante do choque entre as placas litosféricas, provocou um descolamento S-N, estando agora evidências dessas mesmas forças descobertas pela erosão que está a acontecer ao longo dos tempos e pela exploração da pedreira. (Ramalho)
Encerrada desde os anos 70 do século XX, a Pedreira do Jaspe expõe uma das rochas ornamentais mais peculiares do país - a Brecha da Arrábida, observável em muitos dos monumentos da região e mesmo em alguns de Lisboa. Esta rocha sedimentar com cerca de 150 M.a., apresenta fragmentos carbonatados de diversas cores e em todos eles existem fósseis, porém, só em alguns é que estão visíveis, ligados por um cimento avermelhado. A importância deste local, deve-se ao facto de neste mesmo local terem ocorrido um conjunto de acontecimentos geológicos raros que ajudam na compreensão da história da Terra. (Natural.PT)
Os afloramentos da Pedreira do Jaspe põem em evidência uma série de processos relacionados com a sua génese, tal como um par de falhas normais, que juntas formam um graben distensivo. Os afloramentos da Pedreira do Jaspe permitem, ainda, o reconhecimento das forças tectónicas associadas à formação, ou levantamento, da Serra da Arrábida. (Natural.PT)
A Brecha da Arrábida foi utilizada, pelo menos, desde há dois mil anos, a partir da ocupação da Península Ibérica pelos Romanos. Ao longo do tempo, a sua utilização, evoluiu de estruturas exteriores Figura III, para interiores Figura IV. Desde o início do Barroco, esta rocha está quase exclusivamente ligada às artes decorativas com acabamento polido. Não foi só utilizada em Portugal como também em outros países europeus do mediterrânico e também no Brasil, especialmente em edifícios classificados como “Interesse Nacional” e como “Património Mundial” ou “Património Arquitetónico”, pela UNESCO. (Kullberg J. C., 2014)
A Arrábida foi proposta para a lista indicativa do património mundial da UNESCO em 2004. Os critérios usados para a proposta foram a biodiversidade e a geomorfológica presentes na mesma. (Kullberg J. C.)
A Brecha da Arrábida, foi formada por um processo de sedimentação consequente de um processo distensivo. Devido a correntes de convecção (que são plumas térmicas a temperaturas diferentes a efetuarem movimentos ascendentes e descendentes no Manto), “debaixo” do local onde se encontra atualmente a Pedreira do Jaspe, foram provocadas forças distensivas que quase originaram o Rift do Oc. Atlântico naquele local. Porém, essas correntes de convecção abortaram nesse local e unicamente provocaram a abertura de um graben distensivo, Figura VIII, onde atualmente se situa a pedreira. A abertura deste graben, provocou o desmoronamento de fragmentos de calcário (J2P), Figura VII, e que foram depositados no interior do graben e posteriormente cimentados pelas argilas presentes na água que os cobria. É a esta mesma rocha que se dá o nome de Brecha da Arrábida.
Neste local, existem também marcas da ocorrência de há 18 M.a. das forças compressivas devido ao choque da placa Africana com a Euroasiática, sendo as mesmas chamadas de estrias horizontais, formadas pelo desligamento e movimento horizontal de direção N-S das rochas lá existentes. Tudo isto pode-se observar na Erro! A origem da referência não foi encontrada.. A Brecha da Arrábida consiste numa rocha com clastos carbonatados de diversas cores num cimento também ele carbonatado-ferruginoso.
Insere-se na base da unidade “Margas, argilas, calcários com calhaus negros e conglomerados da Arrábida” (J3Ar), Erro! Autorreferência de marcador inválida. (CiênciaViva, 2014)
Esta rocha só existe exclusivamente no P. N. da Arrábida, e a sua extração foi definitivamente extinta, pois é uma rocha que já não está mais em formação e porque também se localiza na Zona Protegida do P. N. da Arrábida. Devido à sua Natureza calcária, é muito sensível à meteorologia, particularmente à chuva, pois, é facilmente meteorizada quimicamente pela água, e quando meteorizada quimicamente, forma terra rossa como é possível observar na zona estudada da pedreira.
Figura VI - Representação do Corte Geológico da Pedreira do Jaspe
Figura VII - Localização da Pedreira na Carta Geológica (G. Manuppella, 1994) (G. MANUPPELLA, 1999)
Figura VIII - Esquema da Abertura de um Graben Distensivo (Griem, 1999)
Foi iniciada a saída de campo à Península de Setúbal a partir da Escola Secundária da Moita com destino à nossa primeira paragem que, por uma questão de organização de tempo e de itinerário, teve que ser mudada para último lugar. Tendo assim começado a saída na 2ª paragem indicada no guião.
Nesta primeira paragem, foi possível estudar o núcleo do anticlinal do Formosinho, nomeadamente de que rochas é constituído, os tipos de tensões tectónicas associadas ao tipo de limite de placas e que provocaram a dobra, por ser antiforma e anticlinal com a devida explicação, a diferente inclinação entre os flancos e a orogenia da serra provocada pelo choque da placa africana com a euroasiática.
Nesta paragem, o nosso grupo iniciou a apresentação começando pela história do local onde a pedreira se encontra. Seguidamente, foi feita uma breve explicação sobre as rochas sedimentares, nomeadamente, o calcário e os conglomerados e sobre o Rifting associado às falhas normais e à abertura do Oceano Atlântico. Em seguida, foi feito um esquema do corte geológico da zona para uma melhor explicação aos alunos sobre os acontecimentos passados nesta zona. Após a esquematização, foi abrangido o tema das forças compressivas, forças Cisalhantes e o levantamento da serra da Arrábida. Para melhor entendimento dos alunos, foram apontados diretamente exemplos da ação das forças nas rochas, como o exemplo das estrias presentes no “Muro” a Este do local onde nos encontrávamos. Foi também testado numa amostra de brecha a reação que o calcário faz com os ácidos, comprovando assim que os Clastos da Brecha são formados por calcário. Tivemos o auxílio de um martelo de geólogo levado por um membro do grupo e de acido gástrico sintético levado pela Professora.
Nesta paragem, foi possível observar num primeiro instante o altar cristão e os atos de vandalismo que nele se encontram. Foi então explicado por um dos grupos a formação da gruta, devido à dissolução de carbonato de cálcio, bem como a grande presença de fósseis marinhos no conglomerado. Este local, é considerado uma exceção ao princípio da sobreposição. Foi também esclarecido que, há 30 mil anos, o mar desceu cerca de 60 metros abaixo do nível atual, assim, a gruta tornou-se, como se pode comprovar por vestígios arqueológicos descobertos no local, um abrigo para o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis.
Nesta paragem foi possível compreender um fato interessante sobre esta zona, os estratos de Calcários do Jurássico, que estão mais abaixo, estão subverticais, enquanto que o estrato de biocalcarenitos, que são uma combinação de calcário mais arenito com a presença de fósseis, está praticamente horizontal, o que indica que ocorreram forças compressivas aplicadas nesta zona até os estratos de calcário ficarem com esta inclinação, e que depois foi depositado um estrato do Miocénico e que eventualmente terá sido erodido. Esta afirmação pode ser comprovada devido ao intervalo de idades entre os estratos e, só depois foi depositado o estrato de biocalcarenitos, na horizontal.
Nesta paragem, foi-se demonstrado que há uma falha inversa (cavalgamento) foi formada no levantamento da Arrábida. Esta falha é facilmente observável ao redor do túnel que foi construído neste sítio. Na mesma paragem, esclareceu-se o porquê da construção do mesmo nesta área. Verificou-se que toda a parede de rocha estava envolta de estruturas de contenção de vertentes. Já quando íamos no autocarro, constatou-se que a dinâmica da praia da Figueirinha está diretamente associada ao esporão que lá foi construído, com o de impedir o transporte das areias, que formam aquela praia, pelas águas do mar.
Nesta paragem, paramos para almoçar e para dar início à caminhada pela Serra da Arrábida. Esta caminhada ficou dividida entre duas partes: a subida e a descida. Na primeira parte deu-se a subida até ao ponto mais alto da Arrábida, a 501m de altitude. Na segunda da saída de campo deu-se a descida da Serra da Arrábida, que fora dificultada devido à chuva que caiu anteriormente ao início da caminhada e tornara o solo muito escorregadio, e também devido ao rápido escurecimento, tornando a nossa visão muito limitada. Ao todo, só na caminhada, foram percorridos cerca de 5 a 8 Km.
Ao longo deste trabalho, conseguiu-se interpretar o conceito de tempo geológico, estabelecendo-se as respetivas referências cronostratigráficas e geocronológicas, a partir de vários documentos científicos referenciados neste trabalho. Elaboraram-se perfis topográficos e geológicos com a ajuda de cartas geológicas. Também se caracterizou os principais acontecimentos que ocorreram ao longo da evolução paleogeográfica no planeta Terra e conseguiu-se interpretar, a partir da carta geológica 38-B Setúbal, (G. Manuppella, 1994), e no contexto das saídas de campo, as principais características da zona onde a escola se insere e a evolução da mesma e também através da sua notícia explicativa (G. MANUPPELLA, 1999).
Além disso, este trabalho serviu para promover estratégias que criassem oportunidades para nós, alunos, com a finalidade de se colaborar entre colegas e de se participar de forma construtiva em trabalho de grupo. Auxiliou, também, estratégias e modos de organização das tarefas que implicassem, por parte dos alunos, a aceitação de compromissos e responsabilidades adequadas, a organização e a realização de tarefas de forma autónoma e o cumprimento dos prazos propostos. De outra forma, proporcionou algumas estratégias que induziram a ações solidárias das tarefas de aprendizagem, isto é, a entreajuda e também estratégias de intervenção enquanto cidadãos cientificamente informados.
Embora a turma que nos acompanhou para a terceira saída fosse composta por um grande número de alunos, não tornou, de modo algum, a saída e a abordagem de cada paragem mais complicada e, nem foi necessário recorrer a chamadas de atenção frequentes, uma vez que os mesmos colaboraram, tomando sempre atenção à explicação que estava a ser feita, participando inúmeras vezes e questionando de imediato o que não entendiam.
No entanto, as condições meteorológicas não foram as melhores tendo dificultado um pouco, a visualização das deslumbrantes paisagens que era possível observar de alguns locais, devido ao nevoeiro e, além disso, a chuva, molhava os cadernos de campo enquanto se escrevia os apontamentos no mesmo, mas, independentemente deste percalço, os apontamento não ficaram ilegíveis apenas apresentando algumas manchas de gotas de água. Por outro lado, a chuva teve algum impacto na caminhada, visto que tornou o solo extremamente escorregadio elevando assim bastantemente o nível de dificuldade do trilho.
Uma outra coisa a lamentar, foram os atos de vandalismo que se observaram na Lapa de Santa Margarida, 4ª paragem, e que foram não só os desenhos de grafiti nas paredes da gruta, como também as estalactites que foram arrancadas.
Vale ainda referir a excelente qualidade dos materiais utilizados, bem como, os martelos de geólogo e o ácido gástrico sintético utilizado. Já as rochas estudadas apresentavam, visivelmente, um avançado estado de meteorização química.
Em suma, estas saídas foram bastante enriquecedoras e permitiram que os conteúdos estudados em aula fossem aplicados de modo a conhecer a história geológica de locais reais, em contacto com a natureza e de uma forma mais didática e estimulante que, outrora não seria possível numa sala de aula que acaba por se tornar num ambiente monótono e limitante à criatividade dos alunos, a posteriori, desenvolvendo uma predileção pela disciplina e, futuramente pela área de formação e no mercado de trabalho.
CiênciaViva. (2014). Ciencia Viva no Verão. Obtido de http://www.cienciaviva.pt/veraocv/2014/downloads/CV_SPE_Arr%C3%A1bida(1).pdf
G. Manuppella, J. P. (1994). Download de Cartografia Geológica, à escala 1:50000. (INEG, Ed.) Obtido de http://geoportal.lneg.pt/geoportal/egeo/DownloadCartas/images/38-B.pdf
G. MANUPPELLA, M. T. (1999). NOTÍCIA EXPLICATIVA DA FOLHA 38-B SETÚBAL. Obtido de NOTÍCIA EXPLICATIVA DA FOLHA 38-B SETÚBAL: http://geoportal.lneg.pt/geoportal/egeo/DownloadCartas/noticias/38-B.pdf
Kullberg, J. C. (2014). Geological and Cultural Routes of the Arrábida Breccia: A Contribution to the Nomination of Arrábida for UNESCO’s Mixed World Heritage List. Em J. C. Kullberg, R. Rocha, J. Pais, & S. Finney (Ed.), STRATI 2013. First International Congress on Stratigraphy At the Cutting Edge of Stratigraphy, pp. 303-309. Lisboa: Springer International Publishing. doi:10.1007/978-3-319-04364-7
Kullberg, J. C. (s.d.). Potencialidades de utilização cultural da “Brecha da Arrábida”. Obtido de https://drive.google.com/file/d/1EP4Mjn_N9KFBwUDtHCYRNc3AZLR5xrs/view?pli=1
Natural.PT. (s.d.). Pedreira do Jaspe. Obtido de https://natural.pt/protectedareas/parque-natural-arrabida/geosites/pedreira-do-jaspe?locale=pt
OLIVEIRA, L. (s.d.). Evento em destaque: Visita ao Convento de Jesus (Setúbal). Obtido de https://mail.geopt.org/index.php/artigos/rubricas-semanais/aconversa-com/item/3372-evento-em-destaque-visita-ao-convento-dejesus-setubal
Ramalho, M. L. (s.d.). ASPECTOS GEOLÓGICOS E MORFOLÓGICOS DA SERRA DA ARRÁBIDA. Obtido de https://drive.google.com/file/d/12HOiZNdsGRd_gqAfmH7M8HPsySayfGQ8 /view
MP. ML. MB. CR. EM.