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Trabalho que procura explicar o poema "Destino" do livro "Folhas Caídas" de Almeida Garret, realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano).
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Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Florece!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?
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Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
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Ai!, não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino.
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.
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A nível de estrutura externa do poema, Almeida Garrett opta por três estrofes de oito versos (oitava) e usa, relativamente ao esquema rimático, a rima cruzada (ABAB) nos primeiros quatro versos de cada estrofe e a rima emparelhada (AABB) nos dois últimos versos de cada estrofe. A rima é também rica e atoante. Quanto ao esquema métrico o poema é composto por redondilhas maiores (7 sílabas métricas), por octossílabos (8 sílabas métricas) e o último de todos os versos é hexassilábico (6 sílabas).
A nível da estrutura interna, este poema está dividido em duas partes. A primeira parte, contém a primeira e a segunda estrofes, onde o poeta se interroga sobre quem ensina os seres da Natureza a cumprirem o seu papel. Na segunda parte, que contém a terceira estrofe, o sujeito poético, também, como os outros seres, cumpre o seu destino, que neste caso é o de amar a sua amada.
Durante todo o desenrolar do poema, são referidos alguns elementos da Natureza que cumprem as suas tarefas: a estrela segue o seu caminho no céu; a ave faz o seu ninho; a planta floresce; o verme tece o seu casulo (mortalha de seda) e a abelha recolhe o pólen da flor para fazer o seu mel. O sujeito poético questiona-se então, sobre a forma como estes elementos adquirem o conhecimento para realizarem as suas funções. Entretanto, apercebe-se, que também ele faz algo sem se aperceber, que também ele vive para algo. O sujeito poético descobre que, apesar de ninguém lhe ter dito para amar, ele vivia para ela e que o amor dela era o seu bem mais precioso. Conclui então, que tal como a abelha percorre os campos à procura de flores, que tal como as estrelas dão “voltas” ao céu, que tal como todos os seres, que, por instinto, cumprem o seu destino, ele também cumpre o seu, o de a amar, o de só viver para ela e o de só morrer por ela. O sujeito poético acha que o seu fado, o motivo porque nasceu foi para a amar no seu “seio divino”. (Para Almeida Garrett, a mulher é vista como um ser essencial à sua sobrevivência.)
Quanto às figuras de estilo, são utilizadas a personificação e a comparação. A personificação é explícita, pois o poeta dá “vida” aos animais, às plantas e à estrela quando lhes traça um destino. A comparação está implícita, pois tal como todos os elementos da Natureza cumprem o seu destino, por instinto, também o sujeito poético, cumpre o seu, amando aquela que o destino lhe confiou.