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Trabalho sobre a ilha dos amores, canto IX da obra os Lusíadas, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano).
Este episódio denominado Ilha dos amores localiza-se no canto IX dos dez que constituem Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões.
Os Lusíadas dividem-se em quatro partes: a preposição, a invocação, a dedicatória e a narração onde se situa este episódio.
Para além destas quatro partes, a obra ainda se encontra dividida em quatro planos: a viagem de Vasco da Gama, a história de Portugal, o maravilhoso e as intervenções do poeta, sendo que este episódio se localiza no plano do maravilhoso.
O episódio da ilha dos amores expõe a vontade da deusa Vénus em premiar o seu tão amado povo lusitano com a oferta da paragem numa ilha paradisíaca, “fresca e bela”, encantada pela beleza da Natureza das “fontes límpidas”, da “verdura” e das “Mil árvores” que “estão ao céu subindo”. Nessa ilha maravilhosa, os portugueses foram cortejados e namorados pelas sedutoras ninfas, que obedecendo às ordens de Vénus ofereceram uma certa resistência de modo a que “se fizessem primeiro desejadas”.
Com o intuito de realçar a beleza da Ilha, Camões transmite uma gradação ascendente da vista sobre a mesma, iniciando com uma visão geral “Houveram vista da Ilha namorada” e transmitindo cada vez mais a sua aproximação “De longe a ilha viram”, acabando pelo aspeto completo desta, centrando a sua fauna e flora: “Três fermosos outeiros se mostravam”, “A cidreira com os pesos amarelos”.
É possível encontrar cinco recursos estilístico em vários versos da Ilha dos amores sendo eles: a metáfora, “A laranjeira tem no fruto lindo /A cor que tinha Dafne nos cabelos”, o poeta pretende fazer a comparação da cor da laranjeira com a cor dos cabelos de Dafne, transmitindo assim a possibilidade de estes serem ruivos; hipérbole: “Três formosos outeiros se mostravam / Erguidos com soberba graciosa”.; adjetivação: “De longe a Ilha viram fresca e bela”, “Com pomos odoríferos e belos”, e ainda, a sinestesia: “Claras fontes límpidas manavam”, “Com pomos odoríferos e belos”, “Alguas, doces cítaras tocavam / Alguas, harpas e sonoras frautas”, todos estes recursos servem para a enaltecer a beleza e encanto da ilha.
Por último temos uma gradação ascendente da visão sobre a ilha: “Houveram vista da Ilha namorada”, “De longe a ilha viram”, “Três fermosos outeiros se mostravam”.
Em consequência da leitura de diversas estrofes do episódio em questão somos capazes de constatar o uso predominante de tempos verbais como o presente, o pretérito-imperfeito e o gerúndio. Estes tempos servem para conferir ao leitor a sensação de que a ação é contínua, ainda está a ocorrer e por consequente a realidade da mesma. Nas expressões: “levava”, “adornavam”, “estão” e “subindo” comprovamos o valor durativo que se pretende conceder à aventura.
Esta epopeia é constituída por um número variável de estrofes, sendo todas elas oitavas. O esquema rimático é o seguinte: abababcc, cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos. Todos os versos são decassílabos heroicos, acentuados na 6ª e 10ª silabas.
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Co/res/ de/ quem/ a/ vis/ta/ jul/ga e/ sen/te
Que/ não/ e/ram/ das/ ro/sas/ ou/ das/ flo/res
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Em relação à importância deste episódio na estrutura da obra, podemos dizer que, Camões teve como objetivo imortalizar os heróis lusitanos que se aventuraram por mares nunca antes navegados. Este é, por isso, um episódio de carácter simbólico, na medida em que representa a recompensa e os prémios entregues e merecidos por todos os que buscaram fama e a glória, em nome da pátria, passando por perigos e sacrifícios para alcançar o seu sonho. Porém este não é o único motivo evidenciado, a partir da análise dos vários versos, podemos concluir que o poeta também possuía a ideia de condenar a cobiça e a tirania.