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O rei e a corte régia no Ocidente europeu da 2º metade do século XIV - NotaPositiva
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O teu país

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Smith Mendes

Escola

Escola Secundária Luís de Freitas Branco

O rei e a corte régia no Ocidente europeu da 2º metade do século XIV

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Temática histórica: O rei e a corte régia no Ocidente europeu da 2º metade do século XIV (a partir do caso inglês)

Os historiadores discutem a validade do uso dos conceitos de classe social e de revolução na Idade Média, March Bloch historiador francês afirmou que “a revolta agraria aparece tão inseparável do regime senhorial como, por exemplo, a greve dos trabalhadores de uma grande empresa capitalista”.

De facto, no mundo medieval que continuava a ser agrário, a principal oposição encontrava-se entre os senhores feudais e os camponeses que estavam sobre a sua jurisdição, uma oposição que acontecimentos como pestes, carências alimentícias e guerras exarcebaram entre os seculos XIV e XV.

É importante salientar que as rebeliões naquela época protagonizadas pelos Jacques franceses ou pelos camponeses ingleses que seguiam Wat Tyler, não foram só respostas a exigências iníquas: nelas estava latente uma reivindicação de dignidade humana – existia um idealismo de aspirações igualitárias para as classes sociais mais prejudicadas, que séculos mais tarde se iria materializar com a Revolução Francesa – no desígnio da “liberdade, igualdade e fraternidade” e com a Declaração dos Direitos do Homem, com a proclamação de que “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”.

Tal quesito pode ser encontrado na proclamação de Guillaume Cale, dirigente dos Jacques “despertemos meus bons amigos, demonstremos que somos homens e não animais” ou na retórica efervescente e eloquente de John Ball  “Se todos vimos de um pai e de uma mãe, Adão e Eva quem são eles (os nobres) para dizerem ou revelarem-se melhor do que nós?” a pergunta retorica de Ball, um clérigo que marchava lado a lado com os sublevados ingleses, era uma antecipação do cataclismo que iria ocorrer neste seculo no Ocidente europeu devido as diferenças colossais sociais e a injustiça de classes.

Estas rebeliões sociais que se foram sucedendo-se não questionavam a autoridade do monarca, pois procuravam-no como interlocutor, para reparar as injustiças. Expressavam aspirações mediante linguagem bíblica, o único livro que era conhecida por todos, inclusive os analfabetos, na bíblia exaltava-se a pobreza e censurava-se os ricos, pela ausência de caridade. A critica social, carente de linguagem própria, envolvia-se nas roupagens evangélicas, e a utopia social era por sua vez a utopia religiosa.

No norte de França algumas centenas de pessoas das vilas rurais, sem chefes, reuniram-se em assembleias na localidade de Beauvaisis (Lille), nesta assembleia as palavras de ordem foram de que os nobres do reino de França, cavaleiros e escudeiros envergonhavam e atraiçoavam o reino, e que seria um grande bem se fossem destruídos, a assembleia respondeu em uníssono “É verdade! É verdade! Que a vergonha seja para aqueles que não destrua todos os gentis-homens!” Assim, os camponeses reuniram-se noutro conselho e, sem mais armas para lá de estacas com pontas de ferro e facas, foram a casa de um cavaleiro que vivia ali perto, irromperam pela casa a dentro e mataram o cavaleiro, a mulher, os filhos e queimaram-lhe a casa.

Estes dois acontecimentos serão o catalisador para o grande levantamento dos camponeses franceses no ano de 1358, denominada – A Grande Jacquerie. Segundo relatou o cronista medieval Jean Froissart, para ele a revolta fora apenas uma sublevação momentânea, porém a detonação de outros movimentos de camponeses, contra os privilégios da nobreza na restante França e noutros países no Ocidente europeu, mostrou o enorme descontentamento que grassava nas zonas rurais.

Em 1358 consumida pela Guerra dos Cem Anos contra os ingleses, a França viva momentos difíceis, a constante subida de impostos unia-se ao descrédito cada vez maior de uma nobreza dividida e incapaz de fazer frente aos ingleses, que mantinha cativo o rei da França desde 1356, aliado ao baixo preço dos cereais e os constantes ataques dos mercenários que saqueavam aldeias e cidades. Quando a Nobreza aprova um novo imposto para suportar os custos da guerra, deflagra uma grande rebelião de camponeses contra a Nobreza: A Jacquerie, embora na mesma não participassem só camponeses: na luta intervieram agricultores ricos, artesãos e até burgueses de Paris, era uma luta de classes transversal contra o status quo instituído.

Sobre o comando de Cale a revolução social dos Jacques estendeu-se por todo o Norte de França, Froissart descreveu o terror que os seus ataques causaram entre a Nobreza: “Todos os cavaleiros, damas e escudeiros, as suas mulheres e filhos fugiam pavorosamente deles; e as suas damas e donzelas eram levadas para vinte léguas de distância, para aonde pudessem estar seguras; e deixavam as suas casas vazias e os bens no interior; e estas gentes más, sem chefes e sem armaduras roubavam e queimavam tudo, e matavam e forçavam e violentavam todas as damas”.

A reação da Nobreza foi fulminante e segundo descreve Froissart “começaram a matar e a decapitar as gentes más sem piedade e sem misericórdia; e penduravam-nos em ramos de árvores aonde os encontravam”, consequentemente com a morte de Calle e a derrota dos Jacques, os suspeitos de terem participado na revolta que durara duas semanas foram enforcados e estabeleceu-se uma estreita vigilância para sufocar qualquer nova tentativa de rebelião, estima-se que só em um mês a purga da Nobreza tenha provocado a morte a mais de vinte mil vitimas, os suspeitos eram executados de imediato sem qualquer tipo de julgamento durante a campanha de terror e vigilância.

A Guerra dos Cem Anos foi também largamente sentida pelos camponeses ingleses, aliado a peste negra estes factores condicionaram e pioraram dramaticamente as suas condições de vida. Perante estas vicissitudes a Coroa e os senhores feudais mostravam indiferença, e estavam pouco dispostos a renunciar aos seus tributos, mantinham a mesma exigência dos anos anteriores a epidemia, pretendiam desse modo compensar a queda a pique das suas rendas devido a morte de muitos camponeses por causa da peste negra, porém a mão de obra era substancialmente menor o que sobrecarregava ainda mais os camponeses.

Em 1381, os maus resultados da guerra, aliado aos aumentos contantes dos impostos, criaram um tremendo desconforto social, nesse mesmo ano os camponeses de Essex enfrentaram os cobradores de impostos, a intervenção dos funcionários reais avivou o descontentamento dos camponeses que esperavam que a Coroa fosse o mediador da contenda, mas verificaram que a Coroa tomava partido contra eles, agravando-se os abusos cometidos por parte dos senhores feudais e dos conselheiros do rei.

Descontentes com o status quo e acreditando que o soberano estava refém dos seus conselheiros traidores, os camponeses rebeldes liderados por Tyler e Ball marcharam até londres, o panorama que encontraram não lhes poderia ser mais favorável os pobres de Londres juntaram-se a revolta, e durante dias a cidade foi pilhada, a Torre de Londres, símbolo da autoridade da Coroa foi saqueada quando o Monarca Ricardo II saiu do cerco para se encontrar com Tyler.

A própria natureza do regime senhorial medieval, produzia tensões sociais, jurídicas e económicas que desencadeavam o descontentamento e a saturação: sobre o camponês recaía a maior parte do trabalho e os senhores dispunham de rendas, censos, multas, direitos jurídicos, contribuições especiais ou, pura e simplesmente da força bruta, aludindo a premissa de roma locuta, causa finita.

Este paradigma do status quo fez com que as comunidades de camponeses no ocidente europeu e particularmente na França e na Inglaterra, desenvolvessem um exacerbado sentimento de identidade e solidariedade perante os senhores feudais e a Coroa, apesar de formada de diferentes pessoas de estratos sociais e níveis de riqueza, existia um sentimento de identidade partilhada perante aquilo que as ameaçava.

Em Portugal o reinado de D. Afonso IV e de D. Pedro I, foi marcado por graves dificuldades económicas que foram agravadas com o aparecimento da peste negra, que provocou a morte de um elevado numero de pessoas. Os campos viram a sua produção diminuir provocando a fome entre a população mais desfavorecida, D. Afono IV promulgou leis que procuravam mitigar os efeitos da crise, como as Pragmáticas, através das quais evitava os gastos excessivos, e outras que impediam o abandono dos campos, cujo cultivo era essencial para combater a falta de cereais que então se verificava.

Esta consciência da injustiça do regime senhorial refletiu-se nos movimentos da revolta da Baixa Idade Média, a Grande Jacquerie de 1358 descrita por Froissart; o levantamento do campesinato inglês de 1381, liderado por Tyler; as guerras dos camponeses remensas no campo catalão são exemplos de algumas das amostras mais significativas das reivindicações europeias naquela época. Estes levantamentos demonstram a Coroa e a Nobreza o poder dos camponeses, quando estes se organizavam e esse facto passou a ser uma clivagem nas relações entre senhores e camponeses no futuro.

Parafraseando Ball numa das suas magnificas pregações eloquentes: “Se Deus tivesse criado escravos desde o início, ele teria designado quem deveria ser escravo e quem deveria ser livre. E assim exorto-vos a verem que chegou o momento, decidido por Deus na qual podeis, livres do jugo da escravidão, recuperar a vossa liberdade” Ball criticava veementemente nos seus discursos a existências de primus inter pares entre os demais na sociedade medieval. A segunda metade do século XIV permanece indelevelmente de certa forma rubricada pela saturação e as revoltas violentas dos camponeses rebeldes abatidos pela escassez alimentícia e ostracizados contra os senhores feudais privilegiados e ricos em mercadorias e colheitas.



248 Visualizações 20/05/2019