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Alberto Caeiro - NotaPositiva

O teu país

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Patrícia Tomás

Escola

Escola Secundária da Amadora

Alberto Caeiro

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Resumo do trabalho

Trabalho escolares sobre Alberto Caeiro (biografia e análise de poemas), realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano).


Biografia de Alberto Caeiro

Alberto Caeiro foi criado por Fernando Pessoa no dia 8 de Março de 1914. Através da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro é possível construir uma pequena biografia de Alberto Caeiro. Segundo Pessoa Caeiro nasceu a 16 de Abril de 1889 “em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó, pois os seus pais cedo faleceram. Foi no Ribatejo que escreveu numa única noite e a fio, (“escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir”), um conjunto de poemas aos quais deu o titulo de “O Guardador de Rebanhos”, também “ O pastor amoroso” foi escrito no Ribatejo.alberto-caeiro

Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária, vivia de pequenos rendimentos. De  regresso a Lisboa  escreveu poemas inconjuntos. Foi na capital que, em 1915, com apenas 26 anos, morreu tuberculoso.

Fisicamente Caeiro era de estatura média, cara rapada, loiro quase sem cor e de olhos azuis, é descrito como uma pessoa frágil apesar de não o aparentar.

Alberto Caeiro, o «mestre», em torno do qual se determinam os outros heterónimos, nasceu em Abril de 1889 em Lisboa, mas viveu grande parte da sua vida numa quinta no Ribatejo onde viria a conhecer Álvaro de Campos. A sua educação cingiu-se à instrução primária, o que combina com a simplicidade e naturalidade de que ele próprio se reclama. Louro, de olhos azuis, estatura média, um pouco mais baixo que Ricardo Reis, é dotado de uma aparência muito diferente dos outros dois heterónimos. É também frágil, embora não o aparente muito, e morreu, precocemente (tuberculoso), em 1915. O mestre é aquele de cuja biografia menos se ocupou Fernando Pessoa. A sua vida foram os seus poemas, como disse Ricardo Reis:

«A vida de Caeiro não pode narrar-se pois que não há nela mais de que narrar. Seus poemas são o que houve nele de vida. Em tudo o mais não houve incidentes, nem há história».(in Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

Aparece a Fernando Pessoa no dia 8 de Março de 1914, de forma aparentemente não planeada, numa altura em que o poeta se debatia com a necessidade de ultrapassar o paúlismo, o subjectivismo e o misticismo. É nesse momento conflituoso que aparece, de rompante, uma voz que se ri desses misticismos, que reage contra o ocultismo, nega o transcendental, defendendo a sinceridade da produção poética, um ser manifestamente apologista da simplicidade, da serenidade e nitidez das coisas, um ser dotado de uma natureza positivo-materialista e que rejeita doutrinas e filosofias. É este ser que no dia 8 de Março escreve de rajada 30 e tal poemas de O Guardador De Rebanhos. Grande parte da produção poética de Ricardo Reis parece ter sido sempre escrita deste jeito impetuoso em momentos de súbita inspiração. A essa voz, Fernando Pessoa dá o nome de Alberto Caeiro.

Alberto Caeiro dá também voz ao paganismo. Segundo Fernando Pessoa,«A obra de Caeiro representa uma reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.330).

Apresenta-se como o poeta das sensações; a sua poesia sensacionista assenta na substituição do pensamento pela sensação («Sou um guardador de rebanhos. / O rebanho é os meus pensamentos / E os meus pensamentos são todos sensações».). Alberto Caeiro é o poeta da natureza, o poeta de atitude antimística («Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o. / Sou místico, mas só com o corpo. / A minha alma é simples e não pensa. / O meu misticismo é não querer saber. / É viver e não pensar nisso»).

É o poeta do objectivismo absoluto. Ricardo Reis afirma que«Caeiro, no seu objectivismo total, ou, antes, na sua tendência constante para um objectivismo total, é frequentemente mais grego que os próprios gregos». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.365). É também o poeta que repudia as filosofias quando escreve, por exemplo, que «Os poetas místicos são filósofos doentes / E os filósofos são homens doidos e que nega o mistério e o a busca do sentido íntimo das coisas: O único sentido íntimo das coisas / É elas não terem sentido íntimo nenhum.».

Fernando Pessoa deixou um texto em que explicita o valor de Caeiro e a mensagem que este poeta nos deixou e pode servir de base para a comprrensão da sua obra:

«A um mundo mergulhado em diversos géneros de subjectivismo vem trazer o Objectivismo Absoluto, mais absoluto do que os objectivistas pagãos jamais tiveram. A um mundo ultracivilizado vem restituir a Natureza Absoluta. A um mundo afundado em humanitarismos, em problemas de operários, em sociedades éticas, em movimentos sociais, traz um desprezo absoluto pelo destino e pela vida do homem, o que, se pode considerar-se excessivo, é afinal natural para ele e um correctivo magnífico». (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.375).

Alberto Caeiro (16 de Abril de 1889 - 1915) é considerado o Mestre Ingénuo dos heterônimos e do próprio Fernando Pessoa, apesar da instrução primária.

Foi um poeta ligado à natureza, que despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão ("pensar é estar doente dos olhos"). Proclama-se assim um anti-metafísico. Afirma que, ao pensar, entramos num mundo complexo e problemático onde tudo é incerto e obscuro. À superfície é fácil reconhecê-lo pela sua objetividade visual, que faz lembrar Cesário Verde, citado muitas vezes nos poemas de Caeiro por seu interesse pela natureza, pelo verso livre e pela linguagem simples e familiar. Apresenta-se como um simples "guardador de rebanhos" que só se importa em ver de forma objetiva e natural a realidade. É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realid

Ideologias

Mestre dos outros heterónimos e do voi próprio Fernando Pessoa Ortónimo porque, ao contrário destes, consegue submeter o pensar ao sentir, o que lhe permite:

  • viver sem dor;
  • envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
  • não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que lhe rodeiam;
  • sentir sem pensar;
  • ser um ser uno (não fragmentado);

Poeta do real objectivo, pois aceita a realidade e o mundo exterior como são com alegria ingénua e contemplação, recusando a subjectividade e a introspecção. O misticismo foi banido do seu universo.

Poeta da Natureza, porque anda pela mão das Estações e integra-se nas leis do universo como se fosse um rio ou uma árvore, redendo-se ao destino e à ordem natural das coisas.

Temporalidade estática, vive no presente, não quer saber do passado ou do futuro. Cada instante tem igual duração ao dos relâmpagos, ou à das flores, ou ao do sol e tudo o que vê é eterna novidade; É um tempo objectivo que coincide com a sucessão dos dias e das estações. A Natureza é a sua verdade absoluta.

Antimetafísico, pois deseja abolir a consciência dos seus próprios pensamentos (o vício de pensar) pois deste modo todos seriam alegres e contentes.

Crença que as coisas não têm significação: têm existência, a sua existência é o seu próprio significado.[

Temas

Os seguintes temas são os mais abordados ao longo da sua poesia e os seus respectivos chavões de identificação.

Objectivismo:

  • atitude antilírica;
  • atenção à eterna novidade do mundo;
  • poeta da Natureza;

Sensacionismo:

  • poeta das sensações verdadeiras;
  • poeta do olhar;
  • predomínio das sensações visuais e auditivas;

Antimetafísico:

  • recusa do pensamento e da compreensão (pensar é estar doente dos olhos)
  • recusa do mistério e do misticismo;

Painteísmo naturalista:

  • Deus está na simplicidade e em todas as coisas.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem por que ama, nem o que é amar…

Alberto Caeiro, excerto de ‘’O Guardador de Rebanhos’’.

Estilo

  • Estilo discursivo.
  • Pendor argumentativo.
  • Transformação do abstracto no concreto, frequentemente através da comparação.
  • Predomínio do substantivo concreto sobre o adjectivo.
  • Linguagem simples e familiar.
  • Liberdade estrófica e métrica e ausência de rima.
  • Predomínio do Presente do Indicativo.
  • Raro uso de metáforas.

Fernando Pessoa explicou  a “vida”de cada um de seus heterónimos. Assim apresenta a vida do mestre de todos, Alberto Caeiro:

"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso."

Pessoa cria uma biografia para Caeiro que se encaixa com perfeição na sua poesia, como podemos observar nos 49 poemas da série O Guardador de Rebanhos. Segundo Pessoa, foram escritos na noite de 8 de Março de 1914, de um só fôlego, sem interrupções. Esse processo criativo espontâneo traduz exactamente a busca fundamental de Alberto Caeiro: completa  naturalidade.

“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem por que ama, nem o que é amar...”

Nasceu em em 1889, em Lisboa, e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase nenhuma: apenas a instrução primária. era de estatura média, frágil, mas não o aparentava. Era louro, de olhos azuis. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e deixou-se ficar em casa a viver dos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Escrevia mal o Português. É o pretenso mestre de A. de Campos e de R. Reis.  É anti-metafísico; é menos culto e complicado do que R. Reis, mas mais alegre e franco. É sensacionista. Alguns temas de eleição:

  • Negação da metafísica e valorização da aquisição do conhecimento através das sensações não intelectualizadas.; é contra a interpretação do real pela inteligência; para ele o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe as impressões subjectivas. Os poemas O Mistério das coisas, onde está ele? e Sou um guardador de rebanhos mostram-nos estas ideias.
  • Negação de si mesmo, projectado em Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois;
  • Atracção pela infância, como sinónimo de pureza, inocência e simplicidade, porque a criança não pensa, conhece pelos sentidos como ele, pela manipulação dos objectos pelas mãos, como no poema Criança desconhecida e suja brincando à minha porta;
  • Poeta da Natureza, na sua perpétua renovação e sucessão, da Aurea Mediocritas, da simplicidade da vida rural;
  • A vivência da passagem do tempo não existe, são só vivências atemporais: o tempo é ausência de tempo.

Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza.

Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. Ao anular o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afecta Pessoa.

Caeiro é o poeta da Natureza que está de acordo com ela e a vê na sua constante renovação. E porque só existe a realidade, o tempo é a ausência de tempo, sem passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são a unidade do tempo.

Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Passeando a observar o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.

É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplação dos objectos originais. Constrói os seus poemas a partir de matéria não-poética, mas é o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objectividade das sensações e da realidade imediata (“Para além da realidade imediata não há nada”), negando mesmo a utilidade do pensamento.

Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso; por isso, crê na “eterna novidade do mundo”. Para Caeiro o mundo é sempre diferente, sempre múltiplo; por isso, aproveita cada momento da vida e cada sensação na sua originalidade e simplicidade.

“Alberto Caeiro parece mais um homem culto que pretende despir-se da farda pesada da cultura acumulada ao longo dos séculos.”

“Poeta bucólico de espécie complicada.”

“Pastor metáfora.”

Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente, não querendo saber de outros tempos, e de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.

Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser uno, e não fragmentado.

. Discurso poético de características oralizantes (de acordo com a simplicidade das ideias que apresenta): vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;

  • Apologia da visão como valor essencial (ciência de ver)
  • Relação de harmonia com a Natureza (poeta da natureza)
  • Rejeita o pensamento, os sentimentos, e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)

Características:

Objectivismo
  • apagamento do sujeito
  • atitude antilírica
  • atenção à “eterna novidade do mundo”
  • integração e comunhão com a Natureza
  • poeta deambulatório
Sensacionismo
  • poeta das sensações tal como elas são
  • poeta do olhar
  • predomínio das sensações visuais (“Vi como um danado”) e das auditivas
  • o “Argonauta das sensações verdadeiras”
Anti-metafísico (“Há bastante metafísica em não pensar em nada.”)
  • recusa do pensamento (“Pensar é estar doente dos olhos”)
  • recusa do mistério
  • recusa do misticismo
Panteísmo Naturalista
  • tudo é Deus, as coisas são divinas (“Deus é as árvores e as flores/ E os montes e o luar e o sol...”)
  • paganismo
  • desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual (“Não quero incluir o tempo no meu esquema”)
  • contradição entre “teoria” e “prática”

CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS

  • Discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Proximidade da linguagem do falar quotidiano,  fluente, simples e natural;
  • Pouca subordinação e pronominalização
  • Ausência de preocupações estilísticas
  • Versilibrismo, indisciplina formal e ritmo lento mas espontâneo.
  • Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas, repetições de expressões longas, uso de paralelismo de construção, de simetrias, de comparações simples.
  • Número reduzido de vocábulos e de classes de palavras: (dando uma impressão de pobreza lexical) pouca adjectivação, predomínio de substantivos concretos, uso de verbos no presente do indicativo (acções ocasionais)  ou no gerúndio. (sugerindo simultaneidade e arrastamento).

Frases predominantemente coordenadas, uso de paralelismos de construção, de comparações simples:

  • Verso livre
  • Métrica irregular
  • Despreocupação a nível fónico
  • Pobreza lexical (linguagem simples, familiar)
  • Adjectivação objectiva
  • Pontuação lógica
  • Predomínio do presente do indicativo
  • Frases simples
  • Predomínio da coordenação
  • Comparações simples
  • Raras metáforas

Alberto Caeiro

  • Vê a realidade de forma objectiva e natural
  • Aceita a realidade tal como é, de forma tranquila; vê um mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso.
  • Recusa o pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o sentimentalismo social e individual.
  • Poeta da Natureza
  • Personifica o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza
  • Simples “guardador de rebanhos”
  • Inexistência de tempo (unificação do tempo)
  • Poeta sensacionista (sensações): especial importância do acto de ver
  • Inocência e constante novidade das coisas
  • Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos
  • Relação com Pessoa Ortónimo – elimina a dor de pensar
  • Relação com Pessoa Ortónimo, Campos e Reis – regresso às origens, ao paganismo primitivo, à sinceridade plena

Mestre do ortónimo e dos heterónimos

A partir da carta a Adolfo Casais Monteiro

  • nasceu em Lisboa (1889);
  • morreu tuberculoso em 1915;
  • viveu quase toda a sua vida no campo;
  • só teve instrução primária;
  • não teve educação, nem profissão;
  • escreve por inspiração;

Filosofia de Caeiro:

  • é anti-religião;
  • é anti-metafísica;
  • é anti-filosofia;

Fisicamente:

  • estatura média;
  • frágil;
  • louro, quase sem cor;
  • olhos azuis;
  • cara rapada;

Características:

  • Importância dos sentidos, nomeadamente a visão;
  • O incomodo de pensar associado à tristeza;
  • Ele não quer pensar, mas não o consegue evitar;
  • Escreve intuitivamente;
  • Para ele a natureza é para usufruir, não é para pensar;
  • Desejo de despersonificação (de fusão com a natureza);
  • Ligação das orações por coordenações e subordinações;
  • Poeta bucólico, do real e do objectivo;
  • Valorização das sensações;
  • Amor pela vida e pela natureza;
  • Preocupação apenas com o presente;
  • Critica ao subjectivismo sentimentalista;

Na Linguagem:

  • Predomínio do Presente do Indicativo;
  • Figuras de estilo muito simples;
  • Vocabulário simples e reduzido; (pobreza lexical);
  • Uso da coordenação para a ligação das orações;
  • Frases incorrectas;
  • Aproximação à linguagem falada, objectiva, familiar, simples;
  • Repetições frequentes;
  • Uso do paralelismo;
  • Pouca adjectivação;
  • Uso dos substantivos concretos;
  • Ausência da rima;
  • Irregularidade métrica;
  • Discurso em verso livre;
  • Estilo coloquial e espontâneo;

Poema XXIV de “O guardador de rebanhos”

.

O que nós vemos das cousas são as cousas. 

Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra? 

Por que é que ver e ouvir seriam iludirmo-nos 

Se ver e ouvir são ver e ouvir? 

.

O essencial é saber ver, 

Saber ver sem estar a pensar, 

Saber ver quando se vê, 

E nem pensar quando se vê 

Nem ver quando se pensa. 

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!), 

Isso exige um estudo profundo, 

Uma aprendizagem de desaprender 

E uma sequestração na liberdade daquele convento 

De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas 

E as flores as penitentes convictas de um só dia, 

Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas 

Nem as flores senão flores, 

Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores. 

.

Análise do Poema:

“o que nós vemos das cousas são as cousas” assim se inicia o poema, deste forma Caeiro explica que as coisas são como as vemos e nada mais para além disso, pois segundo a filosofia do “Mestre” querer ver para além das coisas, raciocinando, é iludir-se.

Este poema procura ensinar o leitor a “pensar em a pensar” o real.

Nos versos 5 e 6 “O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar”  , o poeta diz-nos que o essencial é ter consciência de sentir(saber) sem raciocinar(pensar).

No 10º verso o poeta anti-metafórico contempla-nos com a metáfora “…Alma vestida” em que o eu poético lamenta o peso dos nossos ensinamentos e convicções que, tal como uma roupa vestida, protegem a nossa alma e impossibilitam a visão das coisas tal como elas o são. Caeiro dá ênfase à naturalidade e espontaneidade excluindo o excesso de reflexão e pensamento. A roupa e  tudo o que nos cobre os olhos e os sentidos, são

imposições culturais, filosóficas e religiosas que nos impossibilitam de ver a realidade como ela é.

Nos três últimos versos, as estrelas e as flores são como que uma expressão de fuga para a simplicidade da Natureza, aqui mais uma vez está implícito a simplicidade das coisas elas são o que os olhos vêem, são apenas elas mesmas

O paradoxo : “uma aprendizagem de desaprender” diz respeito à libertação

peso da metafísica em que foi tradicionalmente formado. Trata-se de um novo processo de aprendizagem que

pressupõe a libertação de todas as convicçoes e pensamentos adquiridos. Paradoxalmente, para aprender é

preciso abandonar as  formas e conteúdos pré-impostos e pré-concebidos, pensando menos para  libertar-se de tudo o que possa alterar a captação da realidade.

0210

Folha de bloco de papel quadriculado Publicado em "Poesia", Alberto Caeiro

0211

Versão do poema XXIV de "O Guardador de Rebanhos" publicado, sob o título geral "Escolha de poemas [...] : de 'O Guardador de Rebanhos' (1911-1912)", na revista "Athena", Lisboa, vol. I

0212

“O guardador de Rebanhos”- Caderno de Fernando pessoa



319 Visualizações 21/09/2019


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