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Argumentação e Filosofia - NotaPositiva

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Manuel Martins

Escola

[Escola não identificada]

Argumentação e Filosofia

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Resumo do trabalho

Resumo/Apontamentos sobre Argumentação e Filosofia, primeira parte da matéria da disciplina de Filosofia (11º ano).


Retórica e Filosofia

A filosofia e a retórica nem sempre se entenderam. Os sofistas (sophia – sabedoria) são aqueles que proliferam a retórica, como arte de convencer e persuadir. Estes foram criticados por diversos filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. A crítica que estes apontaram foi o facto dos sofistas, pelo facto de apenas se preocuparem em ensinar jovens atenienses a defender uma determinada tese perante uma assembleia, desprezam a sua correcção/validade. Segundo os filósofos, isso não passava de uma falácia intencional – sofisma.

Contudo, os sofistas consideravam que do uso da palavra, tendo em vista convencer e seduzir os ouvintes, é mais eficaz do que o conteúdo do próprio discurso. Para além disto, e que ainda piora mais a relação entre os filósofos e os sofistas, é que estes últimos, ao contrário dos primeiros, acreditavam na relatividade da verdade.

Desde então, o termo sofista – que originariamente significava sábio, passa a estar associado ao falso saber. O sofista é aquele que detém uma sabedoria aparente, que faz uso do raciocínio falacioso.

Retórica

A retórica é a arte de bem falar ou técnica de persuadir um determinado auditório acerca uma determinada tese, o que proporciona uma maior adesão. Segundo Reboul, a retórica tem a finalidade de educar os jovens e homens a praticar a política através do ensinamento de um conjunto de técnicas que tornam o discurso eloquente e eficaz. Os sofistas são quem prolifera esta arte, funcionando portanto, como professores itinerantes, e foram muitas as suas contribuições para a retórica. Estes professores foram os que idealizaram, pela primeira vez, uma prosa ornada e erudita; foram ainda os responsáveis pela idealização de que a verdade não passa de um acordo entre interlocutores, e que é resultado de um processo argumentativo e comunicativo.

Como a retórica é como que um conjunto de estratégias que visam tornar o discurso mais eloquente e apelativo, estas contribuições dos sofistas demonstram-se eficazes já que cooperam com a retórica, na medida em que têm um objectivo em comum; o de ornamentar o discurso de modo a que este seja tomado por correcto e válido independentemente da forma que assume.

Antes de referirmos as críticas apontas pelos filósofos, é pertinente estudar aquilo em que os mesmos acreditavam. A filosofia platónica baseava-se em três dualismos:

  • Dualismo cosmológico (cosmo – universo); (1)
  • Dualismo antropológico (antro – homem); (2)
  • Dualismo gnosiológico (gnosio – conhecimento). (3)

(1) – Mundo sensível e mundo inteligível

O mundo sensível foi construído à semelhança do que se observava no mundo inteligível. Tal como em todas as cópias, esta ficou imperfeita.

(2) – Corpo e alma

A alma encontra-se presa ao corpo enquanto este é vivo. Quando a morte física ocorre, a alma é libertada para o mundo inteligível.

(3)  – Doxa e epistéme

Doxa corresponde à opinião, ou seja, aquilo que é subjectivo, enquanto epistéme corresponde à ciência, àquilo que obejctivo e universal.

Críticas à retórica sofística

Estas críticas encontram-se numa obra platónica intitulada “Górgias”, onde Sócrates conversa com Polo e, através da Ironia, que é o primeiro processo do método socrático, através do qual se leva o interlocutor à contradição com o uso de perguntas habilmente formuladas, livrando-o então, da falsa sabedoria. Posteriormente, e correspondente ao segundo processo socrático, Sócrates, sob a fórmula de diálogo conjunto, conduz o seu interlocutor à descoberta da verdade que existe na alma – maiêutica.

A primeira critica apontada é quando Sócrates afirma que se Polo fizer longos discursos em vez de responder objectivamente às questões que lhe são colocadas, que tem o direito de se ir embora sem o escutar.

De seguida, o filósofo crítica o facto de a retórica ser uma actividade empírica que é passível de ser praticável – como a culinária – segundo uma aplicação de critérios/medidas específicas, que podem gerar tanto o agrado como desagrado, pelo que podem ser usadas, tanto para o bem como para o mal.

Inerente às características que Sócrates apontou dos sofistas (dotados de imaginação, ousados, etc.), está uma critica ao facto de a retórica dar mais relevância aos aspectos estéticos em relação aos morais, sendo portanto, uma técnica arrojada e subjectiva.

Por tópicos (críticas à retórica)

  • Associa-se à falsa sabedoria;
  • Podem defender-se teorias não verdadeiras;
  • Preocupam-se apenas com o tipo de discurso para que este brilhe perante uma assembleia, sendo portanto, apenas aparentemente verdadeiro;
  • As pessoas eram convencidas pela palavra e não pela razão;
  • É uma actividade empírica porque transmite sentimentos à alma (apela às emoções)
  • Está inerente ao conhecimento aparente.

Reabilitação da Retórica

A reabilitação ou renovação da retórica ocorreu no século XX e foi alterar a sua relação com a filosofia. A nova retórica, proposta por Perelman, deixou de ser associada ao falso saber e a discursos esteticamente trabalhados e passou a ser considerada importante em alguns locais.

Segundo Michel Meyer, a chave do problema da retórica e da filosofia podia ser encontrado na relação dos conceitos de ethos, pathos e logos. Consideram-se os exemplos:

  • Platão terá realçado o pathos e por isso viu a retórica como uma actividade manipuladora;
  • Aristóteles, embora se aperceba dos três conceitos, terá destacado o papel do logos, uma vez que realça a importância do raciocínio argumentativo;
  • Cícero terá sobrevalorizado o ethos, porque deu sobretudo importância à eloquência do orador.

Meyer defendia que a chave do problema da relação entre a retórica e filosofia passava por ter em conta todos estes conceitos de igual modo (pathos, ethos e logos).

Retórica e Democracia

Na medida em que a Democracia corresponde a um governo no qual a soberania é exercida pelo povo, então todas as pessoas têm a necessidade de recorrer a técnicas de persuasão perante um determinado auditório, acerca de uma dada questão. Deste modo, este vê o seu trabalho facilitado se fizer uso das técnicas retóricas uma vez que estas proporcionam uma maior adesão por parte do auditório. Não há democracia sem retórica!

Os dois usos da retórica

O bom uso da retórica corresponde à persuasão, ou retórica branca.

Esta tem como finalidade a livre adesão do auditório a uma determinada tese; deste modo, o auditório possui o livre arbítrio, pelo que ninguém é obrigado a aderir a uma dada tese que lhe é apresentada. Assim conclui-se que esta retórica é bem utilizada porque não implica a imposição.

O mau uso da retórica corresponde à manipulação, ou retórica negra.

Neste tipo de retórica o orador obriga o auditório a aderir a uma determinada mensagem, através da privação da sua liberdade de escolha, mediante um constrangimento específico; deste modo, o auditório não possui livre arbítrio, ou seja, a sua capacidade de julgar encontra-se paralisada, visto que se vêm obrigados a aderir à tese que lhes é apresentada. Assim, dita-se que neste caso particular da manipulação, a retórica que lhe está inerente está a ser mal utilizada porque é uma prática abusiva do discurso.

Dentro da manipulação podem distinguir-se dois tipos; a manipulação dos afectos, que é aquela que apela às emoções e aos sentimentos, e a manipulação cognitiva, que, por outro lado, consiste na alteração do conteúdo do discurso.

Persuasão e Manipulação, aspectos negativos

  • Algumas técnicas de persuasão utilizadas, tanto na publicidade como na política, por vezes, atingem o limite daquilo que é legítimo, originando portanto, aquilo que se chama, abuso de persuasão, que se aproxima bastante da manipulação
  • A manipulação, associada também à publicidade e à política, constitui um perigo real para a sociedade, uma vez que a sua utilização põe em causa os princípios da democracia e compromete a autonomia e a identidade da população.

Alguns autores consideram a retórica branca uma arma para lutar com a retórica negra, ou seja, se tivermos competências retórico-argumentativas (inerente à persuasão) podemos prevenir os maus usos da retórica. Trata-se de, entrando no domínio da ética, de impor limites à própria persuasão, o que é fundamental para o exercício da liberdade.

Os princípios éticos do discurso racional/argumentativo

  • Respeitar e ouvir atentamente as pessoas que discordam de nós
  • Estar disponível para mudar de ideias se os nossos argumentos não resistirem à discussão
  • Não mudar de assunto sem antes discutir adequadamente o que estava em discussão
  • Distinguir o central e relevante do periférico e acessório
  • Não usar ataques pessoais de qualquer espécie
  • Dominar aspectos elementares da lógica formal/informal
  • Conhecer bibliografia relevante
  • Ter reflectido de forma razoavelmente sistemática no tema em causa

Argumentação, verdade e ser

Conceito de verdade:

  • Verdade absoluta e imutável (objectiva) – este conceito de verdade foi proposto e defendido por filósofos clássicos como Platão, Kepler e Newton.
  • Verdade biodegradável (subjectiva) – corresponde ao conceito mais contemporâneo e diz que a verdade é mutável, ou seja, pode sofrer alterações, de acordo com determinadas condições e limites.

Conceito de Realidade:

  • Realidade objectiva – é o que existe e não isso não pode ser posto em causa;
  • Realidade subjectiva – corresponde ao valor que é dado ao que existe.

Ora, estes conceitos são passíveis de ser relacionados entre si; tendo em conta que, ao longo da história da filosofia, estes conceitos sofreram diversas interpretações, podem distinguir-se duas concepções:

A concepção clássica, onde o ser se identifica com tudo o que existe e é independente do modo como o dizemos/conhecemos, e onde a verdade é unívoca e corresponde ao conhecimento absoluto do ser.

A concepção contemporânea, onde o ser diz-se de diferentes maneiras (é plural) e só pode ser dito/conhecido por intermédio da linguagem, e onde a verdade não é unívoca nem absoluta, é plurívoca e renovável.

Deste modo, dita-se que a concepção clássica defende o conceito de realidade objectiva e de verdade absoluta enquanto a concepção contemporânea defende o conceito de realidade subjectiva e de verdade subjectiva.

A razão

Antigamente pensava-se que a razão proporcionava ao Homem a aquisição de conhecimentos, e que todos eram capazes de o fazer, enquanto seres racionais. O filósofo francês Descartes afirmou que a razão era a coisa mais bem distribuída pelos Homens!

Porém, actualmente defende-se um outro conceito de razão. Agora a razão já não é vista como uma faculdade humana detentora de conhecimentos verdadeiros e unívocos, como algo que se impõe ou como uma ordem eterna, mas sim como uma faculdade humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos o mais próximo possível da verdade. Este novo conceito defende ainda que a razão não pode ser descontextualizada, nem desumanizada nem despersonalizada.

Segundo este conceito, a argumentação racional tem de ser compreendida como um discurso que se dirige a um auditório universal, que visa obter o acordo de todos os homens e como algo que deve ser reconhecido universalmente, não por imposição, mas sim pelo facto de serem promovidas técnicas de persuasão convincentes que devem fazer com que haja uma maior adesão às teses propostas, e ainda, pelo facto das teses apresentadas serem as mais plausíveis numa determinada situação, (as teses mais plausíveis são as que melhor explicam a realidade).

Este conceito de razão está relacionado com um novo conceito de verdade, que diz que esta se encontra na comunicação, uma vez que, qualquer tese que é apresentada a um auditório universal contribui para uma aproximação da verdade acerca de uma determinada realidade.

Deste modo, e tendo em conta que a tese mais universal, ou seja, a que mais se aproxima da verdade, é a tese que obtém maior adesão, então, conclui-se que não há universalidade da verdade mas sim a plausibilidade das teses; por outro lado, dita-se que a verdade não pode ser imposta e que se insere no contexto da discussão e da comunicação.

Como já foi mencionado, a tese que provoca mais adesão no auditório universal constitui a tese mais próxima da verdade; deste modo, e na medida em que as técnicas retóricas proporcionam uma maior adesão a uma determinada tese apresentada, então dita-se que a utilização deste tipo de técnicas permite uma maior aproximação à verdade, pelo que a relação entre a filosofia e a retórica deixa de ser incompatível, uma vez que a filosofia se associa à crença na verdade. Há quem afirme que é nesta relação que se pode encontrar o método da filosofia, que, segundo Perelman, é a argumentação.



238 Visualizações 12/10/2019