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Trabalho sobre a Falácia com exemplo de uma crónica falaciosa, realizado no âmbito da disciplina de Filosofia (10º ano).
Vivo numa sociedade que se intitula aberta, que diz defender o bem-estar de cada cidadão e contribuir para que todos, iguais em direitos, tenham o direito a iguais condições de vida.
No entanto, quando o tema é o aborto a sociedade melindra-se e ignora a ideia de que o aborto pode impedir a miséria de uma família ou até o abandono de crianças à nascença.
Esta sociedade tem vindo a aceitar novas crenças, novas ideias e novos conceitos, como os divórcios e os casais que vivem maritalmente, que do antecedente eram considerados moralmente reprováveis.
E, porquê? Porque se tem vindo a aperceber que muitos dos conceitos do antigamente não têm qualquer base lógica, pois o único argumento em sua defesa que possuíam era “sempre foi feito assim e por isso é o correcto”.
As coisas não têm de continuar a ser porque simplesmente sempre foram assim ou porque a sociedade sempre achou mais correcto. Estamos em tempo de mudança, de evolução e isso consiste em estabelecer uma mente aberta para resolver os problemas da humanidade.
O aborto é sem dúvida um desses problemas, não pelo acto em si, mas pela sua discriminação e pela problemática da sua legalização.
É um argumento irrefutável que o zigoto, embrião ou feto é potencialmente um ser humano e por isso com direito à vida mas, então, se assim fosse tanto os espermatozóides como os óvulos também teriam o direito à vida, pelo que os homens não deveriam masturbar-se, de modo a não desperdiçar esperma. E nem os homens, nem as mulheres deveriam poder usar métodos contraceptivos, porque isto também implicaria um desperdício de esperma.
Além disso, legal ou não, é sabido que diariamente se realizam abortos pelo que, as mulheres mais pobres fazem-no em sítios com condições precárias, enquanto aquelas que possuem maior poder económico, podem simplesmente ir fazê-lo noutros países onde este esteja legalizado.
Por exemplo, Espanha um país com forte crescimento económico e mais evoluído que o nosso já procedeu à sua legalização.
O Estado Português não avança com a legalização do aborto mas, por outro lado não oferece apoios em situações em que os pais não têm condições para criar o(s) filho(s), como em caso de pobreza ou gravidez na adolescência.
A maior parte dos opositores defende o aborto só em caso de violação, mas um feto gerado por violação tem tanto direito à vida com um feto gerado voluntariamente. O estatuto moral do feto não varia em função do modo como foi gerado.
Em minha opinião, o aborto deveria ser legalizado pois não vejo razões para que tal não aconteça. Afinal, até à oitava semana o feto ainda se encontra em formação e só a partir daí o sistema nervoso central se torna receptivo e os seus órgãos começam a funcionar. Considero que é a partir da oitava semana que o embrião começa a assumir as suas funções de ser humano e, portanto, só a partir desta data é que o aborto deveria ser proibido.
Inicialmente abordo o assunto com uma petição de princípio, também conhecida por raciocínio circular para ajudar a reforçar a ideia de que os direitos devem ser iguais para todos – “para que todos, iguais em direitos, tenham o direito a iguais condições de vida.”
Continuo com dois argumentos ad populum ou de apelo ao povo com a intenção de me servir dos sentimentos de culpa da população que prefere ignorar os problemas possivelmente consequentes da ilegalização do aborto e que se emociona com situações de degradação social - “quando o tema é o aborto a sociedade melindra-se e ignora a ideia de que o aborto pode impedir a miséria de uma família ou até o abandono de crianças à nascença.”
No outro argumento, exploro a preocupação actual de mudar o mundo e apelo a uma mente aberta que vai preparar o leitor para aceitar com menor probabilidade de refutação os meus argumentos – “Estamos em tempo de mudança, de evolução e isso consiste em estabelecer uma mente aberta para resolver os problemas da humanidade.”
Para contrariar a frequente afirmação de que o feto é um potencial ser humano e tem por isso direito à vida utilizei uma falsa analogia comparando o feto aos espermatozóides e óvulos tendo em conta as semelhanças e esquecendo as diferenças, pois embora tanto o feto como os espermatozóides e o óvulo seja potencialmente seres humanos, são-no em sentidos diferentes. Esta falsa analogia pode levar um leitor desprovido e despistado a aceitar a minha conclusão como verdadeira – “É um argumento irrefutável que o zigoto, embrião ou feto é potencialmente um ser humano e por isso com direito à vida mas, então, se assim fosse tanto os espermatozóides como os óvulos também teriam o direito à vida, pelo que os homens não deveriam masturbar-se, de modo a não desperdiçar esperma. E nem os homens, nem as mulheres deveriam poder usar métodos contraceptivos, porque isto também implicaria um desperdício de esperma.”
Em seguida, utilizo o argumento ad consequentiam ou de apelo as consequências. Este argumento faz um opositor reflectir bem sobre o assunto em questão e deixa-o a questionar sobre as desagradáveis consequências que podem advir da não legalização do aborto – “Além disso, legal ou não, é sabido que diariamente se realizam abortos pelo que, as mulheres mais pobres fazem-no em sítios com condições precárias, enquanto aquelas que possuem maior poder económico, podem simplesmente ir fazê-lo noutros países onde este esteja legalizado.”
A última falácia utilizada no meu argumento é uma falácia do tipo ad verecundiam ou de apelo à autoridade. Aproveito-me das melhores condições em que se encontra Espanha e do quanto Portugal se comparam com este país. Espanha tem uma grande autoridade e prestígio perante os Portugueses dada a sua evolução económica e tiro partido desta imagem uma vez que Espanha possui legalização do aborto – “Espanha um país com forte crescimento económico e mais evoluído que o nosso já procedeu à sua legalização.”