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Frei Luís de Sousa - Tragédia ou Drama Romântico? - NotaPositiva

O teu país

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Cláudia Viegas

Escola

Escola Secundária 3EB Dr. Jorge Correia

Frei Luís de Sousa – Tragédia ou Drama Romântico?

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Resumo do trabalho

Trabalho sobre que responde à questão Frei Luís de Sousa, Tragédia ou Drama Romântico?”, realizado no âmbito da disciplina de Português (11º ano).


Introdução

Neste trabalho iremos responder à questão “Frei Luís de Sousa, Tragédia ou Drama Romântico?”. Para isso teremos que basearmo-nos nuns certos pontos essenciais como, o que é o romantismo, o que é a tragédia e o que é o drama, depois sim é que passaremos às características dramáticas e trágicas em Frei Luís de Sousa.

Frei Luís de Sousa, uma Tragédia ou um Drama Romântico?

Romantismo

Origens do movimento romântico em Portugal

Em Portugal, o Romantismo está directamente ligado às lutas liberais, porque os escritores românticos mais representativos deste movimento estético – Garrett e Herculano – foram combatentes liberais.

O poema Camões de Garrett, publicado em Paris em 1825, que assinala o início do Romantismo em Portugal.

As suas Características:

  • Nostalgia pela Natureza;
  • Trata-se de um fenómenos urbano;
  • O individualismo - O “eu” é o valor máximo para os românticos. Por isso, o romântico afirma o culto da personalidade (egocentrismo), da expressão espontânea de sentimentos, do confessionalismo e a subjectividade;
  • O idealismo - O romântico aspira ao infinito e a um ideal que nunca é atingido. Por isso, valoriza o devaneio e o sonho;
  • A inadaptação social - Por isso, mantêm uma atitude de constante desprezo e rebeldia face à realidade e às normas estabelecidas, considerando-se inadaptado e vítima do destino;
  • Predominância do Patriotismo / Nacionalismo;
  • Predominância da ideia de Originalidade/génio;
  • Subjectividade Absoluta;
  • A literatura apresenta-se como criação e não como imitação;
  • Privilegia a liberdade como valor máximo;
  • Atracção pela melancolia, pela solidão e pela morte como solução para todos os males;
  • A sacralização do amor – O amor é um sentimento vivido de forma absoluta, exagerada e contraditória, precisamente por ser um ideal inatingível;
  • O gosto pela natureza nocturna – Para os românticos, a natureza é a projecção do seu estado de alma, em geral tumultuoso e depressivo;
  • O amor a tudo o que é popular e nacional – Para o romântico, é no povo que reside a alma nacional;
  • A linguagem é declamativa e teatral;
  • Linguagem corrente e familiar.

Tragédia Clássica

A tragédia clássica é um género nobre, cultivado inicialmente na Grécia. As personagens, ilustres, protagonizam uma acção recheada de atitudes nobres, de coragem, mas em que o protagonista, pessoa justa e sem culpa, caminha inexoravelmente em direcção à desgraça ou à morte, vítima de um destino que não consegue vencer. A finalidade da tragédia é o de provocar o terror e a piedade.

As principais características da tragédia clássica são as seguintes:

  • Na tragédia clássica, o Homem é um mero joguete do Destino. Este é uma força superior que age de forma implacável sobre o protagonista, sem que ele tenha qualquer culpa;
  • Dividia-se em prólogo, três actos e epílogo;
  • Tem poucas personagens (três). Estas são nobres de sentimentos ou de condição social;
  • A acção dispõe-se sempre em gradação crescente, terminando num clímax;
  • Contém sempre vários elementos essenciais – o desafio, o sofrimento, o combate, o Destino, a peripécia, o reconhecimento, a catástrofe e a catarse;
  • Existe um coro que têm como função comentar e anunciar o desenrolar dos acontecimentos;
  • A tragédia clássica obedece à lei das três unidades – unidade de espaço, unidade de tempo e unidade de acção;
  • A linguagem da tragédia é em verso.

Momentos da Tragédia

  • Hybris: A injúria, o desafio;
  • Nemesis – Vingança, castigo dos deuses;
  • Anagnorisis- Reconhecimento ou constatações dos motivos trágicos;
  • Phobos- Terror experimentado pelo espectador;
  • Pathos: O sofrimento crescente;
  • Agón: O conflito;
  • Klímax: Auge do Sofrimento;
  • Cathársis: A purificação;
  • Katastrophé: Agouros, profecias e superstições, desfecho trágico;
  • Peripéteia: A peripécia;
  • Ananké: Destino.

Definição de Drama

Poema dramático, que contém uma acção séria e completa, que visa provocar nos espectadores sentimentos de compaixão e piedade em relação às situações das personagens.      O drama romântico é um género teatral em que aparecem unidos o elemento trágico e o cómico, o sublime e o grotesco.

Características do Drama Romântico:

  • Foi criado por Victor Hugo, o grande mestre do Romantismo francês.
  • O Romantismo valoriza a acção do Homem, por isso o herói já não é joguete do destino, mas das próprias paixões humanas.
  • O drama romântico pretende fazer uma maior aproximação da realidade. Assim Victor Hugo propõe uma aproximação entre o sublime e o grotesco, conforme a vida real. Tem também preferência por temas nacionais.
  • A linguagem deverá corresponder à realidade e por isso é em prosa.
  • A personagem imaginária constituída pelo coro desaparece.
  • Não estão presentes as unidades de acção, tempo e espaço.
  • Existe um grande número de personagens, e uma mistura de classes sociais.

Características do Drama Romântico em Frei Luís de Sousa:

  • Texto escrito em prosa;
  • Não há um “mau da fita” que se mate ou mate alguém;
  • Há conflitos psicológicos;
  • Crítica aos preconceitos que vitimam inocentes;
  • As personagens adquirem personalidades próprias para que se tornem símbolo dramático;
  • O fundamento cristão aparece como recompensa ou castigo pelas acções praticadas;
  • O facto de se tratar de um assunto nacional acarreta consigo o patriotismo;
  • O messianismo/Sebastianismo;
  • O comportamento emocional típico de personagens românticas;
  • A religião como consolo;
  • A morte de uma personagem em cena;
  • Os Agouros, superstições, crenças, visões, sonhos são evidentes em Madalena, Telmo e Maria;
  • O individualismo/hipertrofia do “eu” revelasse no confronto permanente entre os indivíduos e a sociedade;
  • Culto da mulher – anjo na personagem Maria;
  • Não respeita as unidades de tempo e de lugar;
  • Preferências pelas horas sombrias;
  • Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infracção à religião e costumes e o destino castiga essa acção;

Projecção da experiência pessoal do autor (Tabela 1):

Características Trágicas em Frei Luís de Sousa:

  • Não é em verso, mas em prosa;
  • Não tem cinco actos, têm três;
  • Existência de momentos que retardam o desenlace trágico;
  • Existência de um número reduzido de personagens;
  • Vislumbre do coro da tragédia Clássica em Frei Jorge e Telmo Pais, o coro actua como um travão ao ímpeto libertário do individuo, aconselhando a moderação, o condimento.;
  • Reduzido número de espaços;
  • Acção sintética (número reduzido de acções).
  • Existência de Presságios  (elementos, situações ou ditos das personagens que vão aumentando a tragédia): fogo (destrói a família e destrói o retrato), leituras (Lusíadas e Menina e Moça);
  • As personagens agem sobre um fatalismo que as empurra para a desgraça;
  • Presença de elementos da tragédia Clássica como:
    • Hybris (desafio): Presente essencialmente no casamento de D.Madalena com Manuel de Sousa Coutinho, sem a confirmação da morte do seu primeiro marido, e no incêndio do palácio do Manuel de Sousa Coutinho pelo próprio.
    • Anaké (destino): responsável pela ausência e cativeiro de D.João de Portugal durante vinte e uma anos e pela mudança da família de Manuel de Sousa Coutinho para o palácio de D.João de Portugal.
    • Peripetia (peripécia): Mudança de situações, por exemplo: o incêndio de Palácio de Manuel de Sousa, originando a mudança para o Paço que fora de D. João de Portugal, assume particular interesse para o agudizar do clímax. (“Ilumino a minha casa para receber […] / Meu Deus, meu Deus!... Ai, o retrato de meu marido!... Salvem-me aquele retrato!”).
    • Catástrophe (catástrofe): O suicídio clássico em plena cena é aqui, substituído, por um lado, pela morte melodramática de Maria, e, por outro, pela morte “simbólica” para o mundo, dois cônjuges que decidem tomar hábito religioso. (“Para mim aqui está esta mortalha: morri hoje”…; “deixastes tudo até vos deixar a vós mesmos […]”).
    • Anagnórise (reconhecimento): A cena fulcral da peça, o reconhecimento de D. João de Portugal, na figura de Romeiro, apressa o desenlace fatal. (“Romeiro, romeiro, quem és tu? _ Ninguém!”).
    • Clímax (auge do sofrimento): final do segundo acto com o reconhecimento do romeiro.
    • Cathársis (purificação): renuncia ao prazer mundano pelo casal, que se refugia num convento, e ascensão de Maria ao espaço celeste, devido á sua inocência.
    • Agon (conflito): resulta da hybris, manifesta-se a nível psicológico nos conflitos interiores e dilemas vividos por Telmo e por Madalena. Intensifica-se ao longo da acção.
    • Pathos (sofrimento crescente) : A aflição do herói é notória aqui, quer nos temores de D. Madalena, quer no fatalismo sofredor de Maria. (“…este medo, estes contínuos terrores [… ]”; […] Que felicidade … que desgraça a minha” ; “dei decerto que vou ser infeliz […]”).

Drama ou Tragédia (segundo Almeida Garret)?

Almeida Garrett  diz na Memória ao Conservatório Real, texto por meio do qual faz a apresentação da sua peça: "Contento-me para a minha obra com o título de drama; só peço que a não julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova; porque a minha, se na forma desmerece da categoria, pela índole há-de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico.” O conteúdo do Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma tragédia. No entanto, chama-lhe drama, por não obedecer à estrutura formal da tragédia.

Conclusão

Em suma, Frei Luís de Sousa, tanto tem características de Drama Romântico como de Tragédia Clássica.  Garrett decidiu não respeitar a estrutura formal da Tragédia Clássica, uma vez que esta obra se trata e um tema nacional e recente, e não de um tema da Antiguidade como acontece nas Tragédias Clássica. De qualquer modo não fazia sentido algum que Garrett escrevesse a obra em verso, sendo ele um dos maiores escritores de prosa que Portugal conheceu.

Na Tragédia Clássica, o Homem torna-se um mero brinquedo do destino, isto é, funciona como uma marioneta comandada por uma força superior. Podemos comprovar isto em Frei Luís de Sousa, porque chegamos à conclusão que o destino é uma força superior implacável, e quando desafiado pode originar consequências devastadoras.

Já no Drama Romântico, é a paixão que comanda o Homem. Também é possível observar isto em Frei Luís de Sousa, por exemplo quando Madalena conta o dia em que conheceu Manuel de Sousa como uma das infelicidades da sua vida, isto porque se acabou por apaixonar por ele, e como sabemos, essa paixão condicionou todo o desfecho da obra.

É através destas duas comparações que concluímos que Frei Luís de Sousa é uma junção de ambas, isto é, uma junção de Drama Romântico com Tragédia Clássica.

Poder-se-ia considerar Frei Luís de Sousa como uma Tragédia Romântica.

Bibliografia

  • [No Website]Farol das Letras; [Modificado a] não identificado;  [Artigo Intitulado] Frei Luís de Sousa de Almeida Garret; [Consultado em] 17 de Fevereiro de 2011 ; [No site] http://faroldasletras.no.sapo.pt/frei_luis_de_sousa.htm
  • [No Website] Escola Virtual; [Modificado a] 2006;  [Artigo Intitulado]Frei Luís de Sousa: Drama ou tragédia; [Consultado em] 12 de Fevereiro de 2011   ; [No site] http://www.escolavirtual.pt/assets/conteudos/downloads/11por/11por1502pdf01. fh11.pdf
  • [Artigo Intitulado] Matérias relativas as disciplinas de 12ºano de escolaridade; [Consultado em] 12 de Fevereiro de 2011  ; [No site] http://www.angelfire.com/ar/andret/frei.html
  • [No Website] Nota Positiva ; [Modificado a] 1 de Janeiro de 2006;  [Artigo Intitulado] Frei Luis de Sousa; [Consultado em] 8 de Fevereiro de 2011  ; [No site] https://www.notapositiva.com/resumos/portugues/freiluissousa.htm



314 Visualizações 29/10/2019


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