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Trabalho sobre a Importância da Linguagem no Desenvolvimento do Ser Humano, realizado no âmbito da disciplina de Psicologia (12º ano).
No âmbito da disciplina de Psicologia, foi proposto ao grupo um conjunto de temas, tendo sido escolhido o desenvolvimento da linguagem. Assim, os objectivos deste trabalho são perceber qual a importância da linguagem para o desenvolvimento do ser humano, que competências inatas possui o recém-nascido para adquirir e desenvolver capacidades linguísticas e que factores cooperam entre si e contribuem para a aquisição da linguagem. Especificamente, pretendemos descrever a importância da linguagem para o desenvolvimento, partindo da importância da comunicação entre a mãe e o bebé que estimula as suas estruturas inatas. Neste sentido, de forma a cumprir estes objectivos, recorremos a livros e sites de Internet.
Este tema é particularmente pertinente, pois se não forem estudados os factores que conduzem à linguagem, não seria possível perceber de que forma a comunicação entre a mãe e o bebé se torna tão importante ao longo do seu desenvolvimento. Mais ainda, com o estudo dos factores que conduzem a um bom desenvolvimento da linguagem, é possível conhecer qual a melhor forma de estimular o bebé, na fase da sua aquisição e, do mesmo modo, talvez evitar alguns factores que provoquem um atraso no seu desenvolvimento.
No termo científico, linguagem é a capacidade a que todos os seres humanos, sem qualquer tipo de anomalia, são dotados. A linguagem designa por isso um sistema organizado de símbolos, complexo, extenso e com propriedades particulares, desempenhando uma função de codificação, estruturação e consolidação dos dados sensoriais, transmitindo um determinado sentido ou significado e permitindo ao homem comunicar as suas experiências e transmitir os seus saberes. Deste modo, pode dizer-se que a linguagem é um sistema de troca de informações. Mais ainda, a linguagem desempenha outras funções, entre as quais a apelativa, expressiva, descritiva, estética, argumentativa e persuasiva e apresenta componentes como a fonologia, a semântica, morfologia, sintaxe e pragmática.
Em seguida, apresentam-se algumas das características fundamentais da linguagem:
Será que deve considerar-se o inicio do processo de linguagem quando a criança começa a balbuciar, ou quando produz uma frase? Esta questão tem levantado algumas discussões.
É importante referir que a evolução da criança e o inicio da linguagem acontecem maioritariamente por volta da mesma altura, sendo que Piaget afirma que o desenvolvimento intelectual de cada pessoa, desde o nascimento à inteligência, passa por quatro estádios de desenvolvimento: sensório-motor (0-2 anos), pré-operatório (2-7 anos), operações concretas (7-11 anos) operações formais (12 anos para cima). Neste trabalho, iremos centrar-nos no estádio sensório-motor, pois é nesta fase que as crianças iniciam o desenvolvimento da linguagem.
Quando nasce, a vida mental do bebé manifesta-se por comportamentos inatos, sensoriais e motores, a partir dos reflexos. Ao longo deste período, há várias fases generalizadas, primeiro a criança começa a coordenar as informações vindas dos sentidos, sendo que é por esta altura que estabelece as suas primeiras referências (4 a 8 meses), como a cara e a voz da mãe. Contudo se estas desaparecem do seu campo sensorial, deixam de existir para as crianças, porque ainda não há noção da permanência do objecto. Mais tarde, dá-se o inicio do acto intencional e passa a prestar atenção aos resultados das suas acções. Já por volta dos 11-12 meses, segundo Piaget, há uma “intensa experimentação activa”, existindo um desfasamento entre a produção e o reconhecimento linguístico.
Ilustração 1. Evolução da Linguagem
Contudo, cada criança progride conforme o seu próprio ritmo, pois as aquisições seguem mais ou menos a mesma ordem, mas a velocidade dos progressos varia muito.
No estádio pré-operatório, que decorre entre os 2 e 7 anos, a criança já consegue usar a inteligência e o pensamento. No que toca à linguagem, a partir desta idade dá-se uma enorme evolução a este nível, adquirindo imensas palavras (com dois anos compreende entre 200 a 300 palavras aproximadamente, e com cinco anos cerca de 2000). Esta evolução necessita obviamente de um acompanhamento por parte dos pais ou dos criadores. As crianças têm de ser estimuladas diariamente. Verificamos este ponto mais à frente.
Os atrasos de linguagem não têm todos a mesma origem ou a mesma evolução. Pode haver diversos tipos de problemas relacionados com a linguagem de uma criança. Problemas articulatórios que afectam a produção oral de uma palavra; problemas da fala, ou seja na colocação da língua em palavras (realização oral) e os problemas de linguagem, onde pode existir uma “lentidão dos progressos”-[1], fazem assim progressos mínimos num longo espaço de tempo.
Por vezes os problemas de linguagem têm causas directas, por exemplo, problemas auditivos graves, défices neurológicos provocados por lesões cerebrais, problemas graves de personalidade ligados ao autismo infantil ou certas psicoses.
Vários investigadores têm debatido sobre este problema e afirmam que as crianças de meios desfavorecidos demonstram atrasos e desvantagens linguísticas evidentes em relação a crianças de classes médias. Isto comprovou-se devido a vários estudos que mostram que o desenvolvimento linguístico (oral e escrito) das crianças menos favorecidas é deficitário e que as pronúncias incorrectas mantêm-se durante mais tempo.
Sendo a linguagem definida como uma ferramenta de comunicação do ser humano para interagir com o mundo e consigo próprio através de símbolos verbais e acústicos, a sua aquisição é essencial no sentido em que: primeiro permite o estabelecimento da comunicação entre os familiares/ cuidadores e o bebe, para que este possa desenvolver competências de linguagem e, segundo, o estabelecimento da comunicação entre o bebé e o mundo exterior de modo a que os seus cuidadores possam perceber as suas necessidades. Deste modo, temos dois pontos muito relacionados com o desenvolvimento humano, a partir do desenvolvimento da linguagem: a estimulação por parte do meio e a compreensão das necessidades do bebe pelos seus cuidadores.
Ilustração 2. Comunicação entre a mãe e o bebé
Na interação com o ser humano, a linguagem representa um papel fundamental. A linguagem dá oportunidade ao individuo de traduzir o que sente estruturar o seu pensamento e expressar o que já conhece. Os indivíduos que têm transtornos específicos de linguagem têm mais probabilidades de ter dificuldades na sua vida social, o que pode gerar problemas emocionais, pois estes indivíduos são menos confiantes na comunicação e mais ansiosos.
Através da aquisição da linguagem, podemos expressarmo-nos de diversas formas. Permitem-nos expressar pensamentos, emoções, sentimentos entre outros. Coisas que, se não detivéssemos esta capacidade de desenvolver palavras e frases, não seríamos capazes de exprimir. Tal como Davidson disse: “falar é expressar pensamento”.
Conforme vamos aprendendo a desenvolver as diferentes linguagens, vamos aprendendo a pensar. Sendo assim, podemos concluir que o processo entre o desenvolvimento do pensamento e da linguagem relaciona-se.
Para além de ser um meio de comunicação entre a sociedade, a linguagem permite também a transmissão de valores culturais que caracterizam cada sociedade.
Ilustração 3. "Conversem com as crianças"
Através da perspectiva e técnica psicanalítica, entre o pensamento e a linguagem, o sujeito pode organizar e associar as suas próprias ideias o que resulta no pensamento devido à linguagem. Acede-se assim ao seu inconsciente, dando a possibilidade de se compreender as motivações que são subjacentes ao sujeito, por parte do próprio paciente e do analista.
Desde os anos cinquenta têm surgido várias teorias relativamente à aquisição da linguagem. Enquanto uns defendem que o bebé a adquire de forma inata, outros dizem que esta aquisição é realizada por imitação, ou ainda, devido ao contexto social em que está inserido, como já foi referido anteriormente.
Actualmente sabe-se que a aquisição da linguagem está ligada com factores maturacionais isto é: o cérebro em desenvolvimento permite que os recém-nascidos tenham uma boa sensibilidade em relação ao que tocam, vêem, cheiram, provam e ouvem, ou seja, os sentidos desenvolvem-se rapidamente nos primeiros meses de vida, à medida que os bebés se adaptam ao mundo em torno deles.
A audição é um sentido que já se encontra desenvolvido antes do nascimento do bebé, pois este reage aos sons e parece aprender a reconhecê-los. Numa perspectiva evolutiva, o primeiro reconhecimento de vozes e linguagem ouvidas no útero pode estabelecer os fundamentos para a relação com a mãe e mesmo bebes com três dias de vida podem conseguir distinguir os novos sons das falas. Em suma, a audição é a chave para o desenvolvimento da linguagem.
Segundo a hipótese inatista, a aquisição da linguagem, o ser humano nasce com uma capacidade inata no cérebro para adquirir linguagem. A tarefa da criança será a de desenvolver a sua faculdade em função do ambiente que a rodeia e não apenas a de imitar o que ouve, pois se assim fosse a criança nunca produziria frases e palavras que nunca ouviu. Chomsky defende que todas as crianças passam por fases semelhantes de aquisição da linguagem, independentemente da língua que estão a aprender, no entanto, isto não significa que todas as crianças passem exactamente pelas mesmas fases. Este processo de aquisição, uma vez que a criança já possui capacidades inatas para analisar a estrutura da língua, é um processo rápido e simples, que sucede na fase crítica para a aquisição da linguagem. Este período ocorre nos primeiros anos de vida, sendo que é importante que haja uma estimulação para que o cérebro possa amadurecer na altura devida.
Concluindo pode-se dizer que os bebés já nascem predispostos para aprender a falar, assim, cada criança possui à nascença um conjunto de regras que uma língua pode ter. A sua tarefa acaba por ser a de observar a forma como é utilizada a língua que é falada no meio em que ela está inserida.
Ilustração 4. Comunicação entre a mãe e a filha
Embora não haja ainda conhecimento exacto de como e porquê a criança adquire linguagem, de forma geral, é tido como certo, de que tem a ver com três factores: maturação física, desenvolvimento cognitivo e socialização. No entanto, o contributo particular de cada factor para esse processo, ainda é bastante discutido.
Como vimos anteriormente, a teoria inatista defende que a criança nasce pré-programada para adquirir a linguagem, ainda assim, existem outras teorias de grande importância que procuram explicar de que modo esta competência é desenvolvida e quais os factores que cooperam entre si, como a perspectiva cognitiva, comportamental e social.
Primeiramente, segundo a perspectiva cognitiva, a aquisição da língua prende-se com a evolução psicológica das crianças, assim aprender a falar depende da aprendizagem ou maturação de outros processos cognitivos. No entanto, tem vindo a provar-se que o desenvolvimento linguístico é independente do desenvolvimento de outras capacidades cognitivas. Provas disso é a existência de patologias que afectam apenas capacidades linguísticas sem afectar outras capacidades cognitivas.
Segundo a Perspectiva Comportamental, a aquisição da linguagem desenvolve-se através de interacções sociais de tipo estímulo – resposta. Assim os bebés aprendem a falar através da imitação daquilo que ouvem à sua volta, reduzindo-se o processo de aquisição da língua a um mero desenvolvimento de hábitos verbais reproduzidos por imitação.
Por fim, a teoria social baseia-se em algumas teorias como o do inatismo, defendendo que, aliada a uma capacidade inata para adquirir linguagem, está outros factores de natureza social que podem condicionar o comportamento linguístico e que produzem diferenças de criança para criança. Alguns dos factores não linguísticos que podem interagir com o processo de aquisição são: os demográficos, como o sexo do bebé, ou se é primeiro ou segundo filho; características de personalidade, como timidez; factores sociais, como tipo de interacção com os adultos, necessidade de comunicação; ritmos individuais de desenvolvimento; entre muitos outros. Esta teoria defende que a linguagem é aprendida e ensinada, através da interacção social, e que o contexto sócio-cultural determina o que será aprendido, como será aprendido, e a forma como essas aprendizagens serão utilizadas para comunicar.
É necessário perceber que existem mecanismos inatos que tornam o processo de aquisição da língua mais simples, mas há também uma grande variedade de factores não linguísticos que interagem com esses mesmos mecanismos e que podem condicionar os comportamentos de cada indivíduo.
A linguagem, como as outras capacidades que se desenvolvem na criança são fruto do meio, tempo e em alguns casos de hereditariedade. O meio tem um carácter fundamental. Se a estimulação deste acontecer demasiado tarde torna-se difícil a uma aquisição normal da linguagem.
Vejamos este exemplo de uma história verídica e chocante sobre a vida de uma menina criada em condições de privação inacreditáveis.
“A rapariga chamada Genie foi trancada num quarto vazio pelo pai quando tinha apenas vinte meses. Durante o dia ficava atada a uma cadeira com bacio e de noite ficava atada ao seu berço. Quando o pai e o irmão se aproximavam dela nunca falavam, apenas lhe ladravam ou rosnavam imitando ironicamente um cão. Quando Genie tentava vocalizar, era severamente punida pelo pai (…) quando Genie foi finalmente libertada, doze anos depois era obviamente incapaz de falar mas a partir dessa altura fez enormes progressos – testemunho da perseverança humana. Genie adquiriu uma curta capacidade de falar. “Quero pensar mãe andar autocarro” mas os seus padrões de linguagem nunca atingiram o que se pode chamar uma capacidade linguística normal. Por exemplo nunca utilizava pronomes, não conjugava os tempos dos verbos e falava sem inflexão na voz. Em suma, o estudo de Genie parece indicar que aos treze anos é demasiado tarde para adquirir uma linguagem normal e que o período critico para a aquisição de linguagem já passou há muito tempo”.
Ilustração 5. Genie
Podem advir graves consequências em crianças, quando na infância, estão privadas, isoladas da sociedade, pois estas não adquirem e desenvolvem as suas capacidade linguística, não tendo os mesmos comportamentos e oportunidades daquelas que sempre estiveram inseridas num meio ambiente normal. Tornam-se então, “crianças selvagens”.
Chomsky nasceu em 1928 na Filadélfia, E.U.A.
Estudou filosofia e linguística na Universidade de Pensilvânia, na qual se doutorou. Tornou-se professor de línguas modernas e linguística geral. Foi o autor de uma contribuição fundamental à linguística moderna e entre outras coisas, realizou também uma formulação teórica sobre a lógica gramatical, a qual se chamou gramática transformadora - generativa que se relaciona com a lógica, filosofia e psicolinguística.
Chomsky defendeu, portanto, que a aquisição da linguagem é inata, comummente a todos os seres humanos.
Davidson nasceu em 1917 e morreu em 2003. Era um filósofo americano, que apesar de ser muito conhecido em termos da filosofia, é conhecido também na Linguística também por ter realizado um trabalho sobre a filosofia da linguagem. Defendia que a base para qualquer teoria seria através da teoria formal da verdade e baseou-se na lógica formal.
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Piaget nasceu em 1896 na Suíça e morreu em 1980. Estudou inicialmente Biologia, em que se formou e mais tarde regressa novamente à Suíça onde vai estudar Psicologia e Psiquiatria. Trabalhou como psiquiatra numa clínica em Zurique onde foi influenciado pelas suas experiências, o que o fez começar um estudo formal e sistemático.
Em 1919, Piaget foi convidado a trabalhar num laboratório de um prestigiado psicólogo infantil – Alfred Binet. Mudou-se então para França, onde desenvolveu estudos experimentais sobre a mente humana e as capacidades cognitivas e percebeu que as crianças adquiriam as suas capacidades ao longo do tempo.
Dois anos depois voltou à Suíça onde se tornou diretor do Instituto Jean Jacques Rousseau e começou um grande trabalho em que registava os comportamentos, as ações e os processos de raciocínio das crianças, através da observação das mesmas.
Após se ter casado com uma das suas ex alunas, teve três filhos que foram em grande parte, a base das suas teorias, pois observava e estudava os seus filhos.
Foi portanto, uma pessoa muito influente na área da psicologia e psiquiatria e o campo de investigação “epistemologia genética” sobre o pensamento infantil, que passa por quatro estádios, foi deveras importante.
Apesar de haver diversas teorias relativamente ao desenvolvimento da linguagem é importante reter que os factores inatos relacionam-se com factores cognitivos, sociais e comportamentais. Assim, deste modo, temos uma ideia mais abrangente em relação ao desenvolvimento desta competência, permitindo compreender a sua aquisição e a forma como esta se torna essencial para a vida humana. É essencial perceber de que modo a linguagem se desenvolve, para deste modo conseguir-se distinguir casos de atraso da linguagem de casos em que este desenvolvimento é completamente normal.
A partir do caso da menina Genie podemos concluir que os estímulos linguísticos nos primeiros meses de vida é crucial para um bom desenvolvimento da linguagem. Para além de que um bom ambiente tanto materno ou por parte dos cuidadores será um factor favorável para um normal desenvolvimento de uma criança a nível linguístico.
A nível pessoal podemos referir que foi um trabalho bastante gratificante a nível do conhecimento do desenvolvimento da linguagem no ser humano, pois obtivemos informações durante a nossa árdua pesquisa que vão contribuir bastante para a nossa formação pessoal, a nível escolar e no futuro.