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Trabalho sobre a vida e obra de Mário Cesariny e apresentação de alguns dos seus poemas, realizado no âmbito da disciplina de Português...
O tema deste trabalho é “Poetas do século XX”. A realização desta tarefa foi-nos proposto pela professora de Português para o 3ºPeriodo. O objectivo deste mesmo é cada aluno ter um poeta do século XX e abordá-lo, abordar a sua vida e analisar os seus poemas. Espero com este trabalho ultrapassar as minhas expectativas, uma vez que é a primeira vez que estou a realizar um trabalho deste tipo. Temos um período de tempo de 2 semanas aproximadamente para a execução deste mesmo. Depois da realização desta tarefa, temos uma segunda parte, que é apresentar o conteúdo à turma. Nessa apresentação temos que relatar o que fizemos e o que aprendemos com este desempenho.
Nome: Mário Cesariny de Vasconcelos
Nascimento: 9 de Agosto de 1923 em Lisboa
Faleceu: 2006
País: Portugal
Período Literário: Literatura Contemporânea Surrealismo
Mário Cesariny frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e estudou música com o compositor Fernando Lopes Graça, Frequentou também a Académie de La Grande Chaumière, em Paris, cidade onde conheceu, em 1947, o surrealista André Breton. Considerado o mais importante representante poeta português da escola Surrealista, encontra-se em 1947 com André Breton, facto determinante no aperfeiçoamento do seu trabalho literário.
Ainda nesse ano participa, junto com Alexandre O’Neill, Antônio Pedro etc., no Grupo Surrealista de Lisboa. Algum tempo depois, por não concordar com a linha ideológica do grupo, afasta-se de maneira polémica e funda o "Grupo Surrealista Dissidente.” Além de poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo, tem-se dedicado às artes plásticas, nomeadamente à pintura.
Mário Cesariny é autor de uma poesia extraordinária, casualmente demasiado consciente para ser examinada verdadeiramente surrealista, que manifesta afinidades com a de Álvaro de Campos, Mário de Sá-Carneiro, António Maria Lisboa e a dos surrealistas franceses Breton e Artaud. A poesia de Mário Cesariny influenciou uma grande parte de poetas, tal como aconteceu com o Modernismo do Orpheu. O seu primeiro livro de poesia, Corpo Visível, publicado em 1950, é o que apresenta mais elementos surrealistas. Alcançou as duas maiores superioridades da sua carreira: o Grande Prémio Vida Literária APE/CGD e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, facultada pelo Presidente da República Jorge Sampaio.
Assim, as suas obras mais importantes são:
Nos seus poemas penso que Mário Cesariny pretendia retratar o real. Um exemplo de retratar o real é o poema “A um rato encontrado morto no parque”, como veremos mais adiante.
Mário Cesariny usa o real nos seus poemas para o poder combater, para assim conseguirmos a defesa do amor, da liberdade e da poesia.
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
.
Lembra-te
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos
.
A Um Rato Morto Encontrado Num Parque Este findou aqui sua vasta carreira
de rato vivo e escuro ante as constelações
a sua pequena medida não humilha
senão aqueles que tudo querem imenso
e só sabem pensar em termos de homem ou árvore
pois decerto este rato destinou como soube (e até como não soube)
o milagre das patas - tão junto ao focinho! -
que afinal estavam justas, servindo muito bem
para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar
atrás de repente, quando necessário
Está pois tudo certo, ó "Deus dos cemitérios pequenos"?
Mas quem sabe quem sabe quando há engano
nos escritórios do inferno? Quem poderá dizer
que não era para príncipe ou julgador de povos
o ímpeto primeiro desta criação
irrisória para o mundo - com mundo nela?
Tantas preocupações às donas de casa - e aos médicos -
ele dava!
Como brincar ao bem e ao mal se estes nos faltam?
Algum rapazola entendeu sua esta vida tão ímpar
e passou nela a roda com que se amam
olhos nos olhos - vítima e carrasco
Não tinha amigos? Enganava os pais?
Ia por ali fora, minúsculo corpo divertido
e agora parado, aquoso, cheira mal.
Sem abuso
que final há-de dar-se a este poema?
Romântico? Clássico? Regionalista?
Como acabar com um corpo corajoso e humílimo
morto em pleno exercício da sua lira?
.
"Eu, Sempre..."
Eu sempre a Platão assisto.
Pessoalmente, porém, e creia que não
Tenho qualquer insuficiência nisto,
Sou um romano da decadência total,
Aquela do século IV depois de Cristo,
Com os bárbaros à porta e Júpiter no quintal.
.
Faz-me o favor...
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor - muito melhor! -
Do que tu.
Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
.
O poema que escolhi para posterior análise foi “ A um rato morto encontrado no parque”.
O poema “ A um morto encontrado no parque”, de Mário Cesariny, exibe desde a estrutura, características do Modernismo como, numa única estrofe de trinta versos, possuir versos livres. Além disso, tem como temática a metapoesia, pois o título do próprio poema alude uma dedicatória (“ a um rato morto encontrado no parque”).
Embora o título não particularize qual o ser que esse faz referência, como se houvesse mais de um rato morto (graças à utilização do artigo indefinido – “Um rato morto…”). Assim, no primeiro parágrafo há o reconhecimento desse rato (“Este findou aqui sua vasta carreira…”). Este animal, ainda, apesar de minúsculo, ocupa um lugar que para pessoas ambiciosas, causa inveja, como podemos verificar (“… a sua medida não humilha/senão aqueles que tudo querem imenso…”).
No entanto, trata-se de um simples rato que possui características próprias como por exemplo: (“ o milagre das patas - tão junto ao focinho! -que afinal estavam justas, servindo bem/ para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar/atrás de repente, quando necessário…”). Então, ao observar isto, poeta questiona (“… Deus dos cemitérios pequenos”, seguidamente pergunta se houve algum engano (“Mas quem sabe quem sabe quando há engano nos escritórios do inferno”). Porém, depois destas perguntas não conseguiu obter qualquer resposta alusiva a este tema.
Sabe-se apenas que é comum no nosso dia-a-dia um rato dar inquietações às donas de casa ( ao medo que provoca nelas, sem nada fazer), aos médicos ( pelas doenças que ele pode provocar), então que mal, segundo o “eu - lírico” ele tinha feito? A resposta não se sabe. A única certeza é que o corpo desse animal está parado, aquoso e cheirando mal, como podemos comprovar com este verso (“… e agora parado; aquoso, cheira mal…”).
No final do poema, o “eu” não sabe que final irá atribuir ao poema, questiona- se (“ …que final há-de dar-se a este poema?”). Porém, por mais que se encontre uma conclusão, a do rato, já houve, pois encontra-se no chão morto.
Do ponto de vista estilístico, ao longo do poema, podemos encontrar varias interrogações. Como perguntas sem respostas, como se o autor do poema estivesse a questionar algo que não concordava. Ao longo do poema podemos encontrar uma enorme quantidade de palavras ou expressões que fazem referencia ao rato e deixam, o leitor de certa forma comovido (“pequena medida”;”minúsculo corpo”;”parado”;aquoso”;” cheira mal” etc…) ”
Outro factor que eu reparei ao longo do poema é que o autor do poema faz a relação do rato ao ser humano, então isto pode significar uma crítica à sociedade.
Os versos que mais me sensibilizaram foram sem dúvida (“Ia por ali fora, minúsculo corpo divertido e agora parado; aquoso, cheira mal”), pois retrata a sua caracterização e seguidamente dá-nos a sensação que algo aconteceu (“ …e agora parado, cheira mal…”), temos logo a percepção que ele morreu.
Para concluir, este poema possui léxicos que por sua vez podem comover o leitor e chamar a sua atenção para a morte do pequeno animal que nenhum mal fez. Podemos também afirmar que por meio de tantas interrogações o poeta gosta de saber o porquê de fazer aquilo e não agir de outra maneira, faz críticas e gosta de deixar tudo claro.
Este foi o primeiro trabalho que eu que eu realizei sobre “poetas do século XX”, primeiramente comecei a pesquisar sobre o meu poeta, pois embora já tivesse ouvido falar de Mário Cesariny, ainda não sabia nada da sua biografia e autobiografia. Então dei aso ao meu trabalho e comecei por saber quem era Mário Cesariny e a importância dele na poesia. Como este trabalho retratava os seus poemas e eu nunca tinha lido nenhum dele tive então que fazer uma pesquisa dos seus poemas. Dos poemas que encontrei, seleccionei cinco e desses cincos escolhi um para fazer a sua análise. Achei por bem, escolhei o que tinha mais interesse e o que dava para analisar melhor na minha perspectiva. Comecei então a ler os seus poemas e cheguei à altura de ler “A um rato encontrado morto no parque”, o título foi logo sugestivo, embora eu não seja muito apreciadora de ratos. Comecei logo a tirar apontamentos do poema e os versos que poderia analisar mais aprofundado.
Este trabalho, embora complicado e muitas horas de trabalho, foi muito vantajoso, pois sendo a minha primeira análise de um poema, acho que não correu muito mal. Tive uma pequena ajuda na análise de alguns versos da minha irmã, pois ela já tinha realizado estes tipos de trabalhos. Admito, que foi uma ajuda preciosa, pois enriqueci o vocabulário e desenvolvi capacidades à medida que tirava ideias.
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