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Memorial do Convento: Blimunda e Baltazar - NotaPositiva

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Memorial do Convento: Blimunda e Baltazar

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Resumo do trabalho

Trabalho sobre a Blimunda e Baltazar, relação e caracterização das personagens, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano).


“Memorial do Convento” de José Saramago

Blimunda e Baltasar

Relação e Caracterização das personagens

Memorial do Convento

A história de Memorial do Convento começa por volta de 1711, cerca de três anos depois do casamento de D. João V com D. Maria Ana Josefa de Áustria, e termina vinte e oito anos depois (1739), aquando da realização do auto-de-fé que determina a morte de António José da Silva e de Baltasar Mateus Sete-Sóis.

Caracterização das personagens

Blimunda Sete-Luas

O nome de Blimunda, estranho e raro tal como a personagem que o veste, teria surgido do narrador, talvez pela musicalidade que ele encerra ou pela magia das suas três sílabas, símbolo da perfeição;

Blimunda de Jesus é uma mulher do povo, a quem o Padre Bartolomeu, baptiza de “Sete-Luas”;

Possui o dom de, em jejum, ver o interior das pessoas e das coisas, o que lhe permite recolher as duas mil “vontades” indispensável para o funcionamento da passarola; (página 79/80)

Esta mulher representa a força que permite ao povo a sua sobrevivência, assim como a contestação do poder e resistência;

É detentora de grande densidade psicológica e de uma perseverança sem limites;

Esta personagem vive um amor apaixonado, franco e leal com Baltasar; é o seu complemento.

Simbolicamente, o nome da personagem acaba por funcionar como uma espécie de reverso do de Baltasar;

Para além da presença do sete, Sol e Lua completam-se: são a luz e a sombra que compõem o dia – Baltasar e Blimunda são, pelo amor que os une, um só;

A relação entre os dois é também subversiva porque não existe casamento oficial e porque os dois têm os mesmos direitos, facto improvável em pleno século XVIII;

Blimunda tem uma grande firmeza interior, uma forma de oferecer-se em silêncio e de aceitar a vida e os seus desígnios sem orgulho nem submissão, com a naturalidade de quem sabe onde está e para quê. (página 66)

Baltasar Sete-Sóis

Baltasar Mateus, de alcunha Sete-Sóis foi um soldado da guerra da sucessão de Espanha durante quatro anos; (pág.35)

Foi dispensado do exército por ter perdido a mão esquerda em combate; (pág. 35)

Após regressar da guerra conhece Blimunda num auto-de-fé;

Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe ofereceu sem assombro nem protestos;

A sua tarefa máxima será ajudar o padre Bartolomeu Lourenço na construção da passarola, depois da morte do Padre é este que zela pela preservação da “máquina voadora”; (pág. 69)

É um homem simples, elementar, analfabeto, fiel, terno e maneta, que confina a capacidade de surpresa com a resignação típica das pessoas humildes de coração e de condição; (pág.106)

Acata as suas circunstâncias e não tem medo nem do trabalho nem da morte;

É condenado à fogueira após um dia por descuido ter sido levado ao acaso pela máquina que ajudou a construir;

Não é um herói nem um anti-herói, é simplesmente um homem.

O simbolismo desta personagem é evidente, a começar pelo seu nome, Sete é um número mágico, aponta para uma totalidade:

  • Sete dias da criação do mundo;
  • Sete dias da semana;
  • Sete cores do arco-íris;
  • Sete pecados mortais;
  • Sete virtudes;

O sol é o símbolo da vida, da força, do poder do conhecimento, daí que a morte de Baltasar no fogo da Inquisição signifique, também, o regresso às trevas, a negação do progresso;

Baltazar transcende, então, a imagem do povo oprimido e oprimido, sendo o seu percurso marcado por uma aura de magia, presente na relação amorosa com Blimunda, na afinidade de “saberes” com o Padre Bartolomeu e no trabalho de construção da passarola.

Relação entre Blimunda e Baltasar

Blimunda e Baltazar são o casal que,  simbolicamente, guardará os        segredos dos infelizes, dos humilhados, dos condenados, enfim, dos oprimidos.

Conhecem-se durante um auto-de-fé levado a cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711 e não mais deixam de se amar. Vivem um amor sem regras, natural e instintivo, entregando-se a jogos eróticos. A plenitude do amor é sentida no momento em que se amam e a procriação não é sonho que os atormente como sucede com os reis.

A utopia do amor

Vivência e proximidade marcadas por silêncios significativos e/ou diálogos;

Amor sem casamento oficial;

Encontro amoroso inicial em casa de Blimunda; (pág. 56/57)

Casamento simbólico e abençoado pelo padre Bartolomeu Lourenço; (pág. 56/57)

Naturalidade e espontaneidade na relação sexual; (pág.281)

União resultante da vontade e de sinais pessoais de compromisso;

Fidelidade no corpo e na alma entre os amantes.

Excertos:

- página 347

- página 373



325 Visualizações 12/01/2020