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Análise do poema "Tudo o que faço ou medito" de Fernando Pessoa, realizado no âmbito da disciplina de Português (12º ano de escolaridade)...
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
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Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
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Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
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Este poema é claramente ilustrativo da temática do “ser”. Mas outros temas ou ideias nele se revelam poesia pesoante: o desconhecimento de si mesmo; a perda de identidade, a ideia de mobilidade; a solidão e a angústia.
No poema, o sujeito poético assiste a sua fragmentação como se a sua consciência fosse um ser exterior a si mesmo; como se, ao olhar-se visse uma paisagem de si mesmo ou como se, auto-analisar-se lesse um livro cujas páginas são o seu próprio “ser”. Estas ideias tornam-se evidentes na utilização de diversas metáforas que sugerem a ideia do “eu” alheio e exterior a si mesmo.
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