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Trabalho escolar sobre o valor do gerúndio, no Cap. III da obra analisada na aula, “Os Maias”, um romance escrito por Eça de Queirós.
No âmbito da disciplina de Português, foi-me proposto, pela professora Elisabete Bárbara, a realização de um trabalho sobre o valor do gerúndio, no Cap. III da obra analisada na aula, “Os Maias”, um romance escrito por Eça de Queirós. O objectivo deste trabalho é fazer o levantamento das formas verbais no gerúndio e de seguida mostrar o seu valor no contexto.
José Maria de Eça de Queiroz nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa de Varzim, no centro administrativo da cidade; foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queiroz e de Carolina Augusta Pereira d'Eça.
Eça de Queiroz foi baptizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queiroz e de Mãe incógnita".
Este misterioso assento dever-se-á ao facto de a mãe do escritor, Carolina Augusta Pereira de Eça, não ter obtido consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça, para poder casar.
De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se opunha, casaram os pais de Eça de Queiroz, já o menino tinha quase quatro anos. Por via destas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna que em 1855 morreu.
Nesta altura foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Seus primeiros trabalhos, publicados como um folhetão na revista "Gazeta de Portugal", apareceram como colecção, publicada depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras.
Aparentemente, Eça de Queiroz passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Suas obras mais conhecidas, Os Maias e O Mandarim, foram escritas em Bristol e Paris respectivamente. Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra.
Morreu em 1900 em Paris. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente 20 línguas.
“Os Maias”, publicado em 1888, é a mais acabada realização de Eça de Queirós. O romance se desenvolve em duas linhas de acção: a primeira, em torno dos amores incestuosos de Carlos da maia; a segunda, em torno da vida da alta burguesia lisboeta.
Quanto á linguagem e ao estilo de Eça de Queirós podemos referir como principais recursos linguísticos utilizados na obra: o adjectivo, o advérbio de modo, o verbo, o gerúndio e a adjectivação verbal, o neologismo, o estrangeirismo, a hipálage e a sinestesia, a harmonia imitativa, aliteração, a ironia, o diminutivo, os registos de língua, a oralidade e a pontuação.
São três as formas nominais do verbo, que não apresentam flexão de tempo e modo, perdendo desta maneira algumas das características principais dos verbos. Por serem tomadas como nomes (substantivos, adjetivos e advérbios), recebem o nome de formas nominais.
Infinitivo: indica a acção propriamente dita, sem situá-la no tempo, desempenhando função semelhante a substantivo.
Ex: É preciso aumentar o número de verbetes.
O infinitivo pode apresentar algumas vezes flexão em pessoa, constituindo assim duas formas possíveis: o infinitivo pessoal e o infinitivo impessoal.
Ex: É melhor estudarmos agora.
Ex: Viver aqui é muito bom.
Particípio: indica uma acção já acabada, finalizada, adquirindo uma função parecida com a de um adjectivo ou advérbio.
Ex: Finalizado o wikiconcurso, os ganhadores serão notificados.
O particípio é reconhecido pela terminação do.
Gerúndio: indica uma acção em andamento, um processo verbal ainda não finalizado. Pode ser usado em tempos verbais compostos ou sozinho, quando adquire uma função de advérbio.
Ex: Estou finalizando os exemplos deste verbete. (tempo composto)
Ex: Fazendo teu trabalho antecipadamente, não terás preocupações. (gerúndio sozinho com função de advérbio).
O gerúndio é reconhecido pela terminação ndo ou mais concretamente ando, endo e indo.
Valor do gerúndio
O gerúndio pode ser simples ou composto (quando aparece junto a outro verbo, Ex. havendo lido; tendo lido)
Nos posteriores exemplos, passo a expressão/frase com o gerúndio e logo a seguir indico o valor do gerúndio.
“…O mordomo, o Teixeira, que ia embranquecendo, mostrou-se todo satisfeito….”
Aqui, «ia embranquecendo» marca uma acção contínua ou gradual, ao passo que «mostrou-se» é uma acção pontual. Ou seja, na progressão há um acontecimento que se destaca (o mostrar-se).
“…e Vilaça, adiantando-se para os degraus que desciam para o jardim…”
Início de acção.
“…mal pôde reconhecer Afonso da Maia naquele velho de barba de neve, mas tão robusto e corado, que vinha subindo a rua…”
Como combinado com vir, tem um valor de acção durativa que se desenvolve gradualmente em direcção ao lugar em que Vilaça se encontrava.
“…exclamava Afonso da Maia, chegando de braços abertos…”
Como colocado depois da oração principal, indica uma acção posterior.
“…balbuciou o administrador, engolindo um soluço…“
Apesar de o verbo não estar junto com o gerúndio, no engolindo, porque balbuciou engolindo um soluço.
“…e ficou lá, balançando-se em cadência, forte e airoso, gritando…”
Ideia de progressão indefinida.
“…dizia o velho risonho, anediando as barbas…”
Enquanto dizia, anediava as barbas, logo desempenha uma acção simultânea.
“…perguntou-lhe, desembaraçando-o do guarda-sol e do xale-manta…”
Acção simultânea.
“…E, pousando familiarmente a mão no ombro do escudeiro, piscando o olho ainda húmido…”
«pousando» tem um valor temporal de simultaneidade (enquanto pousa, faz qualquer coisa) e que esse «pousando» se associa a «familiarmente» para reforçar a ideia de acção continuada e até afectiva (que relaciona a pessoa que pousa com a que recebe essa acção de pousar).
“…exclamou Vilaça, parando nos degraus da escada…”
Como «parando» está colocado depois da oração principal, indica uma acção posterior.
“…passava a ponta da toalha molhada pelo pescoço, por trás da orelha, e ia dizendo…”
Acção contínua.
“…abalava também, abotoando ainda o casaco pelas escadas…”
Acção simultânea.
“…veio sentar-se ao alto da mesa, sorrindo e dizendo…”
Acção simultânea.
“…e tornando a erguer-se, fez a apresentação do procurador…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…estendendo o braço por cima da mesa, reclamou…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…recolheu-se logo ao seu prato, murmurando muito mansamente…”
Acção simultânea.
“…e escolhendo no molho rico os bons pedaços de ave, ia murmurando…”
Acção que teve começo antes ou no momento da indicada na oração principal mas não acabada.
“…murmurou Vilaça, inclinando-se para a viscondessa….”
Acção simultânea.
“…sorrindo ternamente, fez a última saúde…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…e foi cantando num ritmo seu…”
Acção contínua.
“…disse o avô, erguendo-se da mesa…”
Acção simultânea.
“…descia sobre o terraço, cavando espaço largamente…”
Acção simultânea.
“…depois eleva-se, serenamente, crescendo em pleno sol…”
Acção simultânea.
“…retomando o Times que pusera ao lado sobre o pedestal de um busto, foi descendo…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…exclamou Afonso da Maia, acendendo com satisfação outro charuto…”
Acção simultânea.
“…que havia cinco anos andava ponderando e meditando o casamento com a Silvéria viúva…”
Ideia de progressão indefinida
“…dobrou a sua fronte calva, murmurando que “estava às ordens”…”
Acção simultânea.
“…exclamou logo o abade, esfregando as mãos…”
Acção simultânea.
“…voltou, risonho, dizendo…”
Acção simultânea.
“…Uma sonolência ia pesando…”
Acção contínua.
“…rolara no chão, soltando gritos medonhos…”
Acção simultânea.
“…apertando o leque fechado como uma arma, preparava-se a repelir Carlos…”
Acção que começou antes ou no momento da indicada na oração principal.
“…correu a refugiar-se por detrás da viscondessa, gritando…”
Acção simultânea.
“…resistia, protestando com desespero…”
Acção simultânea.
“…Uma porta fechando-se abafou-lhe o clamor…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…balbuciou-lhe, entrando, todo pálido do seu rigor…”
Acção simultânea.
“… apanhando as cartas com as mãos tremulas, repetia…”
Acção simultânea.
“…reclinando-se para as costas da cadeira e abrindo o leque, declarou…”
Acção simultânea porque enquanto se reclinou abriu o leque.
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal porque reclinou-se antes de reclamar.
“…ia cerrando as pálpebras…”
Acção contínua.
“…E assim lhe estavam arranjando uma almazinha de bacharel…”
Como «arranjando» está combinado com estar, tem um valor de acção durativa num momento rigoroso.
“…o Vilaça ia percorrendo um a um os papéis da sua carteira…”
Acção contínua.
“…refugiando-se pelos cantos das salas, pagando as toilettes da filha…”
Ideia de progressão indefinida.
“…E acrescentou, parando diante de Vilaça…”
Acção simultânea.
“…que olhava outra vez a brasa morta tirando os estalinhos dos dedos…”
Acção simultânea.
“…erguendo-se, ficou diante de Afonso…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…chegava um telegrama de Manuel Vilaça anunciando que o pai morrera…”
Acção simultânea.
“…e comocompreendendo os pensamentos, perguntou-lhe…”
Acção realizada imediatamente antes da indicada na oração principal.
“…Manuel Vilaça, soprando ainda, limpando as bagas de suor, exclamava…”
Acção simultânea. Porque enquanto soprava, limpava, ele exclamava.
Finalizado este trabalho, posso começar por dizer que para o cumprimento do objectivo principal deparei-me com algumas dificuldades por não ter consigo encontrar os vários valores do que o gerúndio pode tomar numa acção. Mas como a Prof. de português me disponibilizou um texto com os respectivos valores do gerúndio o trabalho a identificação do valore já se tornou mais fácil.
Apesar de haver os gerúndios compostos, podemos verificar que Eça não os utilizou, pelo menos no capítulo III.
Quanto aos simples que lá encontrei pode-se dizer que Eça de Queirós utiliza, no Cap. III, bastantes vezes o gerúndio como valor de acção simultânea, acção contínua, quando mostra uma acção realizada antes da indicada na oração principal e apesar de parecer só duas vezes não pude deixar de não reparar quando o gerúndio vinha combinado com outro verbo, o verbo Estar (em que o gerúndio tem um vlor de acção durativa num momento rigoroso), e o verbo Vir (o gerúndio tem um valor de acção durativa que se desenvolve gradualmente em direcção ao local ou à época em uma pessoa se encontra.
Se houver alguma duvida em relação à localização do gerundio na obra, “Os Maias”, pode sempre consultar o “Anexo 1”